Quatro Estações escrita por Lilac


Capítulo 6
Capítulo 6 - Florescer




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Um mês viraram dois. Que viraram três. 

E já era meio de abril quando voltaram a se falar, ao menos como amigos. As conversas e olhares sempre pareciam carregados demais, ambos parecendo assustados e receosos demais para transformar a relação de coleguismo em outra coisa. E depois, receosos demais em voltarem a ser amigos porque o passo natural parecia ser sempre o namoro. Voltar para relação amorosa era tentador. Mas da parte dele parecia restar a vergonha e da parte de Roseanne ainda restava a dor. Não importava que Jennie e Jisoo dissessem que havia sido culpa do pai dele. Também pouco importava que Lisa e Jaehyun tentassem animá-la, apresentar outros homens ou simplesmente mandá-la para viagens ao interior com eles e mais alguns amigos. Nada surtia o efeito desejado.

Ela parecia sempre um pouco mais triste e apática do que deveria mesmo fora da faculdade onde não poderia vê-lo. Depois de um mês de namoro onde haviam aproveitado cada segundo e com cada memória voltando para assombrá-la, ela não tinha certeza de como poderia seguir em frente. Lee Jong Suk era como seu fantasma particular para mantê-la pensando em coisas que não eram, em verdade, nada agradáveis de se manter pensando. Ou assim ela julgava que era.

Naquele dia, começou sua quarta aula no laboratório onde vinha desenvolvendo o projeto com Jong Suk, Jennie e Yuta. O cabelo preso e expressão impassível como vinha sendo pela maior parte do dia. Apenas os amigos que ela havia feito recebiam sua simpatia que antes era fervorosamente dada a todos que se dignavam a serem legais e educados com ela. Roseanne estava indo para casa depois de se despedir de Jong Suk no laboratório, sua cabeça parecia e estava mesmo um tanto fora do ar, matutando sobre as provas finais daquele período e sobre a viagem que pretendia fazer em suas férias de verão para estar com sua irmã na Austrália quando o pai dele a chamou. Seus olhos queimaram em fúria até ele dizer algo que a fez se sobressaltar. ― Então você terminou com meu filho aquela noite? Por causa das coisas que eu te disse? 

― Eu nunca tinha sido tão maltratada na vida. Achei que minha dignidade valesse mais do que o seu ego ou que o senhor pensava de mim. Com licença. ― fez uma mesura e estava prestes a sair quando a voz dele se tornou mais alta e grave. 

― Ninguém nunca falou comigo. Não dentro da minha própria casa. E meu filho nunca me enfrentou. Ele sempre se encolheu. Até você terminar com ele. ― o velho riu um pouco, acabando por tossir. ― Ele me enfrentou como um homem. E então eu fiquei curioso... por que vocês não voltaram mesmo depois de ele te contar essas coisas? Você não acha que a coragem dele foi o suficiente, senhorita Park? 

Ela virou-se devagar e piscou, quase atordoada demais. ― Ele não me contou... nós voltamos a nos falar há pouco tempo. ― sua voz parecia quase chateada, foi então que Jong Suk se aproximou e olhou para ambos com uma curiosidade visível. 

― Eu não pretendia contar, esperava que você ficasse melhor sem mim. Mas aparentemente meu pai sempre vai ficar se metendo no que não deve se meter, não é? 

O homem deu um tapinha nas costas do filho e apertou seu ombro. ― Não seja bobo, meu filho. É para isso que os pais servem, não é?

― Bom, senhor. Eu também tenho um pai. Que não ficou nada feliz em ver sua filha caçula chorando porque um velho arrogante se achou no direito de tratá-la como menos do que lixo. Agora, se me dão licença. ― ela saiu dali antes que pudesse se arrepender de falar qualquer coisa. Mas o mundo parecia não conspirar muito ao seu favor. Jong Suk a acompanhou em silêncio até estarem na entrada do campus e a segurou com gentileza pelo ombro para fazê-la olhar para ele. — O que houve agora? 

— Me desculpe. Eu devia ter contado. Mas não queria que voltasse por achar que eu já tinha resolvido o problema. Queria que se sentisse pronta para me procurar, Rosé. Queria que você quisesse voltar. Mas todo esse tempo, me evitando, me tratando como um simples conhecido, como seu sênior… — os olhos da menina escureceram um pouco. — Eu não devia ter vindo atrás de você, não é? 

— Eu estava pronta há um mês e meio atrás… mas você nunca me disse que havia resolvido a situação — ele riu, colocando as mãos na cintura enquanto a olhava. — Por que eu deveria tentar de novo com você? Foi ótimo, mas… aquilo… o natal… só machucou a nós dois.  Então por que tentar de novo? Ele vai mudar agora? O que de diferente vai acontecer?! 

Jong Suk a segurou pela cintura e a beijou. Um beijo intenso e necessitado. Como se estivesse bebendo água depois de um longo dia exposto ao sol sem um único gole. Rosé queria fingir que não se sentia da mesma maneira, que não precisava tanto quanto ele, mas ela precisava. Ela queria. Então, o envolveu com os braços e o puxou para si, sem se importar com os olhares, murmúrios ou incômodos. Aquilo não respondia o que ela havia perguntado. Não tornava as coisas mais fáceis de aceitar ou compreender. Mas era fato que ambos desejavam e havia sentido falta dos beijos um do outro. 

Quando se afastaram as respirações arfantes, Roseanne insistiu na pergunta. — Um motivo. Só um motivo para tentarmos de novo.

— Eu te amo. E tentei esquecer, pelo seu bem, e pelo meu, para que cada um de nós pudesse seguir seu caminho. Mas eu preciso de você. Eu amo você. Então, por favor, vamos aproveitar a primavera e descongelar nossos sentimentos, sim? Eu estou disposto a tudo por nós e pelo agora… — ele a abraçou pela cintura com cuidado, curvando-se para aproximar os lábios de sua orelha. — Só vamos deixar nossos sentimentos florescerem. Talvez eles se tornem ervas daninhas, mas podemos nos preocupar com isso quando acontecer, não? 

Chaeyoung ergueu o rosto para olhá-lo e a esperança no olhar dele a fez perceber que era sim um motivo válido para tentarem uma segunda vez. Ela sorriu. Um sorriso largo e completamente sincero. 

— Podemos tentar mais uma vez. 

E, assim, ela o beijou uma segunda vez. Se eles focassem no que importavam, então as coisas funcionassem em algum momento. Enquanto conseguissem não se machucar de modo permanente e para além do necessário, alguns sacrifícios poderiam ser feitos.


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