Rochas Negras escrita por Zretsim


Capítulo 19
Desaparecidos


Notas iniciais do capítulo

A arte usada no livro não é de minha autoria.



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Pouco mais de um mês depois do ataque à Velha Corona, Dira foi ao C.T. dos guardas reais de Corona. Havia guardas limpando o local. Uma nova forca foi construída e a parede de uma cela, que Willow destruiu quando foi acertada pelo traidor mascarado, foi refeita.

— Incrível. Além da maioria dos guardas retornarem essa semana, a destruição já foi reparada. – pensou Dira enquanto olhava a nova forca.

Dira estava usando sua armadura, além de portar uma besta.

— Ei, Dira idiota! – disse Cassandra perto da porta que dava acesso à sala do capitão.

Dira a ignorou.

— Acho que tem uma mosca por aqui? – pensou Dira enquanto observava a nova parede da cela.

Cassandra ficou irritada e foi até Dira.

— Ei, meu pai quer falar com você. Você vai ficar responsável pelos desaparecimentos junto com a Xawana. – disse Cassandra encarando Dira.

— Tudo bem. – disse Dira com tom de indiferença.

— Eu só não mato essa chata porque ela é irmã do Varian. – disse Cassandra “vermelha” de raiva.

Na sala do capitão, Xawana, filha de Xavier, o ferreiro desaparecido, estava em pé. Ela estava com uma lança. Lucius estava sentado, olhando alguns papéis. Quando Dira entrou:

— Finalmente. – disse Xawana revirando os olhos.

— Qual bicho te mordeu? – perguntou Dira olhando para Xawana.

— Eu já poderia ter começado as investigações. – disse Xawana um pouco exaltada.

— Ah, não. Outra Cassandra. – disse Dira enquanto suspirava.

— Agora que a Dira está de volta, vou passar o trabalho para vocês. – disse Lucius olhando para a besta de Dira.

— O que foi, capitão? – perguntou Dira um pouco confusa.

— Você… Não prefere espada? – perguntou Lucius ainda olhando para a besta.

— Ah, sim. O médico disse que ainda não estou pronta para fazer muito esforço, então peguei uma besta. – disse Dira mostrando sua besta.

— Entendo. – disse Lucius enquanto batia uns papéis em sua mesa.

— Cassandra me disse que vou trabalhar nos desaparecimentos. Varian me contou que algumas pessoas desapareceram e todas elas viviam sozinhas. – disse Dira em tom sério.

— Isso mesmo. Eugene quem notou esse padrão após uma breve investigação. O primeiro desaparecido foi o ferreiro Xavier, pai da Xawana. A pessoa mais próxima dele no reino é a filha, que não sabe o que aconteceu. Por isso, recomendo vocês começarem pelo segundo desaparecido: Klaus Becker. – disse Lucius em tom sério.

— A filha dele casou com um banqueiro e foi morar perto do castelo, por isso ele ficou sozinho. A esposa é falecida. A filha foi visitá-lo, na área residencial, com seu filho e não encontrou o pai. Os vizinhos disseram que não o viam há uns sete dias. Isso foi há quase um mês. – disse Xawana olhando para Dira.

— Os vizinhos do Xavier não perceberam nada? – perguntou Dira olhando para Xawana.

— Meu pai mora na rua final, aqui na ilha. A casa dele é a única com morador naquela rua. As outras casas pertencem ao reino e não foram vendidas ainda. – disse Xawana olhando para Dira.

— Entendi. Então, vamos falar com a filha do senhor Becker. – disse Dira com um sorriso de empolgação.

— Só voltem aqui com respostas. Estão dispensadas de suas funções de patrulha. – disse Lucius antes das mulheres deixarem a sala.

A casa da filha de Klaus Becker ficava na espiral que dava acesso ao castelo. Grandes comerciantes costumavam morar por ali. Dira e Xawana foram até a casa da senhorita Becker. Elas ficaram impressionadas com o tamanho da casa. A filha do senhor Becker apareceu segurando um bebê e sentou numa poltrona.

