O Amanhã escrita por Nahy


Capítulo 6
Capítulo 6




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— Bella... – sua voz baixa e rouca me chamou e me viro para olhá-la nos olhos.

Sua mão frágil e magra se estica na minha direção e eu a seguro com delicadeza, com medo de exercer força demais e acabar machucando-a.

— O que foi mãe?

— Você passou? – perguntou com preocupação e acabei sorrindo.

— Sim, chegou hoje à carta de admissão.

Ela suspira de alivio e fecha os olhos com uma expressão alegre e satisfeita, por um segundo é quase como se ela relaxasse, mas sei que ela esconde a dor que sente por trás do semblante calmo.

E isso me mata.

Tudo que eu quero é que ela chore por um momento, que ela me fale a verdade, como se sente, o que quer, e apenas... Deixe sair tudo, apenas uma vez.

Mas ela nunca o faz.

— Você precisa ir – ela me disse de repente e abriu os olhos.

— O que? – arregalei os olhos e balancei a cabeça. – Não, vou depois, quando você estiver melh...

— Bella – ela me interrompeu. Seus olhos estavam sérios, tão sérios como nunca vi antes e isso me assustou. – Eu não vou melhorar querida.

— Não... – balancei a cabeça de imediato. Meus olhos queimaram pelas lagrimas que queriam sair.

— Bella... Bebê – ela sorriu calorosamente e levou a mão que eu segurava para minha face. – Está na hora de admitir a verdade, eu não vou...

— Você vai melhorar! – praticamente gritei e me afastei do seu toque como se ele queimasse. As lagrimas agora caiam livremente pelo meu rosto. – Você precisa melhorar... Você não pode me deixar mãe...

Não.

Ela não pode partir.

Ela não pode me deixar sozinha.

— Bebê... – ela levou novamente a mão ao meu rosto e limpou minhas lagrimas com o polegar. – Eu jamais vou te deixar, sempre vou estar com você, eu prometo.

Seus olhos brilhavam pelas lagrimas acumuladas, seu sorriso gentil e cansado me matava, eu não suportava ver seu sorriso, ela sempre fazia isso, sempre tentando agradar os outros e não a si mesma.

Eu odiava isso.

Odiava ver seu semblante cansado, odiava quando ela tentava sorrir enquanto estava sofrendo, odiava que ela nunca me mostrava o que sentia.

Ela sempre pensou em mim.

Ela sempre esteve aqui para cuidar de mim, para me dizer o que é certo...

Por que ela quer me deixar agora?

Isso não é justo.

— Me prometa... – exigiu, mas sua voz saiu tão baixa como um sussurro.

— Mãe?

Ela parecia tão cansada, seus olhos mal estavam abertos e ela parecia se esforçar para falar, mais do que o normal.

— Me prometa... – ela parou para puxar o ar com força. – Que você vai seguir seu sonho... Que você vai ser feliz.

Um fino filete de sangue escorreu pelo seu nariz e arregalei os olhos em pânico. Eu estava prestes a sair correndo pela porta para chamar o medico quando ela falou novamente.

— Me prometa Bella – sussurrou e assenti com força.

— Eu prometo!

Seus lábios se curvaram para cima, as rugas que rodeiam dos seus olhos se tornas mais profundas e as covinhas nas suas bochechas se tornam evidentes. Pela primeira vez em anos seu sorriso foi sincero.

Mas eu não tive tempo de reagir.

Em um piscar de olhos seus olhos se fecharam e sua mão caiu do meu rosto.

O bip continuo das maquinas conectadas a ela pararam de soar e seu coração parou de bater.

Meu corpo está paralisado pelo medo, meus olhos estão arregalados e minhas mãos tremulas, eu sei que devo fazer algo, eu sei que tenho que fazer qualquer coisa, mas... Eu não consigo me mover ou reagir.

 - Mãe? – minha voz sai um sussurro tremulo.

