Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 95
A Batalha Mortal de Freia


Notas iniciais do capítulo

Hagen parte para enfrentar os invasores da Caverna do Sul e descobre se tratar da pessoa que ele acredita ter enganado Freia.



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O Palácio Valhalla recebia uma leve nevasca que flutuava no ar antes de se desfazer nas pedras de mármore de uma bonita sacada onde Hilda observava a cadeia de montanhas e florestas distante no horizonte; atrás dela, sempre seus conselheiros Sid e Siegfried, trajando suas Robes Divinas e ajoelhados atrás de sua senhora. Um clima de tensão entre os três, enquanto a mulher caminhava de um lado ao outro da sacada.

— Com licença, senhorita Hilda. — apresentou-se também Alberich entre eles.

Olharam todos para o belo rapaz, que também comparecia trajando sua sagrada Robe Divina; cientes de que a rivalidade entre eles não poderia transparecer diante de Hilda, comportaram-se todos ajoelhados esperando os desígnios da representante de Odin naquela terra. Os olhos claros de Hilda refletiam o branco do céu amaldiçoado de Asgard e viram ao longe um vulto negro assomar-se contra o céu e pousar em sua mão: um grande corvo-do-norte, que ela acariciou para apartar o cansaço de seu vôo. O animal crocitou levemente e Hilda pareceu perder o fôlego por um instante antes que o soltasse para a liberdade de seus vôos misteriosos.

— Fenrir nos traiu. — comunicou Hilda para os conselheiros atrás de si.

Entre os Guerreiros Deuses às suas costas houve certa comoção e os três entreolharam-se, com Siegfried socando o chão à sua frente e quebrando a pedra com sua enorme força.

— Não é surpreendente. — comentou Alberich, atraindo para si os olhos consternados de todos que estavam ali. — Talvez tenhamos sido ingênuos de que ela lutaria ao lado de Asgard, dada a tragédia que abateu sua família há tantos anos.

— Ela ainda é uma filha de Asgard. Isso deveria ser maior do que qualquer coisa! — protestou Siegfried.

— A mágoa familiar talvez tenha sido maior do que seu dever para com nossa terra. — adicionou Sid.

— Inferno, eu não acredito que ela tenha traído Odin dessa forma. — inconformava-se ainda o maior dos Guerreiros Deuses. — Devemos buscá-la e jogá-la nos calabouços.

— Não é tempo para se lamentar. — falou Hilda a eles. — Nossa amaldiçoada terra sente falta de seus guerreiros valorosos de outros tempos.

— Nossa terra sente falta de qualquer tipo de guerreiro. — falou Alberich, com certo veneno.

Os rostos lívidos de Sid e Siegfried imediatamente o encararam, mas Alberich não lhes deu atenção e seus olhos continuavam pregados ao vestido da valquíria Hilda adiante deles, que ainda olhava para Asgard abaixo. Ele continuou, corajoso.

— Senhorita Hilda, estamos sendo atacados pelo Santuário de Atena e sequer temos Guerreiros Deuses suficientes que sejam leais à esta terra que tanto amamos. Talvez seja o momento de revogar a prisão e perdoar Sigmund, pois ele certamente poderia ser de grande ajuda neste momento, uma vez que está claro que estamos sendo invadidos.

— Alberich! — bradou Siegfried, levantando-se e partindo para cima do homem à menção do nome de seu aprisionado irmão. Outra vez Sid parecia escalado para tentar conter o amigo e levantou-se para apartar a dupla, e outra vez Alberich escapou da morte graças à voz forte de Hilda que os fez parar.

— Escute, Alberich, e me escute muito bem. — seus olhos eram pesados como se Odin os olhasse através dela. — A traição de Sigmund é tão grave quanto àquela de Fenrir em sua floresta. Duvidar de minha autoridade é duvidar de Odin. Sua prisão não será revogada e não mais falaremos o nome do prisioneiro daqui para o fim desta batalha. Está claro isso, Alberich?

Ele estava de pé, afastado da ira de Siegfried, pois afinal o conselheiro parecia insistir em trazer aquela chaga que tanto o feria por dentro diante de Hilda, a pessoa que ele mais estimava. Bem sabia Siegfried que Alberich o fazia de propósito, para que seu coração vacilasse pelo ódio e desgosto. Mas Alberich ajoelhou-se finalmente diante de Hilda e jurou.

— Perdoe-me, senhorita Hilda. Não repetirei mais esse erro.

— Muito bem. — finalizou ela. — Siegfried, diga-me, onde está Hagen?

— Hagen foi convocado junto de Mime para o Palácio Valhalla, senhorita. — respondeu Sid, pois Siegfried ainda estava lívido e foi incapaz de responder.

— Achei que a convocação fosse para todos os Guerreiros Deuses. — cortou Alberich.

— Pois aquele Cavaleiro de Atena pode ficar longe desse Palácio! — bradou outra vez Siegfried para Alberich, que parecia teimar em lhe provocar.

