Immortals: O Livro da Magia escrita por Ariri


Capítulo 4
A Seleção




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800743/chapter/4

A porta abriu-se de chofre e apareceu uma bruxa alta de cabelos negros e vestes verde esmeralda. Ao contrário dos encontros anteriores das duas, a profa. Minerva tinha o rosto severo ao percorrer os olhos duros por cada um deles, demorando-se por alguns segundos quase imperceptíveis em Harry Potter, no menino de rosto redondo que se chamava Neville e então, em Max; o canto de seus lábios se curvou ligeiramente e ela inclinou a cabeça em reconhecimento antes de voltar aos outros.

― Alunos do primeiro ano, Profa. Minerva McGonagall – informou o bruxo.

― Obrigada, Hagrid. Eu cuido deles daqui em diante.

Ela escancarou a porta. O saguão era grande, poderia caber todo os quartos do orfanato ali dentro. As paredes de pedra estavam iluminadas com archotes flamejantes como os de Gringotes, o teto era alto demais para se ver, e uma imponente escada de mármore em frente levava aos andares superiores.

Eles acompanharam a Profa. Minerva pelo piso de lajotas de pedra. Maxine ouviu o murmúrio de centenas de vozes que vinham de uma porta à direita – o restante da escola já devia estar reunido. Mas a Profa. Minerva levou os alunos da primeira série a uma sala vazia ao lado do saguão. Eles se agruparam lá dentro, um pouco mais apertados do que o normal, olhando, nervosos, para os lados.

― Bem-vindos a Hogwarts – disse a Profa. Minerva. – O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. A Seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão a aulas com o restante dos alunos de sua casa, dormirão no dormitório da casa e passarão o tempo livre na sala comunal.

 “As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua história honrosa e cada uma produziu bruxas e bruxos extraordinários. Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com o maior número de pontos receberá a taça da casa, uma grande honra. Espero que cada um de vocês seja motivo de orgulho para a casa à qual vier a pertencer. A Cerimônia de Seleção vai se realizar dentro de alguns minutos na presença de toda a escola. Sugiro que vocês se arrumem o melhor que puderem enquanto esperam.

O olhar dela se demorou por um instante na capa de Neville, que estava afivelada debaixo da orelha esquerda, e no nariz sujo do Weasley. Os outros começaram a se arrumar e Maxine esfregou as mãos nos cabelos para alinhá-los, em vão. Com um suspiro de aceitação, se virou para falar com Theo, mas era o garoto de óculos redondos que estava ao seu lado, tentando achatar os fios rebeldes enquanto conversava com o ruivo.

― Seu cabelo está ótimo. – Max sussurrou, inclinando-se na direção dele.

O Potter teve um sobressalto, mas parou, prestando atenção nela.

― Você está mentindo.

Max deu de ombros com um sorrisinho nos lábios.

― Talvez.

Para sua surpresa, o menino riu baixinho, abaixando as mãos.

― Qual casa você acha que vai? – ele perguntou, inquieto.

― Não faço ideia. Nem sei como isso tudo funciona.

― Eu também! – Ele disse animado – Tipo, se formos para uma casa, as outras irão nos odiar?

― Se formos para uma casa quer dizer que não podemos ser amigos dos outros de outras?! – Max compartilhou sua incerteza – Eu realmente espero que não seja assim.

― Eu também não. – Ele admitiu pesaroso e os dois trocaram olhares cúmplices – Se formos para casas diferentes, não falará comigo mais?

― Se você se tornar um chato, sim. Mas se não, porque não falaria?

Harry suspirou aliviado, ficando mais uma vez ruborizado, Maxine o olhou curiosa, achando isso muito fofo. Logo, a profa. Minerva, apareceu novamente, olhando para ela e para Harry com um sorriso, e os conduziu para dentro. Foi o lugar mais lindo que Max havia visto na vida, e o céu era incrível, não, o teto, ouviu a garota mandona explicando que não era o céu de verdade e sim encantado para refletir o céu lá fora.

Era difícil acreditar que havia um teto ali e que o Salão Principal simplesmente não se abria para o infinito.

― Magia é tão legal. – Max sussurrou para Harry, que concordou sorrindo.

― Eu também acho.