Mas ela nunca me respondeu.

O que aconteceu depois foi como um borrão para mim, alguns médicos e enfermeiras chegaram correndo e me tiraram de lá.

Carlisle chegou, Alice e Emm também. Todos estavam chorando desesperadamente, mas eu por alguma estranha razão não conseguia fazer o mesmo. Os minutos se passaram e eu continuava da mesma forma.

No fim conseguiram salvar mamãe.

Mas ela nunca mais voltou a abrir os olhos.

 

Meus olhos se abriram lentamente.

Assim que avistei o quarto branco sem graça consegui identificar onde estava. Olhei para o lado e percebi a poltrona de couro bege vazia.

Suspirei e levantei meu braço esquerdo, havia uma agulha inserida na minha veia conectada a um cano longo, provavelmente algum soro ou algum medicamento.

Fechei os olhos com força ao me lembrar dos últimos acontecimentos. Eu tinha desmaiado? Onde estava Edward?

Isso não era bom.

E se ele descobrisse sobre a minha doença? Ou pior, e se ele contou a Emmett, Carlisle ou Alice?

Isso definitivamente não era bom.

Eu precisava sair daqui.

Usei o braço livre para me apoiar na cama e me sentar. Percebi que usava uma daquelas camisolas horríveis de hospital e minha ansiedade se tornou pior. Eles tinham realizado algum exame em mim?

— Droga... – murmurei e coloquei os pés para fora da cama.

— O que você pensa que está fazendo?!

Meu corpo estancou e olhei lentamente para cima, Edward estava na porta me olhando com o cenho franzido e, pelo tom da sua voz, nem um pouco contente por me pegar tentando escapar da cama.

— Tentando me levantar? – sorri amarelo e ele suspirou exasperado, fechou a porta e veio em passos rápidos na minha direção.

— Você tem que ficar deitada – disse com irritação enquanto me empurrava delicadamente para me por sentada novamente na cama. Arrumou o cobertor, que eu havia empurrado para o lado, em cima das minhas pernas e depois se sentou na poltrona do meu lado.

— O que aconteceu? – perguntei depois de um tempo.

Ele soltou o ar lentamente, inclinou o copo para frente e levou uma mão para cabeça, olhava para o chão como se não tivesse coragem de me encarar.

— Você desmaiou no parque, eu... Eu fiquei meio apavorado e te levei para o hospital, eles fizeram alguns exames... – eu fechei os olhos e mordi o lábio inferior com força.

Edward ficou em silencio e eu também, acho que nenhum de nós dois sabia o que dizer. E sinceramente tudo que eu queria fazer no momento era sair o mais rápido possível daqui e pegar o primeiro avião para algum país, a França parecia ser um bom lugar para morrer.

Mas eu não sabia o que ele iria fazer, se iria mesmo me deixar com meus problemas ou se iria contar aos outros sobre a minha doença – isso se já não tivesse contado. E eu estava torcendo para que ele fizesse a primeira opção.

Eu engoli em seco e tomei coragem para falar. Abri os olhos e o olhei, ele ainda estava na mesma posição.

— Você descobriu... Não foi?

O corpo dele congelou por um segundo, ele olhou para cima e assentiu.

— Você contou a alguém? – perguntei em um fio de voz.

— Não – suspirei de alivio, mas acho que o fiz rápido demais. – Ainda – completou e eu arregalei os olhos.

— Como assim “ainda”? – minha voz subiu alguns tons e ele me olhou seriamente. – Você não tem esse direito!

Minhas mãos se fecharam em punho e o olhava com raiva.

Ele não podia fazer isso.

Era a minha vida de que estávamos falando, é minha escolha se vou contar ou não. Ele não tinha nada haver com aquilo.

— Bella... – ele respirou fundo. – Você tem que contar a eles.

— Não.

— Eles são sua família, eles merecem saber disso.

Fechei os olhos e balancei a cabeça.

