Escolhas, lembranças e heróis. escrita por Madame K1945


Capítulo 6
Cap 5. Natal.


Notas iniciais do capítulo

pov. Neville e Harry.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800606/chapter/6

Os primeiros meses foram um inferno.

Um inferno mesmo.

As aulas insuportáveis da Umbridge, as preparações para os NOM´S, as notícias cada vez mais frequentes de ataques e trouxas desaparecidos e a pressão em saber que, em algum momento eu teria que batalhar contra Voldemort.

Olhei para fora da janela da mansão Black. As folhas já haviam caído a muito tempo e o branco que coloria as calçadas indicava que o inverno havia chagado e com ele o natal. Eu gostava do natal, embora meu feriado favorito fosse a páscoa. Eu me lembrava da ceia pequena que fazíamos eu vovó e meu tio, depois trocávamos presentes em um jogo de adivinha que era sempre meio constrangedor, porque só haviam três pessoas, eu levava meu presente para o quarto e ficava lá para que os adultos conversassem livremente. Era uma festa previsível, silenciosa e familiar para mim, nunca haviam grandes surpresas, o motivo de eu gostar tanto. O único defeito era o frio, Merlin como eu odeio frio. Deixa minhas mãos secas, minha boca rachada e meus pés doendo, péssimo.

Será que eu teria que enfrentar o frio na busca às horcruxes? Dumbledore falara que era uma caçada por muitas vezes imprevisível até para ele, o que me deixara receoso. Se existe uma coisa que eu odeio mais do que plantas não aguadas é o imprevisível. De novo eu me questionava sobre a decisão do chapéu de me colocar na Grinfinória, não havia nada de valente ou destemido em mim.

— Neville, quer parar de encarar a neve e vir me ajudar a colocar as decorações na casa?

Não haveria nada de previsível no natal desse ano.

De novo eu passaria o recesso escolar com os Weasley e o resto da ordem. A casa já estava em polvorosa, todos falando alto, uns por cima dos outros e eu acho que até ouvi um latido de cachorro em uma ocasião.

Segui Gina até a sala, que já havia passado por uma grande rearrumação e se aproximava tanto quanto uma sala da mansão Black poderia se aproximar de uma sala normal. A grande arvore estava em um canto e haviam caixas e mais caixas de bolinhas de porcelana e velas encantadas para decorarmos. Ron e Hermione já estavam remexendo nos enfeites e discutiam sobre a ordem de colocar as coisas.

— Ron, todo mundo sabe que a ordem certa é velas entre bolinhas e as correntes no meio!

— Hermione! Isso. Não. Tem. Nada. A. Ver!

— Claro que tem Ronald, não seja estúpido!

— Meu Merlin amado, parem de discutir, parecem duas velhas! Nem sei como o Harry aguentava essas picuinhas de vocês. – Gritou Gina, com a cara já vermelha.

A sala ficou momentaneamente silenciosa, até que Ron falou:

— Eu me perguntava isso também.

E voltou a remexer nas caixas.

As coisas estavam assim agora. Toda vez que alguém citava Harry, não haviam mais acessos de choro ou até mesmo de raiva. A memória dele estava lentamente se transformando de algo triste para algo saudoso, agridoce, nostálgico. As pessoas ficavam mais caladas, mas não era mais doloroso. Ele ficaria feliz.

.....

Londres era absolutamente linda no inverno.

Era algo sobre a neve que acumulava nas calçadas, as arvores sem as folhas ou as pessoas entocadas em bares e cafés, tentando se abrigar do frio. Ou talvez fosse apenas o coro de “Eleanor Rigby” que tocava no walkman. De qualquer forma, era de tirar o fôlego.

Justamente quando o frio começou a apertar mais e a minha falta de gorro começou a ser incômoda, cheguei nas portas do Madre Anastazia e fui logo abraçado pelo calor do aquecedor que colocaram no hall de entrada.

Enquanto colocava as poucas compras que eu fizera ( duas barras de chocolate, um disco barato de cânticos religiosos para senhora McFitzebert e um do Queen para mim ) em uma caixa debaixo da minha cama e ouvia a barulheira das crianças no andar de baixo, refleti os acontecimentos que se seguiram à minha recuperação de memória no hospital. Eles haviam conseguido contatar uma família no subúrbio que possuíam registros semelhantes aos meus, uns tais de Dusley ou algo parecido, mas eles afirmaram que o Harry Potter deles havia morrido e que era para não ligarem mais. Então o serviço social me colocou aqui, no orfanato Madre Anastazia II, centro de Londres, lar para as crianças cristãs sem teto e um lugar bem agradável. A diretora era a senhora McFitzebert, uma viúva meio encurvada que tinha o sonho de virar freira, mas acabou cuidando de orfanatos. Ela era bem rígida, mas eu era agradecido por ela ter isso atrás de tutores para me ajudar a estudar para a prova de admissão da escola, pois aparentemente a amnésia levara todo o conhecimento escolar de fundamental maior que eu tinha, por isso eu decidira comprar o disco para ela.

Eu não tinha grandes problemas na escola e era, em geral, um bom aluno. Não era muito meu tipo ser social então eu não tinha realmente amigos próximos, apenas colegas com quem eu tinha assuntos em comum para conversar. Eu sentia que seria uma espécie de traição fazer novas amizades que não fossem as duas crianças da minha memória, mesmo que eu não faça ideia quem elas sejam. No fim, eu sentia que eu tinha tirado a sorte, mesmo com a perda de memória, afinal eu tinha um teto, quatro paredes e três refeições por dia certo? O que mais eu poderia querer?

— Haaaarryyyy, já chegouuuu???

Bom, talvez eu pudesse adicionar um pouco de paz na lista para o papai Noel daquele ano.

Sally Garriman era a sobrinha da senhora McFitzebert e estava sempre perambulando pelo orfanato e enchendo meu saco desde que eu cheguei. Era baixinha, tinha uns olhos enormes cabelo cor de milho, estudava na mesma escola que eu e até onde eu sabia tinha uma quedinha por mim. Não que eu achasse esse fato de forma alguma vantajoso, porque ela era insuportável.

— Aqui está você!! Já comprou os presentes de natal? Comprou um para mim? Devia estar muito frio lá fora, quer um chocolate quente? Um pedaço de torta? Um abraço?- ela disse, com os olhos arregalados e rápida como um foguete, quase se atropelando com as palavras.

— Não, não, não, não se preocupe Garriman, está tudo bem comigo, obrigada pela preocupação. Eu vou ficar um pouco aqui no quarto certo? – eu ia dizendo enquanto a empurrava levemente para a porta que ela abrira como um furacão – E eu sei que absolutamente qualquer coisa que eu precisar, eu posso te procurar, eu lembro de todas as quarenta e sete vezes que você me falou isso, não se preocupe, até amanhã TCHAU!- e fechei a porta.

Escutei o barulho dela descendo a escada e finalmente pude respirar aliviado.

Sentei na cama e comecei a tirar os tênis, colocando debaixo da cama junto da caixa. Pela pequena janela eu podia ver a fumaça dos carros na rua, ainda mais aparente por conta do frio e enquanto os outros meninos com quem eu dividia quarto entravam fazendo barulho cheguei a uma agradável conclusão:

Eu estava feliz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam desse capzinho de natal! Estou pensando em dar uma adiantada nas coisas a partir daí, para chegarmos logo no sétimo ano, mas não se preocupem que todos os pontos importantes serão mostrados! Obrigada por lerem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escolhas, lembranças e heróis." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.