Burnin' In The Third Degree escrita por Lady Liv


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Era originalmente uma oneshot, mas eu dividi porque... porque eu ainda não terminei a outra metade hehe



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O Exterminador abre as lentes e se adapta a aquele mundo antigo. Ele se infiltra e se prepara. Ele tem uma missão.

[OBEJTIVO: ELIMINAR LEIA ORGANA]

Buscando...

Buscando...

Buscando...

[AVISO: CHANCES DE CONFLITO]

O último relatório havia sido atualizado. A Resistência encontrou o laboratório. Eles mandariam alguém de volta ao passado para tentar impedi-lo de concluir a missão.

Buscando...

Buscando...

[ALVO LOCALIZADO]

[CHANCES DE SUCESSO]

Calculando...

[CHANCES DE SUCESSO: 99,9%]

Eles não tinham chance alguma contra o modelo FN-2127.

 

↑○◙○↓

 

Ben Organa se aproxima dele antes da máquina ser ligada, garantindo que a humanidade iria saber de seu sacrifício. Suas palavras são como um último presente para o que parece ser uma missão suicida, mas não é a voz dele que captura a atenção de Han.

É um conjunto de microexpressões que apenas podiam ser vistas graças a forte luz da estranha máquina, fazendo o General parecer mais jovem, até mais... frágil.

Huh.

Supôs que não podia culpa-lo. O que a Skynet havia feito era preocupante.

— Farei de tudo para protege-la, senhor. — Han promete, esperando trazer algum conforto para o homem.

— Obrigado, soldado. Foi um... prazer conhece-lo.

Um aperto de mãos.

Um botão sendo ligado.

E de repente aquele futuro havia desaparecido.

 

↑○◙○↓

 

Leia Organa tinha uma vida simples, um tanto privilegiada ela tinha que admitir, mas simples.

Ela acordava todos os dias às oito da manhã e saia para caminhar pelo condomínio onde morava, num luxuoso bairro de Alderaan. Geralmente acompanhada por sua vizinha Shara Bey, que vivia reclamando das burradas do namorado. Leia gostava de erguer a sobrancelha, estufar o peito e fingir que entendia algo sobre relacionamentos ao aconselhar ‘chute a bunda dele!’. Elas sempre riam. Shara nunca seguia seu conselho.

Ela deixava a casa após o almoço, dispersando motorista e seguranças e indo direto para o trabalho de meio período como garçonete. Não recebia muito, mas era o suficiente para ser independente das mesadas da mãe. A pressão de seguir os passos políticos da família nunca foi tão forte, e a visão de um mero livro de Ciências Humanas já a deixava cheia de dor de cabeça e-

E Leia simplesmente não tinha tempo para isso. Ela queria algo rápido e simples e agora.

Todavia, sabia que sua atitude deixava seus pais loucos, e era por se sentir mal e por amá-los o bastante que a jovem se oferecia para representa-los em alguns eventos chiques.

(Não significa que ela gostava. Na maioria das vezes, ela implorava mentalmente que eles recusassem.)

Não hoje.

Hoje, ela se encontrava em um salão de festa, em comemoração à... alguma coisa, certamente. Leia não poderia se importar menos. Sua roupa podia ser de gala caríssima, porém não chegava aos pés do exagero de algumas socialites, o que era bom pois jornalistas estavam rodeando por escândalos como formigas ao redor de açúcar e...

Açúcar... por que transformar algo tão coerente em cubos? O sabor era o mesmo, então qual era o propósito? A inutilidade e a-

— Srta. Organa, está ouvindo? Leia?

Ela ergue a cabeça, tirando os olhos do chá que haviam lhe servido.

— Oh, sim, claro sra. Verlaine. Por favor, continue.

Chá! Como se ela não fosse responsável o suficiente para tomar uma taças de champanhe!

— Estava apenas elogiando o seu vestido, querida. Branco cai bem em você.

— Obrigada, esse é um dos meus preferidos.

— Eu notei, é a terceira vez que você vem vestindo ele. — a senhora sorri, só que Leia consegue enxergar por trás da fachada de simpatia... e a ignora completamente.

Política era complicada. Costumava ser algo que Leia amava, mas não mais.

FLASH!

Ela pisca, seus olhos chocolate se encontrando com os olhos azuis de uma figura loira, que balançava um papel de foto com desgosto. — Ugh, a luz ficou péssima mesmo.

