Para o desapontamento de Simon os problemas a serem resolvidos lhe tomaram o dia inteiro e ao cair da tarde uma chuva os acompanhou por todo viajem. Alegrava-se com o fato que chegariam até o horário do jantar e então poderia ver Daphne. – Sorriu ao observar a chuva que caia do lado de fora da carruagem, talvez o aperto que sentia em seu peito fosse apenas saudades.

Assim que avistou a entrada do castelo soltou da carruagem sem esperar pelo criado, subiu os degraus correndo já se desfazendo do casaco.

— Daphne? – Chamou ao entrar no quarto em que compartilhavam desde a chegada dos dois ao castelo. Estranhou quando Daph não respondeu. A procurou na biblioteca, na sala de visitas e até mesmo na cozinha. Nenhum sinal de Daphne. Não escutava nem mesmo o som de sua voz.

— Rose? – Simon esbravejou. Algo não estava certo. Rose não demorou muito para aparecer, ela parecia chateada com alguma coisa.

— Vossa Graça – Rose fez uma reverencia. – Posso ajudar?

— Onde Daphne se meteu? Eu não a encontro em lugar nenhum.

 - Vossa Graça – Rose mexia com as mãos nervosa – Não sabemos onde a duquesa foi, já a procurei em todos os cômodos deste castelo e não a encontro.

— Não é possível que ela esteja nessa chuva – Simon olhou para a janela vendo que a chuva estava mais forte e ventava muito – Peça para que a ajudem procura-la novamente, irei procura-la nos jardins.

Simon saiu apressado para fora do castelo, não se importou em pegar casaco, desceu as pressas e caminhou rumo ao jardim.

— Daphne? – Berrou por sob a chuva que caia sem parar. – Por Deus, mulher quando eu por as mãos em você! – Falou já enfurecido.

Daphne acordou sentindo uma dor de cabeça muito forte, piscou tentando clarear a visão, mas tudo que via era um borrão. Estava chovendo e muito.

— Daphne? – Escutou alguém gritando enquanto se levantava segurando com cuidado na árvore. Olhou para baixo e viu que o vestido estava encharcado e cheio de lama.

—Por Deus, Rose vai me matar por destruir esse vestido. – falou carrancuda, enquanto arrancava as luvas molhadas.

— Antes eu mesmo já terei te matado – Simon gritou enquanto caminhava em sua direção com uma expressão furiosa. Daphne o encarou com raiva lembrando-se da conversa que escutara mais cedo.

— Suma daqui! – Gritou encarando um Simon ensopado que parecia tão furioso quanto ela. Daphne sentiu seu corpo tremer e cruzou os braços com força, não estava com frio. Estava queimando de raiva por aquele homem.

— O que pensa que está fazendo? – Simon parou a poucos passos de onde Daphne estava. Sentia-se grato por ter a encontrado bem, mas aquela parecia ser uma versão estranha de sua esposa. – Vai acabar ficando doente se não sair dessa chuva, Daphne.

— Não finja que se importa comigo – Daphne falou sentindo o peito doer, Simon a encarou perplexo.

— Você bateu com a cabeça? – Simon falou dando um passo para frente quando um trovão surgiu no céu que já escurecia.

— Seu grande idiota – Daphne berrou e se jogou contra o marido lhe dando socos no peito rígido. Para sua tristeza Simon nem saiu do lugar.

— Daph – Simon recuou quando Daphne tentou lhe acertar na orelha. Apanhou as mãos gélidas e tremulas da mulher furiosa que tentava lhe atacar e a prendeu em seu peito. – O que está acontecendo? – Murmurou encarando olhos azuis de Daphne que tentava se soltar dele.

— Me solte – Daphne gemeu tentando se mover.

— Jamais. – Simon murmurou enquanto com rapidez a pegava no colo. Sem deixar de protestar caminhava para casa com Daphne nos braços. - Quando estiver seca e quente permitirei que me bata o quanto quiser.

— Vou mata-lo – Daphne bufou sentindo-se fraca.

Simon a encarou com um sorrisinho nos lábios. - Não sabia que se parecia tanto com Anthony. –  Disse quando subia as escadas para a entrada de casa.

Rose e os criados se assustaram quando Simon entrou ensopado segurando Daphne nos braços.

—Vossa Graça – Rose correu ao encontro dos dois fazendo uma reverencia apressada.

— Prepare um banho quente para ela – Simon ordenou enquanto caminhava apressado com Daphne para o quarto em que os dois dividiam desde o casamento. – Cobertas e um chá forte.

Rose e os criados saíram em disparada a fim de cumprir as ordens do duque. Simon deitou Daphne na cama, para sua surpresa ela não reclamou. Seus olhos pareciam cansados e as bochechas muito vermelhas.

— O que vou fazer com você? – Simon sussurrou descansando o rosto na testa gelada de Daphne.  

— Por que mentiu? – Daphne sussurrou fechando os olhos ao sentir o toque quente de Simon. – Por que não me conta a verdade?

— Daph... – Simon suspirou e lhe acariciou o rosto ainda molhado. – Não posso te dar isso.

— Vá embora – Daphne afastou o rosto do toque do marido. Com relutância Simon a deixou na cama enquanto Rose entrava no quarto.

—Cuide dela – Murmurou e fechou a porta.