A sala, onde as três estavam, tinha dois sofás, uma pequena mesa de vidro e uma poltrona, esta que ficava de frente para um dos sofás.

Dira e Xawana sentaram no sofá que ficava de frente para poltrona.

A filha do senhor Becker era ruiva e tinha os olhos verdes.

— Que bebê fofo! – pensou Dira, tentando se conter, olhando para o bebê nos braços da senhorita Becker.

— Meu empregado me disse que vocês querem falar sobre o meu pai. – disse a senhorita Becker enquanto balançava seu filho.

— Sim. Estamos investigando alguns desaparecimentos. Em se tratando de seu pai, gostaríamos de saber se ele falou algo estranho, ou se comportou de uma maneira diferente antes de desaparecer. – disse Xawana em tom sério.

— A última vez que vi meu pai foi uns dez dias antes de ele ser considerado desaparecido. Ele estava empolgado com a nova galeria. Meu pai é um amante da arte, então acho que isso não é nada estranho. – disse a senhorita Becker um pouco pensativa.

— Além disso, não tem nada? – perguntou Dira tentando evitar olhar para o bebê.

— Bom… Acho que ele comentou algo sobre os negócios na doceria dele, mas acho que isso também não é nada fora do comum. – disse a senhorita Becker olhando para Dira.

— Entendo. Obrigada pela atenção. – disse Dira antes de levantar.

Xawana ficou chateada.

Na frente da casa da senhorita Becker, Dira estava pensativa.

— Vamos visitar as famílias de outros desaparecidos. São cinco homens desaparecidos no total, todos são daqui da ilha. – disse Xawana enquanto andava, deixando Dira para trás.

— Claro. – disse Dira antes de começar a andar.

As duas guardas foram visitar outra casa na espiral que dá acesso ao castelo. Desta vez, ficaram na frente da casa conversando com algum familiar de um dos desaparecidos.

— Olha, não me lembro de nada estranho. Meu pai era um historiador, estava fazendo os registros dele. Ele vivia na biblioteca pública pesquisando referências, entre outras coisas. Se não me engano, acho que ele estava pesquisando sobre os grandes pintores de Corona. – disse uma parente do desaparecido para Dira e Xawana.

Na frente de outra casa, mas, desta vez, na área residencial:

— Algo estranho… Não consigo pensar em nada. Aquele velho vivia trabalhando na loja de frutas dele. – disse um garoto para as duas guardas.

O garoto parecia irritado.

— Ei, moleque! – disse um homem que estava correndo em direção ao garoto e às guardas.

— Quem é esse cara? – perguntou Dira enquanto erguia a besta.

— Calma, moça bonita. Ele está me devendo. Depois você mata ele. – disse o garoto muito assustado.

— O quê?! – disse Dira antes de abaixar sua besta.

O homem se aproximou e entregou uma moeda de prata ao garoto.

— Até mais. – disse o homem enquanto corria de volta para o lugar de onde veio.

— Agora você pode atirar. – disse o garoto, despreocupadamente, enquanto admirava a moeda de prata.

— Por que ele estava te devendo? – perguntou Xawana estranhando a situação.

— Eu vendi um quadro que meu avô comprou antes de sumir. – respondeu o garoto olhando para Xawana.

— Esse moleque vai tomar uma surra depois que acharmos o avô dele. – pensou Dira segurando o riso.

Em outra casa, também na área residencial da ilha:

— Meu irmão estava empolgado com o crescimento nas vendas de bolos. Ele até pensava que superaria o senhor Monty. Além disso, só consigo pensar em coisas triviais. Nada fora do comum. – disse um homem jovem.

Naquele momento, um guarda real chegou, carregando um quadro.

— Nos mandaram deixar isso aqui. – disse o guarda antes de entregar o quadro para o irmão de um dos desaparecidos.

— Um quadro? Por quê? – perguntou o homem jovem segurando o quadro.

— A vendedora nos mandou entregar aqui, no caso do comprador não estar em casa não estar em casa. É comum os vendedores pedirem um endereço secundário para o caso do cliente não estar em casa. – disse o guarda olhando para o homem segurando o quadro.

