Rochas Negras escrita por Zretsim


Capítulo 11
Gêmeas de Arendelle - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

A arte usada no livro não é de minha autoria.



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Numa ilha, no mar do norte, fica um reino chamado Arendelle. Lá, há 43 anos, a rainha Yolanda deu à luz a trigêmeos. A primeira bebê a sair da barriga recebeu o nome de Willow, a segunda, de Arianna e o terceiro, de Agnarr. Yolanda morreu no parto.

Doze anos depois, os príncipes estavam brincando na área externa do castelo quando foram chamados para a sala do trono.

Na sala do trono, estavam o rei Runeard, sentado no trono, e uma mulher de cabelos roxos, além dos guardas.

— Elas chegaram, então podemos começar. – disse o rei Runeard enquanto levantava.

As crianças entraram e ficaram de pé ao lado direito do pai.

— Irei me apresentar novamente. Sou Vhan Tiri e vim aqui representando uma organização chamada Sindicato. – disse Vhan Tiri olhando para o rei.

— Sindicato? Nunca ouvi falar. – disse um dos guardas.

— É plausível. Não costumamos atuar nem mesmo nos sete reinos da Germânia, por isso não devem nos conhecer. – disse Vhan Tiri olhando para o guarda.

— Qual o objetivo de vocês? Por que te mandaram sozinha aqui? – perguntou o rei encarando Vhan Tiri.

— Eu poderia responder, mas acredito que mostrar será melhor. – disse Vhan Tiri sacando uma espada azul.

— Sim… Estou curioso para saber por que os guardas permitiram sua entrada. – disse o rei Runeard encarando a espada.

Vhan Tiri apontou a espada para a parede a sua esquerda e um raio foi disparado. Um buraco ficou no local de impacto do raio com a parede. Vhan Tiri foi eletrocutada e ficou de joelhos.

— Ei! Você está bem?! – perguntou o rei muito surpreso.

— Sim. – disse Vhan Thiri antes de levantar.

— Que legal! Eu quero uma! – disse Agnarr bastante empolgado.

— Agnarr. Acalme-se. – disse o rei enquanto olhava para a espada na mão direita de Vhan Tiri.

Os guardas na sala estavam impressionados.

— Minha organização atua vendendo armas mágicas, ou, pelo menos, esta é a nossa meta. Como viram, esta arma machuca o usuário e não podemos vendê-la enquanto ela tiver um efeito colateral tão perigoso. – disse Vhan Tiri olhando para o rei.

— Você quer que o meu exército fique testando suas armas? – perguntou o rei encarando Vhan Tiri.

— Não. O motivo de eu vir aqui é a floresta mágica que fica ao norte desta ilha. – respondeu Vhan Tiri enquanto embainhava a espada.

— Floresta mágica? Onde o senhor Ragen mora? – perguntou a princesa Willow olhando para o rei.

— Ao norte da ilha, existe uma floresta que, além de ser a residência dos Northuldras, é a residência de quatro entidades mágicas, conhecidas como espíritos. Além disso, dizem que a floresta é mantida pela magia de uma outra entidade. – pensou o rei olhando para Vhan Tiri.

— O Sindicato precisa estudar a floresta para aprimorar suas armas e, consequentemente, vendê-las. Sei que vocês tem uma boa relação com as pessoas da floresta mágica. Se me ajudarem a estudá-la, prometo que receberão armamentos de graça. – disse Vhan Tiri olhando para o rei.

— Eu não tenho interesse. Além disso, duvido que as pessoas de lá aceitariam tranquilamente o rei de Arendelle fazendo uma visita para anunciar que a magia de lá será usada para fabricação de armas. – disse o rei olhando para Vhan Tiri.

— Majestade, não consegue perceber o potencial… – disse Vhan Tiri antes de ser interrompida.

— Já chega! Vá embora. – disse o rei antes de sentar novamente no seu trono.

Vhan Tiri virou e saiu da sala acompanhada de dois guardas. Antes de sair, Vhan Tiri deu um leve sorriso.

Numa região de montanhas, a nordeste de Arendelle, Vhan Tiri chegou a cavalo numa cabana. Um homem loiro e alto, com um casaco, saiu de dentro dela, este homem era o Barão. Vhan Tiri desceu do cavalo.

— Como foi lá? – perguntou o Barão enquanto se aproximava de Vhan Tiri.