Eles não se importam mais comigo.

— Bella, me olhe... – senti suas mãos me segurarem pelos ombros, mas não abri os olhos.

Eu não queria ver aquele olhar em seus olhos, aquele olhar que sempre via olharem para minha mãe, como se ela não tivesse mais esperança de vivar e fosse uma criatura digna de pena.

Eu não queria viver assim.

— Bella – ele falou meu nome em tom suave e pressionou meus ombros. – Por favor, olhe para mim...

Não sei se foi seu tom de voz ou a maneira que ele implorou, mas eu lentamente abri os olhos e olhei para ele.

Sua expressão era difícil de decifrar, ele mantinha aquele semblante calmo e sereno e parecia um pouco triste, mas não havia qualquer traço de pena ali.

— Você precisa contar a eles – falou. – Você precisa de ajuda.

— Eu não... Posso – murmurei sentindo meus olhos queimarem pelas lágrimas que ameaçam sair. – Eles já me esqueceram.

Ele suspirou suavemente.

— Você está... Doente.

— Eu sei... – olhei brevemente para baixo. – E esse é um dos motivos que não posso contar. Eles não merecem passar por isso, não de novo. – olhei-o nos olhos. – Não quero aparecer depois de anos sem dar noticias e jogar essa bomba na vida deles. Eles estão tão... Felizes do jeito que estão agora, eu só vou... Estragar tudo.

Ele tirou as mãos do meu ombro.

— Por favor, não conte para eles – pedi quando ele não respondeu. – Eu vou embora amanhã ou hoje mesmo se for possível, mas, por favor, não conte a eles. – abracei meus ombros e baixei um pouco a cabeça. – Eu prefiro passar o resto da minha vida sendo odiada do que fazê-los sofrerem por minha culpa.

Edward levou uma mão ao rosto e se virou tara trás, ficando de costas para mim. Seus ombros estavam tensos como se carregasse um grande fardo, o meu fardo.

Eu estava impondo uma grande responsabilidade a ele, se me deixasse ir ele sabia que eu não iria me cuidar e que iria eventualmente morrer.

Ele seria meu cumplice, por assim dizer, e eu sabia que isso iria pesar na sua consciência para sempre, mas mesmo sabendo disso não podia deixar de pedir isso a ele.

Eu disse, sou uma pessoa egoísta.

— Tudo bem – ele falou depois de alguns segundos e soltou o ar pesadamente.

Suspirei de alivio e estava prestes a agradecê-lo quando ele se virou para ficar de frente para mim e levantou a mão, me parando.

— Mas eu tenho algumas condições – franzi o cenho confusa e lentamente assenti. – Primeiro: você não pode ir embora.

— O que? Mas...

— Segundo – ele me interrompeu e me lançou um olhar duro. – Você vai a uma consulta no médico comigo. – abri mais os olhos chocada e estava por dizer um grande e audível “não” quando ele continuou. – E terceiro: você vai ter que se cuidar.

— De jeito nenhum que eu vou fazer qualquer uma dessas coisas – disse assim que ele terminou e ele arqueou uma sobrancelha, como se me desafiasse a negar.

— Ou você cumpre com essas condições ou eu vou contar a sua família.

Eu o olhei irritada.

Como ele se atrevia a fazer isso comigo?

Ele sustentou o olhar e ficamos nos encarando por um algum tempo como se travássemos uma briga silenciosa, quase podia ver raio saindo dos nossos olhos.

— Eu posso prometer não fugir ou até mesmo ir visitar o médico, mas apenas isso – falei por fim e, para minha completa surpresa, ele abriu um sorriso.

— Ótimo, então estamos combinados? – ofereceu a mão para selarmos nosso “acordo” e relutantemente a aceitei.

Ele soltou minha mão e se virou para pegar algumas roupas no pequeno armário no canto da parede, peguei-as e as reconheci como as minhas.

