Filhos da Noite escrita por Scar Lynus


Capítulo 8
Capitulo 8 - Encontros


Notas iniciais do capítulo

Eu sumi, mas, finalmente estou de volta.
E é um prazer estar de volta!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801123/chapter/8

[Adam – Hospital municipal]

 

Quinze metros de distância... Apenas isso me separava da melhor chance que eu teria em séculos, ainda mais com o histórico dessa família. Não era necessário dedicar tanto tempo ao reconhecimento, ela era loira, ela não era alta, ela tinha um perfume cítrico sobre o cheiro do seu sangue sujo... Ela era bonita, o que não era uma surpresa dado meus encontros com seus antepassados.
Eu não me desesperei, ela estava de uniforme e agora que eu sabia que ela estava ali, só precisava descobrir mais sobre ela. Fui até a recepção, havia uma mulher de meia idade ali, nada excepcional...

— Boa noite. – A saudei mantendo um contato visual fixo, ela suspirou baixo quando me viu.

— Olá. – Ela respondeu sorrindo e foi aí que eu ganhei. Agora ela estava sob uma hipnose pesada e não iria sair até eu decidir.

— Me conte sobre a senhorita Meyer! Preferencialmente abra os arquivos sobre ela e vá me contando tudo. – Solicitei a minha nova serviçal. – A e eu quero os horários dela também.

O ritmo humano era lento e eles sempre encontravam dificuldades em se expressar, ainda mais quando estavam sob o efeito de manipulações externas, contudo, eu consegui o que eu queria e depois de estar a uma distância segura da recepcionista e no refeitório do local, eu finalmente a libertei.
O refeitório cheirava a comida sem tempero e gente cansada... Eu só iria tolerar aquele lugar devido a meus objetivos e paciência era necessária, mas, tempo era uma coisa que sempre iria haver de sobra!
Uma hora, esse foi o tempo que aguardei sua presença, ela não aparentava estar tão cansada quanto os outros, claramente estava usando alguma magia simples. Esperei alguns minutos para que ela baixasse a guarda, uma vez que eu tomasse a iniciativa, a situação não seria reversível.

— Boa noite senhorita Meyer! – Falei sentando-me a sua frente. Logo vi que ela era inteligente apenas pela cautela que teve ao me olhar nos olhos.

— Corajoso... – Ela respondeu. – Saber quem eu sou e se aproximar assim.

— Eu gosto de pensar que sou. – Sorri presunçosamente.

— O que você quer? – Ela questionou.

— Eu quero seus préstimos! – Respondi. – Há algo que eu quero e isso requer a sua destreza, somente a sua.

— É uma pena... – Ela debochou se levantando. – Aproveite sua última noite! – Ela então me deu as costas.

— Quanto tempo você ainda tem? Dois, talvez três anos com sorte? – Perguntei fazendo a mesma congelar no local em que estava. – Sim... Eu sei!

— Como é que você poderia saber?! – Ela questionou ainda de costas, agora ela estava arrepiada e eu já podia sentir seu coração acelerar.

— Ora... – Me levantei. – Você não imaginou que eu era um daqueles vampiros fracos que você e seus amigos caçadores matam corriqueiramente, não é? –  Sussurrei próximo ao seu ouvido enquanto segurava seus braços.

— Qual o seu nome? – Ela perguntou ainda de costas.

— Pode me chamar de Adam!

— E o que exatamente você quer? – Pronto, eu consegui!

— Preciso que você traga alguém de volta! – Respondi virando-a para mim.

— E em troca? – Ela estava ansiosa para ouvir isso.

— Se você me der o que eu quero... – Eu adoro um pouco de suspense. – Eu retiro a maldição da sua família!

Ela quebrou ali, há quantos séculos as mulheres dessa família sofriam com isso, nunca atingindo sua grandeza, sendo guiadas por uma linha estupida do destino, obrigadas a criar regras próprias a fim de manter a linhagem... Tudo porque eles tiveram a ousadia de mexer com a família errada!

— Vou deixar você pensar no assunto! – Falei antes de me afastar. – E mantenha isso entre nós... Eu não me importaria de matar seus colegas, mas, imagino que não queira ver todos eles mortos.

Eu sai do hospital com uma sensação incrível de vitória, agora sim eu faria muito mais que o possível. Ela não iria resistir a essa possibilidade e em caso de resistência... Existe muito mais de uma forma de se convencer alguém.
Me transformei em uma nuvem de fumaça para voltar, eu não tinha nenhuma intenção de caminhar ou ir devagar agora.