— Entendi. Meu irmão tinha alguns quadros em casa mesmo. – disse o homem olhando para o quadro que estava segurando.

— Um guarda entregando? – perguntou Dira olhando para o guarda.

— Alguns comerciantes pagam ao reino para alguns guardas reais atuarem como guardas particulares de suas lojas ou em outras funções, como entregadores. O reino tem uma frota específica só para trabalhar como particulares para isso não afetar o quantitativo de guardas servindo às outras pessoas. – explicou o guarda.

— Você não sabia disso? – perguntou Xawana olhando para Dira.

— Sim. Eu só esqueci. – disse Dira antes de começar a rir.

— Estranha. – pensou Xawana olhando Dira rir.

Mais tarde, durante o pôr do sol, as duas foram para casa do ferreiro Xavier. A sala da casa dele tinha uma mesa repleta de armas, uma poltrona e um quadro numa das paredes.

— Bem que eu desconfiava que o Xavier comia armas. – disse Dira olhando para a mesa da sala.

Xawana olhou para Dira com desprezo.

— Foi mal. – disse Dira antes de olhar para o quadro numa das paredes.

Xawana estava mexendo nuns papéis.

No quadro, havia uma mulher negra de cabelos e olhos castanhos escuros.

— Quem é essa? – perguntou Dira apontando para o quadro.

Xawana olhou para o quadro e tomou um susto.

— Como isso é possível? – perguntou Xawana olhando para o quadro muito assustada.

— Xawana? – disse Dira, olhando para Xawana, um pouco preocupada.

— É a minha mãe. – disse Xawana ainda assustada com o quadro.

— Por que você está agindo assim? – perguntou Dira olhando para Xawana.

— Eu estive aqui depois do desparecimento, mas não reparei nesse quadro… Eu estava tão obcecada em encontrar alguma resposta que nem o vi. – disse Xawana em tom sério.

— Entendo. Ele deve estar muito fiel, visto que você ficou apavorada. – disse Dira olhando para o quadro.

— Agora eu lembrei que meu pai disse que encomendaria um quadro da minha mãe. Ele disse que era possível fazer um quadro dela só com uma descrição minuciosa. O artista está de parabéns. – disse Xawana antes de voltar a olhar alguns papéis.

As duas vasculharam a casa por um bom tempo, mas não encontraram nada relevante.

Na frente da casa de Xavier, Dira fez uma pergunta para Xawana.

— Por que seu pai morava sozinho?

O tempo estava começando a “fechar” e estava ventando muito por causa da proximidade com o mar.

— Após meu ingresso na guarda real, eu me casei. – disse Xawana olhando para Dira.

— O quê?! Com quem?! Nunca te vi com ninguém, exceto com o Peter às vezes! – disse Dira muito surpresa.

Xawana olhou para Dira, indicando que algo era óbvio.

— Ah… O Peter… Seu marido. – disse Dira em choque.

— Eu vou para minha casa. Até mais. – disse Xawana enquanto andava.

Dira voltou para sua casa, na Velha Corona, para pensar sobre as informações que conseguiu. Antes de entrar em casa, ela percebeu que começou a nevar.

— Neve… Com tanta agitação, esqueci que já estamos perto do inverno. – pensou Dira olhando a neve cair

Em casa, Dira foi até o seu quarto, tirou sua armadura e deitou em sua cama. Ela pensou muito, mas não chegou a nenhuma conclusão.

Depois, enquanto dormia, Dira lembrou de algumas coisas e, então, abriu os olhos.

— O primeiro desaparecido: Xavier. Comprou um quadro antes de sumir. O segundo: Becker. Era um amante da arte, por isso estava empolgado com a nova galeria. O terceiro desaparecido: o pai daquela mulher. Um historiador que estava pesquisando sobre a arte em Corona. O quarto desaparecido: o avô daquele moleque. Também comprou um quadro antes de sumir. O quinto: o irmão daquele cara bonito. Comprou um quadro antes de desaparecer também. – pensou Dira com os olhos arregalados.