Pela primeira vez na noite, Leia sorri, se levantando e o abraçando.

— Luke! Não sabe como é bom ver você!

— Digo o mesmo, sabia que eu podia sentir o seu tédio do lado de fora do salão?

— Sério? Porque eu estava torcendo pra que você aparecesse! Hobbie novo? — ela pergunta apontando para câmera no pescoço do rapaz, que dá de ombros.

— Tenho um ano para aproveitar antes de entrar na nova divisão científica, então pensei, por que não?

— Criativo, mas deixa eu ver se você tem talento mesmo.

Ele rola os olhos, tirando algumas fotografias do bolso. Leia analisa cada papel, reconhecendo a árvore iluminada com luzes artificiais do lado de fora; um casal da alta sociedade entrando de mãos dadas; os sapatos de uma criancinha desfocados no meio de uma dança e muitos outros momentos de noites anteriores e situações do dia a dia.

— Uau. — ela murmura impressionada, e encontra algum tipo de máquina em uma das fotos. — O que é isso, uma cafeteira?

Luke ri. — Não, essa é a unidade Erredois-Dêdois. Um projeto que estou trabalhando.

— Você e suas invenções, fala sério. — Leia balança a cabeça, devolvendo-lhe as fotos. — Mas são boas. Talvez queira considerar uma mudança de carreira.

— E fazer meu pai ter um ataque do coração? Não, obrigado.

— O que está o estressando dessa vez?

— Ele não quer se envolver com o novo sistema de defesa-

— O que é a coisa mais inteligente que ele já fez!

— -a menos que esteja no comando de tudo.

— ...e retiro o que eu disse. — Leia conclui, fazendo Luke rir. — Sério isso? “Sinto muito senhor, mas seu programa é perigoso e deve ser fechado, ah espere! A não ser que queira dar ele pra mim!”

— Meu pai sabe o que faz.

— Seu pai- — é um egocêntrico arrogante, Leia se segura para não dizer. Odiava quando brigava com Luke e aquele era um terreno bem perigoso para ambos. — Não vamos falar do seu pai. Me diz, como estão as coisas com a Mara?

Ele a entretém por alguns minutos com conversas bobas, mas é obrigado a sair quando avista um militar conhecido e chato. Leia se sente tentada a se esconder com ele.

Bufando entediada, ela brinca com o guardanapo da mesa. Se fechasse os olhos, poderia se imaginar longe, em uma boate legal com gente legal ouvindo um dos maiores sucessos dos anos 80. You’ve got me burnin’... You’ve got me burnin’... Talvez pudesse ligar para Amilyn Holdo quando saísse dali, sua amiga era sempre atenta as festas de verdade. Talvez até pudesse convencer Luke a ir com elas, ele estava precisando! Talvez...

(Muitos talvez para alguém prestes a ter a vida virada de ponta cabeça.)

Abrindo os olhos, Leia percebe uma figura atravessando a pista de dança.

Devia ser a primeira vez que ela via alguém vestindo uma jaqueta de couro em um evento como aqueles. Pelas flores que segurava, provavelmente era algum entregador perdido ou admirador fanático-

Oh oh!

Impressão sua ou ele estava se aproximando?

Com cinco passos de distância, o homem estende o buquê em sua direção. Leia tem uma resposta na ponta da língua---

—que morre completamente quando uma arma surge entre as rosas.

A luz vermelha do sniper refletida no rosto vazio dele, como se não fosse o suficiente estarem frente a frente, ele ainda estava mirando bem na sua cabeça.

...okay.

Era assim que as vítimas se sentiam antes de morrer? Sem conseguir pensar? Sem conseguir dizer uma palavra, sem ao menos saber o porquê?

A situação é bizarra e inacreditável. E piora!

Subitamente, explosões trazem ambos ao chão – Leia pateticamente caindo para trás em susto –, vidros sendo quebrados, pessoas gritando em meio à confusão e-

E um outro homem, um estranho de fato, escorrega até ela e lhe estende a mão.

— Venha comigo se quiser viver.

Em choque, tudo que ela faz é piscar.

Ele não espera sua resposta, agarrando-lhe pelo braço. — Mexa-se!

— Hey! — Leia se debate em reflexo. Ele a solta, apenas para erguer o próprio rifle e apontar para atrás dela. O entregador armado está se levantando devagar, buracos e manchas de sangue sobre todo o peitoral, mas ele... ele... ele está vivo... — Mas o que-

Xingando alto, o estranho volta a agarrar o braço dela. — CORRE! VAMOS! VAMOS!

