Filhos da Noite escrita por Scar Lynus


Capítulo 5
Capitulo 5 - Batalhas


Notas iniciais do capítulo

demorou mas chegou



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[Alexander – no bar contra vinte e um vampiros]

 

 

Aproveitei a aproximação dos primeiros três vampiros e fiz um movimento rápido com o chicote, não foi preciso atacar pontos vitais ou de cortes profundos, os fragmentos da ceifadora na ponta do chicote foram suficientes para iniciar a combustão do trio.
Auxiliado pela fumaça da explosão o aproveitei para jogar dois discos de prata em direções aleatórias, um foi em direto ao peito do vampiro a esquerda, ele não pareceu se importar. O segundo disco foi parado por um deles.

— Precisa de mais que brinquedos garoto! – Falou o homem sorrindo e mostrando as presas!

— Ainda bem que estou preparado! – sorri para ele quando ambos os discos estouraram espalhando um gás prateado no ar.

Os vampiros começaram a tossir e correr. O medo foi de ótima ajuda para eliminar mais dois com as facas de arremesso.
Então meus inimigos agora enfraquecidos partiram para a ofensiva, sem ordem ou forma, o único objetivo era derrubar o caçador. Rolei para cima do balcão, chutando algumas garrafas nos inimigos antes de bater a ponta do chicote no suporte metálico gerando uma faísca, o suficiente para acender os corpos dos vampiros que agora estavam cobertos de álcool.
Precisei pular do balcão de uma forma meio desengonçada para não ser atingido pelo jukebox que voou na minha direção, acabando com a música do local. Usei o chicote para laçar um dos vampiros, usando-o como escudo para os ataques inimigos, um deles foi fatal decapitando o “escudo” do caçador.
Apenas dez vampiros restavam no local e eles estavam ponderando entre fugir e lutar, metade deles então se transformou em morcegos, um pequeno enxame para atrapalhar minha visão, contudo, eu já esperava esse tipo de reação e vim preparado. Joguei um frasco de água benta no meio do grupo, em seguido lancei um dos meus discos explosivos contra o mesmo para iniciar uma reação em cadeia que eliminou o enxame e um dos vampiros próximos, deixando os outros feridos.

— Água benta e prata, tudo direto no sistema respiratório de vocês! – Posso dizer que estava muito confiante agora, apenas três inimigos restavam e pareciam bem danificados a olho nu. – Eu achei que tinham sobrado quatro.

— Achou certo! – Ouvi antes de sentir minha cocha esquerda ser perfurada pela mão do vampiro.

Resolvi furar a testa daquele babaca com a lâmina no cabo do chicote, a adrenalina do momento ajudava com a dor, mas, eu sabia que havia sido um machucado feio. Encarei os outros três inimigos assustados, um correu para a porta, mas, assim que tocou a maçaneta sua mão começou a queimar para em seguida ser atingido pelo meu chicote prateado.

— Acharam que eu iria deixar fugirem? – Perguntei retoricamente correndo na direção dos inimigos.

O primeiro vampiro se esquivou da minha investida com o chicote, porém, não previu o gancho de esquerda que veio depois, ele cambaleou para trás com o golpe, o segundo teve a perna quebrada ao levar um chute no joelho.
Pulei sobre o vampiro que havia socado anteriormente, agora com uma estaca na mão, direto no coração e sem conversa. Enquanto esse inimigo estava se desfazendo o anterior que se encontrava ajoelhado passou as garras na minha panturrilha direita e nas minhas costas um corte foi superficial, já o outro eu pude sentir bem na carne, assim como senti o sangue escorrer na minha costa.

— BELMONT! – Gritou o vampiro quando provou meu sangue antes de forçar a própria perna quebrada no piso, espalhando o próprio sangue na área antes de ser eliminado. Eu podia jurar que vi o mesmo sorrir enquanto queimava.

— Foi um pouco mais irritante do que eu esperava. – Comentei olhando ao redor. – Belle ta aí? – questionei no meu rádio.

— Belle na escuta cambio! – Ela se matava de rir do outro lado.

— Eles estão mortos. Vou investigar o local inteiro e depois avisar o Jeremy! – Expliquei ainda ofegante.

— Está machucado? – Ela perguntou agora mudando o tom.

— Estou. – Contei. – Já deixa tudo pronto para quando eu voltar. Obrigado.

— O que seria de você sem mim querido?! – Ela comentou rindo antes de desligar.

Comecei a procurar pelo bar, qualquer pista que pudesse ser conectada com um ninho, a presença de algum mestre, invocação de monstros, não havia muito na área onde lutei com eles. – “Mas, vampiros as vezes tem mais de uma área.” – Lembrei do que meu avô havia ensinado e comecei a tatear com cuidado algumas paredes e procurar algo que não combinasse no piso.

