Blooming Flowers escrita por Onni


Capítulo 1
Arbitrary


Notas iniciais do capítulo

| ´・ω •`)ノ Olá Olá ~

Não é ainda atualização de Alfa de Aluguel (sorry), mas é uma bakudeku omegaverse também que venho trabalhando tem meses o( ❛ᴗ❛ )o ainda não está terminada, mas tenho caps prontos e vou postá-los gradualmente.

Digo de antemão que este universo é diferente e independente dos outros abos que fiz, ainda permanece tendo os estágios (não sabe o que é? Corre pra ler Alfa de Aluguel que lá tem explicação), mas ele tem uma pegada mais crítica.

Espero que gostem tanto quanto gostaram da minha outra história (´・ᴗ・ ` ) tenho um carinho especial por essa também, parecia até um crime deixá-la parada (´꒳`)♡

Outra coisa, prestem bastante atenção aos títulos, notei que vcs são muito espertos e vão sacar rápido ( ・ิ ͜ʖ ・ิ)

Boa leitura!



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Arbitrário

 

Bakugou encarou o entalhamento de madeira da porta da sala da diretora. Seu filho estava logo atrás daquela porta, e por acaso ele não havia sido chamado em vão. Nem sequer havia trocado de roupa, usava somente uma camiseta por cima do top do seu traje de herói para mostrar que não estava em serviço no momento, as manoplas foram deixadas para trás no escritório da agência juntamente com a máscara.

 

Tomando fôlego, ele entrou já sabendo que ambos estavam à sua espera.

 

A diretora foi a primeira a reconhecer sua chegada, mas os olhos de Bakugou estavam mesmo pousados na figura idêntica a ele encolhida na cadeira.

 

— Senhor Bakugou, por favor — disse a diretora apontando para o assento ao lado do seu filho.

 

Katsuki fechou a porta e se sentou, Katsumi se recusou a encará-lo.

 

— O que aconteceu?

 

— O que aconteceu foi que Katsumi…

 

Ele ergueu a mão em sinal de silêncio para a mulher que imediatamente se calou.

 

— Katsumi — exigiu. A pergunta tinha sido para seu filho desde que ele nunca tirou os olhos do menino, mas a bruxa de diretora respondeu mesmo assim. Bakugou queria saber de seu filho, ouvir as más notícias vindo da boca dele e admitir o que quer que fosse.

 

Um leve cheiro de medo subiu no ar emanando de seu filho por saber as consequências de negar reconhecer seu pai com aquele típico olhar de repreensão, era bom mesmo assustado o menino temê-lo.

 

— Eu não vou repetir. — Nenhum movimento. — Nós podemos ficar aqui o dia todo e atrasar o meu trabalho e o da diretora por causa dessa sua birra infantil em não querer me contar o que diabos aconteceu. Eu vou ser obrigado a assumir que você é o errado da história e ficará de castigo. — O menino tremia de leve. — Estou lhe dando uma chance por eu querer ouvir o que aconteceu de você.

 

Bakugou inspirou fundo e a lufada de suas narinas fez o menino ligeiramente virar o queixo, ainda sem encará-lo. Ele estava quase cedendo.

 

— Katsumi.

 

Silêncio. Uma fungada e uma lágrima solitária.

 

— Eles que começaram com isso…

 

— Em alto e bom tom.

 

Finalmente o menino se virou para ele com os grandes olhos âmbar molhados e vermelhos, os lábios virados para baixo tentando segurar o choro. Bakugou queria acabar com a raça dos responsáveis que deixaram seu menino triste.

 

— Foi no intervalo… eles esperaram eu ficar sozinho. Começaram a me chamar por apelidos… e…

 

A mão de Katsuki pareou o menino, seu saber se deveria consolá-lo ou incentivar a continuar, foi quando Katsumi levou as mãos para cobrir os olhos e chorou. Katsuki alcançou seu filho com a mão e fez carinhos leves em seu ombro e costas, espalhando seu aroma materno e menos grosso como antes.

