Rochas Negras escrita por Zretsim


Capítulo 5
Xeque-Mate


Notas iniciais do capítulo

A arte utilizada no livro não é de minha autoria.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800953/chapter/5

— E aí, Anthony Weasel? – perguntou Eugene em tom de deboche.

Os bandidos estavam paralisados de medo.

O porão estava arrodeado de velas do sol.

Eugene estava sentado em cima de uma caixa, bem de frente aos criminosos. Dira estava de pé com os braços cruzados à direita de Eugene. Cassandra, assim como Eugene, estava sentada em cima de uma caixa, mas com o pé esquerdo em cima da caixa, à esquerda de Eugene.

— Ei, Grandão. Pegue essas cordas perto de você e amarre o Anthony. – disse Cassandra apontando para cordas próximas aos pés do ladrão mais alto.

— Foi mal, Anthony. – disse o ladrão mais alto enquanto amarrava Anthony.

O ladrão mais alto ainda estava amarrando seu comparsa quando o ladrão mais baixo virou e desceu, às pressas, pelas escadas.

— Deixem ele comigo! Ele não vai fugir dessa vez! – disse Dira enquanto corria até a passagem secreta.

Quando terminou de amarrar Anthony, o bandido mais alto foi golpeado por trás, na cabeça, por Cassandra que o acertou com o cabo de sua espada. O ladrão caiu atordoado ao lado de Anthony. Cassandra embainhou a espada. Eugene jogou uma corda para ela que, rapidamente, amarrou o ladrão mais alto. Eugene colocou o ladrão mais alto sentado próximo à parede, ao lado da porta por onde o ladrão mais baixo fugiu. O ladrão mais alto ainda estava atordoado.

Anthony sentou no chão.

— Ei, Weasel. – disse Eugene com um olhar assassino.

— O que é? – perguntou Anthony um pouco intimidado.

— Você vai me contar tudo. – respondeu Eugene ainda com um olhar assassino.

— Hahahahaha! Eu não vou falar nada. E vocês não podem me obrigar a isso até depois do meu julgamento. – disse Anthony em tom de deboche.

— Julgamento? Está vendo algum prisioneiro da guarda real aqui, Cassandra? – perguntou Eugene olhando para Cassandra com um sorriso bobo.

— Não. – respondeu Cassandra, também, com um sorriso bobo.

— Qual é a pegadinha aqui? – perguntou Anthony olhando alternadamente para Cassandra e Eugene.

— Não tem pegadinha. Só estamos falando que você e aquele imbecil são apenas ladrões amarrados. – respondeu Eugene apontando para Anthony e, depois, para o ladrão mais alto.

— Maldito. Pretende me torturar aqui? – perguntou Anthony encarando Eugene.

Eugene sorriu levemente.

— Só se você não colaborar. – disse Eugene enquanto se preparava para dar um soco.

Eugene dirigiu o soco em direção ao rosto de Anthony.

— Tudo bem! Eu falo! – disse Anthony com os olhos fechados.

Eugene conteve o soco muito perto dos olhos de Anthony.

— Bom garoto. E, por favor, tire essa máscara ridícula. Ah, você não pode. Desculpa. Eu esqueci. – disse Cassandra em tom de deboche.

— Essa palhaç…

Anthony interrompeu sua fala, pois percebeu Eugene o encarando com um olhar assassino.

Após sair das escadas, Dira viu o ladrão mais baixo correndo e continuou a perseguição até o final do túnel. O ladrão subiu por uma escada de madeira até abrir um alçapão e, após subir, começou a puxar a escada. Dira acelerou o passo quando o bandido começou a puxar a escada, ela pulou na parede e se impulsionou com o pé direito para pegar o último degrau visível com a mão direita. O ladrão largou a escada, o que fez Dira cair de costas e a escada cair em cima dela. Dira usou os braços para proteger o rosto e o ladrão fechou o alçapão.

— Desgraçado! – gritou Dira.

A guarda levantou e colocou a escada de pé para subir até o alçapão. Quando passou pelo alçapão, Dira entrou numa sala pequena, havia uma mesa que estava encostada na parede, além de uma porta.

Ela abriu a porta e foi surpreendida com um soco de direita no lado esquerdo da face. Ela caiu e, antes de se recompor, viu um pé indo em direção a seu peitoral. O ladrão estava prendendo Dira no chão com o pé direito, havia sangue na boca dela.

— Pelo menos você, eu vou matar. – disse o ladrão com um sorriso cruel.

Dira estava com suas mãos nas canelas do bandido. Em seguida, ela retirou suas mãos e levou o antebraço direito aos olhos como se quisesse esconder lágrimas.