 

[Lilian – Neftis]

 

Finalmente estávamos todos em nossos lugares, Estefan Kwimer veio sozinho, sem a esposa ou herdeiros... O único lorde vampiro na França atualmente. Maximilian Wyvern veio com a quarta esposa que descobri se chamar Cora, ela era da Espanha e me atrevo a dizer que não era bonita o suficiente para estar ao lado dele, alto, loiro, forte, avassaladoramente lindo...
Acompanhando o casal estavam as três filhas de Maximilian; Esteno, Dalila e Sasha. Eu conhecia a mais velha, contudo, sabia que eram todas dos casamentos anteriores.

— Boa noite Lady Lilian. – As três disseram juntas fazendo uma reverencia.

— Boa noite. – Bonitas, educadas... – “Tomara que sejam poderosas”. – Pensei comigo mesma, apesar de já conhecer o nível do poder de Esteno.

— É muito bom revê-la! – Esteno se dirigiu a mim. – Mãe.

— Igualmente, minha querida! – Respondi brincando com seu cabelo. – Está linda como sempre! – Logo ouvi um pigarro.

— Nosso príncipe não irá se juntar a nós? – Maximilian questionou.

— Em breve. – Respondi indicando para que todos se sentassem.

— Por favor vamos direto ao ponto! – Pediu Estefan.

— Não seja desagradável meu amigo. – Maximilian debochou do mesmo. – Temos tempo para tomar um bom vinho.

— Alguns de nós tem mais preocupações do que encontrar noivas e mimar as filhas! – Respondeu o francês... – “Sempre arisco”. – Pensei.

— Senhores... Estamos entre amigos – Falei estalando os dedos para que fossemos servidos por um ghoul. – E se não amigos, ao menos aliados.

— Eu concordo com Lady Lilian. – Esteno me apoiou. Era ótimo ter uma presença jovem para apoio.

— Eu concordo com o Lorde Kwimer. – Cora se pronunciou. – Fomos convocados por um assunto especifico, então vamos logo ao ponto. – Seu marido lhe deu um olhar reprovador instantâneo.

— Então... Vamos ao ponto! Enquanto tomamos vinho! – Decidi. – Meio termo e todos ficam contentes.

A maioria assentiu o que já estava de bom tamanho antes da verdadeira conversa se iniciar.

— Vocês tiveram problemas em suas respectivas regiões correto? – Comecei a falar, mas, sem abrir espaço para resposta. – Problemas com caçadores... Nada que não possamos lidar é claro, contudo, tivemos um pequeno problema a algumas semanas e acredito, que não vão gostar de saber, mas, há um Belmont em atividade! – Foi a mesma coisa que estapear a cara de todos eles. Todos já tivemos nossas parcelas de Belmonts e nenhum de nós parece conseguir expurga-los.

— Tem certeza disso? – Maximilian questionou.

— Absoluta! Ele matou todos os vampiros de um ninho próximo e foram todos ao mesmo tempo, vinte e dois contra um... E... – Essa seria a pior parte da notícia. – Ele tem partes da ceifadora.

— Achei que ela tinha sido destruída. – Estefan falou em um tom acusador.

— Não podemos destruir a ceifadora. – Expliquei. – Eu a dividi em cinco, a trezentos anos atrás e de alguma forma eles conseguiram três partes.

— Sabe se há mais caçadores com ele? – Cora perguntou.

— Imagino que sim, ele estava bem equipado, muito mais do que mesmo ele poderia fazer sozinho!

— E tem algum plano? – Kwimer perguntou, porém, ele não parecia tão interessado no assunto.

— Vou montar uma armadilha e também quero que mandem alguns vampiros de seus lares, planejo criar uma pequena rede em Londres para contato, mas, não posso usar os que já são daqui devido ao perigo de traições.

— Acha que algum vampiro se aliaria a caçadores? – Cora questionou e agora eu estava fulminando-a com os olhos.

— Isso já foi feito antes. – Maximilian explicou a esposa. – Não toque no assunto! – Ele sussurrou pra ela.

— Vou perguntar oficialmente agora. – Declarei resolvendo ignorar o ponto anterior. – Vão me ajudar com isso?

— Claro! – Maximilian respondeu. – Posso mandar alguns vampiros de confiança, tenho três que serão perfeitos!

— Eu me recuso. – Estefan respondeu se levantando. – Até onde eu sei, nossa rainha não tem nenhum interesse em eliminar esses humanos e a regra dela é para continuarmos no anonimato, sem problemas com humanos!

— Você acha justo eles continuarem a estraçalhar nossa espécie? – Questionei.