— Bingo! – Falei ao observar algumas marcas de arrastado no assoalho, a parede ali era oca e após alguns chutes ela abriu. – Abre-te sésamo! – Brinquei antes de entrar.

Era um quarto escuro e bem húmido, eu com certeza senti um cheiro forte de mofo ali dentro. Liguei a lanterna para confirmar minhas suspeitas. Nem todos eram dali apenas oito caixões estavam nas paredes e no fundo havia um enorme freezer e novinho, não foi surpresa abrir ele e encontrar várias bolsas de sangue, inúmeros tipos sanguíneos e alguns etiquetadas com informações do dono: “Adolescente”, “Oriental”, “Latino”.

— Cara vocês são doentes! – Falei jogando uma das bolsas de volta naquele freezer antes de sair de lá. – Matar vocês deveria ser um serviço público!

Sai do bar para poder fazer minha ligação costumeira para Jeremy sempre que terminava um “extermínio”.

— Alo? – A voz sonolenta natural dele finalmente apareceu após três chamadas.

— Estava dormindo? – Perguntei brincando.

— Ta na hora do meu cafezinho Alexander! – Reclamou. – O que você precisa?

— Eu acabei de limpar um bar de vampiros. Tem um freezer cheio de bolsas de sangue etiquetadas aqui. – Expliquei. – Vocês provavelmente vão arquivar como operação de tráfico de órgãos ou pessoas certo?

— Está ficando craque em flexibilizar a situação. – Ele me parabenizou. – Provavelmente será isso mesmo. Tem alguma...

— Não! Nenhum humano aqui. To indo para a casa ser costurado, qualquer coisa você me liga tudo bem?

— Combinado. Até outra hora. – Ele desligou sem esperar eu me despedir.

— Por que é que eu não estou surpreso?

 

 

[Lilian – Residência desconhecida]

 

 

A vampira alada entrou em sua casa pela claraboia no teto, madrugadas eram seus momentos favoritos, geralmente os únicos em que ela podia abrir as asas e voar por ai.
Hoje era uma noite agradável, havia partilhado de uma excelente refeição com seu filho, havia colocado o gado em seu devido lugar...

— Excelente posso dizer! – Comemorei ao deitar na minha enorme cama.

Encarei a espada na minha parede, uma bela espada de aço negro e um punho todo adornado como se fosse uma manticora negra. – “Linda” – Pensei lembrando-me da última vez que ela pode provar o sangue de um inimigo digno.
Dezesseis anos atrás, Miguel Belmont o ultimo do seu clã, cheio de energia para um homem de setenta anos, resistindo bravamente contra meus ataques, contudo, ele estava ultrapassado, preso no passado e não tinha nada “novo” a me oferecer. A luta não foi bonita, foi sangrenta e cruel, entretanto eu tive minha parcela de tristeza naquele dia ao lembrar de você Adam! – “Foi muito triste você não estar aqui pra ver o desfecho daquele clã!”— Logo depois de eliminar aquele homem com a sua espada eu fui até a sua mãe e juntas concordamos que já era hora.

— Sinto muito pelo que você teve de passar querido. – Falei em voz alta tocando a espada.

Nessa hora meu telefone tocou. Poucas pessoas tinham meu telefone e um número ainda menor delas teria coragem de me ligar nesse horário. Ou deveria ser muito importante.

— Alô? – Esperei quem quer que fosse do outro lado começar a falar.

— Minha senhora! – Uma voz anasalada e fraca estava do outro lado.

— O que você quer? – Eu sabia quem era e definitivamente ele iria perder a cabeça se não fosse um ponto realmente alto.

— Você me pediu para ligar caso algo suspeito surgisse. Meu superior recebeu uma ligação mais cedo e fomos até um bar onde aconteceu um extermínio da sua raça! – Explicou ele com pressa.

— E você tem alguma pista do responsável? – Eliminar caçadores de vampiros era um Hobbie saudável hoje em dia.

— Só sabemos que eles deveriam estar bem equipados e eram talentosos. Há prata, água benta, alho... Tudo está espalhado pela cena do crime. – Ele explicou mais baixo, imaginei que alguém deveria ter passado por ele. – Amanhã irão limpar o local, mas eu já mandei o endereço para a senhora poder verificar se acha alguma coisa que eu não pude.

— Excelente! Continue obediente assim criança e quem sabe seja recompensado! – Pude ouvir um suspiro do outro lado.

— Obrigado, minha senhora! – Ele falou antes de desligar.

— Até parece que você irá receber alguma coisa! – falei colocando o telefone sobre a bancada. – Ainda tenho mais duas horas e meia de noite. Mais do que o suficiente! – Falei abrindo as asas e iniciando meu voo. – “O que será que vou encontrar”?!

 

 

[Belle – Residência dos Belmont]

 

 

— Eles foram bem atrevidos dessa vez! – Falei enquanto dava pontos na coxa de Alexander.