— Hahahahaha! A guardinha vai chorar? – debochou o bandido.

Com a mão esquerda, Dira sacou sua espada e a colocou na sua mão direita rapidamente, realizando uma tentativa de perfuração no abdômen do bandido em sequência. O ladrão recuou para não ser atingido e, consequentemente, removeu o pé de cima de Dira, ela aproximou os dois joelhos da face e os afastou rapidamente para levantar.

— Você é malandra. Pensei que fosse chorar. – disse o ladrão encarando Dira.

— Chorar? Por causa de um soquinho? – perguntou Dira em tom de deboche.

— Você parece durona. Por que não vem para cima sem a espada? – disse o ladrão chamando Dira com a mão.

— Seria bem mais rápido eu te amedrontar com a espada e te fazer voltar logo comigo, mas eu estou muito irritada pela escada e pelo soco, então… – disse Dira e, logo em seguida, embainhou a espada.

O ladrão sorriu.

— Ela é muito idiota. – pensou o ladrão.

— Vamos logo com isso. – disse Dira colocando as mãos cerradas atrás da cintura.

O ladrão se aproximou, lentamente, perna esquerda na frente e mão direita cerrada na frente.

— Você usa a arte marcial de Corona? – perguntou Dira um pouco surpresa.

O ladrão não respondeu, aproximou-se e tentou um chute frontal de direita, Dira levantou o pé esquerdo e bloqueou o chute com a “sola” da armadura, o bandido rapidamente usou um soco de esquerda, Dira moveu a cabeça um pouco para a direita do ladrão, o bastante para evitar um murro na face, ela abaixou o pé, pisando no pé direito do ladrão, e acertou uma joelhada de direita na barriga do bandido, que cuspiu sangue imediatamente. Logo em seguida, o ladrão recuou, cinco passos para trás.

— Que merda é essa?! – perguntou o bandido ofegantemente.

— O que foi? – perguntou Dira com face de boba.

— Não se faça de idiota. Por que uma guarda de Corona não usa a arte marcial ensinada aqui? – perguntou o bandido ainda ofegante.

O queixo do bandido estava com uma quantidade considerável de sangue.

— Entendi. – disse Dira ainda com face de boba.

— A arte marcial ensinada aqui em Corona se chama Schnelle Treffer[1] , ela consiste na transição rápida entre socos, chutes e suas posições base. – explicou Dira.

— Isso eu já sei. É o estilo que estou usando. – disse o ladrão ainda ofegante.

— Não me interrompa a não ser que queira morrer logo. – disse Dira com um olhar assassino.

O ladrão arregalou os olhos.

— Acha que pode me ameaçar?! – perguntou o ladrão indo em direção à Dira.

Dira tirou as mãos cerradas de trás da cintura e assumiu uma posição similar a do ladrão, porém, ao contrário dele, ficou com a perna esquerda atrás e a mão esquerda na frente.

Dira deu um soco de esquerda, o bandido mudou de base rapidamente, segurou o soco com a mão esquerda e desferiu um soco de direita em direção ao rosto de Dira. Ela abaixou, levando as mãos cerradas novamente para trás da cintura, girou e acertou um chute ascendente de esquerda no abdômen do ladrão, que caiu sentado com as mãos na barriga, cuspindo sangue. Dira levantou ainda com as mãos cerradas atrás da cintura, ela estava com um olhar aterrorizante e o bandido estava sentado diante dela com os olhos fechados de tanta dor.

1 – Do alemão, “golpes rápidos”.

 

— Você está de palhaçada comigo?! O estilo de Corona não envolve uma perícia tão alta com pernas, além disso, ele é um estilo de luta em pé! E essas mãos atrás das cinturas?! É como se você nem precisasse delas para lutar! – disse o ladrão muito exaltado.

O ladrão estava ofegante.

— De fato, o Schnelle Treffer diz para o lutador nunca se esquivar para baixo, pois isso o coloca em desvantagem, é um estilo que só abrange lutas em pé. Porém, eu não estava usando o Schnelle Treffer, não a todo momento pelo menos. – explicou Dira.

— O quê? – perguntou o ladrão surpreso.

— O estilo que eu usei para bloquear seu chute, dar uma joelhada e um chute ascendente se chama Tödliche Beine[1].– disse Dira.

— Tödliche Beine? Nunca ouvi falar. – disse o ladrão ofegantemente.

— Esse estilo é de fora dos sete reinos até onde eu sei. As pessoas que o desenvolveram acreditavam que as pernas são tão mortais quanto as mãos empunhando uma arma, por isso, essa arte marcial consiste na combinação de golpes com armas e golpes de alta perícia em chutes, na sua forma completa. Não usei a forma completa com você. Aliás, eu consigo alternar facilmente entre a Schnelle Treffer e a Tödliche Beine. – explicou Dira.