— Aquele imbecil recusou. – disse Vhan Tiri sorrindo.

— Isso já era esperado. “Arendelle” é muito amiga daquele povo da floresta. – disse o Barão antes de colocar a mão direita no ombro esquerdo de Vhan Tiri.

— Eu sei, querido, mas eu tinha que tentar o caminho mais fácil primeiro. – disse Vhan Tiri olhando para o Barão.

— Vamos. Terminei de analisar a planta do castelo e sei como chegar ao quarto do rei. – disse o Barão enquanto andava em direção à cabana.

Logo em seguida, os dois entraram na cabana.

Na noite daquele mesmo dia, no quarto do rei, alguém o chamou:

— Majestade, acorde.

Quando o rei Runeard abriu os olhos, mesmo no escuro, conseguiu ver seu reflexo num espelho de mão e, logo em seguida, desmaiou. Vhan Tiri estava segurando o espelho. De dentro do espelho, saiu uma criatura humanoide que, aos poucos, tomou a aparência do rei. O monstro do espelho se ajoelhou e disse:

— Quais são suas ordens?

O barão estava no quarto também, estava perto da janela. Ele deu um sorriso quando o monstro falou.

— Jogue esse homem no mar. Seja discreto. – disse Vhan Tiri apontando para o rei.

— Mas e você? – perguntou o monstro do espelho.

— Do mesmo jeito que entrei, pretendo sair. Furtivamente.– respondeu Vhan Tiri indo em direção à janela.

Antes de subir na janela, Vhan Tiri disse:

— Não se esqueça de voltar aqui e assumir o lugar do rei. Tenho planos para você.

Vhan Tiri e o Barão saíram pela janela e, num piscar de olhos, o monstro e o rei desapareceram.

No porto de Arendelle, um guarda ouviu um barulho de algo sendo jogado na água. Ele olhou para trás e disse:

— Deve ser um peixe.

No outro dia, pela manhã, o monstro do espelho ouviu a voz de Vhan Tiri na cabeça:

— Faça uma visita à floresta mágica. Leve “seus” filhos, assim a visita parecerá formal.

— Entendido. – disse o monstro enquanto saía de “seu” quarto.

Pela tarde, o monstro do espelho levou “seus” filhos e uma parte do exército para a floresta mágica. Na entrada dela, havia quatro rochas, que foram ignoradas pelo “rei” e “seu” exército.

— Irmã, viu aquelas rochas? – perguntou Agnarr, muito empolgado, a Willow.

— Sim. Muito legais. – respondeu Willow também empolgada.

Arianna estava olhando de um lado para o outro.

Quando chegaram no acampamento dos habitantes da floresta, foram mal recebidos.

— Quem são vocês e o que querem aqui? – disse uma mulher jovem de cabelos brancos, segurando um cajado de madeira.

Outros habitantes estavam segurando cajados de madeira também. Eles usavam uma vestimenta branca.

— Calma, Yelana. – disse um homem de meia idade enquanto se aproximava.

— Esse pessoal apareceu do nada e você pede calma? – perguntou a mulher olhando para o homem.

— Não viu a coroa? – perguntou o homem apontando para a cabeça do “rei”.

Yelana olhou para a coroa e tomou um susto.

— Minha nossa. É o rei. Agora que estou reconhecendo. – disse Yelana com os olhos arregalados.

Yelana abaixou o cajado, assim como os outros habitantes.

— Desculpe nossos modos, Runeard, provavelmente eles nunca te viram de perto, visto que só tivemos contato no seu reino e somente eu falei diretamente com você. – disse o homem olhando para o “rei Runeard”.

— Senhor Ragen, essa floresta é incrível! – disse Agnarr muito empolgado.

— Esse é o líder dos Northuldras, Ragen. – pensou “Runeard” enquanto olhava para Ragen.

Ragen tinha os cabelos brancos e compridos.

— Crianças, eu trouxe vocês aqui porque queria que conhecessem melhor o povo daqui. Afinal, a amizade com eles é algo que vocês têm o dever de perpetuar. – disse o “rei” com um sorriso.

Enquanto os príncipes brincavam com outras crianças, o “rei Runeard” ficou conversando com Ragen a sós numa tenda.

— Por que a visita de repente? Está acontecendo alguma coisa? – perguntou Ragen enquanto servia um chá.