— Eu acho certo pararmos de nos digladiar com eles! – Ele se defendeu. – Eu não faço mais guerras e se você me chamou apenas com o objetivo de mobilizar números para o seu pequeno exército pessoal! Chamou o vampiro errado!

— Prefere ficar esperando eles irem atrás de você? Maximilian se exaltou. – Onde estão seus culhões?

— No lugar certo! Eu quero ficar em paz! – Lorde Kwimer mantinha sua posição. – Eu quero ficar em paz, vampiros insubordinados e violentos atraem caçadores, eu e minha corte não somos assim!

— Eu acho que você tem medo! – Dalila falou para o lorde.

— Não criança! Eu tenho inteligência, algo que foi obtido através de séculos de conversas com vampiros e batalhas inúteis com humanos! Sangue nem sempre é a melhor resposta!

— Você deve ser o único daqui com essa opinião! – Falei.

— Devo. E vou me manter nesse caminho! – Ele declarou antes de desaparecer.

— Covarde! – Finalizei assim que a poeira baixou. – Os fracos sempre usam esferas de teletransporte... – Voltei minha atenção para o clã a minha frente. – Ainda posso contar com sua lealdade?

— Sempre! – O lorde falou por todos no momento exato em que ouvimos o sino do elevador.

— E assim chega quem você queria ver. – Falei satisfeita quando Adam se posicionou ao meu lado e de terno ainda bem.

— Boa noite. – Ele foi cordial enquanto o clã o reverenciava. – Tiveram uma reunião agradável?

— Excelente. – Respondi e indiquei para que ele se sentasse com Esteno.

— É bom te ver, meu príncipe! – Ela falou quando ele se acomodou.

— O sentimento é reciproco! – Foi a resposta.

— Não nos vemos a séculos, meu príncipe! – Maximilian iniciou. – Como foi seu retorno?

— Estranho... Foi um progresso muito rápido em um curto período, entretanto. – Ele gesticulou apontando o local. – Eu acredito que estou muito bem!

— Realmente é reconfortante ouvir isso. Comemoramos por dias quando soubemos que tinha retornado. – O lorde então começou a falar de suas façanhas dos últimos cinquenta anos.

— Mãe? – Esteno me chamou de canto.

— Diga querida.

— Eu gostei daqui... Como é o resto do lugar? – Ela questionou. – “Essa é minha garota”. – Pensei.

— Por que não sobe e descobre? – Ela não se preocupou em me responder, apenas saiu do recinto. Todos fingiram não ver é claro.

Continuamos nossas conversas em diversos assuntos, contudo, nenhuma palavra sobre o Belmont foi dita. Era a lei da Rainha e não seria violada por ninguém, não na frente do filho dela. Passava das duas da madrugada quando os assuntos já pareciam ter se esvaído juntos as inúmeras garrafas de vinho.
Os lordes ainda ficariam em Londres mais duas noites, talvez eu os visita-se, mas, ainda era apenas um talvez.

— Achou algo interessante em sua caminhada noturna? – Perguntei quando ficamos apenas eu e Adam.

— Algo do tipo... – Ele não deu detalhes.

— Então vá ver algo que realmente te interessa lá em cima. – Comentei e ele sorriu.

— Uma surpresa? – Ele perguntou.

— Mais ou menos. – Falei me dirigindo a janela. – Boa noite querido! – Desejei antes de pular da mesma e sair voando.

Eu estou tentando criar essa união há séculos, pois, quem melhor para estar com o futuro rei do que a minha própria cria? Fomos impedidos no passado é obvio, mas, o presente é cheio de surpresas!

 

[Adrienne – Local desconhecido]

 

— Achei que só iriamos tomar um café. – Comentei enquanto caminhávamos.

— Bom... Tem um copo de café na sua mão! – Ela me lembrou. - Eu disse que tomaríamos o café, só não especifiquei aonde!

— Muito engraçada! – Parei. – Onde estamos indo?

— Logo no fim da rua. – Ela apontou uma grande casa. - Você está mais segura comigo do que imagina.

Seguimos, eu tentava manter uma distância de dois metros entre nós duas, sempre com atenção aos arredores e mais importante, com a água benta na mão. Se ela tentasse algo o frasco iria direto no rosto dela.
A casa que entramos tinha um portão simples, quando entramos estava tudo um breu, não tinha um ponto de luz até que ela as acendeu e com mágica. Logo escutei barulhos de passos no piso de madeira, muitos passos, apenas puxei a lâmina do bracelete e me preparei para lutar, mas, o ataque nunca veio, ao menos não contra mim.
Treze crianças que não deviam ter mais de onze anos estavam ao redor dela, todas felizes da vida.