O bandido levantou, ainda estava com muito sangue na boca.

— Por que me explicou tudo isso? – perguntou o ladrão encarando Dira.

— Porque você estava curioso. – respondeu Dira levando uma mão no queixo.

O bandido ficou em posição de combate novamente.

Dira abaixou a mão.

— E, também, você saber tudo isso não faz diferença. – disse Dira com um olhar assassino.

Dira colocou as mãos cerradas atrás da cintura e, rapidamente, virou o pé esquerdo e deu um chute de lado, o pé direito dela parou perto do nariz do ladrão, que caiu no chão com o susto. Dira desceu o pé.

— Renda-se ou morrerá. – disse Dira ainda com um olhar assassino.

1 – Do alemão, “pernas mortais”.

No porão do castelo, Eugene e Cassandra estavam com Anthony e um de seus comparsas.

— Anthony, por que o Barão quer tanto a coroa da princesa? – perguntou Eugene em tom sério.

— Eu não sei. – respondeu Anhony em tom sério.

Eugene ergueu o punho direito.

— É sério. Há mais de seis meses, eu e muitos ladrões em Vardaros soubemos que o grande Flynn Rider e os Stabbington foram contratados para pegar uma coroa em Corona, mas, contrariando todas as expectativas, os Stabbington foram presos e o Flynn Rider recebeu anistia por ter resgatado a princesa desaparecida de uma torre. – disse Anthony olhando para Eugene.

— Como as notícias chegaram de forma tão rápida em Vardaros? – perguntou Eugene encarando Anthony.

— Corvos. – respondeu Anthony em tom sério.

— O quê? – perguntou Eugene surpreso.

— O Barão nunca te mostrou? – perguntou Anthony também surpreso.

— Não. – respondeu Eugene com os olhos arregalados.

— Um dos capangas dele me explicou que o Barão tem corvos mensageiros, sete no total, cada um em cada depósito dos sete reinos. O cara que cuida do depósito dele por aqui deve ter enviado um corvo até Vardaros. – disse Anthony olhando para Eugene.

— Você sabe onde fica o depósito dele aqui em Corona? – perguntou Cassandra olhando para Anthony.

— Claro que não. Eu não sou próximo do Barão. – respondeu Anthony decepcionado.

— O Barão tem corvos eruditos? Eu pensei que fossem só lenda. – disse Eugene levando uma mão ao queixo.

— Sim, é assim mesmo que chamam esses bichos. – disse Anthony fazendo gesto afirmativo com a cabeça.

— Por isso que o Barão é tão bem informado. – afirmou Eugene com um olhar distante.

— Já chega desse papo de corvo. Ei, ladrão, continua a história. – disse Cassandra encarando Anthony.

— Certo. Depois dos rumores da traição do Rider se espalharem, eu soube que o Barão providenciou uma fuga da prisão para a Lady Caine em Vardaros. Ele também deu alguns mercenários famosos nos sete reinos para a ajudarem. – disse Anthony em tom sério.

— Você sabe o que ele pediu em troca? – perguntou Eugene olhando para Anthony.

— Eu não tenho certeza, mas acho que a sua cabeça. Um dia após a fuga da Caine, o Barão chamou muitos ladrões para a sua mansão, inclusive eu e meus três comparsas. Ele ofereceu cinco alvos fáceis aqui em Corona e pediu a coroa da princesa em troca. – disse Anthony olhando para Cassandra.

— Alvos fáceis? Explica. – disse Cassandra encarando Anthony.

— Ele disse que tinha um cara na guarda real trabalhando para ele. Esse cara nos forneceria as plantas dos estabelecimentos e um jeito fácil de invadirmos o castelo. – disse Anthony olhando para Cassandra.

— Como eu suspeitava. – pensou Eugene olhando para Anthony.

— O quê?! Isso é impossível! – disse Cassandra muito surpresa.

— Eu te avisei, Cassandra. Na verdade, você devia ter deduzido isso no momento que esses caras passaram por aquela porta. – disse Eugene apontando para a passagem secreta.

Cassandra ficou tão alterada que cortou uma caixa com sua espada, ela olhou para trás com um olhar assustador e perguntou:

— Quem é?

— Eu não sei! Ele só apareceu com uma máscara e falava cochichando! – disse Anthony muito assustado.

— Lembra de algo mais? – perguntou Cassandra apontando a espada para Anthony.

— Ele é da minha altura, eu acho. E nos encontrávamos na floresta. – respondeu o ladrão muito nervoso.

