Scorp não conseguiu dormir, teve  sonhos estranhos, sonhou com a amiga, sonhou que a beijava e quando acordou não conseguia parar de pensar nos sonhos Levantou antes mesmo que o sol, foi para o banheiro e tomou um banho gelado. Precisava se livrar de todos aqueles pensamentos e sentimentos estranhos. Afinal aquela era a Rose sua melhor amiga desde os onze anos, não fazia o menor sentindo se sentir daquela maneira logo agora.  

Saiu do banho e colocou seu uniforme tentaria falar com o professor Longbotom antes do café, precisava marcar o primeiro treino de quadribol, mas acima de tudo precisava ocupar sua cabeça. Olhou no relógio de cabeceira e ele marcava seis e meia da manhã, não sabia se encontraria o professor àquela hora, mas ao menos tentaria. Assim que saiu do quarto encontrou a Rose saindo do seu quarto também. Assim que a viu seu coração acelerou. 

— Acordou cedo – ele disse tentando controlar os batimentos cardíacos. 

— Não dormi muito bem hoje. 

Ela desviou o olhar do loiro, não havia conseguido pregar o olho na noite anterior. Depois de ter dormido no colo dele com ele fazendo carinho em seus cabelos foi difícil pegar no sono. E quando finalmente dormiu sonhou com ele. Então quando acordou ofegante do sonho achou melhor levantar tomar banho e se arrumar para iniciar o dia. E quando o encontrou ali sua mente viajou novamente para seus sonhos.    

— E você Scorp o que faz acordado tão cedo? 

— Preciso conversa com o professor para marcar o primeiro treino de quadribol. 

— Também vou fazer isso – ela sorriu – aproveitar que acordei cedo pra resolver tudo já. Tenho que escolher um batedor é um atacante. 

Eles desceram em direção a saída do dormitório enquanto conversavam. 

— Meu problema é um pouco menor. Preciso apenas de um atacante. 

— Sorte a sua.  

Ele riu. 

— Não vai substituir o goleiro? 

Ele perguntou depois de um tempo. 

— Não vou prejudicar o time pelo o que ele fez comigo. Ou melhor tentou fazer. A menos que ele queira sair, do contrário ele permanece. 

— O time a cima de qualquer coisa? Até mesmo dos seus sentimentos? 

Scorpius não sabia porque se incomodava tanto por ela manter o garoto no time. A única coisa que sabia e que o incômodo nada tinha haver com o fato dele ser um bom goleiro.  

— Não posso misturar as coisas. Preciso pensar no bem da equipe e ele é um ótimo goleiro, e se eu quero ter chance de ganhar a taça precisarei dele. Mas pode ter certeza não será tão fácil pra ele. 

— Espero que não mesmo. 

Eles andaram um tempo em silêncio, até que chegaram no corredor que daria acesso à sala do professor Longbotom. 

— Eu preciso ir por aqui – Scorp indicou o corredor – nos vemos depois. 

— Até. 

Rose se encaminhou em direção a sala do professor Slughof que ficava próximo das masmorras. Estava perdida em seus pensamentos, tentava achar uma forma de esquecer os sentimentos que tinha pelo amigo, mas sempre que tentava parecia que se aproximava mais ainda dele. Havia ficado muito comovida por ele ter a defendido e apesar de saber que ele só tinha feito aquilo por ser seu amigo se sentia especial.  

Estava chegando na sala do professor quando encontrou Arthur Brand, ele estava com o olho inchado, caminhava com as mãos no bolso olhando para o chão. Por um segundo a ruiva pensou em se esconder e prorrogar um pouco mais aquele encontro, mas ela não tinha o porque se esconder não havia feito nada errado para se envergonhar. Então continuo a andar confiante. Quando ele passou por ela, ele levantou o olhar e viu que era ela. 

— Rose – ele chamou parando e se virando pra ela— por favor Rose – ele pediu quando ela continuou andando — Rose.  

Ela finalmente parou e se virou pra ele. Não era possível decifrar o que se passava na cabeça dela quando ela o encarou com indiferença. 

— O que você precisa Brand? 

— Eu queria entender o que está acontecendo. Por que o Malfoy me bateu ontem e por que você está me tratando assim. 

— Simples Brand você pode achar que eu sou uma dessas idiotas que você pega leva pra cama e depois dá um fora. Mas não sou. 

— Do que você está falando? – ele perguntou assustado. 

— Eu escutei sua conversa com seus amigos, escutei você dizendo a eles que me levaria a cama até o fim dessa semana. 

O garoto ficou pálido. 

— Sorte a sua que o Scorp agiu antes de mim, porque minha vingança seria muito pior do que meia dúzia de socos. 

Ela virou as costas e começou a andar e então parou e se virou novamente pra ele. 

— Só pra você saber, por enquanto não irei te tirar do time, mas isso não quer dizer que não cogite essa ideia. 