— Mas que p... – Ela me fez um sinal de silencio.

— Um momento. – Pediu antes de colocar a garota que estava em seus braços no chão. – Vão para a outra sala crianças, irei falar com minha amiga aqui um pouco! – O grupo obedeceu e nos deixou. Alguns iam de mãos dadas com os mais pequenos.

— Eu preciso de uma explicação. – Falei me encostando na parede.

— E eu vou te dar. – Ela então se espreguiçou. – Essas crianças são crias de vampiros, mas, diferente de nascidos puros, esses foram mordidos. As vezes por vampiros cruéis, as vezes pelos próprios pais por acidente... E geralmente os adultos responsáveis por eles ou viraram a janta, ou no caso de pai ou mãe vampiros... – Ela apontou para mim antes de passar o dedo no pescoço.

— Ta tentando me convencer de que o que fazemos é errado? – Questionei bebendo meu café.

— Não querida... Veja bem, é necessário que vocês existam, sem vocês, nós mesmos precisaríamos fazer o controle populacional da espécie! A existência de vocês, nos dá um vilão!

— Nós somos os mocinhos! – Falei.

— Na sua versão querida... Todos são heróis em suas próprias histórias! – Ela então tocou um quadro na parede, o mesmo tinha duas crianças. – Estes são meus filhos... E dois Belmonts entraram em nosso castelo... Ela tinha treze anos e nunca tinha saído de lá! Mesmo assim eles a mataram... – Ela falava com pesar enquanto acariciava a foto. – Parece heroico para você?

— Esse não é o ponto...

— Parece uma atitude heroica? – Ela questionou novamente.

— Não! Não parece nada heroico. – Respondi relutante.

— E mesmo assim eu continuo a me esforçar para ter paz com vocês! – Declarou ela. – Mas, parece que tem ódio demais no coração de vocês!

— Espera aí. Sua espécie sai matando a torto e direito. Inúmeros vampiros causam chacinas! – Pontuei. – Nós só caçamos vocês, porque são assassinos!

— No caso eu posso caçar todos os humanos pelo crime de dois de vocês? – Ela perguntou.

— Claro que não!

— Então por que vocês precisam caçar todos nós? Por que precisam deixar crianças sem pais? Por que precisam expurgar toda uma raça por culpa de alguns?

Eu não tinha uma resposta pra isso. Eu sabia que o que fazíamos não era uma coisa errada, proteger o mundo em segredo, eliminar feras, criaturas das trevas, destruir covis de vampiros assassinos...  Mas, agora, nesse momento especifico em que posso ver os traços de humanidade, atitudes que não são cruéis, como uma mulher cuidando de órfãos, como saber que há erros em todos os lados... Isso era um divisor muito grande pra mim!

— Não consegue me responder, não é? – Ela questionou.

— Não... – Falei baixo.

— Eu não quero matar você Adrienne. Assim como não tenho nenhum interesse em matar outros humanos no momento! – Ela contou. – Eu só quero ficar em paz, ficar confortável onde estou, cuidar dessas crianças e das próximas que vierem...

— Você está me colocando em uma péssima posição aqui! – Me defendi. – Eu não posso estar envolvida com vampiros, eu... Isso é fora do padrão... Dez minutos atrás vocês eram monstros desalmados! – Levei as mãos as têmporas. – Agora estou duvidando de mais de dez anos de treino e ensinamentos.

— Toda história tem dois lados! – Ela comentou. – Agora só quero saber o que fará.

— Formule melhor. – Pedi.

— Você me descobriu. Depois eu te trouxe aqui, você viu as crianças, você tem um novo conhecimento do qual não dispunha anteriormente... Quero saber se ficará do lado certo ou se prefere continuar na ignorância! Chamar o restante dos caçadores que conhece, liquidar esse lugar...

— Nós não matamos crianças! – É obvio que eu iria nos defender.

— Nem crianças vampiro?

— Nem elas! – declarei.

— Está respondendo por todos os caçadores! Pode me garantir que se eles descobrissem esse local... – Ela fez uma pausa. – Nenhum deles iria dar uma de Anakin Skywalker?

— Eu não esperava uma referência da cultura pop. – Comentei surpresa.

— Eu gosto de cinema! – Ela falou. – Eai pode me garantir?

Era obvio que eu não podia, eu não poderia garantir nem pelo Alexander. No momento que ele ficasse sabendo do local... Fora outros caçadores. Era ridículo me manter inocente e na crença de que eles iriam poupá-las apenas por serem crianças.