Dira sorriu e disse:

— Eu encontrei o padrão.

No outro dia, pela tarde, Dira e Xawana foram até a galeria. Elas estavam sem suas armas e armaduras. As duas guardas estavam de vestido. O de Dira, azul. E, o de Xawana, amarelo. As duas estavam paradas olhando para um quadro. Havia muitos quadros no salão principal. Muitas pessoas observando alguns e comprando também.

— Por que estamos aqui mesmo? – perguntou Xawana olhando para Dira.

— A única coisa em comum entre os desparecidos é a arte. Esse é o único lugar no reino voltado para isso. Aliás, eu verifiquei, hoje, de manhã e os desaparecimentos começaram depois da inauguração desse lugar. – disse Dira olhando para Sugarby, que estava cercada de homens.

— Se o Capitão tivesse me dado permissão para investigar os casos há mais tempo, eu já teria chegado a essa conclusão também. E, provavelmente, já teria pego o responsável pelos desaparecimentos. – pensou Xawana muito irritada.

— Vamos nos esconder e ficar aqui após a galeria fechar. É provável que encontremos algo por aqui. – disse Dira antes de olhar para Xawana.

— Entendi. – disse Xawana olhando para Dira.

— Tem mais uma coisa me incomodando. Nos registros da guarda real, consta que a Sugarby comprou uma casa na Velha Corona, na mesma rua que a minha, mas nunca a vi por lá. – pensou Dira olhando para o quadro.

Após alguns minutos, Quirin e Varian apareceram na galeria e foram falar com Dira. Eles estavam de terno.

— Dira, você está ótima. Você também, Xawana. – disse Varian olhando para as duas guardas.

— Oi, garotas. – disse Quirin bastante formal.

— Quirin? Varian? O que vocês… – disse Dira antes de ser interrompida por Sugarby, que disse:

— Eu os convidei.

Sugarby apareceu diante dos quatro.

— O quê?! Logo hoje?! – pensou Dira um pouco incomodada.

— Eu pensei em chamar os reis também, mas eles são muito ocupados. – disse Sugarby em tom descontraído.

— A senhorita Sugarby disse que, depois de fechar a galeria, vai nos mostrar alguns quadros que ainda não estão em exposição. – disse Quirin olhando para Dira.

— Legal. – disse Dira enquanto pensava:

— Droga!

— Vocês são amigos? – perguntou Sugarby olhando para Quirin.

— Esta é minha filha adotiva e esta é uma amiga dela. – disse Quirin indicando, primeiro, Dira com uma das mãos e, depois, Xawana.

— Entendi. Então, sintam-se à vontade para ficarem também e verem os quadros que serão mostrados na próxima semana. – disse Sugarby antes de ir atender alguns clientes.

— Obrigado pela gentileza. – disse Quirin enquanto sorria.

— Será que ela sabe?… Não. Além da Xawana, só contei ao Varian. Não tem como ela ter descoberto que eu suspeito dela. – disse Dira olhando Sugarby se afastar.

Durante o anoitecer, era possível ver um pouco de neve na frente da galeria. Os clientes já tinham ido embora. O local estava vazio. Sugarby fechou as portas e levou seus convidados para um corredor, onde tinham várias portas. Eles entraram na porta mais ao fundo. Os convidados, Quirin, Varian, Dira e Xawana, entraram na frente. Sugarby trancou a porta. A sala era iluminada por um tipo de esfera branca no teto. Não havia quadros na sala, só algumas caixas empilhadas, espalhadas pela sala. Dira e os outros não deram atenção à esfera luminosa, pois havia algo mais estranho. No centro da sala, havia um tipo de bússola, flutuante, sugando um tipo de aura verde de cinco pessoas.

— Os desaparecidos… – pensou Dira muito surpresa.

Os cinco homens estavam flutuando ao redor da bússola. A agulha da bússola estava girando.

— Eu fui tão cuidadosa… Eu só peguei alguns homens solitários para não chamar atenção. Mas, você tinha que desconfiar de mim, não é, Dira? – disse Sugarby enquanto andava.

