I'm With You escrita por condekilmartin


Capítulo 4
A Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Oiee!
Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem!



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Catarina estava passeando na Vila com sua prima, Beatriz, quando pararam na biblioteca favorita da moça. Algumas edições novas haviam chegado e ela estava implorando por algo escrito por suas autoras favoritas, mas nada novo  havia chegado. A jovem achava uma pena que elas já estivessem mortas, visto que leria todas as suas obras em qualquer época da vida e adoraria se perder em um de seus romances.

Quem a via pensando nisso até achava que ela dava para uma romântica incurável, mas casamento estava longe da sua lista de prioridades, o que chocava sua mãe e, no momento, Beatriz:

— Não acredito que você, - Beatriz olhou para a prima de maneira desconfiada – você mesma, leitora de tantos romances apaixonantes não consegue ao menos considerar se casar.

— E não sei por que você ainda se surpreende, Beatriz. – Catarina retrucou. - Não é algo que é uma prioridade para mim.

Por mais que preferisse que um raio caísse em sua cabeça todas as vezes em que sua mãe mencionava esse fato, ver o desespero de Beatriz era tão absurdo que era engraçado. Catarina poderia ir ao inferno por isso, e que Deus a perdoasse, mas se divertia demais com as reações da prima.

— Você sabe que não tem escapatória, não é? – Beatriz continuou, como se estivesse arquitetando um plano. – Meu baile de aniversário está chegando e estou tão animada, Catarina!

— Já está com tudo planejado? – Questionou enquanto varria as prateleiras da biblioteca com os olhos.

— Ora, mas é claro que sim! – Os olhos de Beatriz brilhavam. – Tudo está organizado. O jantar, as músicas, as danças... você precisa dançar com alguém em minha festa de aniversário. Não é um tópico aberto a discussões.

— E como vou saber se alguém vai querer dançar comigo? – Implicou Catarina. – Você sabe muito bem que todos os homens fogem de mim.

— Obviamente porque você espanta todos eles com esses seus assuntos de negócios, política e tudo mais. – Beatriz disse, soando como se a prima, ou qualquer mulher, não pudesse falar sobre tais assuntos.

— E o que tem de errado nisso, Beatriz? – Indignou-se. – Não é sobre isso que homens conversam uns com os outros? Por que não haveriam de me ouvir?

— Você é mulher, Catarina. – Beatriz deu de ombros. – Nunca vão lhe dar oportunidade de ser ouvida sobre esses assuntos. Homens acham que mulheres só sabem falar sobre costuras, cuidar da casa e do tempo! - Fingiu estremecer.

— Isso não é justo!

— Não, não é. – Beatriz olhou a prima com uma afeição que rapidamente mudou para seriedade. – Mas você sabe bem que não vai conseguir arranjar ninguém se continuar assim.

— Meu Deus, Beatriz! – Catarina olhou para os lados, para ver se as duas não estavam sendo seguidas. – Você soou igualzinha a minha mãe nesse exato segundo. Vamos trocar de assunto antes que você se transforme em dona Elisa mais rápido do que o vento sopra.

— Credo! – Beatriz depositou três tapinhas na madeira de uma prateleira que estava próxima. – Adoro tia Elisa, você sabe, mas não sei se gostaria de ficar com esse tipo de pensamento o tempo inteiro.

— Então não fique! E seja você mesma, com suas próprias opiniões! – Catarina deu um sorriso cúmplice para a prima.

— Você é impossível! Sabe disso, não é? – Beatriz empurrou levemente um dos ombros contra os da prima, numa forma de carinho.

— É claro que sei. – Catarina sorriu. – Agora vamos ver os vestidos que sei que você está louca para provar.

As duas saíram da biblioteca depois de pegarem alguns livros emprestados e seguiram para a loja de roupas mais famosa da região.

Catarina havia insistido para sua mãe de que não precisava de nenhum vestido novo para a ocasião, mas ela não lhe dera ouvidos e insistira firmemente para a filha voltar para casa com o vestido perfeito. Ela provara tantos vestidos junto com a prima que a atividade durou a manhã inteira e assim como quase tudo o que faziam juntas, aqueceu seu coração que estava inquieto há alguns dias e ela não fazia ideia do porquê.

Ao retornar à Fazenda Albuquerque, a moça foi guardar os livros e conferir se o pai já tinha feito os ajustes na contabilidade do dia. Estranhou não o encontrar no escritório, e subiu para vestir a roupa de montaria, desconfiava que ele estaria fiscalizando os pastos. Quando estava descendo os últimos degraus da escada, avistou Ana, a governanta de sua casa.

— Dona Catarina, não sabia que a senhorita já havia retornado. – Ana manteve a expressão sisuda, o que não surpreendeu a moça. A governanta tinha a mesma expressão facial desde que a jovem se entendia por gente. – Vou conferir a que ponto anda o almoço.

— Não precisa, Ana. – Catarina se aproximou da porta. – Estou indo atrás de papai.

A jovem pode sentir o olhar de reprovação que a governanta lhe lançou antes de responder:

— Seu pai está se banhando. Disse que precisa conversar com a senhorita após o almoço. – Sabendo que Catarina não se daria ao trabalho de trocar de roupa para um almoço em família, a governanta continuou. - Sua mãe está lhe esperando na sala de jantar.