— Uma enfermeira vem em pouco tempo para tirar o soro e te ajudar a se trocar, depois vamos embora.

— Embora? Simples assim? – perguntei desconfiada.

Eu imaginava que ele iria querer me manter aqui e fazer vários exames.

— Sim, ao que parece seu desmaio foi de causa psicológica, uma emoção forte ou algo assim... Eu não lembro muito bem da explicação toda, mas não está relacionado à sua doença. O clinico já me deu sua alta e o encaminhamento para o oncologista – ele fez uma pequena careta. – O hospital aqui está sem um especialista na área, vamos ter que ir a Seattle.

Assenti, isso era compreensível. Fork´s é uma cidade muito pequena, poucos médicos vêm para aqui.

Fork´s...

Espera!

O hospital!

Carlisle!

— O que foi? – ele perguntou ao ver minha expressão assustada.

— Onde está Carlisle? – sussurrei com urgência olhando para a porta como se ele fosse aparecer a qualquer momento por ela.

— Ei calma – Edward tocou com delicadeza na minha mão que estava em seu braço. Eu nem havia percebido que havia segurando-o enquanto estava surtando. – Ele não está aqui.

Meu suspiro de alivio foi perceptível.

— Ele está de plantão apenas a noite, não se preocupe, procurei saber com algumas enfermeiras – piscou para mim e soltei seu braço lentamente. – Muitos funcionários daqui também não te conhecem, a maioria não permanece muito tempo aqui ou não mora aqui, então não se preocupe.

Assenti mais tranquila.

— Obrigada.

— A sua disposição – ele sorriu e deu um tapinha de conforto em meu ombro antes de se virar e desaparecer pela porta.

Assim que ele saiu me joguei para trás na cama e suspirei.

Não sabia o que iria fazer agora, mas tinha que dar um jeito de Edward me deixar ir embora sem ele contar a verdade.

Eu tinha que ir embora.

Antes que ele me convencesse a ficar.

...

Edward apareceu na minha porta logo cedo pela manhã.

Eu ainda estava meio dormindo e descabelada quando abri a porta para ele parar de bater na mesma. O descarado ainda sorriu e me desejou bom dia antes de passar por mim e entrar sem pedir permissão. Eu fiquei olhando-o ainda parada na porta, com a maior expressão mortal do mundo enquanto ele se sentou em cima da minha cama e me disse para me apressar e me arrumar, pois iriamos sair.

Eu não conseguia acreditar em tamanha sem vergonha.

Ainda o peguei mexendo nas minhas coisas quando sai do banheiro, depois de me aprontar, e ele apenas sorriu sem o menos constrangimento e me disse para irmos, pois estávamos atrasados.

Atrasados para onde? Eu não fazia a menos ideia.

E quem disse que ele me contou?

Apenas me fez entrar no seu carro e dirigiu para fora da cidade enquanto sussurrava uma musica ao som que tocava na rádio.

Eu observei a paisagem verde passar rapidamente como um borrão pela janela do carro. Não sei se foi o balanço suave do carro ou a voz baixa e rouca de Edward – porque sim, a voz dele é boa o bastante para qualquer pessoa não deixar passar despercebido – mas o fato é que alguns minutos depois eu acabei cochilando.

Acordei com Edward chamando meu nome suavemente, aparentemente aviamos chegado.

Espreguicei-me e olhei para fora, ele havia saído do carro e aberto a porta do carona e me esperava pacientemente.

Bocejei e sai do carro, acho que estava sonolenta demais, pois não percebi de imediato o lugar que estávamos. Ele fechou a porta do carro e em seguida veio para o meu lado, colocou uma mão no meio das minhas costas e me encaminhou para uma porta grande de vidro.

Assim que meus olhos focaram na grande placa em cima da porta eu estanquei, parei de andar imediatamente e Edward parou junto comigo.