Era possível ouvir os passos da Sugarby.

Dira e os outros viraram para Sugarby.

— O que você está fazendo com meu pai?! – perguntou Xawana muito irritada.

— Estou energizando uma bússola mágica com a energia vital dele e dos outros. – disse Sugarby com um sorriso cruel.

O semblante da dona da galeria mudou completamente. De uma mulher adorável, mudou para o semblante de uma completa sádica.

Xawana correu até o pai e tentou puxá-lo, mas ele não se movia, nem acordava.

— Energia vital? Você vai matá-los? – perguntou Quirin encarando Sugarby.

— Talvez. Estou sugando a energia vital deles, mas não sei se será necessário toda a energia de todos. – disse Subarby enquanto uma manopla surgia em cada uma de duas mãos.

— Não… Você é… A mulher que atacou a Velha Corona e tentou sequestrar a princesa. – disse Dira muito assustada enquanto lembrava de ter sido jogada numa árvore.

Naquele momento, Dira ficou paralisada.

— Não consigo me mexer. – disse Dira desesperada.

— O quê?! – disse Quirin olhando para Dira.

Sugarby estava usando sua manopla esquerda para impedir os movimentos de Dira.

— Droga. Eu não tenho escolha. – pensou Quirin antes de pegar um anel negro num dos bolsos do seu terno.

— Não se preocupe. Eu também vou matar os outros. – disse Sugarby com um sorriso cruel.

Naquele momento, Sugarby disparou, com a manopla direita, um laser azul em direção à Dira. Logo em seguida, Quirin colocou o anel negro no seu dedo anelar direito e, de repente, ele era o cavaleiro negro com suas duas espadas negras. Quirin entrou na frente de Dira e disparou um raio negro duplo no laser. Houve uma explosão elétrica elétrica e um raio foi em direção a Sugarby e quase a atingiu.

— Não pode ser. Você é o cara da irmandade. – disse Sugarby bastante surpresa.

Varian estava observando tudo.

— Dira, você está bem? – perguntou Quirin sem olhar para trás.

— Por que eu não percebi antes? Esse símbolo é o mesmo da faixa que minha mãe me deu. – disse Dira olhando para um círculo, com três triângulos isósceles no lado esquerdo, na parte das “costas” da armadura de Quirin.

— O próximo não será de aviso. Desista. Eu não vou pegar leve como da outra vez. – disse Quirin apontando, com sua espada esquerda, para Sugarby.

— Se for ele, não posso pegar leve como da outra vez. – pensou Sugarby olhando para Quirin.

— O que está acontecendo aqui? – pensou Xawana enquanto olhava para Quirin.

— Alternar modo: Rüstung[1]. – disse Sugarby antes de suas manoplas brilharem.

— Varian, pegue Dira e Xawana e se esconda. – disse Quirin olhando para Sugarby.

— Sim. – disse Varian antes de pegar Dira pela mão e ir se esconder.

Xawana foi até Varian e Dira. Eles ficaram escondidos atrás de algumas caixas.

Naquele momento, o corpo todo da Sugarby foi tomado por uma luz e, após esta luz cessar, uma armadura prateada estava cobrindo completamente seu corpo. A parte das manoplas continuavam as mesmas, visualmente. No elmo, mais especificamente, na parte dos olhos, havia duas elipses, luminosas, brancas, assim como havia duas elipses, luminosas, roxas na armadura de Quirin. No peitoral, havia o símbolo de Corona.

— Ei, já que você vai me matar mesmo, por que não me diz o que significa esse símbolo no seu peito? – perguntou Quirin em posição de combate.

— Não é óbvio? Eu sou de Corona. – disse Sugarby.

— Mas Corona nem sabia sobre magia até a gota de sol ser encontrada. Os coronianos até pensavam que era uma lenda. – pensou Quirin.

— Ei, irmandade… – disse Sugarby antes de desaparecer.

Ela apareceu atrás de Quirin e disse:

— Eu não vou pegar tão leve como da outra vez.

Sugarby desferiu um soco, mas Quirin desapareceu e apareceu atrás dela.