— Ora, Siegfried, o Cavaleiro de Atena a que se refere é agora um leal Guerreiro Deus que inclusive derrotou um de seus antigos companheiros em batalha.

— Eu não confio nele.

— É nele em quem não confia ou em mim, Siegfried?

— Sequer consigo me decidir. — tornou ele.

— Siegfried. — segurou Sid o braço do amigo outra vez.

O clima tenso foi outra vez interrompido por Hilda, que tinha diante de si dois homens aparentemente incapazes de estarem juntos no mesmo cômodo sem se atracarem.

— Chega! — falou ela sem esconder um ligeiro sorriso no rosto. — É agradável vê-los disputando quem será o mais fiel e leal a mim, mas no momento o que precisamos é que o Palácio Valhalla esteja protegido dos invasores. Siegfried, garanta que os Guerreiros Deuses protejam este Palácio de Odin e, caso Phecda seja mesmo um problema, elimine-o pessoalmente.

— Com todo prazer, senhorita Hilda. — concordou ele.

O enorme Guerreiro Deus então ajoelhou-se diante dela fazendo uma enorme mesura e retirou-se da sacada para dentro do Palácio, deixando para trás Sid e Alberich, que também pouco tinham em comum. Os dois retiraram-se também, deixando Hilda a sós olhando a cidade-baixa ao longe, refletindo sobre seu futuro e os desafios que levantavam-se à sua frente.

Ela respirou fundo o ar frio. Fenrir-das-florestas havia traído sua confiança e o presente de Odin, mas ao menos foi capaz de golpear duramente os invasores e o tal Cavaleiro de Atena que agora vestia-se de Guerreiro Deus também derrubou uma irmã na estrada principal. Talvez sua sorte não fosse tão pouca, uma vez que era possível que aqueles degredados que invadiam Asgard não tivessem qualquer chance contra os Guerreiros Deuses, por mais desunidos eles fossem.

 

—/-

 

A mesma neve que caía com extrema leveza do céu branco no Palácio Valhalla era aquela que também esmorecia a penugem negra do corvo que voava da fortificação por toda a região do Reino como um sentinela sempre atento aos desvios daquela sofrida população. Uma dupla na floresta dentro do complexo fortificado chamou atenção da ave esperta; era uma região que decaía e subia em montes nevados em que espalhavam-se casarões antigos dos ricos de Asgard.

À frente descia a passos duros um rapaz de ombros largos e feição séria, enquanto em seu encalço corria uma garota de vestido puído e madeixas louras. Cena que os aldeões muito viram acontecer por todos esses anos, talvez não com tanta seriedade e certamente cortada de risadas e gracejos, pois aqueles dois viviam sempre juntos e onde a Princesa Freia estava, não muito longe estava o seu amigo.

— Espere, Hagen! — pediu Freia às suas costas.

E pela primeira vez desde que havia deixado o casebre antigo dos pais de Freia, Hagen parou na neve, sua capa ele tirou do caminho para que pudesse olhar para sua velha amiga. Ela, inteiramente suja de seus dias na prisão, o rosto cansado, os cabelos louros desalinhados, um dos berloques que usava já perdido, o vestido rasgado e sujo de barro nas pontas; já ele, dono de maravilhosa capa esvoaçante por sobre a armadura reluzente de sua Robe Divina, o elmo de aletas pontiagudas e olhos prateados na coroa, a linda Safira na cintura, o crânio reluzente de um corcel que protegia seu punho direito. Ele, feito um príncipe, a Princesa, feito uma prisioneira.

Hagen não a reconheceu, pois os papéis foram sempre inversos; ele o gentil, mas sortudo aldeão que tinha a fortuna de andar ao redor das damas mais notáveis de Asgard, filho de ninguém, dono de nada, ele era o maltrapilho que seguia as sempre fulgurantes princesas de Asgard. Mas ali ele parecia um rei, enquanto ela lhe suplicava feito uma plebeia. 

Ela caiu ajoelhada e ele adiantou-se, para que aquilo nunca acontecesse, pois se um deveria sempre ajoelhar-se perante alguém era ele com ela. Ele a segurou e a levantou novamente.

— Tem que me ouvir, Hagen.

— Não posso suportar a ideia de que tenha sido enganada por esses invasores, Princesa Freia. Nada me enfurece mais do que imaginar que usaram de sua boa-vontade para com nosso povo, para usá-la como bem querem.

— Mas e se estiverem certos, Hagen? O Anel de Nibelungos serve apenas ao Fim-dos-Tempos.

— Pois talvez estejamos no final dos dias, Princesa Freia. E eu lutarei para que você possa ver a luz do sol depois que eles acabarem.

— Quero que veja o sol raiar ao meu lado, meu querido Hagen.

O peito do jovem esmoreceu com o rosto sofrido de sua querida amiga lhe implorando; era por isso que ele sempre fugia ou ao menos buscava evitar demorar-se em seus olhos, pois sabia que sua postura austera de Guerreiro Deus se acabaria em instantes. Sua salvação foi a chegada de dois guardas palacianos esbaforidos.