As ordens dele acionam a adrenalina em seu sangue e Leia se vê correndo. Ela corre com um salto de 10 cm e ela corre bem, só que antes de conseguir chegar à saída, algo cai em suas costas e a leva ao chão. Por um segundo, tudo que ela ouve são os seguranças do local gritando instruções que ninguém prestava atenção.

E então, a adrenalina lhe atinge novamente. 

— AI! Sai de cima de mim! Levanta! — Leia grunhi, se arrastando com os cotovelos e-

A jovem arregala os olhos, percebendo o sangue nas mãos da desconhecida. Ela havia levado um tiro, por isso havia caído sobre Leia. Provavelmente tentou se apoiar nela e---

—e era só mais uma entre tantos outros feridos, que agonizavam no chão.

— LEIA! — alguém esbraveja acima dela, a segurando pelo braço e a erguendo do chão. — LEIA, TEMOS QUE IR! VAMOS!

Ela olha para trás enquanto eles se movem, vendo o entregador das flores vindo em sua direção, determinado. Ele também foi atingindo, em todo o corpo, e continua a andar.

No calor do momento, ela permite que o estranho a leve. Ele era a sua única âncora no meio daquele mar de loucura.

 

↑○◙○↓

 

[AVISO: MÚLTIPLAS DILACERAÇÕES VISÍVEIS]

[OBJETIVO: atualização//: ABRIGAR-SE]

O Exterminador observa. Há oficiais humanos chegando por todos os lados.

O Exterminador pensa. Ser visto iria complicar o objetivo da missão.

[CHANCES DE CONFLITO]

Calculando...

[CHANCES DE CONFLITO: 11,6%]

O Exterminador se move na escuridão.

Era hora de deixar os humanos fazerem o serviço deles.

 

↑○◙○↓

 

É após um tempo que Leia percebe o vestuário do homem que salvou sua vida. Ele vestia um dos uniformes de garçons da festa, porém muito mal apresentado para ser realmente um garçom. A gravata nem mesmo estava feita. Quem era ele? Algum segurança contratado pelo seu pai para vigiá-la? Algum Agente do FBI infiltrado? Leia teorizava, não só por curiosidade, mas também para se manter distraída do trauma que havia acabado de passar.

Ele checa o retrovisor do carro a cada 20 segundos, as mãos apertando o volante com tanta força que o barulho do couro sendo espremido é perceptível. Ele salvou sua vida. Aquele estranho salvou a sua vida, correndo com ela através da balbúrdia, certificando-se que ela não tinha se ferido e a jogando dentro de um carro e acelerando para dentro da madrugada da cidade e-

E ele salvou sua vida, certo?

Só pra ter certeza. Porque os últimos minutos estavam sendo muito silenciosos.

...okay, isso estava cada vez mais parecendo um sequestro.

— Quem é você? — ela finalmente arranja coragem para perguntar. Se ele havia percebido seu olhar desconfiado, era claro que tinha escolhido ignorar.

— Me chama de Solo.

— Oh, obrigada Solo.

— De nada.

Leia bufa. — Na verdade, não.

— Não?

— O que diabos foi isso? Quem era aquele cara?

— Ah. — ele a olha por um momento, arqueando a sobrancelha como se lembrasse de algum detalhe óbvio. — Você foi marcada. Aquele era um Exterminador.

— Como?

— Um Exterminador, uma unidade de infiltração, parte homem e parte máquina. Por baixo é um chassi de combate de hiper liga, controlado por um microprocessador. Blindado e resistente. Por cima, tecido humano vivo, a pior coisa que a Primeira Ordem poderia inventar e falo sério! Pele, cabelo, sangue, produzido especialmente para os ciborgues, terríveis de-

Leia exclama, o interrompendo: — Ok, chega. Para, para por favor, que merda que- Você está falando e falando e eu não estou entendendo nada!

— Então começa a entender, meu amor.

— Como é que é?!

— Ele veio pra te matar.

— Ora, não me diga! Achei que arma entre as flores fosse um presente também!

— Como eu disse, uma unidade de infiltração.

— Tá, mas... mas eu sou inocente! Por que ele tentaria me matar?! E como é que você se encaixa nisso exatamente? É algum tipo de espião ou sei lá? Como sabia do atirador?

