Entraram na escola, sendo recebidos por vários olhares. Alunos espantados, surpresos, algumas meninas pareciam tristes, outras irritadas.

Adrien andava por entre os alunos sem nem se importar. Olhou para a garota que andava ao seu lado, e viu que aquilo a deixava desconfortável. Até nisso ele era rendido por ela. Enquanto várias garotas no lugar poderiam gostar de chamar a atenção, vendo isso como uma oportunidade para exibi-lo, como ela bem lembrou na noite passada, ela fazia diferente. Marinette parecia querer que aquilo acabasse rápido.

E estava tão vermelha nesse momento, que isso arrancou uma risada dele.

— Está com vergonha de mim Marinette? - Não conseguiu se controlar e teve que alfinetá-la. Apenas para ver suas bochechas ficando ainda mais coradas, se isso era possível.

— V-vergonha?? D-de você? - Ver ela desconsertada, tentando se explicar era adorável.

— Estou brincando, bobinha. - A tranquilizou, puxando-a pela mão entrelaçada dos dois para ficarem mais perto, cochichando em seu ouvido. - Fica calma, daqui alguns dias eles se acostumam e parar de encarar.

Mari sentiu o rosto ainda mais em chamas e começou a suar quando sentiu ele falando tão pertinho. Depois ele se afastou, para seu alívio, e lançou um sorriso doce.

Adrien estava, de fato, muito feliz hoje, e isso aquecia não só seu rosto, mas seu coração.

Já ia dizer algo, ou melhor, gaguejar algo, quando um arquejo foi ouvido.

— Eu não to acreditando! - Alya estava na frente da porta da sala deles quando se aproximaram.

Marinette viu o olhar da amiga alternar entre a cara assustada dela, para o rosto contente de Adrien e depois para as mãos unidas deles.

— B-bom dia Alya! - Marinette cumprimentou, rindo nervosa e usando a mão livre para coçar sua bochecha, sem jeito.

— Eu te deixo ontem com um Couffaine e você me volta com um Agreste? - A amiga falava, não com raiva, mas surpresa. Ela mexia as mãos enquanto apontava para eles. - Eu não estou entendendo nada!

Marinette riu ao ver a amiga tão confusa, só então reparou em como o aperto de sua mão aumentou e o rosto de Adrien endurecer com a simples menção do encontro dela com Luka no dia anterior.

“Ciumento”

Ela pensou, sorrindo boba. Quem diria que Adrien Agreste ficaria com ciúmes dela? Ela não conseguiu esconder que aquilo a fazia bem.

— E aí cara! - Nino apareceu na soleira da porta, onde Alya ainda estava de queixo caído. Reparou no casal à sua frente, e coçou a cabeça, confuso. - Alya, eu perdi alguma coisa?

— Bom dia Nino! - Adrien pareceu relaxar quando viu o amigo. - Perdeu nada não. - Ele respondeu antes de uma Alya desnorteada dissesse mais coisas que não o agradasse. - Mas eu e a Mari estamos juntos agora! - Terminou sorrindo e levantando as mãos unidas dos dois, como se para provar o que havia dito.

Marinette começou a suar novamente.

“Juntos! Ele disse que estamos juntos!” - Seu interior gritava de felicidade. Completamente de como se sentiu na noite anterior e naquela manhã. Tentou não pensar muito nisso.

— Como isso aconteceu? - Alya parecia ter encontrado sua voz novamente. Adrien estava se divertindo ao ver o casal de amigos tão perdidos, e Marinette só faltava derreter ao seu lado de tanta vergonha.

— Lembra que eu disse na sexta que estava gostando de alguém Alya? - Respondeu, e tentava a todo custo não sorrir, mas o sorriso parecia pregado em seu rosto. Estava assim desde a noite anterior, e já estava com as bochechas doendo, mas era algo maravilhoso. Nunca, em toda sua vida, havia sentido algo tão bom.

Marinette viu a amiga empalidecer após a resposta de Adrien. Ela sabia que agora, tudo não havia passado de um mal entendido.