1 – Do alemão, “armadura”.

— Nem eu. – disse Quirin antes cortar as “costas” da armadura de prata.

A armadura ficou riscada.

Sugarby foi jogada no chão com o impacto do corte.

— Ele é mais rápido?! – pensou Sugarby enquanto “beijava” o chão.

— Desista. Você não tem a mínima chance. – disse Quirin olhando para Sugarby.

Sugarby levantou lentamente.

— Eu não costumo usar o modo Rüstung porque ele só dura uma hora e, depois, eu não consigo usar magia por uma semana, além de outros efeitos colaterais irritantes. Porém, essa armadura me dá uma força e uma velocidade foras do comum. Além disso, meu raio e minha telecinese continuam funcionando. – pensou Sugarby logo após ficar de pé.

— Dira. O que está acontecendo aqui? Ouvi que a rainha e a princesa conseguem usar magia, mas não esperava que o Quirin também conseguisse. – disse Xawana olhando para Quirin.

— Na verdade, desde que os cabelos da princesa ficaram loiros de novo, esse negócio de magia infestou o reino. – disse Dira olhando para o símbolo nas “costas” da armadura negra de Quirin.

— Não posso alcançá-lo em velocidade, nem em força. – pensou Sugarby.

Naquele momento, Sugarby ergueu a mão esquerda em direção ao Quirin.

— Não consigo me mover. – pensou Quirin.

— Vou te matar rapidamente! – disse Sugarby antes de levantar a mão direita.

— O que ela vai fazer? – pensou Dira um pouco aflita.

— Dira ficou desse mesmo jeito há alguns instantes. – pensou Quirin.

— Quero ver escapar dessa! Magia suprema: Hitze[1]! – disse Sugarby.

Uma luz azul começou a surgir abaixo de Quirin.

— Quirin! – gritou Dira desesperada.

— Magia secreta: Quantensprung[2]. – disse Quirin.

— O quê?! – pensou Sugarby.

1 – Do alemão, “calor”.

2 – Do alemão, “salto quântico”.

Uma corrente elétrica negra, vinda das espadas, começou a percorrer a armadura e Quirin sumiu.

Um laser azul saiu do chão, no local onde Quirin estava de pé. Este laser era mais grosso e mais potente que os disparados diretamente da manopla direita. O laser destruiu o teto e foi em direção as nuvens. Estava nevando, então muitas nuvens preenchiam o céu. Vários guardas, tanto na ilha, quanto na Velha Corona, viram um feixe de luz azul se dirigir ao céu.

— O que é isso? – pensou Eugene, enquanto olhava o feixe de luz, na varanda de Rapunzel. Ele estava abraçado com ela.

Na galeria, Quirin surgiu atrás de Sugarby, a armadura estava repleta de eletricidade. Logo em seguida, Quirin chutou as “costas” da armadura de prata e Sugarby foi lançada no laser.

— Droga. Vou ter que desativar. – pensou Sugarby pouco antes de atingir o local de onde estava saindo o laser.

O laser cessou e Quirin surgiu onde estava antes de desaparecer, mas, desta vez, sua armadura não estava eletrificada.

— Rápido. Não. Isso está além… Foi teletransporte. – pensou Sugarby antes de tomar um pesão no rosto e atingir a porta da sala.

— Incrível. – pensou Dira olhando para Quirin.

Sugarby deslizou, deitada, pelo corredor da galeria. O elmo de sua armadura ficou um pouco amassado.

— Não deu tempo de reagir e usar o escudo. – pensou Sugarby enquanto estava caída.

Sugarby levantou lentamente e disse:

— Vou ter que usar o garoto.

Naquele momento, Varian desapareceu do lado das mulheres e apareceu na frente de Quirin.

— Ei, chefe da vila. Seu filho trabalha para mim. Eu não devia dizer isso, mas… Tempos de desespero, sabe? – disse Sugarby enquanto andava em direção a sala onde estavam Quirin e os outros.

Varian acertou um soco na armadura negra de Quirin, mas não aconteceu nada.