— Unidade de infiltração.

— Tanto faz! — ela rebate, apenas para piscar. — Espera um pouco... unidade? Tipo um robô? — ela pergunta, lembrando-se que Luke havia usado a mesma palavra para descrever R2-D2. Oh, caramba! Luke! Será que ele estava bem?!

O tal Solo a ignorou novamente, apertando as mãos no volante e mandando olhares para o retrovisor. Parecia ter voltado ao seu estado automático irritante.

— HEY! — Leia o cutucou com força, fazendo ele pular assustado. — Responde as minhas perguntas, estou falando com você! Todas aquelas pessoas em risco e você sabia! Como sabia?!

— Eu não sabia! Esse é o ponto, — ele continuou, quase como se estivesse falando consigo mesmo. — Os desgraçados foram inteligentes, mandaram um Exterminador série 2000.

— E?

E que a série 1000 era fácil de distinguir, tive que esperar ele chegar bem perto de você pra ter certeza.

— Bem perto mesmo hein, ele quase acabou comigo!

Solo a encarou, seus olhos castanhos carregando uma chama intensa, porém contida, refletida pelas luzes da cidade e focada totalmente nela.

Foi um breve momento, mas o suficiente para deixa-la incomodada. Ninguém nunca olhou assim para ela antes.

— O que foi!

— Nada, só... você... não é nada quem eu achei que fosse. — Solo diz, seu tom de voz automático transformado em algo quase suave, surpreso. — Quer dizer, você tem atitude.

Leia franze o cenho, soltando uma risada sem humor pelo nariz.

— E isso é ruim?

— Não, não é.

Oh.

É a vez dela piscar, ele parecia tão sincero... Para um estranho, é claro! Ela se lembrou, cruzando os braços e se encolhendo contra a porta do passageiro.

 

↑○◙○↓

 

Não demora muito para Solo estacionar o carro, longe da cidade e próximo a comunidade de Jakku. É um lugar esquisito e nada confiável, principalmente a noite. Só serve para deixar Leia ainda mais preocupada.

— Tá, vamos esperar aqui por um tempo.

— Aqui?!

— Shhh, fala baixo!

— Eu não vou esperar aqui coisa nenhuma, temos que ir para delegacia ou-

— Nada de delegacia. Nada de hospitais. Nada de ligações. Nada de chamar atenção. Vamos pegar aquele carro ali e seguir para leste assim que amanhecer.

— Ahm, com licença! Eu nem sei quem você é, acha que pode ficar me dando ordens assim?!

— Deixa eu ver, eu sou a pessoa que está te mantendo viva então... sim, acho.

Leia esboça um som chocado diante do cinismo e-

— Ah! Uma cabine telefônica! — ela aponta aliviada. — Perfeito! Eu só preciso ligar pro meu pai e esse pesadelo acaba!

— Você não ouviu o que eu disse?! Nada de ligações!

— Ohoho, você que não ouviu o que eu disse! Meu pai, Bail Organa, é um senador muito prestigiado e cheio de recursos, o que significa que com apenas uma ligação, ele pode-

— Huh.

— ...ele pode nos tirar dessa. — Leia range os dentes ao ser interrompida. Solo apenas continua a encará-la, nada impressionado, e ergue o dedo ao dizer:

— Ele não teria chance alguma contra o Exterminador.

Leia estapeia o dedo dele.

— Escuta aqui, quando ficarmos seguros e quentinhos e bem longe dessa confusão toda, aí sim você pode vir me agradecer, meu amor.

— É uma imagem tentadora, mas muito improvável de acontecer. O Exterminador pode ouvir em qualquer frequência, ele teria nossa localização em questão de segundos.

— É, assim como a polícia! — Leia concorda, debochada.

As sobrancelhas dele quase se encostam, em súbito aborrecimento. — Deixa eu simplificar pra você entender, a resposta é não! NÃO, ouviu bem?! Não vou te deixar ser tão estupida! Ou será que quer ver aquela coisa matar todo mundo que você ama?! Hein?! Porque é isso o que vai acontecer se não fizer exatamente como eu mandar! Então vai ficar aqui e vai ficar quieta e vai me obedecer, pois sou o único capaz de te manter viva, princesa.

A jovem sente o queixo cair, o discurso agressivo de Solo a fazendo suar frio.

Ele era maluco. Totalmente maluco.

E um estranho.