— Senhor Hagen. — apresentou-se o primeiro e logo saiu falando. — Todos os Guerreiros Deuses foram convocados para o Palácio Valhalla. Ordem de Hilda.

— O que está acontecendo? — indagou Hagen, curioso em vê-los naquele estado, e foi respondido pelo segundo guarda enquanto o primeiro buscava ar.

— O Senhor Alberich disse que os invasores conseguiram fugir dos calabouços com a ajuda da garota-selvagem das florestas.

— Fenrir? — perguntou Hagen para eles, confuso, pois sabia da fuga, apenas não sabia da traição.

— Sim, foram vistos pela última vez na entrada do Reino e então se separaram. O Palácio fez uma convocação para que todos os Guerreiros Deuses retornem imediatamente.

— Diga-me, para onde foram? — perguntou Hagen, adiantando-se sobre eles.

— Para Valhalla. — falou o homem, um tanto confuso, como se já estivesse clara a informação.

Hagen olhou por sobre os ombros, onde ao longe, no alto da montanha, erguia-se o lindo palácio velado pelo Colosso de Odin que os vigiava a todos. 

— Na verdade… — interrompeu o primeiro guarda, atraindo para si o olhar do Guerreiro Deus e também de seu parceiro em armas. — Há relatos de que os invasores se separaram na estrada principal. Parece que parte deles realmente partiu para o palácio, mas invasores foram vistos na direção das cavernas-do-sul.

— As cavernas?

Hagen olhou de Valhalla para a direção que bem conhecia ele das cavernas-do-sul, pois afinal de contas era exatamente a região onde ele havia nascido e passado grande parte de seu solitário treinamento. Pois se o frio de Asgard era castigante e duro, ardia no coração daquela terra uma lava incandescente que corria pelas cavernas das grotas-do-sul, exatamente onde ele manifestou e aperfeiçoou seu seidr ao ponto de ser convocado como um Guerreiro Deus por Hilda e por Odin.

Mas ao ponderar rapidamente o que poderiam querer longe de Valhalla, o Guerreiro Deus foi tomado por um frio na espinha que o fez encarar duramente Freia, a Princesa de seus dias.

— A Caverna de Surtr… — balbuciou ele e Freia compreendeu também.

— Hagen… — lamentou ela ao ver o semblante dolorido que se desenhou em seu rosto.

— Contou a eles sobre a Caverna de Surtr, não foi?

— Eles querem apenas selar a Relíquia de Poseidon. — falou ela, sem medo.

— Bastou uma noite com um prisioneiro estrangeiro para acreditar em tudo que diz.

— Estou há semanas sendo presa por não acreditar nessa mentira que minha irmã nos obriga a viver.

— Ela é Odin! — vociferou Hagen.

— Ela é minha irmã! Sempre será! Mulher como eu. De carne e osso como nós dois.

— Como se atreve… Eu mal posso te reconhecer, Freia.

— Hagen, não diga isso. — pediu ela.

— Eu não posso acreditar que tenha feito isso. — começou ele e, dentro da garota, uma ira enorme começou a ebulir. — Um povo sofrido como o nosso. Um povo pelo qual Thor se sacrificou para alimentar.

— Não fale de Thor. — pediu ela.

— E agora você deu aos invasores segredos de nossa terra-natal como quem a oferece aos lobos. Não posso crer que tenha traído seu povo dessa maneira…

Mas não terminou a frase, pois Freia desferiu um tapa ardido no rosto do querido amigo que chegou a cambalear para trás; ela ainda trêmula e ofegante de responder àquela acusação vil com tamanha violência. E feito uma pedra que tomba ruidosa, o silêncio imperou entre todos; dolorido no rosto e no peito, Hagen virou as costas à sua Princesa e ordenou aos guardas palacianos.

— Leve-a de volta à colina. Eu me encarregarei dos invasores do sul.

E partiu sem olhar para trás em uma velocidade que Freia jamais poderia acompanhar, ainda que houvesse tentado, mas então foi impedida pelos dois guardas de seguir adiante.

 

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Veloz feito o corcel que sua Robe Divina representava, Hagen venceu as léguas daquele monte até onde as árvores todas desapareciam dando lugar à cobertura fofa da neve que soterrava vales. Ali havia um complexo subterrâneo usado na antiguidade pelos maiores artífices na forja de metais úteis ou preciosos; um local evidentemente abandonado, senão pelos poucos animais que aventuravam-se a viver debaixo de tanto calor.

As pegadas na neve eram claras e Hagen sabia que ao menos uma pessoa havia estado ali, um tanto confusa, procurando qualquer caminho; e feito um caçador da neve, o Guerreiro Deus seguiu seu rastro para dentro de uma grota profunda que ele conhecia bem onde iria parar: no coração da terra, onde a rocha escorria em lava. Mas assim que o Guerreiro Deus adiantou-se para dentro da caverna, foi atacado por alguém na escuridão; ágil como o Sleipnir de oito-patas, ele se esquivou e tentou contra-atacar a sombra, que também saltou para longe.