 

— Eu não consegui fazer aquilo que você me disse para fazer se isso acontecesse… e-eu bati as mãos na mesa e ela e-ex… plodiu.

 

Isso explicava o cheiro de queimado desde quando entrou e as tiras de preto carbonizado nas roupas e rosto de seu filho.

 

— Explodiu? — incentivou Katsuki passando a mão para cima e para baixo nas costas de Katsumi. Ele acenou antes de responder:

 

— Sim. Explodiu.

 

Puta merda. Seu filho acabou de despertar seu próprio dom e Bakugou não conseguia discernir que sentimento ficar em relação a isso. Ele estava feliz que seu filho acabou puxando parte de seu dom, sim, mas essa felicidade podia esperar e ele empurrou-a para mais tarde. Ele ainda tinha que entender o final dessa história toda e pensar bastante antes de decidir o que sentir e quem explodir primeiro.

 

— E-eles disseram que eu não tinha um outro pai p-porque nenhum alfa iria querer criar uma decepção como eu. E me chamaram d-de… mimado, e, e, chorão, q-que eu nunca seria um herói igual meu pai…

 

— É o suficiente.

 

Katsumi tremeu diante de sua voz irritadiça, porém também entendeu que sua raiva não era direcionada a ele.

 

Por fim, ele cerrou os olhos para a diretora. Ela pigarreou se recompondo do cheiro amargo que permeava o ar da fúria evidente dele por ela estar culpando seu precioso menino por se defender de pequenos agressores.

 

— Bem, em suma foi isso. Katsumi despertou seu dom e graças a isso destruiu uma mesa e cadeira da pré-escola, quase ferindo seus colegas também.

 

— Enquanto se defendia desses pequenos merdinhas.

 

A mulher arregalou os olhos diante do linguajar. Bakugou cansou desse ar superficialmente falso.

 

Porra. Katsumi foi alvo de bullying por garotos da mesma sala que ele enquanto nenhum adulto estava presente e você está preocupada com os prejuízos que eu terei que pagar? Como você é mesquinha.

 

— Senhor Bakugou, por favor…

 

— Não, escute você! Estou pagando essa porcaria de escola achando que meu filho estará seguro e tendo um bom ensino enquanto eu trabalho, mas o que estou ganhando em troca é ele sendo prejudicado e menosprezado não só pelos seus colegas, mas também pela gestão de merda.

 

A diretora tentou controlar o aroma ácido de ômega irritado com seu cheiro neutro beta, porém rapidamente foi afogado pelos feromônios de Bakugou. Não permitindo ser ameaçada dentro do próprio território, a diretora se levantou e Bakugou se levantou junto mostrando as presas anormalmente longas em defesa.

 

— Senhor Bakugou, eu te peço para terminarmos essa conversa de uma maneira mais civilizada e que não tenha que recorrer a esse ponto.

 

— Novidade? Já recorreu.

 

Querendo dar o assunto por encerrado, Katsuki ignorou qualquer merda que a diretora estivesse derramando e pegou Katsumi no colo afundando-o no seu peitoral querendo escondê-lo do mundo cruel que fora imposto enquanto o inundava seu perfume com ondas de proteção aguda. Ele estava pronto para sair quando os gritos da diretora o pararam:

 

— Senhor Bakugou! Essa conversa ainda não está encerrada!

 

— Para mim está. Eu irei transferir meu filho para uma escola mais competente e que não prorrogue essa barbaridade. — Ele a encarou com fogo, não dando espaço para ela rebater. — Meu dinheiro não é capim para estar investindo numa porcaria como essa. Meu filho merece coisa melhor.

 

Sem esperar por uma resposta, Bakugou partiu num baque alto da porta.