“Runeard” estava sentado.

Após servir o chá, Ragen sentou numa cadeira oposta ao “rei”, uma mesa redonda os separava.

— Por incrível que pareça, eu só queria que meus filhos conhecessem esse lugar mesmo. – respondeu o “rei” antes de tomar seu chá.

— Entendo. – disse Ragen olhando para as crianças fora da tenda.

Enquanto isso, fora da tenda, Yelana e um dos guardas, tenente Destin Mattias, estavam se encarando. Ragen saiu da tenda sem o rei.

— Altezas! – disse Ragen.

Os príncipes e as outras crianças pararam de correr para prestarem atenção em Ragen.

— O rei me pediu para mostrar mais da floresta para vocês. Vamos? – perguntou Ragen com um sorriso.

Willow, Agnarr e Arianna acompanharam Ragen. Yelana e Destin foram, juntos com eles, explorar a floresta.

Na tenda, era possível ver o rei com um sorriso malicioso.

— Senhora, está aí? – perguntou “Runeard” enquanto olhava para fora da tenda.

Na cabana, Vhan Tiri olhava para um espelho de mão. O Barão estava ao seu lado.

— Sim. O que você quer? – perguntou Vhan Tiri.

— Afastei o líder dos Northuldras por um tempo. Gostaria de saber o plano todo, assim poderei ajudá-la da melhor forma possível. – disse o monstro do espelho ainda olhando para fora da tenda.

— Eu preciso obter os quatro espíritos que habitam essa floresta. – disse Vhan Tiri.

— Por quê? – perguntou o monstro do espelho.

— Você, assim como a maioria dos humanos, não sabe sobre a barreira. – disse Vhan Tiri.

— Barreira? – perguntou o monstro do espelho.

— Ao Sul, no continente, existe uma aliança política e econômica entre sete reinos: Corona, Brémen, Munique, Vardaros, Wolfsburg, Dortmund e Berlim. Muito ao leste destes sete reinos, existe um reino chamado de Varsóvia, encontrei muitas criaturas mágicas lá, o que não vi em Corona, meu reino natal, nem em nenhum dos outros seis reinos. O motivo para isso é que próximo ao reino conhecido como reino sombrio, alguém ou alguma coisa estabeleceu uma barreira para que as criaturas mágicas não conseguissem atravessar. Ao longo de muitos anos, após descobrir sobre a barreira, descobri que os espíritos, habitantes da floresta mágica nesta ilha, são a chave para dissipar a barreira. – disse Vhan Tiri.

— Quem criou essa barreira foi muito inteligente. Afinal, os espíritos ficaram no lado dos humanos, seres que não têm o mínimo de interesse em destruir a barreira. Na verdade, pouquíssimos humanos sabem dela. – disse o Barão.

— Além do que acabei de explicar, somente um número reduzido de criaturas mágicas é forte o suficiente para conseguir combater os humanos numa eventual guerra, por isso, a organização de que faço parte está estudando formas de copiar poderes mágicos e transferi-los em massa. – disse Vhan Tiri.

— Tomar o mundo humano? É uma meta e tanto. – disse o monstro do espelho.

— A organização que mencionei desenvolveu um drenador de poder mágico. A longo prazo, ele vai zerar o campo mágico da floresta, assim os espíritos não poderão se defender quando eu for capturá-los. – disse Vhan Tiri.

— Então, basta eu posicioná-lo em algum lugar da floresta e minha missão estará completa. – disse o “rei Runeard” com um sorriso malicioso.

— Não. O drenador é um pouco grande e não posso correr o risco de alguém encontrá-lo e destruí-lo. – disse Vhan Tiri.

— Então, o que quer que eu faça? – perguntou o monstro do espelho.

— O motivo dela mandar você aí é que precisamos esconder o drenador usando uma construção de camuflagem como, por exemplo, uma estátua. – disse o Barão.

— Se o rei aparecesse do nada e já querendo construir algo, com certeza os Northuldras desconfiariam. – disse Vhan Tiri.

— Porém, se eu ficar aparecendo recorrentemente e, após um tempo, propor fazer uma construção, eles não vão desconfiar. – disse o monstro do espelho.

— Exatamente. – disse Vhan Tiri.