Viu uma garota em guarda, sua Armadura de Bronze reluzente, seus olhos decididos e duros.

— Muito bem. — falou Hagen para ela. — Até que para uma fugitiva não está mal.

— Você fala demais. — retrucou ela.

— E você foge demais. — continuou Hagen. — Por que não se rende e volta para a Grécia de onde veio ou se entrega para que eu a leve de volta para as masmorras de onde não deveria ter saído?

— Não gosto de nenhuma dessas opções.

— São as únicas que tem.

— Que tal eu vencê-lo e seguir meu caminho por essa caverna, o que acha disso?

Hagen deixou soar sua gargalhada.

— Ferida como está, não me poderia fazer nada. — disse ele, notando que havia sangue em suas vestes. — Eu sou o cavalo indomável do Norte, Hagen de Merak, a Estrela Beta.

— E eu sou a ave imortal, Ikki de Fênix. Costumo calar a boca de guerreiros indomáveis como você.

— Escolhe lutar, então.

— Serei misericordiosa e darei a você a oportunidade de sair de meu caminho, deixar a sua Safira no chão e voltar para seu castelo. — falou Ikki, calmamente.

— Minha Safira? — perguntou Hagen, tocando-a com a mão direita.

— Me ouviu muito bem. — dobrou Ikki. — E então, o que será?

Hagen ficou calado e sua respiração aprofundou-se.

— Seria um desperdício imperdoável uma prisioneira como você ter uma Safira do Deus Odin. — riu Hagen. — O que uma pobre coitada como você sabe das preciosidades de nosso Deus-Todo-Poderoso?

— Sei que ela pode me ajudar a selar a Relíquia do Mar de Poseidon e colocá-lo de volta em seu sono nos Mares. Farei isso com ou sem a sua ajuda, mas ao menos com a Safira de Odin eu posso garantir que sua rainha sobreviva.

O Guerreiro Deus ficou possesso, mas apenas sua respiração pesada lhe delatava, tentando conter seus sentimentos dentro de si. Cego de fúria para encontrar quem poderia ter embaralhado as ideias de sua querida amiga, possivelmente Hagen teria certeza até mesmo que um guarda palaciano que o olhasse torto fosse o culpado pela vil manipulação de Freia. 

— E eu suponho que tenha ouvido isso de uma princesa na prisão. — tentou esconder sua ira no deboche.

Ikki deixou escapar uma risada, mas não lhe respondeu.

— E acreditou mesmo nas palavras da princesa aprisionada? — perguntou Hagen.

— É ridículo que tente me manipular, cavalo indomável. — riu Ikki, caminhando em sua direção. — Seus olhos, sua postura, sua transpiração. Você não faz ideia de quem está à sua frente. Suas palavras vacilantes nunca poderiam me desviar da verdade.

E então parou diante de Hagen olhando-o profundamente, como se invadisse sua mente.

— E a verdade é que você a ama, não é mesmo?

Pela primeira vez, o Guerreiro Deus hesitou; e se a Cavaleira de Fênix havia adivinhado tanto com tão pouco, aquele seu silêncio constrangido falou mais alto do que qualquer canção que ele pudesse ter declamado naquele instante por ela. Estava mesmo vendido, pois Ikki sempre operou nas sombras observando suas presas e usando contra elas aquilo que geralmente lhes era mais caro. Não poderia esconder seu amor nem mesmo de um guarda palaciano, que dirá de uma exímia obervadora como ela?

— Então foi mesmo você quem colocou essas ideias ridículas na cabeça de Freia. Vou castigá-la por isso. — ameaçou o homem. — Não, mesmo a morte não será castigo o bastante para você que jogou espinhos em seu coração.

— Eu duvido que consiga fazer isso, Guerreiro Deus.

Hagen afastou sua capa e manifestou uma aura que diferia daquela que Ikki havia visto manifestar-se ao redor da garota-selvagem; a terra escura daquela caverna iluminada pelos rios de lava que corriam pelas paredes tremeu aos pés do Guerreiro Deus, que brilhava uma fugaz névoa branca ao redor de seu corpo, mas também chacoalhava o local todo para certa surpresa de Fênix, que não imaginava um guerreiro perdido em amor tão poderoso.

À sua frente, o Guerreiro Deus viu como a matéria distorceu-se levemente ao toque do Cosmo flamejante da Ave Fênix que disparou de seu dedo como um fio de ouro a uma velocidade tremenda na sua direção. Ele não se esquivou, pois sentiu-se compelido a descobrir os mistérios daquele fio, mas então levantou com seu braço uma parede de gelo e refletiu de volta a técnica manipuladora da Fênix, que atingiu a rocha atrás de Ikki, derrubando-a no chão.

— Deveria abandonar essa luta, pois sua morte certamente faria aquela princesa muito triste. — falou Ikki.

— Quem você pensa que é para falar de Freia desse modo? — perguntou Hagen.

Ele saltou na direção da garota, que esquivou-se facilmente da investida apaixonada de Hagen.

— Se gosta mesmo da garota, não lute e entregue-me a Safira de Odin.

