O Peso da Profecia escrita por Melody Holy


Capítulo 3
;capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá!!

eu demorei um pouco (muito) mais do que gostaria pra trazer esse capítulo, mas foi porque a faculdade não tava colaborando nenhum pouco pra isso :c mas cheguei e é o que importa!
o capítulo tá bem curtinho, só pra mostrar um pouquinho mais da Mari e da Arme, antes de as coisas começarem a acontecer :D

O capítulo foi betado pela @HikariMinami (do Social Spirit), que faz aniversário essa semana ♥

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800955/chapter/3

[ARME]

Mari era curiosa. Muito curiosa.

Ter uma colega de quarto era menos estressante do que eu sempre pensei que seria, mas provavelmente isso fosse porque Mari era quase como um fantasma. Ela passava a maior parte do tempo futricando nos meus aparelhos eletrônicos — com a minha permissão, claro — pra entender como eles funcionavam.

Ela chegou até mesmo a consertar uma caixinha de som que estava quebrada há uns três meses em menos de 30 minutos. Por isso, eu não via problemas em ter ela mexendo no meu celular tentando entender como funcionava não apenas o sistema, mas as peças que compunham o aparelho. Na pior das hipóteses, eu finalmente trocaria de aparelho.

Já se passaram 4 dias desde que tinha encontrado Mari nas ruínas do castelo, e meu avô disse que estava bem perto de conseguir uma audiência com a Rainha. Nesse meio tempo, eu estava mais ocupada do que nunca tentando prestar atenção nas aulas e manter Mari ocupada por mais de duas horas, fosse apresentando as coisas do mundo atual ou me esforçando para tentar entender os pequenos fragmentos de memória que ela compartilhava comigo.

Pelo visto, passar séculos e mais séculos em uma cápsula de preservação havia comprometido demais a sua memória. Esse tipo de coisa não era contada nos rumores, mas nunca era tarde para acrescentar certos detalhes.

Mari se lembrava de menos coisas do que eu pensava, coisas bem restritas e específicas — como sua primeira criação mecatrônica, que se chamava T-Con. Mas informações maiores como quem a colocou na cápsula, qual era a situação de Calnat e do rei Asrad (como ela disse se chamar seu tio), ou o que poderia ter causado a Grande Explosão continuavam sendo mistérios para nós duas.

Por falar na Grande Explosão, dar essa notícia foi ao mesmo tempo estressante e simples. Mari não demonstrava emoções sob quaisquer circunstâncias — e eu esperava que aquilo melhorasse com o tempo —, então o máximo de reação que a informação arrancou dela foi um “oh” que eu julguei ser surpreso. Além disso, ela parecia um pouco melancólica ao falar sobre as poucas coisas que se lembrava do reino.

— Arme? — ela me chamou, me assustando e fazendo com que quase incendiasse o livro que eu deveria estar lendo. Okay... hora de uma pausa. 

 — Oi? — Olhei para ela, sentada no chão do quarto com uma televisão desmontada sobre as pernas cruzadas. Ela estava usando as minhas roupas enquanto eu não arrumava uma brecha pra ir à feira do reino comprar novas para ela. Felizmente nossos tamanhos eram quase os mesmos, o que facilitava tudo. 

— Você já encontrou alguma coisa sobre tecnomagia?

Olhei para a escrivaninha no canto do quarto, bem mais organizada do que eu costumava deixar, encarando o Manual (de acordo com Mari, era como se chamava aquele livro que ela carregava quando saiu da cápsula). Ainda não tinha conseguido dar uma olhada na biblioteca do reino para saber sobre isso, já que seria necessário sair do Colégio.

Deusas, minha agenda nunca estivera tão lotada.

— Ainda não... Como tá indo o conserto da televisão? — mudei de assunto, buscando meu celular enquanto ela se ocupava em fazer alguma coisa com uma chave de fenda.

— Bem... Devo terminar em vinte minutos. — Assenti, digitando uma mensagem para o vovô e outra para Stellar, que eu quase não havia encontrado nos últimos dias, apesar dela me ajudar a distrair Mari quando precisava.

— Que rápida! — Sorri e olhei para o que ela fazia, mesmo que não entendesse nada de nada. — O que você tá achando do reino?

— Até agora só conheci o Colégio. — Mari nem desviou o olhar do que fazia para me responder, super concentrada. Eu não duvidava que ela realmente terminasse aquilo logo.

— Sim, mas... das coisas deste século, o que você acha?

Eu ainda não tinha me acostumado com a ideia de que ela realmente tinha passado 1500 anos dentro de um dispositivo tecnológico, e na verdade nem tinha muita certeza se aquilo se dava por ela não ter memórias ou por ser muito diferente de Calnat, mas Mari estava constantemente perdida em qualquer coisa que não fosse sobre tecnologia.

— Diferentes. — E aquela era a única resposta que ela me dava toda vez que eu perguntava. — Tem coisas muito interessantes. Mas os aparelhos são bem simples.

Eu não entendia nada sobre tecnologia, então acreditava nela quando dava aquele tipo de resposta. Caímos em silêncio mais uma vez e eu bufei.

Meu maior problema dividindo o quarto com Mari era o fato dela ser  incrivelmente monossilábica. Chegava a irritar, porque nunca conseguia respostas longas dela e me sentia conversando com uma planta. 

— Hm... — resmunguei baixinho e tirei o livro do colo, desbloqueando o celular apenas para ver as respostas que eu queria. — Ei, tá a fim de sair?

— Para onde? — ela me encarou, parecendo curiosa.

Sorri de forma animada.

— Vamos fazer compras!

☽☾

— Por que estamos aqui mesmo? — Stellar me perguntou pela terceira vez desde que entramos naquela loja de roupas, enquanto Mari examinava minuciosamente cada peça que eu achava que ficaria boa nela.