— Seria interessante você tentar fazer uma obra estrutural, algo que eles estão precisando. Temos que agir da forma menos suspeita possível. – disse o Barão.

— Vou procurar alguma deficiência estrutural por aqui. – disse o “Runeard” enquanto levantava.

Um guarda entrou na tenda e perguntou:

— Majestade, está tudo bem?

— Sim. – respondeu o “rei” enquanto se dirigia à saída da tenda.

O monstro do espelho saiu da tenda e falou com o conselheiro real:

— Kairo, fique aqui. Se perguntarem por mim. Diga que fui dar uma volta.

Kairo era um homem ruivo como o rei, porém tinha os cabelos mais cheios.

— Sim. – disse Kairo um pouco confuso.

“Runeard” foi com dois guardas para fora do acampamento. Após alguns minutos, um dos guardas perguntou:

— Majestade, por que saímos do acampamento?

O “rei” continuou andando por um momento.

— Será que fui intrometido? – pensou o guarda.

— A verdade é que me sinto mal por ter demorado muito para fazer uma visita, então decidi presentear os Northuldras. – respondeu o “rei”.

— Acho que entendi. – disse o guarda.

“Runeard” sorriu.

— Eu não sei o que dar a eles, então decidi procurar alguma deficiência estrutural pela floresta para tentar consertá-la. – disse “Runeard” enquanto coçava uma das bochechas.

— Uma represa seria um bom presente. – disse o outro guarda.

— Uma represa? – perguntou o “rei” enquanto levava uma mão ao queixo.

— Retenção de água poderia ajudá-los em época de seca. – respondeu o guarda.

O monstro deu um leve sorriso.

— Até que esses humanos imbecis servem para alguma coisa. – pensou “Runeard” enquanto olhava para o guarda que falou da represa.

— Faz sentido. – disse o “rei” voltando seus olhos para frente.

— Majestade, está ouvindo esse som? – perguntou o outro guarda.

Após um momento, o “rei” começou a ouvir um som de correnteza. Ele sorriu.

— Que sorte. – disse “Runeard” enquanto andava seguindo o som.

Enquanto isso, em algum lugar da floresta, os príncipes estavam com Ragen. Ele estava mostrando algumas árvores para eles. Yelana e Destin ficaram observando um pouco mais distantes. Agnarr estava prestando atenção em Ragen, até que algo lhe chamou a atenção. Ele viu uma garota flutuando. Naquele momento, olhou para Arianna e a chamou para mostrar a garota flutuando, porém, quando os dois olharam na direção onde Agnarr viu a garota, não havia nada. Arianna riu do irmão. Agnarr ficou bravo e foi na direção do lugar onde viu a garota.

— Ei, Agnarr, espere! – gritou Arianna.

Willow, Ragen, Yelana e Destin notaram que o príncipe correu. Destin rapidamente correu atrás do garoto e disse:

— Deixem comigo!

Ragen olhou para Yelana, ela notou o olhar e foi atrás de Destin. Willow e Arianna começaram a correr.

— Esperem, princesas! – disse Ragen antes de um forte vento jogar Arianna para cima.

— Ah! – gritou Arianna a cerca de 15 metros do chão.

Willow parou e olhou para trás seguindo o grito da irmã. Logo em seguida, olhou para cima.

— Arianna! – gritou Willow.

— Esse vento… O espírito do ar. Mas por quê? Os espíritos não costumam aparecerem para pessoas de fora. – pensou Ragen enquanto se movia para tentar agarrar Arianna.

Ragen estava posicionado bem abaixo de Arianna. Quando a princesa estava a cerca de 5 metros do chão, uma rajada de vento horizontal a atingiu.

— O quê? – pensou Ragen muito aflito.

Arianna estava indo em direção a uma árvore.

Naquele momento, Willow tentou alcançar sua irmã com a mão direita.

— É impossível. Não há nada que eu possa fazer. Minha irmã vai acertar aquela árvore. – pensou Willow enquanto lágrimas desciam de seus olhos.

De repente, o ambiente ao redor de Willow desacelerou. Arianna estava mais devagar, assim como Ragen que estava prestes a correr até Arianna. Willow não pensou sobre o que estava acontecendo no ambiente, simplesmente correu até a irmã, deu um salto de cinco metros, pegou Arianna nos braços e, por fim, colocou-a no chão.