— Não seja tão idiota, Fênix. — riu Hagen por debaixo do elmo.

— Estaria ajudando ela.

— Está delirando!

— Eu falarei uma última vez em respeito àquela garota: nós só estamos interessados em selar a Relíquia de Poseidon. Ela acredita que com a Espada Balmung podemos salvar a vida de sua irmã e então selar a Relíquia em paz. Esse é o desejo da sua Princesa.

— Não fale mentiras, Fênix! A Princesa Freia jamais pediria qualquer coisa a uma invasora estrangeira como você. Está inventando apenas para fugir de meu poder. Você é uma vergonha!

Seu seidr era brilhante e Ikki observou que, embora sua aura fosse quente, seu poder parecia poder conjurar também a força congelante daquela região. Sua voz rasgou as paredes da caverna e fez Ikki assombrar-se com o sopro de Hagen.

— Universo Congelante!

O raio de gelo atingiu Ikki e a ergueu contra a caverna, prendendo-a congelada contra a face da pedra de ponta-cabeça; seu corpo ainda podia se ver através do gelo translúcido conjurado por Hagen de Merak, que caminhou em retirada acreditando ter feito mais uma vítima de sua aura. Mas o gelo que trancava Ikki rachou aos poucos e sublimou-se de uma só vez, revelando o cosmo reluzente de fogo da Fênix.

— Eu acho que nunca vi escolhas tão equivocadas em uma batalha. — comentou ela para ele.

O Guerreiro Deus estava mesmo surpreso ao ver Fênix se livrar tão facilmente de seu congelamento.

— Tentar me congelar em um local quente como esse já seria um erro primário, mas ignorar a natureza do Cosmo do seu oponente é um erro ainda mais imperdoável.

— Vai pagar!

— Escute, Guerreiro Deus Hagen de Merak. — falou calmamente a Cavaleira de Fênix, fechando os olhos. — Eu o matarei. E isso arrasará o coração daquela Princesa.

— Cale a boca!

Atacou o Guerreiro Deus, mas Ikki esquivou-se facilmente. 

— Você teria de ser castigada eternamente para pagar com seu pecado!

O homem estava fora de si; Freia era mesmo a pessoa mais importante de Asgard para ele e Hagen tinha medo de admitir, mas a ele era mais importante que ela lhe quisesse bem do que à própria Hilda, que governava toda aquela terra. Freia sabia tudo sobre Hagen.

A Caverna ao sul de Asgard foi então rasgada em suas entranhas pelo feroz combate entre o Guerreiro Deus e a Cavaleira de Atena, que arrastou-se cada vez mais para dentro da trilha interna dos antigos artífices, até o ponto em que estivessem de fato diante de um enorme lago de lava, onde Hagen percebeu que Fênix parecia começar a demonstrar dificuldades com a alta temperatura do lugar.

— Ora, Fênix, já está sofrendo com o calor? Pensei ter me dito ser um erro te atacar com o fogo.

Ikki não lhe respondeu, pois estava igualmente surpresa. Era uma Cavaleira moldada no inferno da Ilha da Rainha da Morte, onde a lava não era incomum e seus treinamentos nem um pouco menos intensos. Curou de suas feridas na boca de um vulcão da Ilha Canon e fazia do fogo que ardia nos lugares caminhos para suas asas voarem a distâncias impossíveis. Mas ali pareciam de fato estar no coração do planeta, onde nada resistia ao calor e derretia à sua forma mais primordial. O lago de lava era enorme, e o teto baixo de estalactites criava uma espécie de estufa que ampliava a sensação abafada e quente que a radiação daquele espetáculo brilhante e ambarino lhe causava.

O suor escorria de sua testa, mas à sua frente Hagen parecia viver um simples dia de verão. Havia até mesmo um sorriso em seu rosto.

— Este é o único lugar de Asgard que não tem neve. E ele será o seu túmulo, Fênix. Que ironia.

E então o Guerreiro Deus saltou para dentro do lago de lava, deixando Ikki assombrada ao vê-lo pousar em uma pedra que havia no meio do lago. 

— Como isso é possível? — perguntou-se ela, pois observou que se quisesse tentar seguir Hagen, ela precisaria vencer um paredão de calor ainda mais incandescente que havia sobre a lava.

O Guerreiro Deus gargalhou e exibiu sua aura seidr feito névoa de gelo ao redor de seu corpo.

— O frio de Asgard moldou a força dos Guerreiros Deuses, mas é o calor desta caverna que fez de mim o mais forte entre todos eles.

— Já entendi. — compreendeu Ikki ao ver que era aquela aura gélida ao redor de Hagen que o permitia viver tranquilamente em um ambiente tão inóspito.

— Vai ser fácil demais te cozinhar com esse magma, Fênix.