— Nossa amiga, eu sou a pior aspirante a jornalista do mundo! - Alya falou com culpa, se jogando nos braços de Mari que teve de soltar a mão de Adrien para retribuir o abraço. - Eu sinto muito mesmo pela confusão que eu causei!

— Que confusão? - Adrien se pronunciou, vendo as duas se separarem.

— Eu disse a Marinette que você estava apaixonado por alguém específico. - Alya falou, e Adrien reparou que Nino revirou os olhos como se dissesse “Já disse para parar de especular as coisas”. - Eu fiquei tão preocupada em como a Marinette ia ficar depois que descobrisse isso que eu nem pensei que… - Marinette viu a amiga deixar as palavras morrerem em sua boca.

— Não pensou que a garota que ele estava gostando era eu. - Completou e viu Alya a encarar com os olhos cheios de água.

— Eu sinto muito, muito mesmo amiga! Acabei magoando você sem motivo! - Mari a puxou de volta para o abraço quando percebeu que ela estava quase chorando.

— Você só queria me proteger! - Ela riu, se lembrando novamente do quão sortuda era por ter uma amiga como Alya., que se importava tanto com ela. - Você só queria o meu bem, e eu te amo por isso Alya! - Ela a soltou do abraço para olhar em seus olhos. - Mas se não se importar, não seria nada mal se, da próxima vez, você colhesse mais algumas informações antes de lançar a notícia no ar, senhorita jornalista. - As duras riram, enquanto Alya fungava e enxugava o rosto.

— Você me perdoa?

— Não há nada para ser perdoado, está tudo bem! - Declarou, sorrindo para ela. Elas seguraram ambas as mãos uma da outra.

— É, quem diria. - Nino escorou o braço no ombro de Adrien. - Estávamos no parque com Luka ontem e hoje você que está com a Marinette. - As meninas viraram o rosto para os meninos.

— Nino!!! - Alya chamou a atenção dele.

— Que foi? - Perguntou confuso novamente, tirando o braço do amigo e só então percebendo a carranca que Adrien possuía na cara. - Eita, falei demais?

Marinette não conseguiu conter o riso, levando a mão na boca enquanto Adrien parecia usar de suas técnicas de respiração para se acalmar.

— Amiga, olha só, seu namorado é ciumento! - Alya a cutucou na costela, fazendo agora Adrien e Marinette arregalarem os olhos.

“Namorado!”

— Alya! - Censurou a amiga, que respondeu com um simples balançar de ombros.

— Eu ainda não pedi a Marinette em namoro… ainda. - A voz de Adrien saiu ao seu lado, e ela corou enquanto o via coçar a nuca nervoso.

“Ainda, ele disse”. - Se permitiu rir boba quando ele levantou o olhar e seus olhos verdes se encontraram com os dela.

— Ai, vocês são tão fofos! A turma precisa saber disso! - Os três se olharam alarmados e tentaram impedir, mas quando viram, Alya já estava na frente da sala, berrando a todos que quisessem ouvir que Marinette e Adrien agora estavam juntos.

— Bom, pelo menos isso nos poupa de anunciar para cada um. - Adrien disse sorrindo, na soleira da porta junto com Marinette. Que novamente, parecia querer se fundir com o chão e desaparecer, enquanto suas amigas a desejavam felicidades pelo relacionamento.

— Alya não tem jeito. - Ela acabou se rendendo quando percebeu o quanto seus amigos eram incríveis, e estavam felizes por ela. Se voltou para Adrien que a encarava. - O que foi?

Tudo que o loiro olhava era para os lábios dela, que agora estavam sendo mordidos em nervosismo. Queria beijar ela agora. Na frente de todo mundo. Não ligava. Só queria sentir aqueles lábios contra os seus de novo.

Mas antes que pudesse fazer algo, ouviram o sinal tocar. E Adrien teve que respirar fundo para não se sentir frustrado enquanto caminhavam para seus lugares. Estavam juntos agora, e era isso que importava. Poderia beijá-la depois.

