I'm With You escrita por condekilmartin


Capítulo 8
O Jantar


Notas iniciais do capítulo

Oiee!
Um capítulo atrasado mas que chegou!
Enjoy



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801176/chapter/8

Na manhã seguinte...

Catarina estava acordada há horas, mas ainda não tivera coragem de levantar e enfrentar o dia.

Os acontecimentos da noite passada voltavam a sua mente o tempo inteiro e, por mais que tentasse pensar em outra coisa, as lembranças permaneciam ali.

Ela ainda não conseguia acreditar que ele estava ali, que o moço que a consolou no lago, que a ouviu chorar os sonhos perdidos e não a julgou, era seu noivo. Antônio. O nome lhe caía bem.

Catarina, no entanto, não achava que ele estava em seu juízo perfeito para tê-la convencido a participar de um plano que a arruinaria ou a casaria. Ela afundou a cabeça no travesseiro, soltando um grito abafado.

Decidida a não se entregar a vergonha e a enfrentar o mundo como sempre fez, ela levantou e pôs-se a se arrumar. Sua mente, é claro, repassou novamente todos os acontecimentos do jantar.

***

Na noite passada...

Catarina e Antônio pararam durante um segundo antes de entrarem na casa da moça para enfrentarem o jantar mais assustador de suas vidas.

— Pronta? – Antônio perguntou, apertando sua mão.

— Pronta. – Respondeu a moça, depois de dar mais uma lufada de ar.

Os dois entraram e, quando foram se aproximando da sala de jantar e das vozes preocupadas de suas mães, soltaram as mãos e a jovem sentiu falta da pequena sensação de segurança que a mão dele sob a sua lhe passava naquele momento. Seus olhares se encontraram rapidamente e a moça tratou de dar atenção a ladainha de sua mãe.

— Catarina, finalmente! – Elisa forçava um sorriso. – Vejo que Antônio conseguiu lhe convencer a voltar para o jantar.

— Sim, é claro. – Catarina murmurou. – Peço perdão por minha reação, dona Olívia. Mamãe me surpreendeu com o jantar, foi só isso.

— Está tudo bem, querida. – Olívia lhe deu um sorriso tranquilizador, o que a ajudou a se sentir mais calma. – Agora que estamos todos aqui, podemos comemorar, por certo.

— Mas é claro que sim, Olívia. – Elisa disse, um pouco mais aliviada. – Ana, por favor.

Ana, a governanta dos Albuquerque, serviu as taças de todos e trouxe uns petiscos portugueses, o que acabou deixando todos mais relaxados.

Antônio estava conversando num canto com Afonso, mas lutava para não manter seus olhos sob Catarina, que estava presa conversando com as senhoras.

O que havia em sua cabeça para ter inventado aquela história de plano? E para quê foi dizer que se casaria com ela? Poderia jurar que estava bêbado, se realmente não tivesse colocado um pingo de álcool na boca até este momento.

Afonso percebeu os olhares trocados entre os futuros noivos e não pôde deixar a oportunidade passar:

— Pelo visto você e sua noiva não veem a hora do casamento, não é meu irmão?

— Do que você está falando?

— Ora, mas é claro que é das suas caras assustadas, do que mais? – Afonso riu. – Parece até que estão indo para a forca e não para a capela mais próxima. O que poderia muito bem ser a mesma coisa, a depender do ponto de vista.

— Você realmente não cansa de fazer piada com tudo, não é? – Antônio murmurou para o irmão.

— E que graça teria a vida, Antônio, se não ríssemos dela? – Afonso levantou a taça para ele e a levou até a boca.

— Você é impossível.

— Antônio, venha cá! – Olívia chamou o filho mais velho. – Sabia que Catarina é uma amante da literatura?

O advogado conseguiu apenas ver o irmão dando uma risadinha e mandando um tchauzinho para ele, enquanto se aproximava do sofá, para sentar-se ao lado da jovem que ocupava metade dos seus pensamentos naquele momento.