A atenção dos dois foi roubada pela volta da professora, que silenciosamente pôs um chapéu sobre um banco no centro do salão, pontudo, e velho cheio de remendos. Maxine esperou, curiosa, certa que aquela seria mais um ato fantástico de magia, e não ficou decepcionada; Por alguns segundos fez-se um silêncio total. Então o chapéu se mexeu. Um rasgo junto à aba se abriu como uma boca – e o chapéu começou a cantar:

Ah, vocês podem me achar pouco atraente,

Mas não me julguem só pela aparência

Engulo a mim mesmo se puderem encontrar

Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.

Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos,

Suas cartolas altas de cetim brilhoso

Porque sou o Chapéu Seletor de Hogwarts

E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu.

Não há nada escondido em sua cabeça

Que o Chapéu Seletor não consiga ver,

Por isso é só me porem na cabeça que vou dizer

Em que casa de Hogwarts deverão ficar.

Quem sabe sua morada é a Grifinória,

Casa onde habitam os corações indômitos.

Ousadia e sangue-frio e nobreza

Destacam os alunos da Grifinória dos demais;

Quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar,

Onde seus moradores são justos e leais

Pacientes, sinceros, sem medo da dor;

Ou será a velha e sábia Corvinal,

A casa dos que têm a mente sempre alerta,

Onde os homens de grande espírito e saber

Sempre encontrarão companheiros seus iguais;

Ou quem sabe a Sonserina será a sua casa

E ali fará seus verdadeiros amigos,

Homens de astúcia que usam quaisquer meios

Para atingir os fins que antes colimaram.

Vamos, me experimentem!

Não devem temer!

Nem se atrapalhar!

Estarão em boas mãos!

(Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos)

Porque sou único, sou um Chapéu Pensador!

 O salão inteiro prorrompeu em aplausos quando o chapéu acabou de cantar, Maxine colaborava uma boa parte dessas viva, assoviando com animação para a diversão dos colegas. Ela estava simplesmente extasiada de encanto. O chapéu fez uma reverência para cada uma das quatro mesas e em seguida ficou muito quieto outra vez.

Era só colocar o chapéu e seria escolhida para uma das casas que tinha ouvido falar tanto. Para onde iria? Tinha certeza que seria difícil de escolher, afinal, ficou encantada com todas as casas, mas tinha medo de que qualquer uma delas a afastasse de algum dos amigos que fez durante o dia. Draco e Theo iriam para a Sonserina, isso significa que não aceitariam que ela estivesse em outra casa?

Maxine começou a roer a unha de ansiedade, ignorando o nervoso de seus colegas.

A Profa. Minerva se adiantou segurando um longo rolo de pergaminho.

― Quando eu chamar seus nomes, vocês porão o chapéu e se sentarão no banquinho para a seleção. Ana Abbott!

Uma garota de rosto rosado e marias-chiquinhas louras saiu aos tropeços da fila, pôs o chapéu, que lhe afundou direto até os olhos, e se sentou. Uma pausa momentânea...

― LUFA-LUFA! – anunciou o chapéu.

A mesa à direita deu vivas e bateu palmas quando Ana foi se sentar à mesa da Lufa-Lufa.

Hermione Granger... Grifinória.

Daphne Greengass.

Neville Longbottom... Grifinória.

Draco Malfoy... Sonserina.

Theodore Nott... Sonserina.

Pansy Parkinson.... Sonserina.

Harry Potter... Grifinória.

Um por um, todos foram chamados e Maxine ficava cada vez mais nervosa, amaldiçoando a si mesma por se sentir assim. Como esperado, Draco era um membro orgulhoso da sonserina, que de certa forma a atraía com a cor verde esmeralda, mas Harry foi escolhido para a Grifinória, e por algum motivo inquietante, queria estar perto dele, assim como sentia que aquela mesa era o lugar dela.

Mas e se não fosse escolhida para nenhuma? Se fosse obrigada a se sentar no chão como um cachorro sem lar? Talvez eles tivessem um lugar para crianças como ela, que não mereciam uma casa, talvez a enfiassem no porão onde passaria os anos seguintes sozinha como era seu destino... Um arrepio percorreu o corpo de Max, que com uma respiração profunda, obrigou os pensamentos e lembranças terríveis a retornarem para o baú dentro de sua cabeça.

― Maxine Snow!