 

Inspirando fundo por um momento para absorver o ar puro pois ele mesmo não estava aguentando seus feromônios, Bakugou tentou amenizar o seu cheiro agora que não estava mais naquela discussão. Assim que cruzou com os portões da escola, checou seu filho moído contra seu peito. Katsumi encarou-o com um par de âmbar receosos, seu delicioso aroma de cedro, flor de laranjeira e baunilha sendo maculado com preocupação e tristeza.

 

Carinhosamente Katsuki puxou alguns fios na testa para o lado ousando sorrir tranquilo agora que o pior tinha passado, seu perfume enviou ondas calmantes para relaxá-lo. Lambendo a ponta do polegar, ele limpou os traços chamuscados no rosto gordinho.

 

— Desculpe por você ter que ouvir tudo aquilo. Você não fez nada de errado, aquela mulher era insana.

 

— Você… não está bravo?

 

— Por que eu estaria? — Sua voz soou suave e com um traço de graça. Mesmo assim Katsumi abaixou a cabeça envergonhado e brincou com a ponta do dedo no peito de seu pai.

 

— Papai fica bravo com muitas coisas.

 

Aquilo fez Bakugou rir rouco, Katsumi levantou a cabeça não entendendo o riso, o que levou a mão grande de seu pai afagar seus cabelos loirinhos encaracolados.

 

— Estou bravo com aquela mulher, não com você. Você agiu em legítima defesa daquelas crianças idiotas e ainda conseguiu ativar seu dom. Eu estou é feliz e orgulhoso.

 

Katsumi arregalou seus olhos cheios de brilho e admiração que Katsuki jurou poder ver estrelas ali.

 

— Verdade?

 

— Verdade.

 

Os braços curtos de Katsumi envolveram seu pescoço em um abraço. Katsuki tratou de cobrir seu filho com seu aroma caseiro de caramelo, canela, óleo de sândalo e maternidade. Agora sim seu menino estava seguro e satisfeito.

 

— Você acha que consegue me mostrar seu dom quando chegarmos em casa?

 

— Eu não tenho certeza de como funciona ainda… — ele brincou com os dedos.

 

— Bolinhos parecem uma boa comemoração para você?

 

— Bolinhos!

 

Bakugou tratou aquilo como um sim e começou a caminhar pelas ruas em direção a uma doceria.

 

Por mais que ele quisesse consolar seu menino e fazê-lo esquecer o que havia acontecido naquele dia, Bakugou ainda estava em patrulha e precisava voltar para o trabalho assim que deixasse Katsumi com sua mãe. Pelo menos queria compensá-lo com alguma porcaria que sabia que faria ele feliz.

 

Katsumi ainda era novo para entender, porém Katsuki nunca escondeu que ele foi concebido através de maneiras não convencionais quando a curiosidade dele subia pela borda.

 

Há alguns anos, o governo investiu numa pesquisa que envolvia todos os subgêneros. Começou pequeno, eles apenas queriam saber o que a dinâmica poderia fazer e/ou afetar no desempenho dos heróis e como influenciava em suas carreiras. A pesquisa de início era para ser algo didático que ajudaria entendê-los melhor em relação ao ensino dos subgêneros nas escolas de heróis, porém se provou algo realmente extenso que acabou se tornando um projeto.

 

Vários tipos de testes foram feitos com todos os heróis voluntários e convidados de todas as categorias e subgêneros, e Bakugou ocasionalmente foi um deles. Sendo um espécime especial de ômega, ele não ficou de fora do alvo do governo sobre esses testes que via ou outra acabou aceitando.

 

Eles fizeram vários testes e reforçaram as relações entre todos os subgêneros, desde a hierarquia até socialmente.

 

Eles queriam provar a sua resistência e capacidade, desde que sua estrutura era claramente igualada a um alfa qualquer. Como em casos de emergência e ele precisasse agir enquanto no cio ou sob supressores, como isso afetaria em seu desempenho, ou caso fosse mantido refém ou estivesse numa situação vulnerável. Nada surpreendente até então, eles apenas ficaram de olho em sua rotina enquanto herói e ômega e provaram sua destreza com alguns testes e desafios.