E então ela se virou e saiu. Deixando ele ali parado assustado por ter sido pego, seu amigo Pedro Nott batedor da Sonserina tinha o  alertado para não brincar com uma Weasley, segundo ele, além de serem vingativas as Weasleys também tinha uma família que sempre se metia em suas brigas. Então ele deveria esperar por mais, afinal até o momento a única pessoa que havia se vingado era o Malfoy e ele não era da família. Ele bufou irritado por que o infeliz do Nott não havia o avisado antes dele pensar em ficar com a ruiva. 

Enquanto ele ficou ali parado pensando em tudo o que os Weasleys poderiam fazer com ele, Rose foi até a sala do professor deu duas batidas na porta e escutou o professor mandando ela entrar. 

— Licença professor Slughof. 

— Caiu cedo da cama senhorita Weasley.  

— Um pouco – ela sorriu sem jeito – gostaria de marcar os testes para batedor e atacante ainda essa semana professor. 

— Claro minha jovem. Irei verificar com a diretora se algum time já marcou algo e te aviso até o fim da tarde. 

— Muito obrigada professor. 

Ele assentiu e então ela se retirou da sala. Resolveu ir até as masmorras para encontrar a prima e a amiga. Quando chegou lá subiu até o dormitório, Ly não estava em sua cama, provavelmente tomava banho, Lilyan ainda dormia. Se sentou na cama da amiga e esperou por um momento, logo a loira saiu do banheiro pronta, assim que viu a ruiva ela sorriu. 

— Veio matar a saudade do seu dormitório. 

A ruiva riu antes de responder. 

— E bom ter um dormitório só pra mim, mas as vezes sinto saudades de vocês duas. 

— Quando isso acontecer nos convide para dormir no seu dormitório – ela riu – melhor acordar a Lilyan antes que as outras levante e ela fique pra trás. Já que você está aqui poderia acorda-lá ontem quase perdi a cabeça quando a acordei. 

Rose foi até a prima e a balançou. 

— Acorda Lilyan. 

Lilyan a empurrou. 

— Me deixa em paz Rose. 

— Anda Lilyan, está na hora de acordar. 

— Você não devia estar aqui. Vá para o seu dormitório e me deixe dormir em paz. 

— Lilyan larga de ser manhosa. Levante precisamos tomar café. 

— Não estou com fome, estou com sono então me deixe dormir. 

— Se você insiste – Rose deu de ombros – mas não venha se queixar quando você chegar atrasada na aula e levar detenção. 

Lilyan disse algo indecifrável e abriu os olhos com a cara fechada. 

— Pelo amor de Merlim, você não tem seu próprio dormitório agora? Por que veio me perturba logo cedo? 

— Não achei justo que a Lyra tenha que aturar seu mau humor matinal todos os dias. Então antes que ela desista de ao menos tentar te acordar achei justo vir ajuda-la. 

— Não acho que seja por isso que tenha vindo – Lilyan se levantou irritada - não conseguiu dormir pensando no Scorpius né. Por isto acordou cedo e resolveu vir aqui, tá tentando fugir dele um pouco. 

— Isso também. - Rose riu – mas não deu totalmente certo, já que o encontrei quando saia do seu quarto. Acho que ele perdeu o sono também. 

— Será que ele ficou pensando em ontem? - Lyra perguntou sorrindo. 

— Qual parte de ontem? A hora que ele bateu no Brand? - Rose perguntou confusa. 

— Obvio que não né.  

— Então o que Lyra?. 

— A parte em que você dormiu no colo dele e ele ficou fazendo carinho em você. 

— Nós percebemos o jeito que ele te olhava – Lilyan completou. 

— Sério vocês duas estão viajando, o Scorp só me vê como amiga e sempre será assim. E Lilyan vai logo tomar banho para descermos comer, estou com fome. 

Lilyan olhou pra prima e então achou melhor não contrariar indo para o banheiro. Lyra olhou a amiga e pensou por um tempo se devia dizer algo, então depois de um tempo ela disse. 

— Pode ser que ele te veja como amiga, mas não acho que será sempre assim. Eu conheço bem meu irmão e vi no rosto dele quando ele te puxou para o peito dele que ele sentiu algo, ele pode ainda não saber o que sentiu, mas sei que sentiu. 

— Ly por favor não fale essas coisas pra mim, você sabe o que eu sinto por ele e de forma alguma quero criar falsas esperanças. 

— Eu sei Rose. Não to dizendo isso pra você ter esperança, só disse mesmo por realmente ter percebido a forma que ele ficou quando você deitou no peito dele e depois quando você deitou no colo dele e dormiu ele parecia diferente. 

— Como disse prefiro não criar falsas esperanças. As vezes seu irmão só está deslumbrado com a minha mudança como muitos aqui da escola. Não deve ser nada demais. 

— Eu sei Rose. 

— Sério vamos deixar esse assunto pra lá - Rose cortou a amiga - está muito cedo pra falarmos disso.