A Cavaleira de Atena caminhava na beirada da margem do lago de lava sem poder transpor o calor insuportável que fazia sobre ele. O suor cobria já todo o seu corpo e salgava seus olhos, que ela buscava limpar para que não perdesse nada de seu oponente; a verdade era que ela precisava chegar até a Relíquia, mas sabia que aquele apaixonado Guerreiro Deus não lhe deixaria partir dali sem uma batalha. Ele comandou o magma com seus braços e uma onda de calor levantou-se para varrer Ikki como uma amostra grátis.

Ela encolheu-se e sentiu como se sua pele fosse calcinada aos poucos. Seu Cosmo evitou o pior, mas Ikki jamais imaginou que poderia se ver vacilante diante de tamanho calor. Suas pernas tremeram por um instante e ela precisou colocar-se contra a parede do fundo da caverna, como se para respirar um ar menos ardente e colocar a cabeça no lugar.

Hagen, por sua vez, cruzou os dois braços diante de si e sua aura, outrora brilhante e gélida, contornou-se em vermelho e ao seu redor o magma começou a se levantar feito uma parede de gotas grossas e dançantes. Ele gritou para que toda a caverna pudesse ecoar enquanto um jorro de fogo, lava e magma lançou-se na direção de Ikki.

— Raio Ardente!

A Cavaleira de Fênix saltou para evitar aquele golpe terrível, uma, duas, mas na terceira vez que tentou fugir, salvou-se por um triz, mas sentiu na pele o calor terrível daquele golpe, sendo levada ao chão pela primeira vez. Com dificuldades, ela colocou-se de joelhos, mas então viu-se diante de uma onda de lava enorme levantada pela aura de Hagen que a engoliria na margem do lago. As penas de suas asas de Fênix brilharam em um instante e, no outro, ela reapareceu às costas de Hagen. O calor era insuportável, mas ela tinha uma única chance.

E o rosto assombrado do Guerreiro Deus foi surpreendido pelo punho flamejante de Ikki que acertou-o violentamente no estômago, jogando-o para fora da rocha em que estava de pé para dentro do mar de lava. Mas Hagen, para evitar cair dentro da morte certa, manifestou um raio congelante como aquele que havia usado anteriormente e, para assombro de Ikki, simplesmente congelou e criou uma plataforma de gelo onde pôde evitar ser engolido pela lava. Dali saltou rapidamente para a margem e a plataforma de gelo se desfez.

Ikki saltou de volta também e caiu de joelhos, arrasada pelo calor.

— Impressionante, Fênix. — surpreendeu-se Hagen, também ofegante, pois havia quase sido vítima daquela lava que tanto se gabava de suportar. Não lutava contra qualquer uma.

À sua frente, Ikki tremia de calor e o suor escorria-lhe pelo rosto; ela era a garota que havia enganado Freia, sua querida amiga. Brincado com seus sentimentos e seu coração puro. Talvez qualquer outro inimigo sofrendo àquela maneira Hagen oferecesse novamente alguma chance de fugir ou de se render, mas aquela ali precisava ser punida. E novamente seu punho de fogo levantou o magma e pela primeira vez atingiu Ikki no peito, jogando-a contra a pedra e fazendo seu elmo rolar aos pés do Guerreiro Deus.

O Guerreiro Deus caminhou até Ikki, a tomou pelos cabelos e a ergueu para jogá-la para sempre desaparecer no inferno de lava daquela caverna. Mas uma voz querida o fez parar.

— Chega, Hagen.

Ele olhou ao lado e viu surgir a Princesa Freia, sofrendo com o calor da caverna, mas todavia ali, para seu assombro.

— Não faça isso, por favor, Hagen. — pediu ela, e seus olhos sofridos tremiam clementes.

Hagen não era páreo para aqueles olhos que tanto adorava e hesitou por um instante, lembrando-se de tantas tardes junto a ela; tantas brincadeiras e bolas de neve jogadas um no outro. Tanta alegria. Tanta tristeza. 

— Mas Freia, eu sou um Guerreiro Deus.

Ela nada lhe respondeu, mas seus olhos eram toda súplica que ele precisava.

Ele não podia. Não era capaz de lhe negar coisa alguma nunca; e se geralmente fugia daqueles olhos terríveis para ele, ali ele não podia escapar da enorme coragem que a Princesa Freia tinha de aparecer naquela caverna inóspita, sofrendo o calor que era capaz de derrubar até mesmo uma Cavaleira de Atena.

Deixou cair o corpo de Ikki aos seus pés na pedra.

Freia caminhou até Ikki e ajudou-a a colocar-se de pé, compartilhando com ela um de seus braceletes de ouro que usava nos punhos. Ao sentir aquele bracelete no punho, a Cavaleira de Fênix sentiu seu corpo se refrescar.

— Vai lhe ajudar com esse calor. — falou a Princesa, enquanto ajudava Ikki a se levantar.

— Novamente está em um lugar que não lhe cabe, Princesa. — respondeu ela, cambaleando de pé e encostando-se na parede de pedra da caverna.

Dentro do Guerreiro Deus, ardeu novamente a fúria ao ver que Freia ajudava aquela estrangeira, que sequer parecia agradecida de seu enorme carinho. Mas ao colocar-se novamente para puní-la, Freia chamou sua atenção.

