O Amanhã escrita por Nahy


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem o atraso!
Precisei viajar o fim de semana pra fazer um prova e só voltei hoje.
Mas sábado estarei postando normalmente!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800728/chapter/5

Era de manhã logo cedo quando recebi uma mensagem de Jake.

“Mande-me noticias suas ou eu vou ai pessoalmente buscar sua bunda branca e arrastar de volta pra cá.”

Eu não pude impedir o sorriso que veio aos meus lábios.

Era a primeira vez que sorria de verdade desde que cheguei aqui e só mesmo Jake para me fazer sentir mais viva depois de tudo que aconteceu ontem.

Não podia culpar Emm ou Alice e até mesmo Carlisle. Eles seguiram em frente, continuaram com suas vidas e eles não tinham culpa nenhuma por isso, era compreensível. Mas saber disso não diminuía nem um pouco o tamanho do vazio em meu peito.

Eles não são mais minha... Família.

E eu estava sozinha de novo.

Soltei um longo suspiro e encarei o celular em minhas mãos. O que eu devia dizer a Jake? “Eles não se importam mais comigo.” Ou que tal um “Ei Jake, eu tenho câncer e não sei mais o que fazer.”

Talvez eu pudesse voltar para New Yorkr, talvez eu devesse contar a verdade para Jake, mas era isso que eu queria? Passar o resto da minha vida em um hospital?

Não.

Eu não iria fazer isso.

Suspirei novamente e digitei rapidamente uma resposta para Jake.

“Está tudo bem, eu ainda não me encontrei com eles, mas vou fazer isso logo. Não se preocupe.”

Eu realmente odeio mentir para Jake, mas ele não precisa se preocupar comigo agora.

Joguei o celular de volta na bolsa e levantei da cadeira. Estava em uma pequena lanchonete perto da pousada em que estava hospedada e felizmente haviam poucas pessoas, mesmo assim muitos olhares me perseguiam e acompanhavam qualquer movimento meu.

— Bella Swan? – perguntou surpresa uma voz feminina atrás de mim e me virei para trás.

Era a Sra. Coops, minha antiga professora de literatura da escola, todos adoravam ela, era a pessoa mais compreensível e amigável de toda docência e uma das poucas pessoas que eu gostava antigamente.

— É você mesmo! – exclamou com os olhos arregalados e uma expressão feliz. – Quando voltou? Você vai ficar?

Eu me movi desconfortável e percebi que algumas pessoas na lanchonete praticamente se inclinavam em suas cadeiras para escutar minha resposta. Quase revirei os olhos com isso.

— Eu cheguei ontem mesmo e só estou de passagem.

Ela pareceu decepcionada por minha resposta.

— Oh que pena, faz tantos anos desde que você se foi. Como tem passado?

Eu sabia o que ela estava prestes a fazer, arrancar todas as informações sórdidas da minha vida desde que sai de Forks e de bônus oferecer toda a informação para os ouvidos curiosos da cidade. Mas isso não ia acontecer.

— Eu estou bem, mas infelizmente tenho que ir a um lugar agora, quem sabe não marcamos um dia para sentar e conversar? – abri meu famoso sorriso profissional e ela assentiu com um enorme sorriso.

— Eu adoraria!

— Perfeito, então nos vemos depois – peguei minha bolsa e deixei o dinheiro do café em cima da bancada.

Acenei para Sra. Coops e sai com passos apresados do estabelecimento.

Suspirei e comecei a caminhar sem um destino certo.

Estar em Forks estava me sufocando. 

Eu havia vindo para encontrar um pouco de... Paz? Não sei mais o que esperava achar aqui. Só queria conseguir o perdão das pessoas que eu mais me importava na minha vida, pessoas que eu magoei e abandonei, e sim eu sei que sou uma pessoa horrível, mas tudo que mais desejava era partir com a consciência limpa e nem mesmo isso posso fazer.

Todos... Todos eles seguiram em frente, todos criaram suas famílias e são felizes e eu... Eu sou a única presa ao passado, à única que não conseguiu seguir em frente e agora... Agora vou morrer.

Talvez isso fosse a minha punição.

O meu pecado.

O meu destino.

Morrer e ser esquecida, uma lembrança como Emm falou, uma lembrança que deve ser apagada da vida de todos eles.

Uma lágrima escorreu do meu olho e olhei para cima.

O dia estava claro, as poucas nuvens cinzentas se afastavam da cidade indicando um dia ensolarado e bonito.

Hoje seria um dos poucos dias no ano em que faria sol em Forks.

Hoje deveria ser um dia lindo...

Por que a minha vida não podia ser assim?

Eu sempre vivi sob as nuvens escuras, sobre a escuridão... A luz nunca esteve ali, o sol nunca brilhou quente e alegre sobre a minha cabeça.

Mamãe era o meu sol.

Papai era a minha luz.

Alice e Emm foram minha alegria.