Max respirou fundo com os olhos fechados ao ser chamada. Ela não seria boba daquela forma, era ridículo se sentir daquele jeito e ela era tudo menos ridícula. Suas pernas se moveram automaticamente, e Max foi até o banco, determinada, sorrindo amplamente. Era só um chapéu, que de alguma forma diria a essência dela...? Não, não diria qual era sua essência e sim o lugar que mais combinaria com ela. Sob o olhar encorajador da Prof. Minerva, sentou-se no banco e pôs o chapéu na cabeça.

“Olhe quem temos aqui. Uma incógnita, não é mesmo? Quem é você?"

A fala do Chapéu não a assustou, apenas a inquietou ainda mais. Quem era ela? Essa era uma ótima pergunta.

"Uma menina leal, não é? Justa, sim, muito justa, e muito honesta. Ainda assim, não, lufa-lufa não é seu lugar. – Max franziu o cenho, olhando para o teto como se pudesse ver o chapéu falando. – Grifinória? – o coração de Max deu um salto, e o chapéu soltou uma risadinha – Sim, te interessa não é? Não tem medo de lutar pelo que acredita, com unhas e dentes não é mesmo? E depois de tudo isso que vejo... Coragem e força você tem de sobra menina."

O peito de Max se apertou e seu rosto ruborizou.

“Não, você vai além disso. Talvez a Corvinal? Muito inteligente, mente afiada, gosta de procurar conhecimento, todo tipo de conhecimento, mas não... não é esse tipo de busca que você tem. Sonserina, sim, seria um bom lugar para você, estimularia sua mente, teria verdadeiros amigos, e é lá que está o tipo de força para alguém como você. Há algo na sua essência... não sei bem... o seu sangue é familiar... pertence a uma delas... Grifinória ou sonserina? Difícil, muito difícil"

Maxine escutou os murmúrios começarem ao seu redor, e sua respiração ficou ainda mais rara.

Ela não teria uma casa?

“Você tem uma casa, menina, só preciso saber qual será a melhor para você. Qual prefere?”

Max olhou para as duas mesas opostas, verde e vermelha e não soube o que dizer. Era como se as duas a chamassem, por algum motivo que não sabia dizer.

“Sim, você não sabe. Bem, talvez eu deva pensar no seu futuro. Você pode ser uma grande bruxa, precisa de um lugar que abrace suas ambições e sua ferocidade sem qualquer julgamento. Só há uma casa assim para você...

― Sonserina!

Max se levantou, atordoada, sob os aplausos da mesa destinada, e as vaias da mesa em que Harry estava, esse lançando um sinal de apoio a ela, tristonho. Ela esperava ficar na casa da Prof. Minerva, mas essa bateu palmas para ela e acenou em aprovação, portanto, esperou que nada de ruim tivesse naquele lugar. Muitos sussurravam entre si, e enquanto caminhava resignada até lá, escutou as palavras “empata-chapéu”. Quanto tempo havia passado?

Os alunos que acabaram de serem escolhidos como ela, abriram espaço para que se sentasse entre eles. Daphne acenava em um ponto mais distante, tão contente que mal conseguia ficar sentada. Theodore e Draco estavam na frente dela, e sorriam contentes com orgulho.

― Eu nunca ouvi falar de sua família. – Um garoto chamado Blásio disse, virando-se para ela.

― E o que eu tenho a ver com isso?

 Draco riu com a fala dela, e mesmo ainda estando irritada com o menino, ela correspondeu ao olhar dele.

― Eu quero dizer, não se sabe de nada da família Snow pelo mundo mágico.

― Mais uma vez – Maxine arqueou as sobrancelhas, dizendo em seu melhor tom sarcástico – De que me importa sua falta de conhecimento?

― Ele quer saber se você tem sangue sujo nojento. – Pansy falou ríspida.

Draco olhou para longe, tal como Theo, enquanto o primeiro se esquivava da conversa, Theo a incentivava a enfrentar isso com o olhar. Maxine percebeu naquele momento, com os olhares dos outros sobre ela, com tudo que já havia vivido, que se não reagisse a altura, nunca seria respeitada ou até mesmo aceita. E ela não aceitava viver algo assim mais uma vez.

― Eu? Querida, se você não se lava direito não venha chamando os outros de suja não. Você fede a esgoto e tem cor de bufa, mas eu não estou te insultando por isso, estou? – Pansy ficou vermelha, abrindo a boca para responder, mas Max continuou – Exatamente, agora feche a boca que está atraindo mosca.