Cassandra embainhou a espada e se acalmou.

— Tem uma coisa que estou achando estranha. Como que vocês roubaram todos os alvos fáceis com tanta concorrência? – perguntou Eugene olhando para Anthony.

— Na verdade, os outros ladrões recusaram a oferta. Acho que, além de ter poucos lugares para roubar e muita concorrência, ficaram com medo de invadir o castelo. Mas, quando cheguei aqui, o cara mascarado me disse que o Barão enviou outros bandidos e os pagou antecipado com armas mágicas. – disse Anthony em tom sério.

— Nunca ouvi falar nessas armas mágicas. – disse Eugene pensativo.

— Nem eu. – disse Cassandra encarando Anthony.

— Eu não entendi bem na hora, mas parece que, enquanto eu estava a caminho daqui, o Barão conseguiu essas armas, o que fez muitos bandidos aceitarem o serviço. – disse Anthony olhando para Cassandra.

Cassandra sentou numa caixa e levou as mãos aos olhos.

— Cassandra… – disse Eugene preocupado.

— Você estava certo. Eu até insinuei que você era o traíra se houvesse um. – disse Cassandra com lágrimas de raiva em seus olhos.

Eugene ficou calado e sentou em outra caixa.

Após alguns minutos, a porta da passagem abriu e o ladrão mais baixo saiu por ela acompanhado de Dira. Ela o jogou no chão. Ele estava ofegante, pálido e com sangue na boca. Cassandra não estava mais chorando, estava sentada com as duas mãos nos joelhos e olhando para baixo.

— Dira, o que você fez com ele? – perguntou Eugene enquanto levantava.

— Eu peguei leve, ele quem é muito mole. – respondeu Dira encarando o ladrão mais baixo.

— Ei, palhaço, como vocês pretendiam pegar a coroa sem uma arma? – perguntou Dira ao ladrão mais baixo, que estava jogado no chão.

— Esperaríamos até os guardas saírem pelo corredor com a coroa, pegaríamos ela e voltaríamos pelos túneis. Eu trancaria a porta da sala dos fundos da biblioteca pública e, depois, a porta da frente. É um plano meio desleixado, mas era nossa melhor chance, principalmente depois de descobrirmos que a princesa tem cabelos mágicos. – respondeu o ladrão mais baixo ofegantemente.

— Bom, rapazes. Só falta uma coisa. – disse Dira com um sorriso bobo.

— Vocês querem que entreguemos o dinheiro e as joias, não é? – perguntou o ladrão mais alto, encostado perto da passagem secreta, olhando para o chão.

— Isso mesmo. – respondeu Dira com um sorriso bobo.

No dia anterior, após sair da sala do capitão, Eugene voltou ao castelo.

Rapunzel estava sentada pintando a paisagem na varanda de seu quarto e Pascal estava no seu ombro.

— Pascal, qual tom de azul devo usar? – perguntou Rapunzel encarando o quadro.

Alguém bateu à porta e entrou. Era Eugene. Estava de armadura, sem elmo.

Rapunzel olhou para trás.

— Loirinha! – disse Eugene procurando a namorada pelo quarto.

— Oi! Vem aqui! – disse Rapunzel ainda encarando o quadro.

Eugene foi à varanda.

— Qual tom de azul você acha melhor? – perguntou Rapunzel apontando, com o pincel, para três tons diferentes de azul.

Eugene olhou para o quadro e perguntou:

— É para o céu?

— Sim. – respondeu Rapunzel olhando para o quadro.

— Está ficando bom. Use esse tom aqui. – disse Eugene apontando para um dos tons.

Rapunzel começou a pintar o céu no quadro.

— Eugene, ficou ótimo. – disse Rapunzel muito alegre.

— Eu sei. – disse Eugene enquanto admirava Rapunzel.

Rapunzel sorriu para Eugene e voltou a pintar.

— Você vai almoçar comigo hoje? – perguntou Rapunzel enquanto pintava.

— É claro. – respondeu Eugene olhando para a paisagem.

A princesa continuou pintando.

— Loirinha, lembra quando você me contou daquela passagem secreta no quarto da Cassandra? – perguntou Eugene ainda olhando para a paisagem.

— Sim. – respondeu Rapunzel ainda pintando.

— Pode me falar mais sobre ela? – perguntou Eugene olhando para Rapunzel.

Rapunzel parou de pintar e disse:

— Claro, mas por que você quer saber?

— Tem uns ladrões me incomodando e acho possível eles usarem essa passagem. – respondeu Eugene pensativo.