— Varian? – disse Quirin olhando para o filho.

— Ele ficou desesperado quando viu a namorada à beira da morte, então fez um acordo comigo. Agora ele é meu servo. – disse Sugarby na entrada da sala.

— Isso é mentira, não é, Varian? – disse Quirin olhando para Varian.

— Eu detesto pensar nisso, mas faz muito sentido. Se o Varian tivesse aquela pedra desde o início, ele a usaria em mim, pois ele não sabia que a Cassandra estava ferida. Ele deve ter ido atrás da Sugarby para pegar a pedra. Além disso, se o Varian contou a ela que eu investigaria a galeria hoje, ela, obviamente, trouxe minha família aqui para eliminar todos de uma vez. – pensou Dira, muito aflita, olhando para Sugarby.

— Eu pretendia matar todos vocês e usar o garoto como bode expiatório, mas o cara da irmandade apareceu e ferrou tudo. – disse Sugarby apontando para Quirin.

— Por que está revelando tudo isso? – perguntou Quirin enquanto bloqueava alguns golpes de Varian, que estava se movendo a uma velocidade sobre humana.

— Se você me matar, seu filho vai ficar vegetando para sempre. Se me deixar viva, ele será meu escravo para sempre. Agora, se você entrar nesse cubo prisão, talvez eu deixe seu filho vivo. Para sua informação, eu posso colapsar a mente dele no momento que eu quiser, deixando-o em coma por tempo indeterminado. – disse Sugarby com um cubo amarelo em sua mão esquerda.

— Se esse cara me matar, o filho dele volta ao normal, mas ele não vai arriscar. Além disso, a esfera manipuladora só permite um escravo por vez e, após a libertação de um escravo, ela só faz outro pacto depois de algumas horas. Nesse tempo, eu poderia ser morta. O melhor caminho é prender esse cavaleiro negro que, no momento, é meu pior inimigo. – pensou Sugarby antes de jogar o cubo na frente de Quirin.

Varian parou de atacar o pai e recuou até onde Sugarby estava.

— Dira, eu não posso arriscar a vida do meu filho. Sei que ele pode acabar sendo morto por ela, mas não tenho escolha. – disse Quirin antes de encostar no cubo com o “pé” esquerdo de sua armadura.

— Não! – disse Dira com lágrimas saindo de seus olhos.

Uma forte luz amarela emergiu do cubo e Quirin sumiu. O cubo ficou com um brilho amarelo por um momento até cessar. Logo em seguida, Varian pegou o cubo e jogou em Dira, acertando a testa dela.

— Eu poderia pedir para ele tirar a própria vida, porém é bem mais divertido viver sabendo que uma humana inútil tem o pai na palma da mão e não pode fazer nada para libertá-lo. – disse Sugarby antes de rir.

— Sua desgraçada! – disse Dira enquanto chorava. A testa dela estava sangrando.

Dira pegou o cubo, que estava no chão. O sangue em sua testa caiu no cubo. Ela estava chorando muito.

— Deixe claro para todos os guardas do reino: se alguém entrar no meu caminho, o garoto morre. – disse Sugarby apontando para Dira.

Xawana estava muito aflita com a situação.

Naquele momento, a bússola parou de flutuar e caiu, assim como os cinco homens ao seu redor.

— Não pode ser… Está terminado. – disse Sugarby antes de ter um “ataque” de riso.

Varian pegou a bússola e entregou para Sugarby. A bússola desapareceu na mão dela.

— Será que devo matar esses aí? – perguntou Sugarby olhando para os cinco homens desacordados.

— O quê?! – pensou Xawana olhando para seu pai.

— Não… Acho que já estão mortos. Vamos embora, escravo. – disse Sugarby antes dela e Varian desaparecerem.

Mais tarde, os guardas reais foram até a galeria por causa da luz azul. Lucius, Eugene e Cassandra foram até lá também. E, após uma conversa com Dira e Xawana:

— Não. O Varian… Escravo daquela mulher? – disse Cassandra muito perplexa.