O tal Blásio olhou para longe, irritado, e Pansy vermelha da cabeça aos pés, a fuzilou com o olhar. Max lançou um sorriso convencido à garota enquanto Draco e Theo riam.

― Eu realmente gosto de você, Max. – Draco disse, sem parar de rir.

― Ótimo. Se não quiser levar ovada na cara, não faça mais aquilo na minha frente.

Draco a olhou intrigado, contrariado, mas por fim cedeu e balançou a cabeça em concordância, voltando a conversar com Crabbe e Goyle.

― Olha só, a grande Maxine conseguiu dobrar o Malfoy – Theo disse, rindo – Você acaba de subir no meu conceito.

― Subir no seu conceito?! Querido, eu deveria estar no topo dele!

Os dois se olharam e logo riram. Maxine se virou novamente para o chapéu, encontrando o último a ser chamado andando em direção a ele; era o ruivo, Weasley, e Max achou curioso quando ele mal sentou e um segundo depois o chapéu gritou:

― Grifinória!

Os sonserinos fizeram sons de zombaria ao passo que os grifinórios comemoravam animado, o inverso do que havia acontecido na vez dela. Maxine observou curiosa Rony ser acolhido no outro lado, sacudido por um moleque muito parecido com ele, que ela se lembrou ser Percy, o irmão dele. Mas logo, os sonserinos não deram mais atenção a eles, beirando a indiferença.

O bruxo de cabelos brancos e uma barba prateada longa, se levantou. Ele sorria radiante para os estudantes, os braços bem abertos, como se nada no mundo pudesse ter-lhe agradado mais do que vê-los todos reunidos ali.

― Sejam bem-vindos! – disse. – Sejam bem-vindos para um novo ano em Hogwarts! Antes de começarmos nosso banquete, eu gostaria de dizer umas palavrinhas: Pateta! Chorão! Destabocado! Beliscão! Obrigado.

E sentou-se. Todos bateram palmas e deram vivas. Maxine ficou de queixo no chão, sem entender o que tinha sido aquilo.

― Eu acho que não entendi muito bem.

― Não se preocupe em entender. – Draco sussurrou, acenando em descaso – Papai disse que o velho é louco e gagá, logo vai ser aposentado à força daqui. Não gaste seu tempo ouvindo ele.

Maxine assentiu, ainda confusa, mas sua atenção foi desviada para os pratos distribuídos pela mesa, cheios de comida. A barriga dela roncou imediatamente, e não esperou para se servir com vontade. Nunca havia visto tanta comida na vida, por isso, parou por alguns instantes e ficou indecisa ao decidir o que colocar no prato.

― O que foi? – Theo perguntou com a boca meio cheia.

Max observou todos se servirem sem preocupações, e se inclinou para perguntar em voz baixa.

― O quanto posso comer?

Os olhos de Theo brilharam de uma forma estranha, e ele terminou de engolir, encostando o ombro em Max.

― O quanto quiser.

― Mesmo?

― Sim, não se preocupe com isso.

Max meneou a cabeça, estranhando aquilo, mas seguiu a orientação e se serviu, ainda um pouco comedida, de um pouco de cada coisa. Ela nunca vira tantas coisas diferentes em uma mesa só: rosbife, galinha assada, costeletas de porco e de carneiro – ela nunca tinha comido carneiro! – pudim de carne, ervilhas, cenouras, molho, ketchup e, por alguma estranha razão, docinhos de hortelã. Estava tudo uma delícia.

Maxine terminou de comer e só então percebeu a presença do fantasma coberto com sangue, vestes sujas e olhos vidrados para a frente, do lado de Draco, que não parecia muito feliz. Max ficou fascinada, pensando se ele tinha saído diretamente de um filme de terror, com a vontade imensa de tocar nele e perguntar como havia ficado coberto de sangue, mas resistiu à vontade; se ela fosse fantasma, odiaria que perguntassem sobre seu estado horroroso pós-vida.

Ao invés disso, ela se focou nas conversas paralelas que a rodeavam; perto dela estava um garoto de dentes que quase saltavam da boca e mais parecia um ogro. Ele falava agressivamente aos garotos que o cercavam sobre como começariam a se preparar para as partidas de Quadribol e novas táticas que empregaria para acabar com a raça dos grifinórios. Sem conseguir se conter, Max perguntou em voz alta.