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Ficou a aula inteira sem prestar atenção em nada. Tudo o que ele queria era olhar para trás e checar se Marinette realmente estava ali, e se era real tudo o que estava acontecendo.

O sinal para o intervalo foi como um sinal da liberdade tocando. Levantou rápido, já se colocando ao lado da garota e oferecendo a mão para ela.

— Vamos? - Marinette olhou para a mão estendida, pegando-a logo em seguida. Saíram da sala juntos, e Marinette parecia estar pisando em nuvens agora. Andar de mãos dadas com Adrien pela escola, pegar lanche junto com ele sentarem juntos no intervalo.

Ok, ela já havia sentado com ele na mesa um monte de vezes, mas agora, não estava só na mesa com ele, estava na mesa SÓ COM ele.

Ela ficou a aula inteira babando enquanto olhava para os cabelos loiros dele à sua frente. Sua amiga a cutucou algumas vezes para prestar atenção na aula.

“Como se isso fosse possível!” - Ela quis responder, mas preferiu ficar calada e seguir o conselho da Césaire, principalmente na hora que percebeu que era alvo do olhar mortal da Chloé, que estava apertando um lápis tão forte na mão que parecia querer quebrá-lo.

“Antes o lápis que meu pescoço.”

Ela sentiu um arrepio quando a loira passou na frente da mesa em que os dois estavam, fazendo cara feia novamente.

— Eu vou conversar com ela depois, se você quiser. - Adrien chamou a sua atenção, encontrando sua mão por cima da perna dela.

— Ah, t-ta tudo bem! - Ela riu sem graça. Não precisava ter medo da Chloé. Ela era a Ladybug afinal de contas.

Queria dizer isso, mas sentiu o sorriso morrer ao lembrar que nunca poderia contar isso a Adrien.

Era estranho. Enquanto o via comer seu lanche, ficou visualizando Chat Noir em seu lugar, e ainda parecia algo inacreditável.

Seu cérebro ainda não havia processado que os dois eram um só. Talvez por isso seu coração estava só feliz agora, e não com o medo avassalador que a inundou noite passada. Por isso ainda estava gaguejando, e com muita vergonha. Ele ainda era só o Adrien para ela. Levaria alguns dias para se acostumar.

— Você está bem Mari? Não comeu nada ainda. - O loiro observou, vendo a bandeja dela intocada.

— Ah, é verdade! - Ela riu nervosa, colocando um pouco da salada na boca rapidamente, fazendo-o rir.

O garoto recostou na cadeira enquanto a via comer, deixando um sorriso bobo brotar em seus lábios. Pensar que ela estava apaixonada por ele há tanto tempo, fazia seu coração se encher de alegria.

Mas então, lembrou de todas as vezes em que devia tê-la machucado pelo mesmo motivo.

— Você já gostava de mim quando eu te pedi ajuda com a Kagami aquela vez, não é? - Soltou de repente, fazendo Mari engasgar com o suco. - Desculpe, não queria te deixar desconfortável. - Falou, enquanto pegava um guardanapo para ela.

— Não, tudo bem… - Ela respondeu, ainda não sabendo se as desculpas foram por causa da pergunta ou pelo que ocorreu na época. Talvez fosse pelas duas coisas. - Você não sabia como eu me sentia, então não tem porque se desculpar. - Finalizou, mas pela cara que Adrien estava, sua resposta não havia o convencido o bastante.

— Era sobre ela que Alya achou que eu estava falando? - Viu Marinette abaixar a cabeça.

— Sim. - Ela então pegou o celular, indo na galeria e procurando a foto que ela tentou, sem sucesso apagar, tanto do celular quanto da mente. - Elas me mostraram isso no sábado.

Adrien pegou e viu a foto, lembrando exatamente daquele momento. E Marinette nem sabia que, enquanto dançava com Kagami, os pensamentos dele estavam nela.

— Como?...

— Alix. - Eles falaram juntos, rindo logo em seguida.

— As meninas quiseram me animar aquele dia, me fizeram de boneca e me arrumaram toda para eu não ficar triste. - Ela soltou, sorrindo com as lembranças daquele dia, que antes lhe causaram tanta dor. Não contaria a ele que toda aquela produção também tinha outro objetivo, um encontro no barco com Luka. Adrien já estava enciumado demais.

