Águas Passadas escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 25
capítulo vinte e cinco




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Frost observava aquela cena e se sentia uma grande impotente por não poder sair dali e ajudar àqueles que antes ela tinha machucado. Quando viu a tarkatana correndo atrás de Harumi, toda a cena de rejeição que sofreu na Exoterra lhe veio à lembrança, queria se vingar de alguma forma. Tentou formar um dardo de gelo com as mãos, mas seus poderes estavam fracos e sentiu um pequeno receio em gastar suas energias com tal ato e acabar piorando o seu estado de saúde.  Começou a procurar nas gavetas de sua penteadeira algo pontiagudo que pudesse lançar contra Mileena através de uma fresta que havia na parede de seu quarto. Nada. Foi em sua mala, jogou o que tinha no chão para ter a possibilidade de encontrar algo. Sem êxito. Foi à  um baú que tinha próximo a porta do quarto era muito velho e fazia um tempo considerável que não mexia naquelas coisas. Abriu e nada encontrou. O que lhe restava era apenas rezar para que nenhum mal acontecesse contra Harumi e o seu menino.

***

Harumi encontrou uma mureta um pouco afastada do palacete Lin-kuei, tinha por volta de um metro de altura, mas julgou ser segura pelo menos naquele instante. Junto com o seu filho se refugiou por detrás desse muro, sentando sobre a grama seca, a criança estava assustada e ameaçava chorar, Harumi o abraçou e sussurrou em seu ouvido.

— Vai ficar tudo bem!

Ouviram-se passos sobre a grama. A japonesa, por mais que estivesse sido dispensada das F.E. não deixava de portar uma arma junto a ela. Era uma pistola. Tirou do sua bolsa a tiracolo, engatilhou-a e ficou esperando a aproximação desse “alguém”. Deixou o menino no chão, olhou por detrás da mureta e viu Mileena parada conversando com um soldado tarkata. Era a sua hora. Mirou em uma das pernas dela e atirou. A tarkatana deu um grito estridente. A bala cravou na coxa dela e chorava de dor. Procurava com o olhar o autor do disparo, mas não o encontrou. Harumi havia voltado a sua posição inicial, guardou a arma da bolsa e abraçou o filho.

Mileena e os soldados a que restara foi recuando, ela formou um portal para a Exoterra e sumiu junto com os outros. A paz voltou a reinar no território Lin kuei e um silencio ali se fez. Os ninjas e alguns soldados das F.E. recolhia as baixas do combate, mesmo os feridos conseguiram desaparecer com a irmã da ex-imperatriz tarkatana.

Harumi continuava no mesmo lugar abraçada com Satoshi. Alguém se aproximava, ela resolveu não sair e ficou ali de olhos fechados. Hanzo se aproximou de Harumi e perguntou:

— Vocês estão bem?

A japonesa abriu os olhos e cruzou o seu olhar com o do ninja. Queria sorrir, mas para evitar tal ato escolheu abaixar a cabeça e dizer.

— Estamos bem.

Satoshi voltou o seu olhar para o pai, este o abraçou levando-o ao colo. Harumi se levantou e limpou sua roupa que estava com restos de grama presos na calça e em parte da blusa. Hanzo a fitou e perguntou

— Por que você não olha para mim?

Ela levantou o olhar para ele e disse

— Não consigo encarar traidores

Hanzo respirou fundo, olhou o menino e limpou o rosto dele que estava sujo de terra. Em seguida disse

— Não sabe quão difícil foi para mim tomar essa decisão. Eu quase fiz hara-kiri, mas... eu acreditei na chance de voltarmos a ser aquela família.

Harumi ficou calada, abaixou a cabeça e pensava “Ele está delirando, não há possibilidade de voltarmos”. Ela perguntou

— Como você acha que vamos voltar? Em breve você se tornará esposo de Tanya.

— Já combinamos que não consumaremos o ato.

— Ah! E ela vai entender esse combinado? Não viu o que ela fez? Pode repetir isso mais vezes.

Sub zero, Sonya e Kenshi chegaram próximo deles. O samurai percebeu o clima tenso entre o casal e disse

— Não discutam em frente da criança.