 

Era como estar de volta na U.A, só que focado nos subgêneros.

 

Houve um teste em particular que chamou sua atenção por ser mais… elaborado.

 

Nesse teste consistia em ele disputar com outro alfa usufruindo apenas dos bons e velhos instintos primitivos, sem dons ou força bruta, somente os manejos da biologia. Prezando o sigilo dos participantes, eles ficaram vendados o tempo todo com a sala equipada liberando spray inibidor de aroma para eles não se identificarem já que eram ambos heróis e não criar possíveis intrigas pessoais depois.

 

A proposta do experimento era eles explorarem as extensoes da relação Alfa-Ômega. O alfa tentaria fazê-lo se submeter através dos feromônios, voz de autoridade, disputa por território e até mesmo usando seus macetes alfa; enquanto Bakugou deveria resistir a isso e dar um jeito de contornar a situação, achar brechas na autoridade de um alfa. O tempo deles dentro da sala era de uma hora no máximo, era esse tempo que eles tinham para se enfrentar como alfa e ômega.

 

Se Bakugou, um ômega anormal, pudesse combater um alfa e vice-versa, elas poderiam usar isso como meios de estudo para o aprimoramento da defesa pessoal para ômegas de modo que eles conseguissem se defender sozinhos de ataques alfas. Por isso o governo escolheu ele para esse tipo de teste, ele era o mais capacitado no combate corpo a corpo contra um alfa.

 

Nos primeiros dias, Bakugou resistiu bem. Nenhum alfa filho da puta faria ele se curvar contra sua vontade mesmo que fosse um experimento, ele iria mostrar para esses alfas do porquê ele ser o único ômega no Top 10.

 

Bom, isso até que algo simplesmente deu errado.

 

O alfa idiota fez um movimento errado que Katsuki não gostou nem um pouco e atacou-o.

 

Enquanto ambos estavam muito envolvidos numa luta acirrada, com o alfa tendo forçado seu rosto no chão de concreto estando por cima de Bakugou o imobilizando em seus braços e pernas, Bakugou rosnou grutal e ameaçador para o alfa como um aviso profundo sentindo a respiração quente bater na sua nuca. Os feromônios de dominação e luta muito acentuados bateram em seu rosto e queimavam na respiração, tudo gritava para ele se render e submeter. Seu corpo vibrou no que inicialmente ele achou que era adrenalina ou a raiva por estar no chão, mas não, não era isso. Era algo mais enraizado, mais primitivo.

 

Com essa força ele empurrou o alfa para longe dele conseguindo se livrar da imobilização e ainda o acertou com alguns golpes fazendo ele se afastar o suficiente. Bakugou estava respirando pesado, as mãos tremendo e o corpo vibrando de adrenalina, então rosnou e expandiu seus feromônios em traços de desafio e um aberto não-rendimento deixando bem claro ao alfa que ele não iria se rebaixar. Há muito tempo Bakugou tinha aprendido a lutar contra seus instintos e ignorar seu ômega em uma batalha, ele não daria essa vantagem aos vilões.

 

O alfa também rosnou em troca para os feromônios de luta. Dessa vez foi Bakugou quem deu o primeiro golpe acertando o queixo dele mesmo sem ver e sem sentir cheiro. Depois conseguiu imobilizá-lo sentando em sua barriga, com uma mão agarrou a garganta dele e a outra agarrou com firmeza o ombro ferido dele fazendo-o grunhir dolorosamente, então Katsuki rosnou de novo afirmando sua vitória. Quando o alfa tentou se debater, ele fechou os dedos sobre a jugular quase ao ponto de fazê-lo ficar sem ar, finalmente o rosnado do alfa caiu por Terra e ele soltou um choramingo deplorável em desistência já que Bakugou não veria se ele expusesse o pescoço em rendimento por causa da venda.