— Nós combinamos, lembra? – perguntou, respirei fundo e assenti. Ele me ofereceu um sorriso encorajador. – Só é uma consulta, não precisa se preocupar.

Assenti novamente e voltamos a andar.

Assim que passamos pela porta de entrada minha frequência cardíaca aumentou, minhas mãos começaram a suar e tudo que eu queria era sair correndo daquele hospital.

Apertei minhas mãos ao lado do meu corpo e não deixei o medo me dominar, eu tinha que fazer isso ou Edward iria contar a eles o que estava acontecendo.

— Bom dia, em que posso ajuda-los? – perguntou uma das recepcionistas com um sorriso simpático.

— Nós temos uma consulta marcada com a Dra. Denali no nome de Isabella Swan – Edward informou e a recepcionista digitou algo rapidamente no computador, provavelmente verificando se tínhamos mesmo hora marcada, e por mais que eu estivesse torcendo para que não, ela sorriu e nos disse que estava tudo certo.

— A sala dela fica no terceiro andar, vocês podem pegar o elevador ai – indicou com a mão. – A sala é a 306.

— Obrigado – Edward agradeceu com um sorriso e acho que ouvi a recepcionista suspirar.

Rolei os olhos e fomo em direção ao elevador.

Meus braços estavam cruzados e minha cara não era das melhores, eu mantinha uma postura obviamente defensiva e até um pouco birrenta, como uma criança que é obrigada a visitar o dentista pela mãe.

Subimos de elevador para o terceiro andar, as portas de metal se abriram para um pequeno corredor, andamos e no final dele havia um pequeno salão com cadeiras organizadas em fileiras.

Haviam cerca de 12 pessoas sentadas esperando a sua vez, algumas acompanhadas e outras sozinhas. Edward me acompanhou até uma cadeira, me colocou sentada e me disse para esperar.

Ele foi até a pequena recepção na frente das cadeiras e falou algo com outra recepcionista.

Suspirei e olhei para a pessoa sentada a duas cadeiras de distancia de mim. Ela deveria ter uns 30 anos, usava uma toca de pano para esconder a cabeça e estava bem magra, grandes olheiras arroxeadas arrodeavam seus olhos.

Estava sozinha, mas parecia tranquila, lia uma revista feminina com as pernas cruzadas e não parecia incomodada com o que ocorria ao seu redor.

Sinceramente a invejava.

Queria dispor dessa mesma tranquilidade, queria poder fingir não escutar o choro baixo da garota a minha frente, queria não me incomodar com as expressões de tristeza e desamparo que a maioria ali carregava no rosto, queria que nada disso estivesse acontecendo.

Mas estava acontecendo.

E eu não podia fazer nada.

— Leah Clearwater – chamou uma das recepcionistas e a mulher do meu lado se levantou.

Ela depositou a revista em cima da cadeira e ajeitou a bolsa no ombro, andou para frente, mas antes de sair parou em frente à mulher que chorava a minha frente e tirou um lencinho da bolsa para oferecer a ela, sorriu dando uns tapinhas de consolo nas suas costas e disse:

— Vai dar tudo certo.

A mulher que chorava imediatamente parou de chorar e encarou as costas da tal Leah enquanto a mesma se distanciava, ela parecia tão confundida e surpresa como eu.

Eu não esperava que ela fizesse isso.

— Tudo bem? – Edward apareceu do meu lado e tocou levemente meu ombro chamando minha atenção, me virei para ele e assenti. – Vamos ser chamados logo.

Assenti novamente e me acomodei na cadeira.

Os minutos se passaram e com ela minha paciência também, minha ansiedade também só fez crescer e meu pé balançava insistentemente no ar.

Essa esperava estava me matando e olha que não faziam nem 20 minutos que estávamos ali. Eu só queria terminar isso e ir embora, o mais rápido possível.

— Isabella Swan – chamaram e me levantei em um pulo.