— Golpe de sorte! Eles eram bem fracos, quase todos deviam ser recém transformados. Um deles deveria ter ao menos cem anos já que sabia que eu era um Belmont pelo sangue. – Ele me contava enquanto fingia não sentir dor.

— Ele provou seu sangue? – Agora eu estava irritada. – Esse sim é muito atrevido!

— E agora está morto! – Ele comemorou e em seguida tirou a camisa que já tinha uma mancha vermelha. Ele tinha um corte considerável na costa, eu constantemente me impressiono com o quão resistente a dor ele pode ser.

— Você vai ser uma peneira antes dos trinta se continuar nesse ritmo. – Falei tateando as cicatrizes anteriores que “decoravam” o corpo dele.

— Eu to bem assim. – Alexander respondeu seco.

— Pra que foi que a Adrienne treinou? Por que é que você treina o Archie quase todo santo dia? Por que tem o contato de outros caçadores? – Falei irritada.

— Eles não precisam ir comigo sempre. Archie nem está pronto ainda!

— Ah me poupe! Você era mais novo que ele e treinava bem mais pesado, você caça vampiros desde os quinze e eu remendo você desde os doze! – Reclamei.

— Ele não precisa começar agora, talvez nem precise! – Alexander e sua mania de achar que pode fazer tudo sozinho.

— Você tem que acordar! Em algum momento os vampiros vão bater de frente com ele e vai ser necessário agir. Agir de verdade! – Eu agora estava de pé encarando esse idiota. – Quer que ele se arrisque sozinho ou prefere que na primeira vez ele tenha você pra ajudar?

— Olha esse não é um bom assunto, eu só AI! – Cutuquei ele de proposito com a agulha.

— Quieto pra eu poder terminar de fechar seu buraco! – Falei querendo parar antes de nossa discussão piorar.

Antes nós nem precisavamos conversar para nos entender, era quase como se tivéssemos uma telepatia própria, estamos a maior parte da vida juntos, desde que ele tinha nove e eu sete, passamos todos aqueles anos juntos, estudamos juntos, viajamos, treinamos... Por qual motivo o universo nos mantém prisioneiros dos nossos destinos?

— Belle? – Alexander me chamou depois de alguns minutos de silencio.

— O que? – perguntei encarando seus olhos castanhos, estávamos com os rostos bem próximos mais uma vez.

— Desculpa. – Ele pediu baixo. – Você não está errada e sabe disso, mas...

— Eu sei. – Falei segurando sua mão. – Ninguém devia ter de fazer o que você fez, ou ter de enfrentar as mesmas experiencias que você.

— Obrigado. – Ele agradeceu e tocamos nossas testas, mais um tempo em silencio para nós.

— Eu não quero que você morra. – Sussurrei para ele.

— Eu não vou! Prometo. – Ele me respondeu. – Você... Vai ficar?

— Você sabe que não vou. – Respondi sem me separar dele.

— Eu estava meio esperançoso na verdade. – Brincou ele e rimos juntos.

— Aguarde, meu querido Alexander. – Expliquei me levantando e caminhando até a porta. – Até breve?

— Vou esperar! – Ele me respondeu sorrindo.

Nós podíamos tentar ignorar o universo por mais algum tempo, contudo, nosso tempo ficava cada vez mais curto e enquanto decisões importantes não fossem tomadas, nós também não estaríamos juntos.

 

 

[Lilian – Entre o que restou do bar vampírico]

 

 

— Então... – Eu estava verificando cada ponto daquele lugar minuciosamente. – “Magia é tão útil, tenho até pena dos que não possuem”— Pensei enquanto esperava.

Foi aí que um ponto especifico daquele antro começou a brilhar, uma pequena luz roxa que seria imperceptível aos olhos humanos, assim como a maior parte das coisas ali dentro, símbolos nas paredes, marcas...
Mas o importante estava naquele ponto de luz, sangue de vampiro seco... Fiz a pequena massa de sangue vir até mim e a converti em uma gota. — “quase meio litro de sangue seco só consegue formar uma gotinha miserável”!

— O que você tem para me contar?

Perguntei a gota antes de toca-la com a minha língua. Memorias, muitas memorias e as mais recentes eram de brutalidade e violência, entretanto, havia a mensagem mais importante de todas nessas memórias.

— AINDA HÁ UM BELMONT VIVO!! – Eu agora estava irada, eufórica e tensa. – MALDITAS ERVAS-DANINHAS DISFARÇADAS ENTRE OS HOMENS! – Gritei com toda a força antes das chamas deixarem o meu corpo e começarem a queimar o lugar. – ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! – Disse antes de levantar voo rumo a torre vermelha, dessa vez Katrina não iria poder ignorar. – Vamos a guerra mais uma vez!


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Notas finais do capítulo

eai?