― É impressão minha ou existe uma pequena rixa entre a Sonserina e a Grifinória?

Draco se virou para ela imediatamente com um sorriso divertido, e Max franziu o cenho para a gargalhada sufocada que Theo disfarçava em tosse. Blásio sorriu zombeteiramente, mas Maxine não deu atenção a ele, esperando pela resposta de Draco ou Theo.

― Pequena rixa é uma forma... simples de chamar isso. – Theo disse, batendo na mão de Max de forma condescendente.

― Simples? Chega a ser errada. – Draco disse exageradamente, revirando os olhos ao focar a atenção na outra mesa – Não nos damos bem, não nos misturamos com os idiotas de lá.

― Hum... ok. – Max sentiu a cabeça girar rapidamente e ao ver o diretor se levantar, terminou o questionamento – Não nos envolvemos com outras casas então?

― Não com outras casas. Gostamos dos lufanos, muitos de nós são grandes amigos deles e os protegemos. – Um garoto mais velho comentou, ele não dava atenção à conversa agressiva do ogro – Corvinos muitas vezes são legais, e temos muito em comum, por isso nos damos bem. São os grifinórios que preferimos manter distância.

Os colegas dele acenaram em concordância, tal como Draco e Theo.

― Hum, e porquê isso?

― Eles não gostam da gente, não gostamos deles. – o garoto disse sucintamente, olhando para Max de forma curiosa – Uma rivalidade que data a criação da escola, não importa muito, apenas saiba que eles não são melhores do que nós quando se trata de nos atacar gratuitamente e nos humilhar sem hesitação. Apenas correspondemos.

Maxine franziu o cenho novamente, sem acreditar no que escutava. O garoto percebeu, e com um suspiro, inclinou a cabeça na direção dela.

― Maxine não é? – Max assentiu e ele sorriu gentil antes de continuar – Meu nome é Adrian Pucey, então me deixe te dar um conselho. Fique longe dos grifinórios, não é raro nossos primeiranistas serem azarados por aqueles idiotas que se acham superiores do que nós. E caso algum deles implique com você, me procure, todos vocês. Protegemos os nossos, não importa como.

Com o corpo eletrizado com o peso das palavras, Max concordou silenciosamente. O garoto logo se virou e respondeu o dentuço, Marcus Flint, como se não tivesse acabado de falar para ela que havia uma guerra fria entre duas casas. Theo riu, batendo nas costas dela, e Maxine, mesmo com tantas perguntas ainda cheias em sua cabeça, manteve-se calada.

Os sonserinos que havia conhecido até ali tinham sido bem idiotas, com exceção de Theo e Daphne. Até Draco tinha sido um babaca no trem. Como os grifinórios poderiam ser piores que isso? Mas o que Adrian falou, pesou na cabeça dela. Remexendo a sobremesa no prato, Maxine ficou imersa nos pensamentos até que os pratos sumissem, sem exatamente aproveitar os doces.

Finalmente, as sobremesas também desapareceram, e o Prof. Dumbledore ficou de pé mais uma vez. O salão silenciou.

― Hum... só mais umas palavrinhas agora que já comemos e bebemos. Tenho alguns avisos de início de ano letivo para vocês. Os alunos do primeiro ano devem observar que é proibido andar na floresta da propriedade. E alguns dos nossos estudantes mais antigos fariam bem em se lembrar dessa proibição.

Os olhos cintilantes de Dumbledore faiscaram na direção dos gêmeos Weasley na mesa da Grifinória.

― O Sr. Filch, o zelador, me pediu para lembrar a todos que não devem fazer mágicas no corredor durante os intervalos das aulas. Os testes de quadribol serão realizados na segunda semana de aulas. Quem estiver interessado em entrar para o time de sua casa deverá procurar Madame Hooch. E, por último, é preciso avisar que, este ano, o corredor do terceiro andar do lado direito está proibido a todos que não quiserem ter uma morte muito dolorosa.

Maxine não segurou o sorriso, curiosa com o que poderia estar no corredor do terceiro andar. Seria um dragão? Um monstro?

― E agora, antes de irmos para a cama, vamos cantar o hino da escola! – exclamou Dumbledore.