Eu queria ir sozinha, por isso nem esperei Edward e fui andando rapidamente, mas em algumas passadas ele me alcançou e o olhei feio. Ele apenas riu e me acompanhou até a sala da médica.

Assim que entramos me deparei com uma mulher loira muito bonita sentada em frente a uma mesa, ela estava escrevendo algo em um papel com a cabeça baixa e nem percebeu quando entramos.

Edward pigarreou para chamar sua atenção e ela olhou para cima.

— Edward! – disse abrindo um sorriso.

— Ei Tânia – ele devolveu o sorriso e me puxou levemente para sentar na cadeira em frente a tal Tânia. – Como você vai?

— Eu estou ótima e você? Shofia ainda anda dando muito trabalho?

— Um pouco, ela está naquela fase de rebeldia – ele fez uma careta e ela riu.

Quem era Shofia?

— Eu imagino, adolescência não é brincadeira.

Eu olhava de um para o outro sem entender absolutamente nada.

Acho que eles perceberam minha confusão, pois pararam de rir e Tânia finalmente olhou para mim.

— E quem é ela? Sua namorada?

Eu quase engasguei com a saliva e olhei chocada para a médica, Edward, no entanto, riu.

— Não, essa é Bella, minha amiga.

— E o que traz vocês aqui hoje?

Edward supreendentemente adotou uma postura séria e respondeu por mim.

— Ela está doente.

Tânia assentiu e olhou diretamente para mim.

— O que você tem?

Mordi o lábio com força e desviei os olhos, minhas mãos torceram nervosamente e forcei meus lábios a se separarem.

— Eu... – parei e fechei os olhos com força por um segundo.

— Edward – Tânia disse de repente e olhei para cima. Ela me olhava com uma expressão serena e compreensiva. – Você pode esperar lá fora por um momento?

— Claro.

Ele tocou no meu ombro e se levantou, escutei seus passos em direção à porta e, assim que a mesma se fechou com um baque surdo, olhei nervosamente para Tânia.

— Agora podemos ter um pouco de privacidade – ela sorriu com gentileza e tentei retribuir, mas falhei miseravelmente. – Você se sente mais a vontade para falar comigo?

— Sim – soltei o ar com força e resolvi falar de uma vez. – Ca-ancêr de mama.

— Quanto tempo faz que você descobriu? – perguntou já anotando algo em um papel.

— Menos de uma semana, eu senti algo tipo um caroço e resolvi procurar um médico, fiz uns exames e então... Descobri.

— Certo... – ela levantou os olhos para mim. – Vou precisar que você faça uns exames pra mim Bella, para termos mais certeza de que tipo de câncer estamos tratando, mas você não precisa se preocupar muito, sei que deve estar assustada...- ela me ofereceu um sorriso encorajador. – Mas precisa ter fé que tudo vai dar certo, precisa acreditar nisso e em você mesma, está bem?

Assenti, meus olhos de novo estavam lacrimejando.

Era por isso que não queria vir, ela estava me fazendo acreditar e eu não queria acreditar. Não queria ter esperança, porque já tinha aceitado isso.

Eu já tinha aceitado... E mesmo assim ela estava me fazendo duvidar.

— Muitos acham que o câncer é uma doença fatal, mas acredite em mim: câncer tem tratamento. Não perca a esperança, vou fazer tudo ao meu alcance para que possamos vencer essa batalha, tudo bem?

— Não... – levantei os olhos para ela. – Não precisa fazer isso por mim.

Ela franziu o cenho.

— O que você quer dizer?

Limpei as lagrimas com o polegar e olhei seriamente para ela.

— Eu não vou me tratar.


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Notas finais do capítulo

Finalmente alguém descobriu a verdade!
Bom saber que alguém está cuidado da Bella (Edward sou sua fã! rsrsrs) Será que ele vai conseguir convencer ela a se tratar?
O que acham?
Um feliz dias dos namorados para vocês e até a próxima!