— Literatura, é? Pelo visto temos algo em comum, senhorita. – Antônio disse ao ocupar o espaço vazio ao lado da moça.

— Parece que sim. – Catarina respondeu. – Acho que, se me fosse permitido, me tornaria professora algum dia. Mais do que ler, sou apaixonada também por falar em literatura.

— Graças a Deus que não permitem esse tipo de coisa. – Elisa disse. – Uma moça como você, minha filha, tem muito mais para fazer da vida do que ensinar pessoas sobre literatura.

— Eu acho que ensinar pessoas sobre literatura é uma característica admirável. – Antônio deixou escapar, esquecendo que o plano entre eles havia iniciado. – Acredito que, se tivesse o talento para licenciatura, eu mesmo estaria ensinando literatura na universidade.

Catarina voltou o olhar para o advogado, incrédula com o que acabara de ouvir. Era verdade que amaria poder ensinar as pessoas sobre literatura, se lhe fosse permitido, mas apenas falara isso naquele momento para que Antônio tivesse uma desculpa para dar continuidade ao plano deles, se indignando e fazendo o tipo de coisa que a fizesse odiá-lo e criar toda uma cena na sala de visitas.

Talvez aquele momento a tivesse deixado impressionada, mas a reação de dona Elisa foi impagável. Catarina podia sentir a mãe quase sofrendo de uma síncope ao ver que Antônio tinha consigo pensamentos progressistas. Quem sabe se ela não tomasse ódio do futuro genro e quisesse cancelar o casamento por ela mesma, não? Era algo a se pensar...

— Tenho certeza de que o senhor seria um excelente professor, afinal, é uma profissão digna e lhe permitida, não é mesmo? – Dona Elisa disse, forçando um sorriso e dando mais um sinal de esperança para Catarina.

Ela trocou um rápido olhar com Antônio e podia jurar que ele havia pensado o mesmo que ela.

Dona Olívia, percebendo a troca de olhares um tanto íntima entre os jovens a sua frente, prontamente chamou dona Elisa para verificar qualquer coisa que estivesse faltando na sala de jantar ou até mesmo no jardim, dando aos dois jovens um pouco de privacidade e uma oportunidade para se conhecerem melhor.

— Acredito que este é o momento em que elas se retiram na esperança de que nos conheçamos melhor, senhorita Albuquerque. – Antônio começou a falar e Catarina lhe sorriu abertamente, roubando um pedaço do que ele achava que fosse seu coração.

— Bom, senhor Castro, acredito que nada na noite de hoje possa estragar a reação memorável de minha mãe percebendo que o senhor é um progressista. – Catarina o encarava com os olhos brilhando. – Foi maravilhoso.

— Achei que ficaria brava por não ter discordado da senhorita. – Ele pontuou.

— A ideia era que o senhor realmente discordasse, mas concordar foi muito melhor. – Catarina não parava de sorrir. – Acredito que me casar com um progressista seja pior do que não me casar com ninguém, na cabeça de minha mãe. Ela diz que tenho ideias demais.

— E que ideias seriam estas?

— Ah, o senhor já sabe... – A jovem o lembrou. – Gostaria de poder tomar conta da Fazenda Albuquerque com liberdade ou realmente ensinar literatura para alguma escola ou universidade... Tolices.

— Não são tolices, senhorita. – Ele refutou. – É apenas o mundo em que vivemos, eu acho.

— Pois é. – Ela concordou, mas o sorriso havia deixado seu rosto.

Antônio sentiu falta de vê-lo ali, iluminando o rosto da moça a sua frente. Era exatamente como ele havia imaginado que seria, brilhante e de contagiar todos os outros sorrisos a volta. Percebeu que tinha de fazer um esforço enorme para desviar seu olhar.

— Acha que vai dar certo? Nosso plano? – Catarina perguntou, com a voz trêmula.

— Acho. Tem que dar. – Antônio respondeu, cético.