Maxine reparou que os sorrisos dos outros professores tinham amarelado junto a murmúrios de zombaria e tédio dos sonserinos. Mas Dumbledore não pareceu reparar, ou então ignorou tudo isso e fez um pequeno aceno com a varinha como se estivesse tentando espantar uma mosca na ponta e surgiu no ar uma longa fita dourada, que esvoaçou para o alto das mesas e se enroscou como uma serpente formando palavras.

― Cada um escolha sua música preferida – convidou Dumbledore –, e lá vamos nós!

E a escola entoou em altos brados:

Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts,

Nos ensine algo por favor, Quer sejamos velhos e calvos

Quer moços de pernas raladas,

Temos as cabeças precisadas

De ideias interessantes

Pois estão ocas e cheias de ar,

Moscas mortas e fios de cotão.

Nos ensine o que vale a pena

Faça lembrar o que já esquecemos

Faça o melhor, faremos o resto,

Estudaremos até o cérebro se desmanchar.

Todos terminaram a música em tempos diferentes. E por fim só restaram os gêmeos Weasley cantando sozinhos, ao som de uma lenta marcha fúnebre. Dumbledore regeu os últimos versos com sua varinha e, quando eles terminaram, foi um dos que aplaudiram mais alto, junto a Maxine, que assoviava animada.

Ela tinha adorado o hino!

― Ah, a música – disse secando os olhos. – Uma mágica que transcende todas que fazemos aqui! E agora, hora de dormir. Andando!

O barulho de pés pesados predominou no salão. Max se levantou com os outros, confusa. Uma garota de cabelos crespos ruivos levantou a mão, chamando os primeiranistas e Maxine a seguiu, junto aos amigos. Eles seguiram para fora do salão principal, amontoados entre os que conversavam animados, separando-se das outras casas ao atravessar uma parede escondida no corredor e começarem a descer os degraus rochosos.

Parecia que a escada não terminava nunca, ela escutou Draco falar presunçoso para os outros como era legal ficarem nas Masmorras, mas mesmo achando curioso, Maxine não exatamente concordou, a ideia de sombras em um local fechado provocavam uma dor forte em sua cabeça ao mesmo tempo em que começava a ser difícil respirar.

― Você está bem? – Max escutou a voz de Daphne e olhou para trás, encontrando a menina preocupada a olhar para ela.

― Estou. – Max forçou um sorriso, tentando controlar a respiração – Está tudo bem.

Mas não estava. Onde o maldito chapéu estava com a cabeça para manda-la para uma casa que ficava nas Masmorras?!

Por fim eles pararam em frente a uma parede de pedra, e a monitora parou, acenando para que todos eles se calassem.

― Salazar Slytherin.

A parede se abriu, revelando-se ser uma porta. Maxine poderia ficar admirada com aquilo se não fosse o medo que tremia seus ossos e os corpos que se avolumavam ao seu redor e a empurravam para dentro do lugar que mais temia. Ela fechou os olhos institivamente ao atravessar a porta, e se arrependeu na mesma hora; as algemas, o freezer, o sorriso cruel e reprovador tomaram sua cabeça na mesma hora.

― Max, Max! – A voz alta preocupada a despertou, e Maxine tomou uma grande lufada de ar ao forçar os olhos a se abrirem, percebendo estar tremendo fortemente, não por causa das sacudidas que Draco dava nela – Está tudo bem?

― Sim. – Não.

Draco notou a mentira em sua resposta, e observando-a mais um pouco com preocupação, acenou para o corpo atrás dela. Max olhou para trás e viu Theo, tão preocupado quanto Draco, e os três estavam num canto afastado do lugar, longe dos olhares curiosos dos outros.

Tomando coragem, Maxine se soltou e olhou para o salão comunal que seria seu lar pelo resto do ano, pelos próximos sete anos. Era realmente um calabouço, mas de alguma forma, o que viu fez com que seu coração se acalmasse, pois não era nada do que havia imaginado; Tinha o teto baixo áspero, com paredes de pedra rochosa como os degraus, mas as semelhanças com seu medo iam até ali apenas.

