Sarada continuou adormecida e para não acordarem a morena, o casal se manteve em silêncio apreciando o canto dos pássaros e o farfalhar das folhas ressoarem. Em determinado momento Sasuke percebeu os olhares de relance de Sakura para si. O moreno suspirou e disse:

—-Quer segurar ela? Minhas costas doem um pouco.

Ao escutar aquilo Sakura arregalou os olhos e os seus lábios se abriram em um sorriso.

—-Sim, sim. Pode passar ela pra mim.--Sakura estendeu os braços como se ela mesma pedisse pelo colo.

Sasuke então desgrudou Sarada de seu corpo e as mãos de Sakura ampararam a morena com rapidez. A menina soltou alguns resmungos e a rosada acariciou as costas da filha.

—-Pronto, pronto, meu amor…--Sakura murmurou e balançou o corpo para os lados. 

Sasuke sorriu levemente ao ver como Sakura ninava Sarada como se a morena fosse um bebê. De qualquer forma, o moreno não teve coragem de censurar a rosada. As horas se passaram e a Uchiha continuou a carregar a menina com um sorrisinho no rosto. A mulher adorava sentir a prole tão pertinho e aninhada em si. Porém Sarada acordou. A morena abriu os olhos preguiçosamente e franziu o cenho quando notou que não estava mais no colo do pai.

—-Bom dia, flor do dia!--Sakura exclamou.--Quer descer?

Sarada considerou a pergunta, mas o colo estava tão aconchegante… A morena então negou com a cabeça e Sakura entendeu o recado. Sasuke observou a cena e desejou poder registrar aquele momento eternamente, como uma fotografia.

A família Uchiha ainda levou alguns dias para finalmente enxergar os portões de Konoha. Quando viu os portões de madeira, Sakura sentiu os olhos marejarem e teve a impressão de que desaprendeu a respirar. Nunca antes aquela muralha esteve tão bonita sob seu olhar. Os joelhos da mulher fraquejaram e a médica teve que se concentrar em seus passos ou correria o risco de cair. Sasuke e Sarada perceberam a comoção da mulher, mas se mantiveram quietos e se limitaram a acompanhar seu ritmo em um companheirismo silencioso.

Ao se aproximarem o suficiente, os portões se abriram e a boa filha retornava à casa. Entretanto, uma voz interrompeu a solenidade do momento.

—-Uchiha.--Os três viraram a cabeça ao escutar o sobrenome, mas Sasuke deu um passo na direção do ninja. Sempre que seu nome era dito com um toque de ressentimento, o moreno sabia que era com ele.--Hokage-sama espera ter um relatório da missão amanhã às 5h.

Sem esboçar qualquer reação, Sasuke virou o rosto e voltou seus olhos para a família. Sarada conversava com Sakura e apontava para alguns comércios do outro lado da rua.

—-Nossa!--Sakura exclamou com os olhos arregalados.--Demoliram tudo mesmo…

—-Vamos?--Sasuke sugeriu.

Além de estar exausto, Sasuke teve o azar de chegar em Konoha em um sábado por volta das 11h. O horário e dia em que a vila parecia se tornar um formigueiro, com as pessoas saindo para passear, para fazer feira, ir ao mercado ou sei lá mais o que. Toda aquela intensidade era demais para a paciência do moreno. Quando o Uchiha virou a cabeça para pedir que apertassem o passo, o homem viu a reação da esposa.

Ao contrário de Sasuke, Sakura estava sorridente e encarava tudo com encantamento. A rosada observava tudo o que mudou nas ruas e acenava para quem a reconhecia. O moreno suspirou e tentou conter sua impaciência. Porém em determinado momento do trajeto os ombros dele tencionaram. O Uchiha reconheceu algumas das crianças que cruzaram seu caminho, inclusive o filho insuportável do Naruto. Todos saindo da Academia Ninja.

Sasuke virou-se de supetão e quase trombou em Sakura. Entretanto, os olhos do moreno se voltaram para Sarada. 

—-Eu conheço um atalho por aqui!--Sasuke disparou, mas era tarde demais.

Os olhos brilhantes de Sarada deu espaço para um cenho franzido.

—-As… aulas já começaram?--A voz de Sarada soou baixa.

Sasuke mordeu a língua, ouvindo toda aquela balbúrdia infantil enquanto via os olhos caídos de Sarada. Sakura pigarreou e quando olhou para a rosada, ela o encarava com uma sobrancelha arqueada. O moreno fechou os olhos por alguns segundos antes de dizer:

—-O Iruka é o diretor; amanhã converso com ele para vermos a matrícula. 

Apesar de jamais se imaginar falando aquilo, Sasuke se surpreendeu quando notou que a frase fluiu com facilidade. Além disso, o moreno percebeu que tomou a decisão correta quando viu os olhos de Sarada se arregalarem e marejarem, No fim o jeito era aceitar que a família Uchiha continuaria na história do mundo shinobi. Pelo o que aprendeu sobre a própria filha nos últimos dias, a morena moveria céus e terra para ter o que desejava. Assim como ele. E por conhecer a si próprio, o ninja sabia que tentar refrear aquela determinação só resultaria em dor de cabeça.

O sorriso de Sarada murchou um pouco:

—-O ruim é que eu já perdi algumas aulas né…

—-Não se preocupe, você é uma Uchiha e logo será a melhor aluna da turma.--Sasuke deu de ombros e Sarada voltou a sorrir.

Ao continuarem a caminhada, não tardou muito para a família se afastar do centro comercial e começar a cruzar as ruas mais pacatas. Os três adentraram no Complexo Uchiha e ali, Sakura sentiu que o tempo não passara. Até mesmo a grama parecia ser a mesma, receptiva e macia. A rosada parou diante da casa em que moravam. Com os olhos arregalados a médica admirou o imóvel, sua mente sendo invadida por lembranças. Lembrou-se da reforma que repaginou a casa, da noite de núpcias e da volta da maternidade.

Sakura apenas saiu dos próprios pensamentos quando sentiu a mão de Sarada apertar a sua. A rosada balançou a cabeça e viu que Sasuke estava diante da porta, a abrindo.

—-Okaeri, mãe.--Sarada sorriu e Sakura deixou as lágrimas correrem livres pelo seu rosto.Espero muito que vocês tenham curtido o capítulo! ♥