Águas Passadas escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 16
capítulo dezesseis




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Kitana estava se aquecendo na sala de treino quando viu Sub zero entrando a passos firmes e a feição de poucos amigos. Ela parou o treino e ficou observando-o de longe, ele parou no parapeito de uma janela próxima e ficou olhando a paisagem lá fora e estava calado. Kitana se aproximou e perguntou:

— Está tudo bem?

Kuai olhou de relance para a princesa e lembrou-se do fato da noite anterior. Baixou a cabeça, sentiu seu rosto esquentar fazendo com que suas bochechas ruborizassem e permaneceu em silêncio. Kitana insistiu:

— Por que você chegou tão bravo daquele jeito?

— Discuti com a Harumi. Não queria que meu dia começasse assim.

Kitana sentiu uma pontinha de dor em seu coração, se recompôs e disse:

— A Harumi de novo?

Kuai permaneceu calado, Kitana continuou:

— Eu acho que você não pode mais sustentar essa situação com ela. Você tem que resolver. Ou manda ela embora do Lin Kuei ou se reconcilie com ela, mas ficar do jeito que está não dá. Não percebe que isso está afetando todo o treinamento, me perdoe à sinceridade, mas o seu desempenho tem mudado muito desde os dois últimos meses.

— Mudado como?

— Ah Kuai! Já não sei quantas vezes no meu treinamento você me machuca com os seus torpedos de gelo ou comete uns erros grotescos nas artes marciais...

Kuai respira fundo, olha para Kitana e disse:

— Realmente você está certa. Tudo isso me afetou muito e é verdade quando dizem que quando a afetividade é abalada tudo fica abalado.

— Bom que você sabe disso. Mas quanto a Harumi?

— Eu ainda não sei, mas vou pensar nisso.

—---***----

Já era por volta das 14hs, Harumi estava em uma das varandas do palacete lendo um livro, resolveu que ia tirar folga mesmo sem Sonya saber. A leitura dela foi interrompida por alguém:

— Que belo dia de folga?

Harumi virou para trás e disse:

— Takeda... Você está de folga também?

— Só na parte da tarde. Passei a manhã toda no Shirai Ryu.

— E como Hanzo está?

— Ele está bem. Pediu-te pra te entregar uma coisa...

Takeda foi para um canto e voltou com um erhu. Harumi tocava esse instrumento desde criança e quando viu se emocionou. Takeda disse:

— Hanzo mandou perguntar se você ainda sabe tocar.

Harumi pegou o erhu com muito cuidado, observou os detalhes e disse admirada:

— Está intacto.

— Tem como você tocar um pouquinho?

A japonesa se posicionou primeiro viu se estava todo afinado, em seguida começou a tocar uma melodia que se fez ouvir por todo o palácio Lin Kuei, ela tocava Ballad of Nort Henan Province. Takeda sentou-se ao chão para ouvir e sorria a cada nota animada. Sonya, Sub zero, Kitana e os demais guerreiros vieram assisti-la, movidos pela melodia que invadia o ambiente. Harumi se deleitava no som de seu instrumento que fora o seu companheiro em seus momentos de solidão. Quando ela terminou a peça, todos aplaudiram. Ela estava tão mergulhada na música que não havia percebido a chegada de uma plateia. Um pouco ruborizada ela se levantou e fez uma reverência de agradecimento.

— Não imaginava que você tocava erhu. –disse Jacqui surpresa.

— Vocês descobriram o meu segredo.

Harumi deu um sorriso e os olhos dela se cruzaram com os de Sub zero. Ela se levantou e disse:

— Se vocês me permitem eu vou para o quarto.

Alguns a acompanharam com olhar, Johnny disse a Sub zero:

— Vamos ver até quando vai essa bobeira de vocês.

Dizendo isso, o ator saiu.

—---***----

Tanya e Frost saíram da Exoterra e chegaram rapidamente ao Shirai Ryu. A edeniana foi até a cozinha e encontrou uma criada preparando o jantar, Tanya perguntou:

— Eu posso fazer o chá do mestre Hasashi essa noite?

A criada ficou desconfiada com a suposta pro atividade de Tanya e perguntou:

— Posso saber o motivo, senhora?

— E eu devo satisfações a você?

— O mestre Hasashi me deixou responsável pela cozinha e ele só confia em mim para preparar seus alimentos, até mesmo um chá.

Tanya, com certo cinismo, disse:

— Você sabe com quem está falando?

— Com a ex-noiva de Hanzo. Ele te desautorizou a dar ordens aqui, você é apenas uma hospede. E com licença que eu tenho muitos afazeres.