 

Finalmente. Eles estiveram lutando por quase uma hora, Bakugou tinha algumas contusões superficiais, uma dor latejante desgraçada ao seu lado onde o alfa havia o chutado, um nariz sangrando e mãos doloridas. E o alfa deveria ter um ombro deslocado e uma dor lazarenta na perna tencionada.

 

Ambos ficaram travados naquela posição por alguns segundos tentando recuperar o fôlego com a respiração pesada e profunda. Algo no fundo da mente de Katsuki o cutucou-o na borda, pulsando na parte de trás de sua cabeça. Ele tinha um alfa em sua posse. Katsuki já havia derrotado inúmeros alfas ao longo de sua carreira e eles eram filhos da puta insistentes que não sabiam perder, mas isso, isso era um diferente indescritível. De verdade, um alfa tinha se submetido a ele com uma luta considerável. Isso de certa forma era… instigante. Fazia seu ômega interior ficar presunçoso, Katsuki deveria saber melhor e ter suspeitado desse sentimento inédito, porém cômodo de certa forma, porque tudo relacionado aos instintos fodiam alguma coisa.

 

Quando o alfa levantou bandeira branca e a poeira abaixou, foi que essa sensação voltou com tudo como um batuque de tambores, e quando a adrenalina esfriou seu sangue, ficou mais nítido ainda: a luta desencadeou sua parte primal. Todos as emoções e sentimentos juntos, a necessidade de lutar contra seus instintos ômegas, a dificuldade de combater um alfa e seus feromônios massacrantes exigindo que ele se submetesse, sua própria biologia exigindo que ele expusesse o pescoço e que ele terminasse a luta ali, a indecisão entre lutar ou fugir, e finalmente a vitória merecida, a conquista de ter um alfa abaixo dele, rendido, submetido, seu ômega ficando arrogante… tudo isso foi o suficiente para Katsuki se tornar selvagem com seu ômega suprimido vindo à tona.

 

Seu corpo começou a incendiar em pura emoção, a cabeça ficou turva e a mente muito longe. O ar ficou seco repentinamente e a respiração rala e necessitada. Ele rosnou.

 

Tão rápido quanto um piscar de olhos, o alfa percebeu na hora a mudança de cenário ficando rígido abaixo dele. Foi a última coisa que Katsuki lembrava antes de tudo se tornar um completo borrão.

 

O alfa ainda tentou fazê-lo retornar à consciência, mas depois de inúmeras tentativas inúteis, acabou com ambos atados. A selvageria do ômega provocou a selvageria do alfa e o experimento deu muito errado. E só depois de algumas semanas Katsuki notou o desastre quando sua barriga estava crescendo.

 

No começo, ele ficou irado, revoltado, indignado com o que tinha acontecido. A situação toda foi comprometedora, só gerou confusão atrás de confusão. Ele gritou e fez um alvoroço na agência do governo, foi atrás dos chefões exigindo que visse as gravações para saber quem era, ele queria respostas, queria um por quê. Ele ficou fissurado em achar um culpado, culpar da instalação, algum erro técnico na hora dos testes, que alguém tomasse alguma providência ou que ele recebesse uma indenização, porém com o passar do tempo percebeu que o culpado era ele mesmo por se deixar entregar aos instintos, por ter permitido que tal coisa acontecesse.

 

Se ele tivesse sido mais forte, se tivesse sido mais resistente, mais racional e não ter se deixado ir pela vitória… sentimentos esses que ficaram para trás e ele afundou no fundo de sua mente com a responsabilidade de criar uma criança estando a caminho sendo bem maior que sua raiva. O bebê era o mais importante.

 

Os instintos maternais assumiram com todos os hormônios bombeando como loucos naquele período e a ideia rapidamente foi se perdendo. Ele tinha coisas mais importantes para se preocupar.