Para Ragen, assim que começou a correr, Arianna sumiu e reapareceu no chão perto de Willow, que surgiu junto com a irmã.

— Impossível. Isso foi a capacidade anômala da família real arendelliana: Retention[1]. – pensou Ragen com os olhos arregalados.

— Willow? – perguntou Arianna olhando muito surpresa para a irmã.

— Você está bem? – perguntou Willow olhando para Arianna.

— Sim, mas eu estava voando e agora estou aqui? – perguntou Arianna olhando para o ambiente.

Ragen se aproximou e ajudou Arianna a levantar.

— Senhor Ragen, o que aconteceu aqui? Minha irmã foi arremessada do nada e, além disso, eu consegui salvá-la. – disse Willow olhando para Ragen.

Ragen permaneceu olhando para as princesas por um tempo e disse:

1 – Do alemão, “retenção”.

 

— Eu prometo que conto tudo, mas terão que guardar segredo.

— Tudo bem, só vamos contar para o papai e para nosso irmão. – disse Willow olhando para Arianna.

Arianna parecia estar muito surpresa por estar viva.

— Sinto muito, mas terão que esconder do rei também. – disse Ragen com um olhar triste.

— Não vamos fazer isso. – disse Willow encarando Ragen.

— A mãe de vocês escondeu dele. – disse Ragen enquanto virava.

— O quê?! – disseram as princesas ao mesmo tempo.

Naquele momento, Destin, Yelana e Agnarr voltaram.

— Irmãs. – disse Agnarr enquanto andava até Willow e Arianna.

— Terão tempo para pensarem. – disse Ragen antes de ir até Yelana.

Destin e Yelana ficaram parados próximos de Ragen, um pouco distantes das crianças. Agnarr percebeu que as irmãs estavam tensas.

— Desculpem-me por ter corrido de repente. Vi algo e tinha que conferir, mas deixei vocês preocupadas. Sinto muito. – disse Agnarr com uma das mãos atrás da cabeça.

— Está tudo bem. Mas, se você fizer isso de novo, eu te mato. – disse Willow com um sorriso.

Arianna começou a rir. Agnarr, pelo contrário, ficou assustado.

No outro lado da floresta, “Runeard” e os dois guardas que o acompanhavam chegaram a um rio.

— É, uma represa será ótima… – disse o “rei” com um sorriso cruel.

Os guardas estavam olhando para a cachoeira.

— Para esconder o drenador. – pensou o “rei” ainda com um sorriso cruel.

Na noite do mesmo dia, Willow e Arianna estavam no quarto de Willow.

— Irmã, acha que devemos guardar segredo? – perguntou Arianna olhando pela janela.

— É a nossa melhor escolha. Só assim saberemos melhor sobre o que aconteceu hoje. Se falarmos para o papai agora, é provável que ele nos proíba de voltarmos à floresta mágica. E, quanto ao Agnarr, ele é nosso irmãozinho, não podemos enfiá-lo nisso sem sabermos ao certo o que vai acontecer. – disse Willow olhando para Arianna.

Arianna virou e disse:

— Você pretende contar ao papai e ao Agnarr depois de ouvir o que Ragen tem a dizer, não é?

— É claro. – disse Willow com um sorriso confiante.

Logo em seguida, Arianna também sorriu.

No outro dia, o “rei” estava se preparando para sair do castelo, na área externa, quando Willow e Arianna apareceram na sua frente.

— Papai. O senhor vai até a floresta de novo? – perguntaram as garotas ao mesmo tempo.

— Não. Tenho compromissos oficiais pelo reino. – disse “Runeard” enquanto passava as mãos nas cabeças das filhas.

As princesas ficaram cabisbaixas.

— Não se preocupem. Vamos até lá na próxima semana. – disse “Runeard” com um sorriso.

Após isso, o monstro do espelho saiu do castelo acompanhado de alguns guardas. Naquele momento, Willow e Arianna trocaram olhares perversos.

Na cozinha, Destin estava comendo enquanto admirava uma das cozinheiras. Além desses dois, havia mais duas cozinheiras. Willow e Arianna apareceram e deram um susto nele.

— Crianças?! O quê?! – disse Destin muito surpreso.

— Você estava de olho na Halimah de novo. Nós vimos. – disse Willow com um sorriso de deboche.

— Falem baixo. – disse Destin fazendo gesto de silêncio.