— Mari precisa de roupas pra ela. Não me importo de dividir as minhas, mas não quero ter que abrir mão de nada se ela decidir sair do Colégio depois da conversa com a Rainha Serdin. 

Vovô havia permitido que eu levasse Mari até aquela loja em específico, que era de um ex-aluno do Colégio que não tinha muita afinidade com Magia, mas era grato pelo tempo de acolhimento que teve lá; então tínhamos aquela parceria com ele. Pelo menos não eram apenas roupas tipicamente usadas por magos, como túnicas esquisitas e coisas do tipo. Na verdade, a variedade e os preços da loja eram bons a ponto de ser uma das melhores do reino, batendo de frente com lojas de marcas de grife (que eu não gostava de usar, mas sempre recebia de presente de pessoas que iam visitar o vovô e queriam me agradar de algum jeito; todo fim de ano eu as doava para algum bazar beneficente ou as revendia).

— Mas ela demora muito pra escolher! — Stellar suspirou e olhou uma capa verde água no cabideiro ao lado, fechando os olhos para sentir se tinha alguma propriedade mágica. Não tinha, e ela fez uma careta. — Até agora ela escolheu o quê, umas três peças? Como se monta um guarda-roupa com três peças?

— Ela não precisa montar um guarda-roupa, Stell. — Ri baixo enquanto ajeitava as, de fato, três peças que Mari havia escolhido, entre os braços, segurando-as enquanto ela procurava por outras semelhantes. — Só precisa de roupas o suficiente pra fazer uma viagem sem precisar comprar outras... uns 5 ou 6 pares devem ser suficientes. Tenho algumas coisas que não quero em casa também, posso dar para ela.

— Duas baixinhas unidas, era só o que me faltava. — Encarei Stellar diretamente, franzindo os lábios como sempre fazia quando alguém falava da minha altura e, com um suspiro exagerado, caminhei até Mari, deixando minha amiga falando sozinha. Era só o que me faltava!

— Achou alguma coisa legal? — perguntei quando parei ao lado da princesa, que encarava as calças penduradas sem expressar nada — Esse número é maior, vai ficar bem largo.

— Arme? — Soltei um “hm?” enquanto procurava por calças que serviriam em nós duas. — Quantas peças eu posso pegar?

— Como assim?

— O preço. Vai ficar muito caro se eu pegar muitas, preciso saber o limite.

— Ah, isso. — Empurrei uma calça preta e uma cinza claro para ela, partindo para uma cesta de camisas de botão. Ela demorava demais, quem sabe eu não conseguisse acelerar aquilo ali. — O vovô tem uma parceria com essa loja, geralmente eu venho aqui procurar alguma coisa pra usar ou renovar o guarda roupa, então pode ficar tranquila que não tem pra quê se preocupar. Mesmo sendo uma princesa, acho difícil você gastar mais do que eu aqui.

Entreguei uma camisa em seus braços e apontei para o provador da loja, vendo como ela pareceu confusa antes de assentir e ir experimentar as roupas. Eu esperava que ela gostasse, para pouparmos tempo e talvez darmos uma voltinha pelo reino antes de voltarmos pro Colégio. 

Stellar continuava do outro lado da loja, conversando com as atendentes como se fosse uma cliente frequente da loja. Eu não duvidava que fosse mesmo, já que alunos do colégio tinham desconto aqui e Stellar gostava de andar na moda (nunca entendi bem isso, mas se ela estava feliz, então tudo bem).

Mari saiu do provador para me mostrar como tinha ficado e eu não pude deixar de sorrir ao ver que eu ainda tinha um bom gosto pra moda, mesmo que não seguisse as tendências. Aquele visual ficaria bem meia boca em mim, mas parecia combinar tanto com Mari que eu só conseguia ficar orgulhosa de mim.

— Tá confortável? — perguntei, assistindo Mari se olhar no espelho sem muita expectativa. Quando eu finalmente aprenderia a ler suas expressões (ou a falta delas)? — A gente pode pegar algumas saias e shorts, se você quiser, mas parece que a calça ficou boa.

— Está tudo bem. — Aquilo queria dizer confortável? Eu não fazia ideia. — Está confortável, mas não está frio pra usar essas roupas. 

Bem, era verdade, o sol estava forte o suficiente para castigar quem ficasse muito tempo sob ele, mas também era sempre bom ter calças! E Mari ficava muito bem nelas, isso era um fato.

— Bom, mas pode esfriar! — Tentei, mesmo sabendo que ainda estávamos no meio do verão. — E, além do mais, é mais barato comprar essas roupas agora do que na estação certa! Economizar é sempre bem-vindo.

Mari assentiu e entrou no provador mais uma vez, agora para colocar de volta as roupas que eu tinha emprestado para ela. Ainda tínhamos que olhar peças para o calor e talvez alguns acessórios também? Talvez ela precisasse de uma mochila, não? 

Stellar se aproximou de onde estávamos com umas peças nos braços, e eu soube que definitivamente aquela seria uma tarde longa... De qualquer forma, talvez fosse divertido, e eu também precisava de uma roupa mais formal para me encontrar com a Rainha... 

Eu só esperava que vovô não ficasse bravo com o dinheiro que iríamos gastar ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse foi o capítulo de hoje! Realmente, nada muito marcante, mas as coisas começam a acontecer a partir daqui. No próximo já temos a audiência com a Rainha ♥

Já comecei a escrever o próximo capítulo, e agora que estou de férias vou ver se consigo trazer ele mais rápido (o que não depende só de mim).
Me conte o que achou do capítulo até agora! Eu sou ansiosa ashduhsuhs

Beijinhos, Mel



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Peso da Profecia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.