— Eu vi… - Ele confessou. - Alix me mostrou uma foto de vocês no barco. - Marinette ficou surpresa. Mas era de se esperar que aquelas espertinhas tinham mais de um plano por trás de toda aquela arrumação. - E eu também fui te ver…

Ok, isso a surpreendeu mais

— O que? - Perguntou perplexa, enquanto ele fechava os olhos e passava as mãos pelo rosto.

— Depois da festa, eu estava preocupado com você… E com saudades também. - Adrien tentou controlar o rubor que subia pelo seu rosto. - E acabei me transformando e indo para o barco. Mas encontrei você com… O Luka. - O garoto não conseguiu ter coragem de encará-la agora. - Tenho muita vergonha por ter feito isso, eu não devia ter invadido seu espaço dessa forma, eu só precisava te ver. Depois, prometi a mim mesmo que nunca faria algo parecido de novo.

Finalmente a encarou, e diferente do que pensou, não havia condenação nenhuma no olhar da garota.

— Você deduziu, naquela noite, que eu gostava do Luka, não é? - Perguntou compreensivamente, enquanto Adrien concordava com a cabeça, mesmo com uma outra parte dela querendo repreendê-lo por ter usado o miraculous dele daquela forma, ela somente o entendeu. Afinal, ela mesma já havia feito coisas irresponsáveis por ele... Como deixar um presente em seu quarto com o traje de Ladybug. Tentou não pensar naquele dia, voltando ao olhar culpado de Adrien sobre ela nesse momento. - Nossa, somos bobos não somos? - Ela riu sem humor. - Poderíamos ter nos poupado de muita dor se tivéssemos sidos mas sinceros. - Mas sinceridade ainda era algo que a machucava muito, pois nunca poderia ser 100% sincera com ele.

— Acho que eu te machuquei mais vezes do que posso contar não é? - Ele admitiu, sentindo uma pontada no coração só de imaginar Marinette chorando por sua causa. - Eu era o babaca esse tempo todo. - Ela lembrou de quando desabafou com ele sobre o garoto que gostava, e Chat o chamou de babaca. Quem diria…

— Ei. - Sentiu a mão dela pousando sobre a sua delicadamente. - Isso é passado, não precisa de sentir mal, por favor. - Adrien levantou o olhar, encontrando os lindos olhos azuis dela, brilhando. - Estamos aqui agora, e é isso que importa. - O sorriso dela parecia banir todos os sentimentos ruins que ele tinha.

— Você é incrível Marinette. - Se divertiu vendo as bochechas dela adquirindo o tom rosado na mesma hora.

Novamente, seus olhos foram desviados para a boca dela, e teve que se controlar muito para não puxá-la para si bem ali, no meio do refeitório.

Marinette percebeu, enquanto o olhar dele estava sobre si, que o clima entre eles havia ficado mais intenso. Mordeu o lábio para conter o nervosismo, mas isso não pareceu ajudar, já o aperto da mão de Adrien na sua pareceu aumentar.

O olhar dos dois só foi interrompido com o sinal da escola, avisando que o intervalo havia acabado.

Ainda meio sem graça pelo seu próprio descaramento, Adrien levantou, pegando sua bandeja e a de Marinette, colocando-as na bancada. Percebeu que acabaram ficando sozinhos na mesa o intervalo inteiro. Não que estivesse reclamando, mas era estranho a ausência do casal de amigos mais fofoqueiros de Paris.

Adrien os procurou com os olhos e acabou os avistando algumas mesas à frente, os encarando. Deviam ter se segurado muito esse tempo todo para dar privacidade à eles. Riu com esse pensamento.

Viu Mari rir junto com ele, também olhando para Alya e Nino, que agora estavam se levantando também.

Os quatro seguiram para a sala juntos, e Adrien sentiu uma pontinha de tristeza ao ter que separar sua mão da dela ao entrar na sala de aula.