— Acho que você não devia se preocupar. Cassandra me disse que os túneis são um segredo entre os guardas do reino, os reis e os príncipes. – disse Rapunzel com um sorriso.

— Eu não sabia sobre eles. – disse Eugene fitando a paisagem com os olhos.

— Eu questionei isso também, mas ela disse que você é o único guarda que não sabe, já que o pai dela não confia muito em você. Acho que também não me contaram sobre os túneis para eu não te contar. – disse Rapunzel um pouco triste.

— Então eu fiz certo em não contar meu plano a ele, ele não acreditaria em mim. – pensou Eugene olhando para Rapunzel.

— De qualquer forma, isso é tudo o que eu sei. – disse Rapunzel olhando para Eugene.

— Sabemos que existem túneis… – disse Eugene olhando para o céu.

— Sim, mas não sei onde ficam as outras entradas. – respondeu Rapunzel um pouco cabisbaixa.

— A biblioteca real deve ter alguma informação. Mais uma coisa, Loirinha, eu sei que você entende das leis de Corona, sabe dizer se há alguma lei sobre a guarda real ter acesso às plantas das lojas do reino? – perguntou Eugene olhando para Rapunzel.

— Todas as casas e lojas passam por um processo de inspeção de planta antes de serem aprovadas para construção. Todas as plantas aprovadas são copiadas e devolvidas ao dono e as cópias ficam na guarda real sob tutela do capitão da guarda. – explicou Rapunzel.

— Por que a guarda real fica com uma cópia? – perguntou Eugene levando uma mão ao queixo.

— Para planejamento em caso de guerra. Se esperassem uma guerra para pedir as plantas, correriam o risco de muitas pessoas já terem se desfeito das plantas de suas lojas ou casas. – explicou Rapunzel.

— Minha namorada é tão inteligente. – disse Eugene e, logo em seguida, deu um beijo na bochecha de Rapunzel.

Eugene foi em direção à porta.

Rapunzel voltou a pintar e perguntou:

— Para onde você vai?

— No quarto das damas de companhia, pedir para Mary abrir a biblioteca do castelo para mim, quero saber mais sobre os túneis. Não quero que você pare de pintar. – disse Eugene enquanto andava.

— Tudo b… Mary?! – perguntou Rapunzel como se tivesse tomado um susto.

Eugene parou próximo a porta e virou.

— Ela mesma. O que foi? – perguntou Eugene.

Rapunzel levantou, colocou as tintas, Pascal e o pincel no banco em que estava sentada, abriu seu armário, pegou uma chave, pegou Eugene pela mão e os dois saíram do quarto. Eugene não estava entendendo nada. A princesa estava muito brava e Eugene ficou calado até chegarem à biblioteca. Eles passaram por dois guardas na entrada e Rapunzel abriu a porta.

A biblioteca era enorme, havia estantes que encostavam no teto. Elas dividiam a biblioteca em corredores. O ambiente era iluminado por velas.

— Loirinha, o que foi? Você está com uma cara… – disse Eugene olhando para Rapunzel.

— Cara de quê? – perguntou Rapunzel com um olhar assustador.

— Cara de brava. – respondeu Eugene assustado.

Rapunzel soltou a mão dele e foi em direção ao primeiro corredor da direita para a esquerda.

— Rapunzel. – disse Eugene andando e revirando o local com os olhos.

A princesa continuou andando calada.

Eugene foi em direção à namorada.

— Sunshine. – disse Eugene apressando o passo.

Antes que Eugene alcançasse Rapunzel, ela falou:

— É nesse corredor que ficam os livros com mapas do reino.

— Sério? Obrigado. – disse Eugene antes de dar uma risada de preocupação.

Eugene parou e começou a folhear alguns livros e Rapunzel fez o mesmo.

Após alguns minutos, Rapunzel achou um esquema do castelo, num livro, com as passagens secretas.

— Eugene, vem aqui. – disse Rapunzel olhando para o livro.

— Você achou? – perguntou Eugene enquanto guardava um livro.

— Sim. – respondeu Rapunzel olhando para Eugene.

Eugene pegou o livro das mãos da princesa e viu o esquema do castelo. Existiam três passagens secretas no palácio. Uma no quarto de Cassandra, uma no jardim e outra no porão. Naquele momento, Eugene lembrou que as coroas ficarão no quarto dos empregados antes de serem levadas à sala do trono. A passagem secreta no porão era a mais próxima do quarto dos empregados.

— Eles virão pelo porão. – pensou Eugene enquanto analisava o esquema no livro.

— Eugene, você está pensativo. No que está pensando? – perguntou Rapunzel olhando para Eugene.