 

Embora diante disso tudo, ele não se arrependia nenhum segundo de ter dado a luz a um menino tão lindo quanto Katsumi. Mesmo que não soubesse e nem queria saber a identidade do alfa responsável, ele não se importava em ser apenas eles dois.

 

Claro que Katsumi não sabia de toda a história por ainda ser muito jovem e Bakugou querer preservá-lo, e por mais que quisesse protegê-lo do mundo, muitas pessoas não aceitavam um ômega ser um herói e ainda um pai solo, o que indiretamente estava prejudicando seu menino. A ignorância do público sobre o avanço da sociedade era incrivelmente maldosa. Foi um erro dos testes, uma falha nos cálculos. Foi só isso e Bakugou tinha sido a vítima da vez. Era algo que ninguém podia prever.

 

"Esses idiotas."

 

Ele estava tão preocupado olhando para seu filho escolhendo os doces pela vitrine que quase não percebeu quando um pedaço de concreto enorme foi arremessado em sua direção, ele ouviu as pessoas correndo e gritando e seus reflexos fizeram ele pegar seu filho e usar suas explosões para fugirem da rota do concreto. O bloco atingiu a vitrine da doceria enquanto Bakugou parou metros longe do impacto, ninguém se feriu ao que parecia. Ao longe ele viu a Mt. Lady lutar contra um vilão um pouco maior e mais musculoso que ela, provavelmente havia sido isso que fez o concreto voar.

 

Katsumi tremia em seu aperto pelo susto, Bakugou tentou consolá-lo passando a mão rapidamente por suas costas e cabelos.

 

— Todos evacuem a cidade e corram para os abrigos mais próximos! — ordenou ele guiando os civis enquanto outros heróis entraram em ação para impedir os detritos. Ele precisava tirar Katsumi daqui antes que…

 

Um som de colisão soou atrás dele e Bakugou virou-se a tempo de ver Mt. Lady esbarrar no prédio atrás de si e a sombra cobriu sua figura. Ele teve apenas alguns segundos antes de ver o prédio desmoronar bem na sua frente. Tudo o que ele pôde fazer foi uma explosão para diminuir o impacto e abraçar Katsumi curvando-se sobre ele.

 

Depois foi só escuro.

 



Ele acordou atordoado tomando um longo gole sôfrego de ar, a poeira ao redor encheu seus pulmões com o cheiro de cal e concreto, ele tossiu com os resíduos enchendo sua garganta, a ação doeu fazendo apertar e chicotear seu diafragma, sangue saiu junto. Logo ele percebeu que não conseguia se mexer. Não havia luz e nem outro cheiro, o ar estava se tornando rarefeito e abafado, mas ele não podia entrar em pânico e buscou manter a respiração uniforme. Quando inspirou fundo, algo duro e pesado esmagou suas costas, havia uma dor latente na sua lateral – provavelmente alguma costela quebrada – e sua respiração fazia ruídos nada normais, também sentiu um peso abaixo de si e um baixo resmungo, foi então que ele lembrou-se de tudo.

 

Katsumi estava firmemente pressionado contra o seu corpo, ao que parecia não ter sofrido nenhum dano com o corpo de Bakugou o cobrindo e separando-o dos entulhos esmagadores. Katsuki esfregou a bochecha contra o cabelo de seu menino tentando consolá-lo e a si próprio, ficou contente ao ouvir a pequena respiração ainda presente.

 

Algo bombeou para fora de seu corpo molhando suas roupas de baixo e coxas, o cheiro doce e açucarado não mentiu: auto-lubrificação. Era um mecanismo de defesa de seu corpo para facilitar que alguém o encontrasse, o cheiro forte podendo atrair alfas a quilômetros. Desde que ele estava em pânico, seu corpo reagiu como um pedido de socorro. E continuou escorrendo e escorrendo até deixá-lo encharcado e somente esse aroma predominar o ambiente. Katsuki abraçou mais seu filho pedindo aos céus que alguém os achasse logo.