Lâmpadas redondas esverdeadas pendiam do teto, penduradas por correntes longas. Havia uma lareira grandiosa esculpida no centro da Sala, alguns sofás e poltronas a rodeavam, já ocupadas por alguns alunos mais velhos. Outros sofás de couro em tons verdes e pretos se espalhavam pela sala, armários enormes de madeira escura, e umas três mesas longas também ocupavam o espaço restante. Uma vidraça ocupava uma das paredes do teto ao chão, e Max percebeu que dava para o Lago Negro de onde viera. Todo o lugar estava decorado com tapeçarias belíssimas, que fizeram seus olhos brilharem; Maxine percebeu que retratavam histórias antigas e com certeza tomaria um tempo no futuro para analisar cada um deles.

Ao olhar o canto, o coração de Max deu um pulo por ver um piano de cauda.

Era lindo, de uma coisa ela não podia negar: Os Sonserinos tinham muito bom gosto. Era como se estivesse em casa ali, e sua alma reconhecia ali como um lar, fazendo todos os seus terrores dissiparem-se como uma névoa insignificante ao amanhecer. O som das águas do lago era relaxante, e as pedras pareciam contar uma história muito mais antiga do que transparecia.

Maxine sorriu genuína, e seu tremor passou.

A monitora voltou a gritar, chamando as meninas, e Maxine se despediu de Theo e Draco para segui-la junto a Daphne, Millicent, Pansy, e Emília Bulstrode. A monitora tocou numa das paredes, ao lado do piano e um portal se abriu. Era mais uma escadaria, e Max bufou divertida com aquilo, parecia que os sonserinos tinham gosto por degraus, embora aqueles fossem curtos. Pararam em frente à duas portas paralelas, com uma aldraba mágica na forma de cabeça de serpente, que se abriu para mostrar um corredor longo iluminado por luminárias de parede esverdeadas.

― A Aldraba é mágica e não deixa nenhum garoto entrar. Se estiverem acompanhadas por eles, ela também não irá se abrir. Entenderam? – A monitora disse e sem esperar por resposta, continuou a falar – Vocês terão quartos individuais que se manterão por todos os sete anos.

A monitora continuou, mas Max já havia se distraído. Um quarto individual? Só para ela? O coração dela deu um salto de animação, e Maxine só faltou dar pulinhos de excitação, mesmo que nenhumas das outras garotas parecesse minimamente emocionada com aquilo. Aos poucos, cada uma delas foi sendo deixada em um quarto apontado pela plaquinha na porta com o nome delas, e Maxine foi uma das últimas, percebendo com desgosto que era ao lado do quarto de Pansy.

― Aqui é você. – disse a monitora, olhando com desdém para o entalhe com o nome Maxine Snow e depois para ela com avaliação; Maxine se incomodou com aquilo, mas manteve-se calada, sem entender o motivo – Seja bem-vinda.

Ela abriu a porta e seguiu para mostrar as outras portas. Maxine entrou, e se encantou. Era pequeno, mas confortável, com uma grande janela que dava para o lago. Pares de tentáculos passaram pelos vidros, e Max correu para ver a lula deslizar pelo lago. No sofá embutido à janela, Nyx dormia sem dar atenção a ela, completamente confortável como se já vivesse naquele quarto por anos.

Max se virou, analisando o resto do quarto. Uma escrivaninha compacta estava em frente à cama de dossel negra coberta por colchas verde esmeralda. Uma porta ao lado da cama deixava o banheiro à mostra, do seu outro lado estava um guarda-roupa grande em estilo vitoriano, como todo o resto do quarto.

Max se jogou de braços abertos na cama, rindo animadamente para si mesma, sem conseguir acreditar ainda que aquele era seu quarto, que estava em uma escola de bruxaria e que era tudo real. Que aquilo era dela, para ela. Dando chutinhos no ar, Max deu gritinhos altos sem conseguir se conter antes de afundar a cara no travesseiro e sentir o sono a puxar pouco a pouco.

Nyx pulou na cama e se aconchegou ao lado do braço dela, e Max sorriu enquanto adormecia.

Torcia para que o resto daqueles anos seguisse a felicidade que sentia naquela noite.

Nada poderia estragar aquilo, era estava em casa e sabia que seriam os melhores anos de sua vida.

Nada de ruim aconteceria a ela ali dentro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Esperavam por isso?!
Eu adoro tanto a Maxine, espero que estejam gostando dela tanto quanto eu.
Comentem por favor, não sabem como comentários me deixam feliz e me animam para trazer um novo capítulo logo para vocês.
Façam suas apostas, o que acham que vai acontecer no primeiro ano de Max?
Beijos na bunda



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Immortals: O Livro da Magia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.