— Eu não posso. – Assumi. – Mas, eu posso guardar um segredo! Isso vai contra o que acredito, vai contra o que aprendi a vida toda, mas, é o certo. Eu não acho que chacinar crianças ou famílias seja correto!

— Sabia que podia contar com seu apoio! – Ela me deu um tapinha nas costas. - Agora se quiser ir embora... A não ser que queira ficar para o jantar!

— Eu passo. – Falei indo até a porta.

— A e venha trabalhar amanhã. Horário e tudo mais continua o mesmo! – Nada mudou, ela continuava sendo a minha chefe.

 

[Alexander e Archie – Escola Henry Anderson 4 dias depois]

 

— Se qualquer coisa der errado lá... – Eu estava repassando mais uma vez as coisas com Archie antes dele entrar no ônibus.

— Eu ligo para você e logo um caçador da área vem me encontrar! – Ele falou me interrompendo. – São só quatro dias na Romênia e uma visita ao “Castelo do Dracula” e nem é o original.

— Pegou tudo né! Escova de dente, roupa extra, água benta...

— Relaxa mano. Eu vou na boa com a escola e vou voltar na boa. – Ele tentava me tranquilizar.

— Não vem com relaxa mano! Eu sou o mais velho. – Lembrei.

— Velho você é! – Ele debochou.

— É vai zoando porque estamos em público... – Brinquei de volta. – Aproveite a viagem e nada de levar garotas pro seu quarto!

— Não acho que vou conseguir isso mesmo. – Ele comentou antes de me abraçar.

— Toma cuidado. – Pedi. – Eu te amo Archie.

— Pode me soltar? – Ele pediu tentando fugir do abraço.

— To esperando você dizer de volta. Ficou descolado demais pra falar é?

— Eu também te amo mano! – Ele falou num tom reclamão. – Te vejo em quatro dias!

— Vai na boa! – Falei enquanto ele entrava no ônibus.

E depois eu fiquei ali no estacionamento, rodeado por um monte de pais e mães que estavam esperando o ônibus sair com seus filhos. Nenhum deles estava tão preocupado, mas, eles não encaram o mesmo que eu, meus irmãos me chamam de paranoico as vezes, mas, o que mais eu poderia fazer...
O ônibus finalmente saiu, levando todos aqueles adolescentes rumo ao país das lendas de terror.

— Já te falaram que você é superprotetor demais? – Belle falou passando os braços ao redor da minha cintura, ela estava atrás de mim.

— Todo dia um deles reclama disso! – Respondi me virando.

— É fofo... Até certo ponto! – Ela comentou. – Quer dizer que temos a sua casa para nós por algumas horas?

— Talvez, mas você sabe que a situação continua a mesma né!? – Eu precisava me certificar.

— Você tem o dom de destruir o clima! – Ela me soltou. – Eu só queria passar um tempo com você!

— Belle foi mal. Podemos ir lá pra casa se quiser. Ou fazer outra coisa... – Cocei a cabeça.

— Nem tente consertar bonitão! – Ela se aproximou. – Você tem sorte que é muito gato e bom em tudo que faz! – Ela beijou minha bochecha.

— Então estamos bem? – Perguntei receoso.

— Minha nossa Alexander! Só cala a boca e vamos pra sua casa. Você está talentoso para a autossabotagem hoje! – Ela falou e pegou o capacete do Archie da minha mão.

— Você dá as ordens. – Respondi e seguimos para a casa.

...

 

[Belle]

 

Estar com Alexander era tudo que eu queria, acho que desde que ele tinha dezesseis e eu catorze, acho que sermos criados juntos foi uma ajuda para o nosso relacionamento, mesmas escolas, rotinas parecidas, passados complicados e traumáticos por assim dizer. Mas, sabíamos que não duraria pra sempre. Os Meyer, ou melhor as Meyers foram amaldiçoadas, nós só temos filhas mulheres e elas só vivem até os vinte e quatro anos, então geralmente temos filhas antes disso e as vezes cedo demais para podermos manter a linhagem. É cruel, é triste e uma droga!
E pra completar meu sofrimento, o único homem por quem já me interessei. Não quer me ajudar a gerar essa vida, entretanto, eu ainda quero viver muito, conhecer muito, ver muito, fazer muito...

— É por isso que estou aceitando sua proposta. – Falei para o vampiro sentado à minha frente. Ele me visitou em todos os dias de plantão.

— Fez a escolha certa! – Ele sorriu satisfeito sem medo de esconder as presas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

gostaram?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filhos da Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.