 

Os picos de consciência e inconsciência iam e vinham para ele realmente contar quanto tempo se passou desde que estavam soterrados. Foi então que ele sentiu um aroma familiar que lhe encheu de esperança e conforto, juntamente com uma rajada de ar puro que chegou até ele: pinheiros, hortelãs e capim-limão o cumprimentaram de bom humor. Katsuki conhecia esse aroma apesar de estar coberto com poeira e suor.

 

Havia gritos lá em cima com as vozes abafadas, seu corpo reagiu ao cheiro alfa familiar liberando ainda mais auto-lubrificação deixando-o mais grudento e desconfortável.

 

Katsuki respirou para a vida quando o enorme bloco de concreto foi retirado em cima de seu corpo com uma dor alucinante arrebatando-o. Mãos grandes o embaralaram e o puxaram para longe dos escombros sem estar ciente da segunda figura que Katsuki protegia veementemente. Katsuki fez um esforço para levantar o peitoral para que Katsumi ficasse à mostra. O herói recuou por alguns segundos antes de refazer a pegada com a adição da criança que não pareceu ser um problema. Tudo doeu, seu corpo inteiro reclamou por mudar de posição tão bruscamente.

 

Deku pegou os dois e murmurou algo que estava longe dos ouvidos de Katsuki alcançarem, mas soou reconfortante. A cabeça de Katsuki repousou contra o ombro forte inalando o perfume calmante e se permitindo relaxar por um momento.

 

A mudança de posição do abraço protetor para colocá-lo numa maca causou dores em seu corpo, um momento depois Katsumi foi retirado de seus braços e seu ômega chorou com a perda.

 

— Eles vão devolver seu filhote assim que checarem que ele está bem e que não sofreu nenhuma fratura. — Bakugou sabia que Deku não estava falando diretamente para ele, já que ele sabia todos os procedimentos, mas sim para acalmar seu ômega fraquejado.

 

Foi a última coisa que Katsuki ouviu antes de desmaiar de novo.





A total consciência ainda não o tinha alcançado, porém sentiu quando uma mistura de cheiros reconfortantes foi-lhe apresentado. Alguém moveu seu braço flácido para colocar um embrulho quente contra seu peitoral. Katsuki instintivamente apertou Katsumi contra si e esfregou a bochecha em seu cabelo sendo cumprimentado com o aroma de baunilha, cedro, flor de laranjeira e uma pitada de hortelã. Katsumi esfregou-se contra si também e ambos suspiraram felizes.

 

O aroma de floresta ainda pairou na sala com Katsuki sentindo ser observado. Mesmo cansado, ele tentou abrir um dos olhos com a luminosidade branca machucando sua vista embaçada, mas foi capaz de identificar uma cabeleira verde e um sorriso estúpido antes de fechá-lo de novo.

 

— Deku…

 

— Descanse, Kacchan. — A voz parecia exausta, mas o tom era cheio de apreço e admiração. Katsuki se perguntou se ele estava até agora de plantão. Todo e qualquer pensamento foi arrancado quando aquela mão calejada sem luvas afagou sua cabeça fazendo Bakugou bufar e se sentir sonolento. — Você fez um ótimo trabalho protegendo seu filhote. Agora durma.

 

Não era bem um comando, soou como um convite tentador. Bakugou queria retrucar que ele não precisava inflar seu ego sensível para obedecê-lo, porém ele estava tão molenga e fraco que apenas resolveu se acomodar naquela segurança tão palpável o envolvendo como um cobertor quente. Um bufo resoluto saiu de sua boca de novo sentindo-se adormecer, não antes sem dizer:

 

Obrigado.

 

Deku de merda.


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Notas finais do capítulo

Bakugou ômega é minha religião, amém?

Começamos com Bakugou, mas o próx vai ser todinho do Izu (ง ื▿ ื)ว

Notaram a diferença? Qualquer dúvida, podem perguntar.

Obrigada por ler!



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