— Hagen, por favor. — pediu a Princesa. — Eu preciso que me escute por uma vez que seja. É por Hilda. Precisamos salvá-la. Eu preciso salvar minha irmã.

— Sua irmã não precisa de salvação, Freia, entenda isso de uma vez por todas. Ela é a Representante de Odin que vai nos levar para um mundo de luz, que vai nos guiar contra os invasores de nossas terras.

— Não há invasão alguma, Hagen! Os Cavaleiros de Atena querem apenas selar o Deus dos Mares.

— Ora, será que não consegue se escutar? Será que não enxerga que isso é uma mentira que contaram a você? — desesperou-se Hagen, seus olhos vidrados e a sua voz cambaleante, sem crer no que a amiga dizia. — A culpa é dessa cretina por ter colocado essas coisas na sua cabeça.

— Não, não é verdade, Hagen. 

— Acorde, Freia! Eu lhe imploro! — pediu ele. — Há semanas que você procura um motivo para acreditar nas coisas que diz, ao ponto de se deixar ser presa por loucuras; sei que quer muito acreditar que está certa e de que sua irmã está errada. E então essa desgraçada lhe oferece tudo que você precisa para continuar cega para a verdade. Mas a verdade é que Hilda esteve certa esse tempo todo. Nosso povo corre perigo!

— Não, isso não tem nada a ver com o que eu sofri, Hagen. É sobre todos nós!

— Você foi enganada por ela! — acusou Hagen, finalmente. — E eu não posso perdoar isso! Tudo que sua irmã mais quer é nos conduzir para um lugar diferente. Um lugar em que nosso povo possa sentir o sol no rosto. Dormir uma noite escura. Será que é tão terrível isso? Como ela pode estar errada?

— Não, Hagen…

— E para conquistar esse sonho para nosso povo, para Hilda… e para você, Freia. Eu estou disposto a entregar a minha vida.

— Ah, Hagen…

— O que a Princesa está dizendo é verdade. — falou Ikki, interferindo na conversa do casal, colocando-se ao lado de Freia. — Deveria acreditar nela.

— Silêncio! — interrompeu Hagen, o dedo em riste na direção da Fênix. — Você é a grande instigadora e é culpada por tudo isso.

— Está errado. — comentou Ikki.

— Hilda e Asgard reinarão! — falou Hagen com força, seus olhos brilharam rapidamente em vermelho.

— Hagen, por favor, use a força que possui para a paz. Você não treinava para nos proteger?

— Ah, Freia, é terrível saber que você não confia mais em sua irmã ou em todos nós. Prefere ouvir as palavras dessa miserável. — e então Hagen olhou novamente Ikki, com os olhos cobertos de ódio. — Fênix, você é uma mulher desprezível. Eu te odeio com toda a minha força. Prepare-se para morrer!

O Guerreiro Deus cruzou os braços fazendo com que o lago de magma se tornasse ainda mais violento atrás de si, mas viu que Freia colocou-se na frente de Ikki, feito um escudo humano. O choque completo na face de Hagen traduzia bem o estado de fúria que rugia em seu peito; o feitiço sobre a mente de sua Princesa parecia tão profundo a ponto dela arriscar sua própria vida por Fênix.

— O que está fazendo, Freia?

— Pare com isso, Hagen.

— Saia daí, Freia, vamos!

— Não vou permitir.

O empate entre ambos aos poucos o fez fechar os olhos e intensificar ainda mais sua aura naquela caverna.

— Fênix, eu a odeio do fundo do meu coração. Eu sou um Guerreiro Deus que defende Hilda, enquanto você é uma invasora que esconde-se atrás de uma Princesa.

— A Princesa faz as suas próprias escolhas. A Princesa escolhe seus próprios pensamentos. — respondeu Ikki atrás da garota. — Se a ama de verdade, deveria reconhecer seus pedidos.

— Freia, saia daí! — pedia Hagen.

— Não sairei! — falou Freia.

— Vai mesmo deixá-la morrer, Fênix!? É disso que são feitos os Cavaleiros de Atena?

— Eu já disse que ela fez a sua escolha. — falou novamente Ikki, fechando os olhos.

— Maldição! — ralhou Hagen, ainda com a lava levantando-se feito uma onda atrás de si, movendo-se para o lado de modo que pudesse atingir Ikki sem que Freia fosse ferida, mas ela novamente colocou-se diante de Fênix.

— Eu não vou sair! — falou ela, corajosa.

E pela primeira vez Hagen hesitou assustado, pois Freia estava mesmo decidida e se ele quisesse cumprir com sua promessa de sepultar Fênix, ali parecia que só conseguiria se também matasse aquela que ele amava.

— Terá de me matar primeiro. — falou Freia, certa de si.

— Mas… Freia, por que está fazendo isso? Como pode protegê-la dessa forma?