Mas todos eles se foram e eu nunca mais consegui sair dessa tempestade.

— Bella?

Virei-me para trás surpresa ao escutar meu nome ser chamado. Era Edward, ele vestia roupas parecias com a do outro dia, provavelmente estava no meio de uma corrida.

Limpei rapidamente meu rosto com o dorso da mão e ensaiei um sorriso para ele.

— Oi...

Ele se aproximou lentamente e me olhou com cuidado, como se eu fosse uma bomba prestes a explodir.

— Tudo bem?

Meu sorriso vacilou, mas logo me recompus.

— Claro – ele estreitou os olhos, obviamente desconfiado, e resolvi mudar de assunto. – O que faz por aqui? Veio se exercitar?

— Sim e você?

— Só estou passeando, lembrando de algumas coisas, você sabe... – dei de ombros e olhei para as crianças que corriam pra lá e pra cá sem controle. Estávamos em um pequeno parquinho e muitas famílias passeavam por ali. – Nós brincávamos muito aqui – comentei de repente e ele olhou ao redor.

— É – disse apenas e sorri tristemente.

Ele não queria fazer isso.

Sentar comigo e relembrar o passado com certeza não estava em seus planos, ele provavelmente queria se livrar de mim o mais rápido possível e voltar ao seu caminho.

Mas eu precisava que ele ficasse, eu precisava que alguém ficasse do meu lado, não importasse quem fosse, apenas uma pessoa, nesse momento, nessa lugar que me sufoca e me faz esquecer como respirar.

Apenas hoje.

— Você se lembra daquela arvore? – perguntei apontando para a mesma e fingi empolgação. – Nós gravamos nossos nomes nela, lembra? Nossa! Faz tanto tempo... Será que ainda está lá?

Não o deixei falar nada e agarrei sua mão, puxando-o de encontro a arvore antiga.

— Eu acho que ficava aqui... – murmurei e soltei sua mão para me agachar.

Meus olhos varreram a madeira velha e encontrei bem embaixo nossos nomes gravados quase desaparecendo pelo passar do tempo.

— Olha! – pulei verdadeiramente empolgada e indiquei o local com a mão.

Ele sorriu ao encontrar e levou uma mão as marcas que fizemos.

— Isso ainda está mesmo aqui – ele comentou surpreso, mas com um sorriso discreto.

— Eu estou surpresa, faz tanto tempo... Quase 20 anos? Deve ser algo assim – comentei pensativa e ele se inclinou para ficar ereto. – Eu ainda lembro-me desse dia, você pegou o canivete do seu pai escondido.

— Ele me colocou de castigo durante uma semana quando descobriu – disse e rimos.

Eu estava feliz que uma coisa boba dessas tivesse nos reaproximado novamente.

Edward sempre foi à pessoa que mais me animou quando eu estava passando por um momento difícil. Não lembrava o porquê nos afastamos, mas sentia falta dele.

— Papai também brigou comigo quando seu pai contou a verdade. Deus... Ele ficou tão furioso naquele dia.

— Mas sua mãe nos defendeu – ele disse com um sorriso e eu assenti.

— Sim, mamãe sempre... – meu sorriso foi morrendo aos poucos e desviei o olhar. Quanto voltei a falar minha voz não passava de um murmúrio. – Mamãe sempre me defendia.

Mamãe sempre pensou em mim.

Mesmo no seu leito de morte.

Ela sempre... Sempre pensou em mim.

— Ela era uma boa pessoa – Edward falou de repente e o olhei. Sua expressão era indecifrável, mas podia ver um traço de tristeza em seus olhos. – Ela foi uma grande mulher.

— Sim, ela foi – suspirei e olhei para frente. – Você foi ao enterro dela?

Edward não me respondeu de imediato e podia sentir seus olhos atrás da minha cabeça, mas não me virei.

— Sim.

— E... – abracei meus ombros e fechei os olhos com força. – E como foi? Tinham muitas pessoas?

— Sim, quase a cidade inteira. Sua mãe... Sua mãe foi uma pessoa muito amada por todos.

— E como estava o clima? Fazia frio? Estava chovendo?

Ele ficou em silencio novamente e quando falou estava obvio a confusão no seu tom.

— Pra que você quer saber isso?

— Por favor... Só me responda – implorei e escutei seu suspiro.

— Não chovia, por mais estranho que pareça... Aquele dia foi um dos poucos dias em que o sol aparecia aqui.

Abri os olhos e me virei para ele surpresa.

— Mesmo? – perguntei com os olhos arregalados e ele assentiu.

Fazia sol em Fork´s... Pensei abrindo um sorriso.

— Graças a Deus... – sussurrei de alivio e senti meus olhos pinicarem.

Eu estava tão feliz, mas também tão aliviada.

Mamãe foi capaz de partir em paz.

Ela não me odiava.

Ela disse que me daria o sol.