Dizendo isso a criada voltou a suas ocupações. Tanya ficou sem reação ao estar diante de toda aquela situação. Frost disse:

— Vamos para a sala.

As duas foram e Frost disse:

— Como você vai fazer agora?

— Eu tenho que driblar essa empregadinha malcriada

— Você tem que pensar rápido.

A conversa das duas fora interrompidas pela voz de Hanzo:

— O grão-mestre Lin Kuei te mandou aqui pra vigiar se a Harumi não vem pra cá, Frost?

A cryomancer se virou em direção a Hanzo e disse:

— Não, mas não seria uma má ideia.

— Quer dizer que as duas são amiguinhas?

As duas ficaram estáticas sem dizer nada. Hanzo continuou:

— Com certeza sabia do sequestro de Satoshi há alguns meses atrás.

Tanya protestou logo:

— Nunca soube de sequestro algum.

Frost olhou para os dois, deu uma olhada em um relógio de corda que havia no fundo da sala e disse:

— Acho que já vou indo.

Despediu-se da amiga e saiu.

—---***----

Harumi havia acabado de tomar um banho e colocara um longo vestido de mangas compridas feito de um tecido de viscose leve. Colocou-se em frente ao bosque e sentou-se na grama verde e começou a lembrar de todos os momentos que vivera ao lado de Hanzo, desde quando se conheceram até os dias de hoje. Começava a rir ao lembrar-se dos momentos que vivera com ele nos últimos dias, não via a hora de poder voltar ao Shirai Ryu e viver bem com o seu esposo e filho. Kitana se aproximava e viu Harumi com um sorriso no rosto e disse:

— Do que ri?

Harumi olhou de sobressalto para a princesa que estava sentando ao seu lado com um belo vestido longo azul mesclado com branco. Harumi disse:

— Eu estava lembrando algumas coisas aqui.

— Eu imaginei.

Harumi olhava para o céu e contemplava a lua, que estava saindo de trás de algumas montanhas. Kitana disse:

— Harumi, eu preciso te contar uma coisa antes que você saiba pelos outros.

A japonesa voltou o olhar para Kitana, atônita perguntou:

— Pode falar... É sobre o que?

— É sobre o grão-mestre.

Harumi respirou fundo, temia o que poderia ouvir, mas disse:

— Continue.

— É que ontem a noite aconteceu uma coisa entre mim e ele, ai meu Deus...

Kitana se enrubesceu, olhou para baixo e deu uma risada tímida. Harumi deu uma cotovelada nela e disse:

— Agora fiquei curiosa.

— Nós nos beijamos, estávamos conversando no jardim e acabou acontecendo.

Harumi começou a rir, Kitana olhou assustada para a japonesa e perguntou:

— Por que você ri?

— Você pensou que eu ia brigar com você por ter beijado o Sub zero?  Eu estava preocupada por ele não ter ninguém.

— Não estou entendendo.

Harumi olhou para os lados e perguntou:

— Você sente algo por ele?

Kitana mordeu os lábios, olhou uns segundos para o chão, em seguida para a japonesa e disse:

— Eu não sei, estou um pouco confusa... Eu sinto algo muito bom por ele desde que eu o conheço, mas depois daquele beijo... Meus sentimentos estão confusos. Tenho medo de me entregar a um desvario e acabar me machucando. Mas e você, sente algo pelo grão-mestre?

— Sinceramente sinto uma grande afeição por ele, mas não é igual ao que sinto pelo Hanzo. Eu nunca deixei de amá-lo. Acho importante assumirmos os nossos sentimentos de uma vez, pois num piscar de olhos podemos perder a pessoa que amamos. 

Kitana respirou fundo e perguntou:

— Você acha então que... Posso estar amando o grão-mestre?

— Talvez, mas quem decidir isso é você mesma. Mas você sabe os riscos que corre.

Kitana deu um leve sorriso.

—---**----

Já era noite no Shirai Ryu, podia se ouvir o ruivo dos lobos e bater das asas dos mochos procurando suas presas. O brilho lunar refletia no solo daquele clã que, outrora fora destruído, mas que agora vive e está no auge de sua glória.

A edeniana estava em seu quarto maquinando como ia fazer o chá do sono para Hasashi. Ela desceu a passos leves pela escada e foi até a cozinha, ao chegar lá não via nenhum movimento a não ser o borbulhar da sopa que estava em uma panela . Tanya pegou uma xicara de porcelana que estava em uma prateleira, colocou água nela, em seguida deixou que suas próprias mãos aquecessem a agua. A água já estava borbulhando, Tanya deixou a xicara em cima de uma mesinha, tirou o saquinho com as ervas que estava entre seus seios e despejou um pouco na água fervente. Num instante agua ficou turva de uma cor esverdeada. Ela pegou um pires e colocou a xicara em cima dele, subiu as escadas  e foi em direção a sala de reuniões e Hanzo estava sozinho diante do mapa que Harumi havia trazido a alguns meses atrás. Tanya bateu levemente na porta e disse com a xicara em mãos:

— Hanzo, vi um chá pronto na cozinha e te trouxe.