— Olha... e-eu não ‘tô gostando disso. — Leia murmura, levando a mão para abrir a porta do carro. Solo a para em um segundo, estendendo o braço e agarrando a frente de seu vestido, bem acima do seu coração acelerado. — Não, NÃO! NÃO ENCOSTA EM MIM!

— Para! Eu não vou te machucar! PARA de se debater! — ele diz, mas a palavra dele não significa nada para Leia naquele momento. — Escuta, entendo que é complicado, mas vai ter que confiar em mim! O Exterminador-

— JÁ CHEGA! Chega desse papo de Exterminador, para de tentar me enganar!

— Enganar?! Leia, você VIU!

— EU NÃO SEI O QUE EU VI! Todos aqueles tiros me cegaram tá bom! Acha que eu sou idiota?! É?! Eu sei que esse tipo de tecnologia não existe! — ela grita, só que a mera lembrança do homem caído e ensanguentado ainda está vívida em sua mente, assim como ele se levantando como se nada tivesse acontecido.

Talvez... talvez ela tivesse alucinado. Era a única explicação, certo? Não era possível que ele fosse um robô. Ela se enganou, é isso. Vítimas costumam ter apagões quando passam por momentos fortes. A morte do atirador foi demais para ela. Sim, devia ter sido isso! Tinha que ser.

Percebendo o silêncio dele, ela ergue os olhos para Solo, que continua a encará-la com uma paciência irritante.

— Ainda não. — ele sussurra. Ela franze o cenho.

— O que?

— A tecnologia que você viu ainda não existe... mas vai. Daqui a 30 anos.

— Espera... está dizendo... que veio do futuro?

Ele assente.

Leia pensa.

E deve ter esboçado um “aaah” para mostrar o quão bem havia entendido... e falhado de modo miserável, pois a expressão dele endureceu e no momento seguinte, em um ato de desespero, ela atacou a mão que a segurava com os próprios dentes, mordendo tão forte que o sangue espirrou dentro de sua boca.

Mas Solo nem mesmo exclamou, em vez disso, forçou a própria mão contra a boca dela, a obrigando a soltar.

— O Exterminador não sente dor. Eu sinto.

— Escuta, só me deixa ir embora e-

— PRESTA ATENÇÃO! — ele explode, a intensidade em seus olhos se tornando ardente e perigosa. — Você esqueceu o que viu?! ESQUECEU?! Pessoas se feriram porque ele queria pegar VOCÊ! Ele está LÁ FORA! Te procurando, te esperando! Tem ideia do que isso significa?! NÃO DÁ pra argumentar com o Exterminador! Ele nunca vai parar até que você esteja morta!

Sentindo lágrimas nos olhos, Leia grita de volta estressada: — Então faça alguma coisa! Destrua esse robô idiota, você o parou antes! Pode pará-lo agora! Não é?!

Solo balança a cabeça, socando o volante frustrado.

— Eu não... eu não sei... com essas armas... eu não sei.

Quando as primeiras lágrimas caem, Leia as limpa rapidamente. Fraca, sua mente acusava. Fraca! Por que alguém iria querer matá-la? Nem mesmo para política ela servia! Mon Mothma só faltava dar tapinhas patéticos em suas costas toda vez que a via!

Leia olha para o homem, e vê com surpresa que ele esteve a observado esse tempo todo. Não ousou se perguntar o que passava na cabeça dele, a dela já estava uma bagunça por si só.

— Solo?

— O que?

— Me diz... por que... por que eu?

Ele aperta o maxilar com força, indeciso por um instante, perdido em memórias ruins. — Houve uma guerra nuclear. Daqui há alguns anos, isso tudo... vai acabar. Não vai restar nada. A rede de defesa vai se voltar contra a humanidade.

— A rede de defesa?

— Skynet... — ele revela o nome com desgosto. — Decidiram nosso futuro em um microssegundo.

— E... e você viu essa guerra?

— Não. Eu nasci depois. Cresci em um... campo de concentração. As máquinas nos faziam trabalhar.

— Trabalhar?

— Carregando corpos.

Leia se arrepia, balançando a cabeça. Aquilo era loucura! E ainda assim-

— Mas um dia, apareceu um homem. — Solo continua, a expressão pesada suavizando. — Ele nos salvou e nos ensinou a lutar, juntou pilotos, criou uma Resistência... o nome dele era Organa. Ben Organa.