Ela disse que seria o meu sol, mesmo que não estivesse mais aqui.

— Obrigada... – sussurrei e olhei para Edward. – Obrigada Edward.

— Por quê?

— Por me lembrar de algo – sorri. – Eu tinha esquecido que também fui feliz nessa cidade.

Mamãe viveu aqui, nessa cidade pequena e pacata, onde só chovia, onde raramente fazia sol, mamãe viveu aqui, comigo, com papai, com Carlisle, com todos...

Se eu não poderia ter o perdão de todos, pelo menos poderia ter essas lembranças.

Lembranças de como eu fui feliz.

— E você não é feliz? – Edward perguntou de repente e por um segundo fiquei sem reação.

— Eu... Eu não sei – respondi com honestidade e ele me olhou seriamente, como se tentasse ver algo por trás da mascara que eu escondia.

— O que você veio fazer aqui Bella?

Eu sorri sem humor diante do seu questionamento.

O que eu vim fazer aqui?

O que eu esperava?

— Acho que essa é a pergunta de 1 milhão de dólares – tentei brincar, mas ele continuava a me olhar seriamente. Soltei o ar pesadamente. – Sinceramente? Nem mesmo eu sei o que esperava ao vir aqui.

Edward franziu o cenho, obviamente confuso.

— Eu tinha a esperança de encontrar eles, Alice, Emm, até mesmo o Carlisle...  Tinha a esperança de pedir perdão e ser perdoada, quem sabe até virarmos uma família novamente? – sorri fracamente. – Mas parece que eu vim tarde demais, o tempo... O tempo passou para eles – enquanto que para mim o tempo parou.

Baixei a cabeça e olhei para meus pés, não queria que ele visse as lágrimas que caiam dos meus olhos, eu não queria que ele me visse assim... Tão fraca e quebrada.

— Eu não esperava tanto, eu imaginava que eles poderiam estar com raiva ainda, que gritassem comigo ou me mandassem embora, quantas vezes eu imaginei isso se passar na minha cabeça? Mas a realidade doeu mais do que poderia pensar, eu havia imaginado todos os tipos de reações, mas nunca pensei... Nunca pensei que seria esquecida.

Edward ficou em silencio por um tempo, levantei a cabeça para olhar para olhá-lo e finalmente ele falou.

— O que você esperava Bella? Oito anos se passaram... - suspirou e desviou os olhos para as crianças que brincavam no parque. - Eles tinham que seguir em frente, eles tinha que reconstruir a vida deles.

Ele tinha razão, eu já sabia disso.

A vida continua, as pessoas tem que seguir em frente. Não é saudável ficar preso ao passado, não é normal.

Mesmo sabendo disso eu não conseguia, principalmente quando eu errei tanto.

— Você tem razão – falei depois de um tempo em silencio. – A vida tem que seguir seu rumo...

Eu sou uma mulher egoísta, mesmo sabendo que iria bagunçar a vida deles, eu vim pra aqui.

Por quê? Estava na hora de admitir, não vim aqui atrás de perdão, eu queria partir com a consciência limpa, sabendo que não era odiada e queria que alguém soubesse que vou partir desse mundo.

Queria que alguém que eu amo chorasse por mim, que sentissem minha falta, que eu fosse lembrada.

Eu sou uma pessoa egoísta.

Mas mesmo que eu não esteja aqui, mesmo que eu morra amanhã e ninguém saiba disso... Eles vão estar bem e isso é o suficiente para mim, nada mais importa.

Fechei os olhos por um segundo.

Eu vou ficar bem.

Meu coração estava acelerado, minhas mãos tremiam, o medo tomava conta do meu corpo...

Mas eu vou ficar bem.

Eu tenho que ficar bem.

Porque se não conseguir me convencer disso, não vou conseguir seguir adiante e eu tenho que ficar bem... Para conseguir partir, sozinha.

— Bella? – Edward chamou e tocou no meu ombro para chamar minha atenção. – Você está bem?

Só então me dei conta que minha respiração estava descontrolada, com lufadas curtas e rápidas e me sentia sem folego. Por que eu estava assim?

— Eu...

Minha garganta estava apertada e não conseguia mais me manter em pé, minhas pernas estavam perdendo as forças e teria ido ao chão se Edward não tivesse me segurado.

— Bella!

Seu rosto estava carregado de preocupação. Fazia anos que eu não o via mais assim e mesmo que tudo ao meu redor estivesse lentamente escurecendo, tudo que eu conseguir pensar foi:

Ah... Pelo menos uma pessoa ainda se preocupa comigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bella desmaiando! O que acham que vai acontecer?
Eu adoro quando vcs participam!! Muita gente acham que Bella é culpada por tudo que aconteceu, mas também muitos acham que ela deve ter um motivo, mas não se preocupem próximo cap vamos ter um pouquinho do motivo pra Bella partir.
Bjuss e até sábado!