***************************************

Foi difícil para ela se despedir de Adrien quando as aulas acabaram. Mas saber que eles se veriam a noite fazia seu coração acelerar, tanto de alegria como de nervosismo.

Adrien se despediu dando um beijo singelo em sua bochecha antes de entrar no carro, mas foi o suficiente para deixá-la boba o resto do dia.

Estava em seu quarto agora, já havia jantado e tomado banho. Tentou se concentrar no vestido que estava costurando. Já devia ter acabado ele há horas, mas estava tão distraída que acabava errando toda hora, tendo que desfazer a costura e começar novamente.

— Ai! - Ela reclamou quando espetou o dedo pela milésima vez. - Droga de agulha. - Disse enquanto chupava o sangue que estava saindo da ponta do seu dedão. Desistindo de terminar o vestido naquela noite, ela o guardou em uma caixa junto com outros projetos inacabados. Encontraria tempo para ele depois.

Olhou pela janela, vendo que a noite já havia chegado. Esfregou suas mãos uma na outra para conter o suor frio que estavam nelas.

“Calma Marinette, é só o Chat Noir que vai vir. Como ele tem feito nas últimas semanas, nada mudou!”

Tentava se acalmar inutilmente. É claro que tudo havia mudado! Agora sabia a identidade dele, e mesmo estando super feliz por não ter o seu coração dividido mais, seu nervosismo com Adrien ainda era muito forte.

Ela foi até seu diário, folheando as páginas até encontrar a lista antiga que fizera.

— Você está bem Mari? - Tikki chegou ao seu lado, pousando ao lado de seu caderno na mesa.

— Está sim Tikki. - Respondeu sem tirar os olhos da página. - Eu só queria conferir uma coisa.

— E o que é? - As pequenas mãozinhas vermelhas seguraram a borda da página aberta.

— Que hora nenhuma eu anotei que era perigoso saber a identidade do Chat Noir. - E aquela constatação acalmou um pouco seus ânimos. - Só que era perigoso ele saber a minha. - Finalizou soltando um suspiro.

— Fico feliz que tenha encontrado um pouco de paz de espírito com isso Mari.

— Sim… - A garota respondeu, passando seus dedos finos por sobre a página aberta, e nas manchas de choro que haviam nela. - Não que não seja perigoso, mas já é alguma coisa. - Ela sorriu para a kwami, que retribuiu. - Mas ainda preciso ficar atenta. Quase disse ao Adrien sobre meu alter ego hoje. Acho que saber o segredo dele me faz baixar a guarda, e isso é um luxo que eu não posso ter. - A kwami tocou em sua mão. Sempre disposta a confortá-la nesses momentos, e não pode deixar de sorrir.

Aproveitou que estava ali e anotou em seu diário sobre os últimos acontecimentos, se pegou sorrindo sozinha várias vezes enquanto escrevia. Foi interrompida com batidas na janela lateral.

Seguiu o som com o olhar, encontrando Chat sorrindo e acenando para ela antes de pular para dentro de seu quarto. Fechou o diário rapidamente enquanto virava a cadeira em sua direção.

— Boa noite, princesa. - Era possível dizer uma frase inteira sem tirar o sorriso do rosto? Se não era, acabou de se tornar possível, pois foi assim que Chat a cumprimentou.

— Boa noite Cha… Adri… - Ela parou a frase no meio, atrapalhada, ouvindo a risada de Chat logo em seguida.

— Pode me chamar como quiser, Ma-ri-ne-tte. - A cada sílaba do seu nome ele se aproximava mais, até estar com as duas mãos apoiadas na mesa atrás dela, que permaneceu sentada na cadeira, como uma ratinha encurralada pelo enorme gato preto. Ele estava inclinado em sua direção, tão perto… O ar parecia faltar de repente. - Machucou os dedos? - Os olhos dele desviaram para as mãos dela no colo, pegando uma e beijando as pontas dos dedos. Marinette arfou com aquele gesto, chamando a atenção dele novamente para si. - O que está pensando? - Chat devia estar com o mesmo problema de falta de ar, pois a voz saiu entrecortada e mais grave que o costume.