— Em nada. Só estou surpreso com essas passagens secretas. Obrigado, Sunshine. – disse Eugene e, logo em seguida, sorriu.

— Acho que não vamos achar mais nada aqui. Os mapas do reino ficam com o capitão da guarda. – disse Rapunzel enquanto guardava o livro.

Os dois saíram da biblioteca e pararam em frente a escada que leva ao segundo andar.

— Loirinha, por que você ficou tão brava de repente? – perguntou Eugene com a mão na bochecha de Rapunzel.

— Eu? Brava? Acho que foi só impressão sua. – respondeu Rapunzel como se não soubesse do que Eugene estava falando.

— É, acho que foi só impressão mesmo. Vou voltar ao trabalho. – disse Eugene antes de beijar Rapunzel.

No meio da tarde, na ponte, Dira estava voltando para a ilha, cavalgando em Max, Eugene fez sinal para Max parar no meio da ponte.

— O que foi, Flynn? – perguntou Dira após Max parar.

Eugene virou, ficando de frente para o oceano, e ficou calado por um momento.

— Parece que o Capitão anda escondendo algumas coisas de mim. – disse Eugene encarando o oceano.

— Tipo o quê? – perguntou Dira montada em Max.

— Tipo as passagens secretas no castelo. – respondeu Eugene olhando para Dira.

— Sinceramente, você não perdeu muito. O Capitão só falou aos outros guardas das posições delas no castelo. – disse Dira em tom sério.

Eugene virou.

— Sabia que a guarda real tem plantas de todas as lojas e casas do reino? – perguntou Eugene olhando para Dira.

— É claro que eu sabia. Você não estudou a legislação de Corona? – perguntou Dira olhando assustada para Eugene.

— Só a parte de tortura ser proibida até o julgamento. – respondeu Eugene sorrindo para Max.

Max fitou Eugene com os olhos.

— Dira, preciso que você me diga onde o Capitão guarda as plantas das lojas. – disse Eugene olhando para Dira.

— Hahahahahaha! Você é doido! – disse Dira enquanto ria de Eugene.

— Doido? Por quê? – perguntou Eugene surpreso.

— As plantas ficam na sala dele. – respondeu Dira antes de começar a rir de novo.

— Droga! – disse Eugene enquanto dava um soco na lateral da ponte.

Dira parou de rir após alguns segundos.

— Pode me explicar por que precisa ver essas plantas? – disse Dira encarando Eugene.

— Esses ladrões provavelmente usaram elas para invadirem as lojas. – respondeu Eugene olhando para o seu punho que acertou a lateral da ponte.

Dira suspirou.

— Você quer verificar se as plantas sumiram, certo? – perguntou Dira olhando para o oceano.

— Sim, preciso confirmar que esses ladrões sabem das passagens secretas. Você vai me ajudar? – perguntou Eugene olhando para Dira.

— Sim, mas só se você me contar o que está planejando. O Capitão falou para mim que você chegou a conclusão de que os ladrões vão invadir pelo telhado. – disse Dira com um olhar sério.

Eugene voltou a olhar para o oceano.

— Os ladrões encontraram lugares secretos nas lojas sem revirarem nada. Eles já entraram sabendo exatamente onde ir. Como eles não torturaram os donos, a única explicação são as plantas, que estão sob tutela da guarda real, mais especificamente, do Capitão. – disse Eugene ainda olhando para o oceano.

— Um traidor? Bom, pela parte das plantas, até faz sentido. Porém, só o Capitão sabe se mover pelos túneis, um traidor não teria como ensinar os ladrões a se moverem pelos túneis. – disse Dira olhando para Eugene.

— Rapunzel me contou que mapas são da responsabilidade do Capitão, ele deve ter, também, mapas dos túneis na sala dele. – disse Eugene olhando para Dira.

Dira encarou Eugene por um momento.

— Convenceu-me. Contar ao Capitão sobre um traidor não adiantaria nada, ele não acreditaria. Eu vou te ajudar. – disse Dira com um sorriso de leve.

— Ótimo. Agora só temos que dar um jeito de entrar naquela sala quando o Capitão não estiver lá. – disse Eugene levando uma mão ao queixo.

Dira sorriu.

— O Capitão passou a noite na sala dele ontem. Ele nunca vira duas noites seguidas, hoje é nossa chance. O problema é como vamos entrar na sala dele, tem um alçapão lá, mas não sabemos nos mover pelos túneis. – disse Dira olhando para o oceano.

— E o mapa provavelmente está na sala. – disse Eugene ainda com uma mão no queixo.

— Precisamos de um mapa para chegar a um lugar, que é justamente onde o mapa está. – disse Dira com uma mão no rosto e balançando a cabeça negativamente.