O ninja estava tão concentrado que não prestou muito atenção, olhou de relance para a edeniana e disse:

— Pode deixar aí na estante.

Tanya deu um sorriso malicioso, deixou a xicara na estante e foi para o seu quarto. Hanzo ao mesmo tempo em que calculava as estratégias de guerra, não parava de pensar em Harumi e no dia em que ela trouxe aquele mapa. Seus beijos e suas palavras de perdão não saiam de sua memória. Foi em direção à janela, olhava para o céu e pensou que aquela noite seria ideal para visita-la no Lin Kuei. Sentiu a fome chegar, ouviu uma batida na porta e era uma criada trazendo uma sopa para ele. Tomou a sopa logo e vendo que o chá estava ainda quente o tomou. Sentiu a garganta arder e disse consigo mesmo: “Que erva diferente”.  Foi para onde estava antes e começou a sentir uma leve tontura, a tontura foi ficando um pouco mais forte, ele foi andando até a porta da sala, apoiando-se nos móveis. Conseguiu ir para o quarto apoiando-se nas paredes. Deitou-se na cama e adormeceu.

—---***----

Hanzo ouviu o canto de alguns passarinhos, abriu os olhos e viu o relógio: 8:30. Levantou-se de ímpeto e percebeu que estava nu, olhou para o lado e viu Tanya. Um pavor tomou conta do seu coração, vestiu-se rápido e não acordou Tanya, foi ao banheiro, olhou-se no espelho e tentava lembrar-se de alguma coisa que tivera com a edeniana a noite passada. Batia o punho na testa e não conseguia se lembrar, a única coisa que lembrava é que fora tomado por um grande torpor e caiu em sono profundo. Voltou ao quarto e viu Tanya acordada apenas com os lençóis sobre seu corpo, ela disse:

— Que noite maravilhosa!

— Que noite? O que aconteceu?

— Você não se lembra? Nós nos reconciliamos você não parava de falar que estava com saudades de mim e que me amava. Parecia um sonho.

— Você enlouqueceu. Eu não disse nada...

— Disse com todas as letras.

— Sua vadia! Se vista! Vou ligar para Sonya e pedir um lugar pra você ficar. Aqui não dá mais.

— Não pode me tratar assim.

Hanzo pegou o celular e ligou para Sonya. A general conseguiu atendeu logo e informou ao ninja que já tinha um lugar para ela. Hanzo agradeceu e desligou o celular. Disse:

— Você vai ficar, por enquanto, no acampamento das F.E. Faça logo suas malas.

— Mas e nós?

— Nunca houve um “nós”.

— Você só me usou.

— Tanya, não seja dramática. Tenho certeza que você fez alguma coisa. Em sã consciência eu nunca me deitaria com você. Agora se vista logo.

Dizendo isso saiu do quarto.

—--Um mês depois----

Tanya já estava morando há um mês no acampamento das F.E. Os enjoos devido a gravidez haviam aumentado e Sonya recebia sempre mensagens de Cassie e Jacqui falando que a edeniana estava passando mal. A general já estava desconfiada, ela pediu que um dos médicos fizesse um teste para ver se Tanya estava gravida ou não. Acabou dando o esperado. Sonya ficou perplexa com a notícia, mas ainda não havia falado com Hanzo.

Sonya aproveitou que precisava fazer uma reunião com todos os guerreiros para falar sobre as estratégias do possível combate e em particular falaria com Hanzo sobre a noticia.

Todos já haviam almoçado no Lin Kuei em seguida foram todos para a base da F.E. que havia próxima de lá. Sonya esperou Hanzo e quando ele entrou pela porta foi logo ao seu encontro. Chamou-o de canto e disse:

— Hanzo, preciso lhe falar algo muito sério. É sobre a Tanya.

O ninja estremeceu, mordeu os lábios e disse:

— O que houve?

— Desde que ela chegou ao nosso acampamento ela tem passado mal, sentindo enjoos e vomitando. Não estava comendo muito bem e fizeram alguns exames nela. Ela está gravida.

Hanzo pôs a mão nos lábios e sentiu seu coração acelerar. Harumi passava por ali e ouviu tudo. O ninja percebeu e viu os olhos da japonesa que já estavam em lágrimas. Ele sentindo um enorme aperto no coração disse a Sonya:

— Tanya não podia fazer isso comigo.


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