Halimah olhou para trás e deu um sorriso. Destin ficou corado.

— Destin, precisamos que nos leve na floresta. – disse Arianna olhando para Destin.

— Não. É insensato levar as duas princesas para qualquer lugar sem permissão do rei. – disse Destin com uma expressão séria.

— Como você descobriu que nosso pai não sabe? – perguntou Willow com um sorriso.

— Eu também já tive a idade de vocês. – respondeu Destin com um sorriso.

— Faz sentido. – disse Arianna um pouco pensativa.

— Se não nos levar, vamos dizer à Halimah que você gosta dela. – disse Willow olhando para Destin.

Destin segurou a risada.

— Crianças, eu sou um homem adulto. Acham mesmo que podem me chantagear com algo bobo assim? – disse Destin com um sorriso confiante.

— Halimah! – disse Arianna.

— Tudo bem! Eu levo! – disse Destin muito envergonhado.

Halimah olhou para Arianna.

— É só brincadeira dela. Ela adora chamar atenção. – disse Destin enquanto saía da cozinha com as princesas.

Destin levou as princesas até a floresta mágica num vagão medieval. Quando chegaram na floresta, as princesas foram para a tenda de Ragen. Ele estava sentado na mesma cadeira em que estava quando conversou com o “rei” no dia anterior.

— São apressadas. Runeard disse que só voltaria na próxima semana. – disse Ragen.

— Pedimos para o Destin nos trazer. Ele ficou lá fora. Pedimos para ele nos dar privacidade. – disse Arianna olhando para Ragen.

Ragen levantou e colocou outra cadeira, ao lado da cadeira que o “rei” sentou no dia anterior. Willow e Arianna sentaram. Logo em seguida, Ragen sentou.

— Vamos começar. – disse Ragen com um sorriso.

Fora da tenda, Destin e Yelana estavam se encarando. Enquanto isso, Ragen conversava com as princesas.

— A maioria das pessoas não sabem, mas o nosso mundo é repleto de pequenas esferas luminosas chamadas de poder mágico. – explicou Ragen.

— E a nossa mãe? E ontem? – perguntou Willow um pouco impaciente.

— Eu chegarei lá. – respondeu Ragen enquanto sorria.

Arianna riu de Willow.

— A maioria das pessoas não sabem dessas esferas porque só algumas nascem com a habilidade de enxergá-las. – Explicou Ragen.

— Para você falar assim desse tal poder mágico, você deve fazer parte desse grupo de pessoas. – disse Arianna.

— Exatamente. Houve até uma época em que achei que fosse louco, então mantive escondido. – disse Ragen.

— O que eu fiz tem algo a ver com esse tal poder mágico? – perguntou Willow.

— Sim. Tem como separar os seres vivos em dois grupos: um mágico e um não mágico. No caso de nós, humanos, somos seres não mágicos. – disse Ragen.

— Então, como eu fiz aquilo? – perguntou-se Willow mentalmente.

— Nós geramos poder mágico nos nossos cérebros e ele sai pelas extremidades de nossos membros. Nos seres mágicos, pelo contrário, o poder mágico entra pelos membros e são absorvidos no cérebro. Poder mágico em movimento é chamado de vetor mágico, o poder mágico que está no ambiente é chamado de campo mágico e ele é máximo quando os vetores estão se movendo na mesma direção e sentido e é nulo quando não há poder mágico no ambiente. – explicou Ragen.

— Tédio. – pensou Willow enquanto bocejava.

— Eu não sei como isso começou, nem a mãe de vocês, mas a linhagem real de Arendelle tem a capacidade, diferente de outras pessoas, de reter o fluxo mágico nas mãos e nos pés e guardar o poder mágico retido na pele. – explicou Ragen.

— Finalmente. Então, eu sou uma criatura mágica e guardo poder mágico na pele. Diz-me logo o que eu consigo fazer! – disse Willow muito empolgada.

— Eu prefiro te chamar de anomalia. Era assim que a Yolanda se chamava. Vocês geram vetor mágico como seres não mágicos, porém podem usar poder mágico como seres mágicos. – disse Ragen.

— Eu e o Agnarr também podemos reter o fluxo? – perguntou Arianna.

— O poder da sua mãe, Retention, é passado somente para o primeiro filho ou filha. Como vocês são trigêmeos, acredito que os três possam usar Retention. – respondeu Ragen.