Uma criada Lin kuei veio em direção deles para pegar o menino. Hasashi deu um beijo na fronte de Satoshi e o entregou. Para mudar o assunto a general disse

— Ainda não sabemos quem acertou Mileena. O exercito dela já tinha muitas baixas...

— Fui eu que acertei Mileena, general Blade.

Todos olharam espantados para a mãe de Satoshi. Sub zero disse:

— Não pensei que tinha uma mira tão boa, Harumi.

Ela sorriu timidamente e disse:

— Obrigada, grão-mestre. Agora vou entrar, vou ver se está tudo bem com Frost.

Em seguida deixou o grupo e foi em direção a entrada do palácio. Hanzo a olhava de longe, cerrou os punhos e baixou a cabeça, deixando uma lágrima cair na grama. A dor da ausência de Harumi aumentou naquele momento e o desespero tomou conta do seu coração. O que ele estava fazendo da sua vida? Estava prestes a casar com uma mulher que repudiava. Kenshi percebeu que o ninja não estava bem e pediu para que Blade e Liang deixassem os dois a sós, eles consentiram e foram em direção ao jardim. Hanzo respirava fundo e olhava para o céu, tentava segurar o choro. Kenshi disse:

— Chore, irmão. Você precisa liberar tudo isso que está em você, não tenha vergonha.

Hanzo se ajoelhou na grama, enterrou a cabeça no peito e chorou amargamente. Kenshi abaixou a altura e apoiou sua mão no ombro dele. Hanzo disse:

— Não tenho o que fazer mais... acabou tudo. Ela me rejeitou para sempre. Fiz tudo errado na minha vida, mas o destino tem judiado de mim tal como o algoz castiga sua vítima com chibatadas. Acho que não aguentarei por muito tempo.

— Hasashi, você não pode desistir. Ela ainda o ama, para ela tem sido muito doloroso esse caminho, mas tem sido forte e respeita a sua opinião de amparar a criança que Tanya espera.

***

Harumi estava indo em direção a Frost quando viu Kitana conversando com Sub zero no corredor. Ao avistar Harumi, a princesa deu um sorriso. A japonesa foi ao seu encontro e a abraçou, disse:

— Perdão por atrapalhar, grão-mestre.

— Fique tranquila. Sei que vocês tem muito que conversar, vou deixa-las a sós.

Em seguida deu um beijo na fronte de Kitana e saiu. A edeniana perguntou

— Como estão as coisas?

Harumi respirou fundo, ficou com um olhar perdido por uns instantes, voltou o olhar para a princesa e disse:

— Está... tudo bem.

— Eu sei que não está. Pude ver a sua discussão com Hanzo.

— E não deu em nada. Já está próximo o casamento dele com Tanya. Estou pensando em ir embora

— Embora? Para onde?

— Já falei com Sonya e vou ficar no apartamento que você ficou em Boston com o meu filho. Preciso esquecê-lo.

— Harumi, o Hanzo te ama muito.

— Tenho minhas dúvidas, princesa. Não consigo mais acreditar nas palavras dele.

— Sinto que tudo irá se resolver entre vocês.

Harumi tentando mudar de assunto disse:

— Vou ao quarto de Frost, ver como ela está, depois de toda essa confusão.

— Cheguei logo depois que havia terminado, estou a par dessa batalha. Mas fiquei surpresa por Frost ter voltado. Kuai não me contou o motivo do seu retorno.

— Ela contraiu malária na Exoterra.

Kitana levou um susto, colocou a mão na boca e depois disse:

— Meu Deus, malária? É uma das piores doenças da Exoterra. Essa doença é forte para os habitantes do Plano Terreno.

— Sim, e Frost já está num estágio bem avançado.

— Não queria dizer isso, mas... ela procurou.

— Não me oporei a sua conclusão. Ela está pagando pelos erros cometidos.

— Será que eu posso vê-la?

— Vamos lá.

As duas foram em direção ao quarto da cryomancer. Harumi pegou a chave que estava com a general e inseriu na fechadura, deu duas voltas e a porta se abriu. A japonesa e a princesa entraram no quarto e encontraram Frost sentada na cama lendo um livro. Harumi disse:

— Tem uma pessoa que quer te ver.

Frost voltou o olhar para Kitana e engoliu seco.


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