— Então, o Quirin era o cavaleiro negro? – pensou Eugene enquanto olhava para o cubo nas mãos de Dira.

Dira estava com os olhos inchados.

— Isso é mal. Com o Quirin preso e a Adira em Berlim… Quem vai deter as Rochas Negras? – pensou Lucius bastante preocupado.

— Ainda bem que os desaparecidos ficaram vivos. Vamos mandá-los para o hospital mais próximo e avisar aos familiares. – disse Lucius antes de se afastar.

— Droga. Nem podemos ir atrás dela porque o Varian está de refém. – disse Cassandra enquanto cerrava as mãos.

— Será que o Varian, também, é um monstro do espelho?… De qualquer forma, o fato de ele estar com a Sugarby explica ele não ter usado a pedra rosa em Dira. – pensou Eugene olhando para Cassandra.

Na torre de Gothel, Sugarby, sem sua armadura, estava bastante pensativa.

— A bússola funciona quando o usuário deseja saber onde está o campo mágico nulo ou o campo mágico máximo mais próximo. Como eu usei o Rüstung, não posso ativar nada mágico por uma semana. – pensou Sugarby olhando para a lua pela janela.

Varian estava de joelhos perante Sugarby. Eles estavam no antigo quarto de Rapunzel.

Após um momento, Sugarby saiu de perto da janela e foi até a porta do quarto.

De repente, uma forte luz iluminou o quarto e um homem de capa e capuz estava sentado na janela.

— Oi. – disse o homem em tom descontraído.

— Conseguiu reverter o dano que a Gothel causou à sua pedra? – perguntou Sugarby olhando para o homem.

— Não. Como você sabe, logo depois que você chegou aqui, decidi mandar meu corvo para o Tromus, lembrei-me de que ele tem uma grande biblioteca com um acervo muito grande sobre mágica naquele castelo. Porém, ele me disse que só outro conjurador poderia reverter o que quer que a Gothel tenha feito com a minha pedra. Fiquei frustrado, então decidi ir até o pináculo, como você recomendou, mas… – disse o homem antes de perceber Varian.

— O que foi? – perguntou Sugarby em tom sério.

— Por que o Varian está aqui? – perguntou o homem apontando para Varian.

— Esfera manipuladora. – respondeu Sugarby em tom sério.

— Ah. Continuando… No meio do caminho, por um momento, eu pude me transformar num tigre, depois num crocodilo. Enfim, os poderem da pedra estavam voltando a normalidade. Por isso, voltei. Mas, quando cheguei perto de Corona, quando tentei virar um tigre novamente, não consegui. – disse o homem em tom sério.

— O quê? – disse Sugarby muito surpresa.

— Eu cheguei a conclusão de que a Gothel colocou algum tipo de barreira em Corona, que a tinha como fator de ativação. Entre nós dois, você não a viu e consegue usar seus objetos mágicos normalmente. – disse o homem apontando para Sugarby.

— Faz sentido. Isso explica a Gothel ter conseguido jogar a Zhan Tiri no reino vazio. A Gothel era uma conjuradora formidável, mas a Zhan Tiri era mais. – disse Sugarby com uma mão no queixo.

— E o plano? Já ativou a bússola? – perguntou o homem olhando para Sugarby.

— Ela está carregada, mas eu usei o Rüstung. Então, quando eu puder usar magia de novo, vou encontrar o local de campo mágico máximo. Eu até te daria a bússola, mas você não pode usar nenhum objeto mágico por causa dessa sua pedra. Além disso, eu não posso trazê-la para essa dimensão, pois não estou podendo usar magia. – disse Sugarby antes de suspirar.

— Bom. Vou voltar para o meu disfarce. – disse o homem antes de uma luz tomar conta de seu corpo e ele se tornar uma águia, que começou a voar.

Sugarby ficou olhando a águia se afastar e pensou:

— Daqui uma semana, a Zhan Tiri estará de volta.

Sugarby não conseguia esconder seu sorriso cruel.


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Notas finais do capítulo

Tadinha da Dira.
No próximo capítulo, uma batalha das "minas".



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