— Q-que você está muito perto. - Respondeu em um sussurro, fitando os dois olhos verdes felinos que a observavam atentamente.

— E isso é ruim? - Sem palavras para responder, Marinette se limitou apenas em negar com a cabeça. - Bom, porque eu estou louco para fazer uma coisa desde hoje de manhã.

Ela, ingênua, já ia perguntar o que era. Mas no momento em que abriu os lábios para fazer essa pergunta, sua boca foi tomada pela dele.

Os lábios dele estavam um pouco frios, talvez pelo vento noturno que pegou a caminho de sua casa, mas quando entreabriu os lábios para dar passagem, sentiu a língua quente dele na sua.

Uma das mãos dele abandonou a mesa em que estava apoiada para passar atrás de suas costas, puxando-a para mais perto.

Marinette estava sem jeito pois permanecia sentada na cadeira enquanto o beijava.

E nossa, como havia sentido falta desse beijo!

Chat Noir, como se lesse sua mente, se agachou na frente da cadeira, sem cortar o contato de suas bocas.

Agora que ele estava um pouco mais baixo que si, Marinette aproveitou para levar suas mãos ao pescoço dele, abraçando-o enquanto uma das mãos bagunçava os cabelos de sua nuca.

PURRRRR

Ouviu o barulho surgindo de dentro do peito dele.

— Eu não… - Chat começou a falar ofegante entre seus lábios. A garota abriu os olhos e viu, com o rosto dele a centímetros do seu, que as bochechas por baixo da máscara estavam ruborizadas.

— Eu gosto. - Respondeu, aproveitando a pequena pausa para recuperar o ar. Mas foi logo puxada para seu beijo novamente, com Chat pegando-a com os dois braços: um em sua cintura e o outro em sua nuca. Agarrando-a mais próxima a ele.

Aproveitou aquele momento, enquanto a língua dele e a dela se entrelaçam, até quando ele ousadamente deu uma mordida em seu lábio inferior.

— Desculpe, eu precisava fazer isso. - Ele riu, ainda permanecia com a boca próxima a ela e de olhos fechados. - Estava com vontade de morder seu lábio desde que a vi fazendo isso hoje mais cedo.

Marinette abriu os olhos surpresa, enquanto sentia o rosto esquentar. Não pensou que ele havia ficado imaginando essas coisas com ela durante a escola.

E com isso Chat se afastou dela, ainda com um sorriso no rosto. Vê- la corada, com o cabelo bagunçado e os lábios vermelhos pelo beijos deveria ser a própria imagem da perdição.

Ele estava completamente fascinado e rendido por ela.

— Eu te interrompi com algo? - Perguntou, tirando-a de seu devaneio, enquanto apontava para o caderno fechado em cima da mesa atrás dela.

— Ah, isso? Não é nada! - Guardou o diário dentro da caixinha rapidamente.

— Então você tem um diário é? - Provocou, deitando no divã e arqueando uma sobrancelha para ela. - E eu posso ler?

— Chat!! - Ele gargalhou, adorava tirá-la do sério.

— Estou brincando. Mas me conta, escreveu sobre mim aí? - Perguntou com um sorrisinho descarado no rosto.

Marinette revirou os olhos, mas depois abriu um sorriso que Chat Noir estranhou.

— Estava escrevendo sobre meu encontro com o Luka. - Ela falou provocativa. Chat fechou a cara na hora e deitou de bruços no divã, afundando o rosto com uma almofada.

— Ah, eu podia dormir sem essa. - A voz abafada e sofrida dele fez Marinette rir.

— Depois escrevi sobre nossa conversa na madrugada… - Ele levantou a cabeça, olhando-a com expectativa. - E depois escrevi sobre o melhor dia da minha vida, que foi hoje. - Ela apoiou o cotovelo na mesa e o queixo na mão para observar enquanto Chat sentava e coçava a cabeça sem graça.

— Ta bom, eu mereci essa! - Ele ria. - Escreveu sobre minha identidade aí? - Perguntou enquanto ela levantou e foi ao armário pegar o cobertor e o travesseiro dele.