— Por que minha mãe escondeu isso de todo mundo? – perguntou Willow.

— Todos as pessoas, que conseguiram usar Retention, esconderam porque outros reinos poderiam se interessar pelas habilidades de seus filhos e provavelmente ocorreriam tentativas de sequestro. A vida dos herdeiros do trono seria um inferno. Além disso, muitos reinos se sentiriam ameaçados e uma guerra poderia acontecer. – disse Ragen.

— Por que temos esse poder? – perguntou Arianna.

— Provavelmente para protegerem essa floresta. Mas, diferente dos espíritos, para a protegerem do lado de fora. Isso é só teoria, afinal pessoas de fora não conhecem a floresta mágica. Vocês, Arendellianos, são os primeiros estrangeiros a conhecerem a floresta, que eu saiba. Eu era amigo da mãe de vocês, mas nos encontrávamos fora da floresta – disse Ragen.

— Ontem, aquele espírito tentou me machucar? – perguntou Arianna.

— Eu acho que não, mas não tenho certeza. Como você é de fora, ele pode ter se sentido ameaçado e atacou. Ou ele só estava brincando. Eu não sei ao certo. – disse Ragen.

— Senhor Ragen, pode nos ensinar a usarmos nossas habilidades? – perguntou Willow em tom sério.

— É claro que posso. Vocês têm um reino e uma floresta mágica para protegerem. – disse Ragen com um sorriso gentil.

Arianna sorriu também.

— Por que o senhor não foi no castelo para nos ensinar sobre nossos poderes? – perguntou Willow.

— Eu não podia. Como líder, não posso ficar me afastando com frequência daqui. Além disso, Runeard não acreditaria em mim se eu me oferecesse para ensinar sobre as habilidades mágicas de vocês, algo que a esposa dele nem o contou que existia. – disse Ragen.

— Espera um pouco. Agora realmente entendi por que vieram fazer amizade com nosso reino – disse Arianna com um sorriso malicioso.

— Sim. Eu decidi me aproximar de uma forma mais sutil dos príncipes, mas a amizade entre os Northuldra e os Arendellianos é algo que realmente busco também. Admito que demorei um pouco para tomar alguma atitude. – disse Ragen.

— Eu não vou mentir. Eu não posso garantir que não contarei para o papai. Porém, prometo guardar segredo até dominar minhas habilidades, inclusive do meu irmão. Quero entender esses poderes para poder contar a ele. – disse Willow.

— Concordo. – disse Arianna.

— Eu já imaginava que ficariam tentadas a contarem ao menos para o rei. Quanto ao príncipe, ele tem direito de saber mesmo. Vão para casa. Os treinamentos ocorrerão a partir da próxima visita oficial de vocês. Se ficarem vindo da forma que vieram hoje, o rei pode descobrir e ficar bravo. – disse Ragen.

Willow e Arianna olharam para Ragen como se ele fosse chato. Depois, elas saíram da tenda e subiram no vagão medieval que estava perto de Destin. Durante o trajeto, Willow e Arianna conversaram.

— Arianna, provavelmente eu não contarei ao papai sobre esse negócio de Retention, Ragen me convenceu com o papo de sequestro e guerra, mas é certeza que contarei ao nosso irmão, ele tem direito de saber, pois ele também é um herdeiro da habilidade. – disse Willow olhando para o lado de fora do vagão.

— Eu estava pensando nisso também. É melhor só contarmos ao nosso irmão, mas depois que aprendermos a dominar a Retention. – disse Arianna olhando para Willow.

— Sim. Temos que ter certeza que essa habilidade não é perigosa. – disse Willow ainda olhando pela janela do vagão.

Enquanto isso, em algum estabelecimento de Arendelle, o rei conversava com alguém.

— Majestade, essa quantidade de material… Tem certeza? – perguntou o dono do estabelecimento com os olhos arregalados.

— Sim. Estou pensando em algo grande. – disse “Runeard” com um sorriso confiante.

— Essa quantidade… Terei que importar… O senhor vai construir uma muralha? – perguntou o dono do estabelecimento.

— Uma represa. – disse “Runeard” enquanto levantava.

O “rei” saiu da loja e, por um momento, foi possível ver seus olhos totalmente vermelhos.


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Notas finais do capítulo

Estou em choque!



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