— O que?

— Seu filho, Leia. Foi ele quem me enviou pra cá.

Há um momento de choque---

—e quando uma luz forte se acende através do para brisa do carro, Leia não consegue segurar o grito que lhe escapa.

— POLÍCIA DE CORUSCANT! — um agente esbraveja, arma em mãos. — LARGUE A MOÇA!

 

↑○◙○↓

 

O Exterminador encara o próprio reflexo no espelho, a pele rasgada bem abaixo de sua lente esquerda mostrava parte do esqueleto de metal, onde um dos tiros havia pegado.

Analisando...

[DISPOSIÇÃO DE UNIDADE: ÚTIL]

Ele pega um bisturi e arranca o olho sintético, limpando o sangue que escorre com uma toalha. Havia levado mais de uma hora para se ajustar. O soldado da Resistência tinha uma pontaria certeira e foi inteligente.

Mas o Exterminador foi construído melhor.

[CHANCES DE SUCESSO]

Calculando...

Calculando...

[CHANCES DE SUCESSO: 89,1%]

Oitenta e nove. Bom. Ele poderia trabalhar com isso.

Colocando óculos escuros para esconder o dano do olho esquerdo, o Exterminador se prepara novamente.

 

↑○◙○↓

 

No caminho para delegacia, os policiais explicam para Leia tudo que havia acontecido durante a festa.

Então ela havia sofrido um atentado. Pessoas se machucaram por causa disso. (Luke estava fora dessa lista, ela fez questão de perguntar.)

Solo salvou sua vida. Ele provavelmente sofria de algum delírio mental e a sequestrou.

Alguém tentou lhe matar.

Leia respirou profundamente, evitando hiperventilação. Sentia-se afundando. Afundando em incertezas, em medo e... e nos olhos castanhos daquele homem. Ele tinha um discurso tão, tão honesto. Honesto demais para parecer louco, ele-

— Ele quase me convenceu. — Leia murmura, torcendo o nariz para o copo de café em suas mãos. Não sabia porque havia aceitado, nada passava por sua garganta.

— É, ele quase convenceu Detetive Merrick também. Chamamos um psiquiatra para acompanhar o caso. — Capitão Antilles respondeu, ele era um amigo de longa data de seu pai que não poupou esforços em encontrá-la após o “sequestro”. — Ele está sendo ouvido agora, na verdade, eu estou indo-

— Posso ir também?

— Leia, não acho que-

— Por favor, eu... eu preciso.

Ela não sabia explicar o porquê, mas precisava vê-lo de novo. Se assegurar de... alguma coisa.

Por sorte, o Capitão pareceu entender e a levou para aonde ele estava sendo interrogado. Era uma sala especial com um vidro refletivo os separando, impossível de ver quem se aproximava do outro lado.

Ainda assim, Leia podia jurar que Solo estava olhando diretamente para ela.

— Então esse Exterminador foi mandado para matar a mãe do seu General... antes dele nascer...

— Sim.

— Me diga, por que ele simplesmente não matou esse Organa lá mesmo? — o psiquiatra perguntou, bastante interessado na história de Solo.

Solo, que não parecia nada feliz em ter que se repetir, batendo a perna em um tique nervoso e praticamente rosnando as respostas:

— Porque ele não podia.

— Por que não?

— Porque a guerra já tinha acabado ora! Nós vencemos, deu pra entender?! Capturar ou matar Ben Organa não faria diferença! A Skynet tinha que acabar com toda a existência dele... desde o começo.

Leia treme com calafrios, sentindo um nó no estômago.

— Aaah, e foi aí que invadiram o laboratório, não é? E descobriram o... como se chama mesmo, máquina de-

— -deslocamento temporal.

— Oh sim, nome legal.

— Se você acha. — ele rola os olhos, suspirando. — Só que quando chegamos lá, o Exterminador já tinha vindo, mandado como último recurso. A última esperança. General Organa decidiu me enviar e então explodiu todo o lugar.

— Oh? E como é que você vai voltar?

— Vocês são todos patéticos, sabia?! Não entendem nada do que eu digo?! Não posso voltar. Não para voltar. Não dá para mandarem mais ninguém. — Solo explica. Leia vê em seus olhos a mesma intensidade e desespero de antes, o medo de quem percebe uma tempestade se aproximando sem ter abrigo para se esconder. — Somos só eu... e ele.

 

↑○◙○↓

 

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