— Meu amigo. — lamentou Freia. — Não é isso que nós somos. Não é a ela que protejo. É o seu coração. Sofremos nesta terra gelada, mas o sol que não podemos ver no céu arde em nossos corações. E por isso somos virtuosos. E por isso somos Filhos de Odin. Não posso permitir que mate Fênix, pois estaria cometendo um terrível pecado.

— E o que será de meu coração se eu te matar, Freia? — perguntou Hagen com a voz vacilante.

— Talvez perceba finalmente o equívoco e lute para resgatar a minha irmã.

— Não. Está errada, minha amiga. — lamentou Hagen, seu cosmo tomado de uma intensidade ainda maior. 

A lava atrás do Guerreiro Deus o cercava como um escudo tenso.

— É esse mesmo o fim, Fênix? Vai sobreviver a nós dois? Vai deixar que eu mate uma simples garota que a protege?

— É exatamente isso. — falou Ikki, decidida.

— Droga, Freia… — lamentou Hagen.

E foi chorando que sua voz ecoou por toda a caverna, levantando a lava e fazendo com que aquela parede de fogo convergisse em suas mãos, lançando-se feito um lança-chamas terrível à sua frente.

— Raio Ardente!

A caverna ecoou o grito de dor de Freia, que fechou os olhos aguardando seu triste fim; o calor na caverna aumentou como se o núcleo do planeta houvesse explodido entre eles, ela caiu de joelhos respirando o ar quente que lhe invadiu os pulmões e escutou o tilintar de algo metálico quicar no chão. Notou que ainda estava viva. Abriu os olhos e viu diante de si o elmo de aletas prateadas que seu amado amigo Hagen usava; levantou a vista para vê-lo paralisado à sua frente, os braços ainda cruzados diante de si, mas calcinados pelo fogo, os olhos trêmulos e a respiração sincopada, enquanto um brilho dourado lhe parecia queimar a testa.

— Hagen? Hagen!? — chamou ela.

— Ele já não pôde mais te atacar. — falou Ikki, surgindo atrás de Hagen, seu punho flamejante apagando-se. — Jamais poderia. 

Os braços de Hagen finalmente se separaram e caíram ao lado de seu corpo ainda fumegando do fogo que ele segurou no último instante de atingir Freia, freando toda a fúria de seu seidr nas próprias mãos. Ikki então caminhou para diante de Hagen, que agora nada mais podia fazer, pois sua mente havia sido estraçalhada pela Cavaleira de Fênix. Calmamente, ela retirou a Safira de Odin que havia na cintura de Hagen e a Robe Divina deixou seu corpo, separando-se no ar e unindo-se acima do lago de lava na bonita figura de um corcel de oito patas, submergindo lentamente no magma.

À sua frente, Ikki viu que Hagen vestia ainda suas vestes muito simples e surradas do aldeão que era em Asgard, e então virou-lhe as costas para seguir sua missão, quando escutou a voz falha e dolorosa de Hagen lhe falar às costas com imensa dificuldade.

— Fênix. — balbuciou Hagen, chamando-lhe a atenção. — Quem é você? Será que é incapaz de sentir qualquer coisa? Será incapaz de amar?

Ikki não lhe respondeu e seus olhos estavam nos de Freia que, ajoelhada, chorava o destino de seu amado amigo. A Cavaleira de Fênix caminhou até ela e devolveu-lhe o bracelete de ouro, levantou-se e deixou os dois ali, mas Freia levantou-se corajosa e chamou-lhe uma última vez.

— Não chegará à Caverna de Surtr por aqui. Terá de ir até Valhalla. Somente lá encontrará o caminho.

Fênix parou, ponderou e então lhe falou.

— O pobre coitado voltará ao normal daqui a um bom tempo se aquilo que ele sente dentro de sua alma for realmente profundo e verdadeiro. Cuide dele. Cuide de seu coração, Princesa Freia.

E naquela caverna ardente, Freia levantou-se e abraçou o corpo catatônico e ferido de seu amado Hagen, enquanto Ikki de Fênix saiu daquela caverna para o frio ponderando sobre as últimas palavras do Guerreiro Deus. Ele, forjado no fogo como ela, tinha o peito ardido de paixão por uma Princesa, enquanto ela, também forjada no terror, parece ter lhe sobrado apenas a força do poder do ódio. 

Na saída da caverna e perdida em pensamentos, Ikki foi surpreendida por outro Guerreiro Deus que a atingiu violentamente e deixou-a estirada na neve ainda refletindo sobre seu coração. Será que não podia mesmo amar?


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Hyoga virou um Guerreiro Deus, então não tinha como colocar ele contra o Hagen, embora seja muito bom no anime. Era importante manter a motivação de Hagen de se vingar de quem quer que tenha 'colocado ideias' na mente de Freia. E nessa adaptação, era Ikki. Eu lutei por um tempo em aceitar que Ikki sofreria pelo calor, mas acho que no final não ficou tão ruim.

PRÓXIMO CAPÍTULO: UM SEGREDO NA NEVE

Aldebarã desperta e compartilha com Shaina as misteriosas circunstâncias de seu ataque, o que faz com que a Mestre-de-Armas tenha de partir para Asgard também.



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