A moça fez uma mesura com a cabeça e seguiu até onde a mãe estava, conferindo se todas as coisas da casa estavam em seu devido lugar. Era um costume que havia herdado da mãe e que a ajudava a manter tanto a casa quanto as finanças do pai em ordem.

Sua mãe estava dando os toques finais na mesa para o almoço. Uma das leis de uma casa bem-organizada de dona Elisa de Albuquerque era manter uma mesa impecavelmente posta em todas as refeições, afinal, nunca se sabe quem pode aparecer para uma reunião a qualquer momento do dia. Seu José Augusto era realmente um homem importante.

Catarina estava curiosa pois, nos últimos dias, seu pai a havia deixado de fora de vários assuntos da fazenda, incluindo as conversas sobre um tal acordo com Manuel de Castro. Devia ser algo importante, mas o que uma fazenda de gado com a da sua família teria em comum com uma vinícola? Eram ramos de comércio completamente diferentes, e ela estava com a cabeça explodindo de tanto criar teorias para isso. Só esperava que seu pai lhe contasse tudo o mais rápido possível.

— Eu espero que você não tenha perdido a manhã inteira na biblioteca, Catarina. – Elisa disse e levantou os olhos para a filha, respirando fundo para não demonstrar irritação pela moça estar usando roupas de montaria. – E espero que vá se trocar antes do almoço.

— Pretendo cavalgar depois do almoço, mamãe. – Catarina deu de ombros. – Pensei em unir o útil ao agradável e já estar devidamente pronta para a atividade.

— Você sabe muito bem que alguém pode aparecer a qualquer momento, não é? – Ralhou a mãe.

— Papai sempre avisa quando alguém vem para o almoço, mamãe. – Lembrou-lhe. – Acredito que não vá se importar de termos uma refeição mais informal hoje. E respondendo sua pergunta, não, não perdi. Beatriz e eu tivemos uma manhã bastante agradável escolhendo vestidos para o aniversário dela.

— Ótimo. – Elisa suspirou, um pouco mais aliviada. – Você sabe que é a responsável por todos os meus fios embranquecidos, não é?

— A senhora me ama mesmo assim. – Catarina revirou os olhos e deu um beijo estalado no rosto da mãe, que não pôde de deixar de exibir um sorrisinho, fazendo a filha gargalhar.

José Augusto chegou na sala de jantar no exato momento em que Catarina e Elisa sorriam uma para a outra. Seu olhar pousou para a família e seu peito encheu de orgulho.

Ele e Elisa conversavam diariamente sobre o acordo realizado e, por mais que os dois estivessem certos de que era um plano excelente, ele sabia que a filha ia ficar extremamente irritada. Não sabia se iria perdoá-lo, não sabia se seria feliz, não sabia de nada no sentido subjetivo, só lhe restava torcer para que desse tudo certo.

Havia checado o passado do futuro noivo de sua filha, obviamente, e ele não o perturbava. Não havia nada nem ninguém que o prendesse a Lisboa ou pudesse aparecer para causar problemas futuros. O moço vinha de uma família respeitável, rica e a união de ambos os negócios seria benéfica para os dois lados. Ele só esperava que a filha fosse feliz, como merecia ser. Não iria se perdoar se Catarina fosse infeliz pelo resto da vida.

O fazendeiro passou os braços envolta das mulheres da sua vida e rezou para que aquele momento durasse para sempre.

Alguns minutos após iniciarem a refeição e conversas bobas jogadas fora, José Augusto trocou um olhar significativo com Elisa, que acenou com a cabeça em concordância. Catarina estranhou aquela cena entre os pais e seu olhar trocava rapidamente de um para o outro:

— Tudo bem. – Começou a moça. – O que está acontecendo com vocês dois?

— Minha filha, precisamos lhe falar algo. – José Augusto começou bebericando um gole de água para acalmar um pouco o coração. – É sobre o acordo que fizemos com Manuel de Castro.

— O acordo misterioso? Finalmente! – Os olhos de Catarina brilharam em curiosidade, aumentando o medo do homem de contar e lhe partir o coração.

— Exatamente. – O fazendeiro respirou fundo e decidiu arrancar logo aquilo do peito. – Catarina, você vai se casar com Antônio de Castro.

O sorriso de Catarina murchou junto com o brilho dos olhos, transformando toda a sua face numa expressão questionadora e surpresa.

— O que?

— Isso mesmo, minha filha. – Elisa olhou para a filha. – Você vai se casar com esse moço, Antônio, no início do verão.

— Eu não estou ouvindo isso. Não estou. – A jovem negou com a cabeça. – Estou ficando louca, só pode ser isso. Vocês não me arranjaram um casamento para julho, é impossível! – A moça ria de nervoso.

— Catarina... – José Augusto começou.

— NÃO! – Gritou. – VOCÊS NÃO TINHAM O DIREITO DE FAZER ISSO COMIGO! O senhor me prometeu que, se eu me casasse, seria por amor, papai. Por favor, não quebre essa promessa.

— Já está feito, minha filha. – O fazendeiro estendeu a mão para a filha, que se afastou, levantando-se da mesa com certa violência.

— Vocês não tinham o direito. – Catarina apontou o dedo e saiu da sala.

A jovem seguiu para a baia e montou seu cavalo, saindo sem rumo.


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Notas finais do capítulo

Tadinha da Catarina né?
Não deixem de comentar o que vocês acharam do capítulo e até a próxima!
Beijo ♥



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