— Sim, mas não se preocupe, meu diário é seguro. - Mari estava indo fechar a porta do armário enquanto equilibrava as coisas na outra, quando a mão dele fechou a porta.

— Melhor dia da sua vida é? - Perguntou charmosos, enquanto estava escorado no armário. - Esconder garras. - Falou de repente, e Marinette deixou tudo cair à medida que Adrien aparecia em sua frente.

— A-ai, desculpa. - Ela agachou para pegar, sendo ajudada por ele. Ela permaneceu um pouco atordoada enquanto olhava o loiro à sua frente.

Ele riu, esse afastou um pouco, colocando um pouco de queijo na mesa dela, e Plagg voou para lá logo em seguida.

— Mari, acho que não apresentei você ao Plagg ontem. - Falou enquanto apontava para o pequeno kwami com a boca cheia de queijo.

— P-prazer, Plagg. - Ela falou nervosa. Esperava que o kwami dele entendesse que era para falar como se eles não se conhecessem.

— O prazer é meu Marinette! - Ele fez uma pequena reverência, e Marinette achou uma graça, respirando aliviada pela descrição.

— É esquisito? - Perguntou tímido, coçando a nuca.

— É...Q-quero dizer, você não é esquisito, quero dizer, é esquisto você estar aqui no meu quarto. - Ela bateu na própria testa. - Eu só vou demorar um pouco a me acostumar que você é o Chat Noir. - Falou sincera, e Adrien simpatizou com ela. - Ainda não acredito que era você que estava dormindo comigo todas essas coisas.

— Vai ficar mais confortável se eu me transformar em Chat Noir? - A pergunta dele partiu seu coração. Não queria que ele pensasse que ela não queria estar com ele… Como Adrien. O nervosismo dela podia ser confundido de novo, como no dia em que foram ao museu de bonecos de cera e ele achou que ela não gostava dele.

— Não, A-Adrien, tá tudo bem! - Ela colocou as coisas dele na cama. Sentando na mesma e enquanto via ele subir as escadas, achou que seu coração podia sair pela boca. Ele parou ao seu lado, ainda sorrindo. - Eu só preciso de tempo para me acostumar. - Confessou nervosa.

— Tá tudo bem, eu não ligo. - Respondeu sereno, enquanto deitava do seu lado na cama.

Ela deitou logo em seguida, virada para ele.

Ainda parecia inacreditável.

— Estou tão feliz de estar aqui com você… - As palavras dele foram ditas com tanta paixão que tomaram o fôlego de Marinette.

— T-também estou Adrien. - Devolveu, vendo o sorriso dele se alargar.

A mão dele subiu para seu rosto, fazendo carinho com as pontas do dedos, e pegando alguns fios de cabelo e os colocando atrás de sua orelha.

— Eu amo você Marinette.

Se ela estava sem fôlego antes, então agora seus pulmões haviam parado de funcionar.

Os olhos dela se encheram de lágrimas. Estava tão absurdamente feliz, mas um medo que parecia não ter fim tomava seu coração.

“Foi o nosso AMOR que fez isso com o mundo M’lady”

“Me deixa em paz!”

Ela apertou os olhos, espantando Chat Blanc de sua mente.

— Ei, está tudo bem? - Adrien a apertou contra si, e um abraço carinhoso.

— Está! - Fungou, e afastou a cabeça dele, mesmo contra sua vontade, precisava olhar nos olhos dele para dizer o que queria a seguir. Ele estava a fitando preocupado, e limpou suas lágrimas com as costas dos dedos. - Eu amo tanto você, Adrien Agreste.

Queria, precisava, necessitava desesperadamente que ele soubesse disso.

Adrien sentiu o coração pulsar mais forte dentro do peito. E se perguntou se era possível alguém sentir tanta felicidade sem o universo pedir nada em troca.

A puxou de novo para si. Pois nada que dissesse seria suficiente para expressar sua alegria.

E dormiram assim, cada um segurando seu próprio mundo nos braços.