— Eu acho que sei quem pode nos ajudar, mas você não vai gostar muito. – disse Eugene em tom sério.

— É a Cassandra, não é? – perguntou Dira revirando os olhos.

— Ela estará na ronda noturna da área externa do castelo, hoje, comigo. – disse Eugene olhando para o castelo.

— Droga. Tenho que vigiar a Velha Corona hoje a noite, mas posso trocar com alguém do castelo. – disse Dira olhando para o castelo.

— Ótimo. Nos vemos hoje a noite no castelo. Vê se não briga com a Cassandra, eu sei que ela é irritante, mas temos que suportá-la. – disse Eugene enquanto corria para a ilha.

Max galopou no mesmo sentido que Eugene.

Durante a ronda noturna na área externa do castelo, Cassandra viu Dira, com sua lanterna, próxima da mesa de café da manhã dos reis, quando passava na parte de trás da área externa.

— Ei, idiota, o que você está fazendo aí? – perguntou Cassandra encarando Dira.

— Trabalhando. – respondeu Dira com cara de boba.

— Eu nunca te vi trabalhar no castelo. – disse Cassandra ainda encarando Dira.

— Ah. Isso é verdade. – disse Dira com um sorriso.

Eugene apareceu atrás de Cassandra segurando uma lanterna também.

— Ela chegou agora há pouco. – disse Eugene.

Cassandra virou assustada.

— Ela veio porque está investigando algo comigo. – disse Eugene olhando para Dira.

— O que vocês estão investigando? – perguntou Cassandra com um olhar de desconfiança.

Eugene contou tudo à Cassandra.

— Você surtou, Flynn Rider? – perguntou Cassandra encarando Eugene.

— Cassandra, pense bem. A única forma daqueles caras encontrarem lugares muito sigilosos nas lojas, sem revirarem nada, é com alguém vazando as plantas. – respondeu Eugene em tom sério.

— Vocês acham que meu pai já não teria desconfiado? – perguntou Cassandra olhando para Dira.

— Seu pai acha que todos os guardas de Corona são super leais. – respondeu Dira encarando Cassandra.

— Por favor, nos leve, pelos túneis, à sala dele. Dira já me falou que há um alçapão lá. – disse Eugene em tom sério.

Cassandra encarou os dois por um momento.

— Se não acharmos nada lá, eu vou prender vocês imediatamente. – disse Cassandra um pouco irritada.

Eugene e Dira sorriram e disseram ao mesmo tempo:

— Ótimo.

Os três entraram no castelo pela entrada principal, Eugene mandou três guardas nos corredores do térreo irem para fora.

No quarto da dama de companhia, havia uma coruja com penas avermelhadas numa mesinha próxima à cama. Logo em seguida, Cassandra colocou sua lanterna no chão.

— Coruja, você voltou. – disse Cassandra alisando a ave.

— Hahahahahaha! Ela fala com a coruja! – disse Dira enquanto ria.

— Cale a boca! – disse Cassandra muito irritada.

— Calma, Cassandra. Eu nem sei por que a Dira está rindo tanto. – disse Eugene antes de Cassandra se acalmar e pegar sua lanterna.

— Pensei que o fato de só um animal te suportar fosse algo óbvio. – ele continuou.

— Idiota. Vamos logo. – disse Cassandra se dirigindo a um escudo ao lado do seu armário de armas.

— Cassandra, essa é uma coruja bordô. Elas são muito raras. Onde a conseguiu? – perguntou Eugene olhando para a coruja.

— Eu não a consegui, ela guiou meu pai até a casa onde ele me encontrou. Desde então, ela sempre ficou por perto. Ela sai para voar às vezes, mas sempre volta. – respondeu Cassandra enquanto afastava o escudo.

Dira parou de rir.

— É por aqui. – disse Cassandra enquanto entrava na passagem secreta.

Enquanto andava pelo túnel, Eugene não parava de encará-lo.

— Teria sido mais fácil roubar a coroa por aqui. – disse Eugene.

As garotas fitaram Eugene com os olhos.

Cassandra tomou, dessa vez, o caminho da esquerda pela bifurcação. Eles saíram na sala do capitão da guarda por um alçapão abaixo da mesa. Eles abriram as gavetas, uma delas tinha os mapas da ilha, da Velha Corona, dos túneis e do reino, além das passagens secretas no castelo, a outra tinha plantas, havia várias delas.

— Eugene, os mapas dos túneis estão aqui, mas não dá para saber se alguém mexeu neles. – disse Dira enquanto verificava alguns mapas.