— Não quero que se prenda a um casamento que não quer. – Catarina lhe confessou. – E, também não quero me prender a um. Não agora.

O advogado não soube organizar seus pensamentos após ouvir aquilo. Sentia-se grato por ela se importar com ele, é claro, mas era a terceira parte que o incomodava. Não agora. Se não se casaria com ele, Catarina teria alguém em mente para um futuro?

Não sabia explicar o sentimento de posse que lhe passou na cabeça após tal pensamento. Não gostava de imaginar que ela teria outra pessoa, que poderia ser esposa de alguém, que não fosse ele. É claro que não queria se casar, mas aquela jovem estava a mexer com a sua cabeça e seus pensamentos, deixando-os bagunçados a ponto de não se reconhecer. Não era dado a ciúmes, de onde havia saído aquilo?

— Vai dar certo. – Ele assegurou, porque era a única coisa que conseguia dizer.

Observando aquela cena do outro lado da sala, Afonso se aproximou da mãe e da senhora da casa em que estavam, que lhe lançaram um olhar suplicante sobre o que estava a acontecer na sala de visitas.

— Eles estão próximos, conversando. – Afonso informou. – Parecem se dar bem.

— Graças a Deus. – Elisa e Olívia exclamaram juntas, aliviadas.

Elisa, por mais que tivesse medo de que a filha fosse morrer sozinha e que detestasse a ideia de que se casasse com um progressista, estava honestamente feliz de vê-los se darem bem. Não desejava menos do que uma vida de felicidade para a única filha e, se Catarina fosse tão feliz no casamento quanto ela era, tudo valeria a pena.

Olívia queria que Antônio passasse mais tempo na Quinta do Girassol e ficou assustada com a reação do filho ao descobrir do noivado arranjado, mas seu coração passou a bater com mais tranquilidade ao perceber que seu primogênito havia se interessado pela noiva. Gostara de Catarina. Era uma moça que resistira à criação conservadora da mãe, mas que ainda assim exalava educação, refinamento e doçura, junto com suas opiniões firmes. Achou que ela fosse perfeita para o filho, só esperava que os dois percebessem isso o mais rápido possível.

O jantar ocorrera com extrema tranquilidade, depois do susto de mais cedo. Olhando de fora, todos pareciam realmente uma grande família bonita, unida e feliz.

Durante a despedida, Antônio pegou a mão direita de Catarina para depositar um beijo, o que fez a moça prender um pouco da respiração. Ele não conseguiu resistir e disse para que o encontrasse no lugar onde se conheceram no dia seguinte, usando a desculpa de que precisavam discutir os novos passos do plano.

***

Antônio estava com Vicente, pronto para encontrar Catarina.

— Tem certeza de que vai encontrar a moça? – Vicente perguntou, desconfiado.

— É claro que sim, Vicente. – Antônio o encarou. – Precisamos discutir os próximos passos de nosso plano.

— Antônio, você sabe que vai acabar se casando de verdade com ela, não sabe?

— Vicente, a única certeza que eu tenho no momento é a de que deixaria que ela termine tudo entre nós e não saia arruinada.

— E acha que se encontrar com ela, sozinhos, no meio do nada, vai fazer com que se afastem? – Vicente o encarou, parando de mexer nas máquinas de impressão de seu jornal. – Antônio, e se essa moça se apaixonar? Pior, e se você se apaixonar por ela?

— Não corremos esse risco, meu amigo. – O advogado disse, embora não estivesse tão certo assim.

Sabia que estava sentindo coisas estranhas pela moça, coisas que não sabia dar nome, mas era algo que podia e iria controlar. Não saberia mesmo era o que fazer se ela se mostrasse apaixonada por ele.

— Espero que tenha certeza da loucura que está cometendo. – Vicente disse, enquanto se despedia do amigo.

Antônio montou em seu cavalo e seguiu para o lago, deixando um Vicente rindo e murmurando que o amigo estava perdido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Não esqueçam de deixar um comentário!
Beijo ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I'm With You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.