— Eu não sei quanto aos mapas, mas meu pai guarda as plantas das lojas em ordem alfabética de acordo com o dono atual do estabelecimento. – disse Cassandra encostada na porta com os braços cruzados.

Após verificar todas as plantas, Eugene constatou que todas estavam ali.

— Cassandra, todas elas estão aqui. – disse Eugene olhando para uma das plantas.

— Então… Estão prontos para ouvirem o ronco da Lady Caine? – disse Cassandra em tom de deboche.

Eugene sorriu.

— É claro que não. Cassandra quem mais sabia a ordem que o capitão guardava as plantas? – perguntou Eugene olhando para Cassandra.

— Ninguém. – respondeu Cassandra encarando Eugene.

— Como eu imaginava. – disse Eugene separando três plantas das demais.

— Reconhece essas plantas? – perguntou Eugene mostrando as três plantas para Cassandra.

— Sim, são das lojas de armas do reino. É fácil notar com os nomes escritos nelas. – disse Cassandra olhando para as plantas.

— E essa aqui? – perguntou Eugene mostrando uma das três plantas.

— É a do Xavier. É a única das três com um andar subterrâneo. – disse Cassandra olhando para Eugene.

— Exato. – disse Eugene olhando para Cassandra.

— Flynn, eu não quero ser presa, então diz logo o que você descobriu. – disse Dira enquanto sorria.

— A planta do Xavier foi a quarta que encontrei olhando de cima para baixo. – disse Eugene apontando para o montante de plantas.

— O quê? Mesmo que meu pai ordenasse de baixo para cima, existem bem mais que três pessoas donas de casas ou lojas no reino cujo os nomes viriam depois. – disse Cassandra levando uma mão ao queixo.

— Sim, eu mesma conheço quatro na Velha Corona: Ywach, Yasmin, Zeni e Yinspit. – disse Dira olhando para Cassandra.

— Porém, meu pai pode ter bagunçado tudo checando essas plantas. – disse Cassandra olhando para Eugene.

— Cassandra, seu pai odeia desordem, ele acha que nós não usarmos os elmos já é um indício de desordem e vive reclamando por causa disso. – disse Eugene olhando para Cassandra.

Cassandra suspirou.

— Tudo bem. Eu não estou totalmente convicta de que há vazamento de informações, mas eu vou vigiar no porão com vocês amanhã, mas, dessa vez, se não me convencerem totalmente, eu vou prendê-los. – disse Cassandra apontando para Eugene.

— Por mim, tudo bem. – disse Dira olhando para Cassandra com um olhar sério.

Na noite do Baile de máscaras, Eugene foi até o quarto de Rapunzel, ela estava arrumada com um vestido azul-escuro e sapatilhas de mesma cor. Pascal estava deitado na cama da princesa.

— Loirinha, eu tenho que fazer umas rondas rápidas, mas prometo que te encontro na hora da dança. – disse Eugene um pouco nervoso.

— O Capitão não te dispensou? – perguntou Rapunzel um pouco desconfiada.

— Mais ou menos, ele quer que eu faça um trabalho rápido durante o evento. – respondeu Eugene ainda nervoso.

— Tudo bem. – disse Rapunzel decepcionada.

— Ei, você está linda. – disse Eugene antes de beijar a namorada.

Logo depois, Eugene saiu do quarto.

Não havia convidados no castelo ainda.

Cassandra e Dira estavam na frente da porta do porão, Eugene chegou e eles entraram. Um guarda no corredor viu, abriu a porta e falou do topo da escada:

— Tem algo errado por aí?

Eugene parou e as duas prosseguiram.

— Não, só o Capitão ordenou que arrumássemos algumas coisas aqui embaixo, ele deve estar de mau humor. – disse Eugene olhando para o guarda.

— E quando ele não está? – perguntou o guarda enquanto fechava a porta.

No porão, Eugene e Cassandra sentaram em duas caixas, e Dira ficou de pé encostada em uma outra caixa, eles ficaram de frente para a passagem secreta. Havia algumas cordas no chão.

— É uma pena que a Raps não vá poder dançar com você, Rider. Enganar o capitão da guarda e invadir a sala dele deve dar muitos anos de prisão. – disse Cassandra olhando para Eugene.

Eugene a ignorou, estava focado na porta.

Depois de 30 minutos de espera, a sala do trono já estava cheia, Cassandra estava impaciente e, de repente, três caras saíram da porta, eles estavam vestidos como se fossem ao baile.

Eugene sorriu.

Cassandra ficou surpresa.

— E aí, Anthony Weasel? – disse Eugene em tom de deboche.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Minha nossa! Essa Dira é insana! Será que ela me ensinaria a lutar se eu pedisse?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rochas Negras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.