Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 73
O Selo dos Mares


Notas iniciais do capítulo

Saori finalmente retorna ao Templo de Atena para escutar de uma enviada do Caribe sobre estranhas histórias do mar, enquanto Nicol de Taça compartilha com Atena sua misteriosa descoberta em Starhill.



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A chuva intermitente parecia tomar mais e mais as tardes gregas, ao invés de se limitarem às noites que não eram mais estreladas, graças às nuvens carregadas. Naquela manhã, naquele casebre em que todos escolheram morar juntos por alguns dias felizes, todos ocupavam-se dos preparativos para partirem. Shiryu arrumava o pouco que tinha para voltar à China por um curto período de tempo, como se para Shunrei ter certeza de que ela estava bem.

Hyoga também gostaria de visitar Jacó e seu vilarejo na Sibéria, uma viagem em que Shun escolheu acompanhá-lo para conhecer mais profundamente o ambiente em que o amigo havia crescido. Já Saori e Seiya fariam uma peregrinação pela cidade de Atenas próximo dali, para desespero de Alice, que também faria questão de se incluir no passeio, não fossem suas funções no Santuário. Algo que ela parecia levar muito mais a sério que a própria Deusa Atena. Ela ficou calada enquanto preparava a mochila da amiga, que percebeu o silêncio descontente de Alice.

— Não se preocupa, Mii. Eu vou estar do lado dela. — falou Seiya para Alice, fula da vida.

— Ela acha que pode tudo. — alertou Alice. — Seiya, ela ainda é uma das pessoas mais famosas que existem. Ela tem fãs no mundo inteiro. Você vai ter que redobrar a atenção com ela. Ela acha que é uma garota comum, mas não é. Aqui ela é a Deusa Atena. Lá fora ela é a Saori Kido. E eu não sei qual das duas é mais famosa.

— A gente vai dar um jeito. — respondeu ele, confiante, ao ver que ela havia terminado de juntar as coisas da amiga.

— Outra coisa, Seiya. — chamou ela por ele. — Quando você achar a Seika, fala que eu vou matar ela.

Seiya sorriu quando Alice o abraçou e desejou sorte a eles. Ele já havia caminhado por Rodório nos últimos dias perguntando para todos se haviam visto ali uma garota perdida há muitos anos atrás, mostrava-lhes uma foto que a Fundação havia tirado de todas as crianças para fichas de controle ainda quando eram pequenos, mas ali ninguém parecia ter visto Seika.

Mas antes que partissem todos para Atenas, de onde se separariam cada um para seu destino, receberam uma curiosa visita no segundo andar: Shaina.

O clima era de alegria entre eles, vestindo roupas simples e de mochilas nas costas; em contraste a isso, Shaina trajava totalmente sua Armadura de Prata de Ofiúco. Seus olhos pareciam não acreditar no que viam e Seiya sentiu como ela desviou o olhar quando encontrou com os dele. Aquela era a primeira vez que Seiya via Shaina desde que ela havia desmaiado em seus braços depois de salvá-lo.

Seiya chegou a ir em seu casebre, procurá-la por Rodório e até mesmo ir até o túmulo de Cássius na esperança de que ela estivesse lá. Mas em vão, não a encontrou, pois Shaina, na função de Mestre de Armas, estava muito ocupada com o Santuário. E, a bem da verdade, também fugia de reencontrar Seiya, envergonhada de ter seu coração revelado.

Mas naquela tarde ela estava ali em função de sua missão.

— A Mestre Mayura te aguarda, Deusa Atena. — falou ela para Saori.

Era curioso, mas Shaina não parecia ter o respeito que se esperaria quando se dirigia à Deusa Atena, mas Saori também não exigia de ninguém que a tratasse diferente por ser uma Deusa. Fazia muitos dias que Saori não retornava ao Templo para onde ela sabia muito bem que era esperada praticamente todos os dias. Mas aquela era a primeira vez que a Mestre de Armas precisou ir convocá-la em pessoa.

Saori procurou o olhar de Alice ao seu lado, mas ela parecia não saber do que se tratava. Ela lentamente tirou a mochila preparada pela amiga e virou-se para Seiya:

— Não desfaça a mochila. Logo estarei de volta. — falou ela para ele.

Mas Seiya quase podia sentir que aquela missão teria de ser interrompida; viu os amigos todos relaxando as alças das mochilas que levariam e colocarem-nas no sofá ou nas camas. Havia um certo clima de tensão naquela convocação de Shaina e sobrou a todos eles uma enorme questão sem resposta quando Saori, Alice e Shaina deixaram o casebre rumo às Doze Casas.

As duas seguiram Shaina em silêncio pela estrada, quando a garoa começou a cair na Grécia para anunciar as pesadas chuvas do final da tarde. As três, molhadas pela chuva e em silêncio, subiram as Doze Casas. Em cada templo que passava, Saori parecia sentir as dores das batalhas que haviam estourado ali dentro. Como se por dentro ela tentasse adivinhar em que canto de cada templo seus amigos haviam se ferido tanto.

Se ela parecia se resignar do seu papel de Deusa atuando como mera ajudante nos arredores do vilarejo, ela ainda era a Deusa Atena. E sua subida pelas Doze Casas, ainda que usasse um vestido envelhecido e encardido, foi recebida por todos os Cavaleiros de Ouro sobreviventes, cada um ajoelhado em frente de seu templo. Saori os dedicava um sorriso amarelo antes de seguir adiante, mas era dentro de cada templo que sua atenção se redobrava.

Na Casa de Áries, ela olhou para o domo de cristal que foi a primeira coisa que lembrou-se de ver assim que retornou à vida. A destruição da Casa de Touro, os anjos ameaçadores da Casa de Gêmeos, a esterilidade da Casa de Câncer, pois se antes era como se fosse um cemitério, agora parecia carregar a sensação de pisar em um hospital. As colunatas caídas da Casa de Leão, a flor de lótus rachada em Virgem, a Balança de Ouro de Libra, uma mancha de sangue mal limpada na Casa de Escorpião, o eterno testamento de Aioros de Sagitário, a estátua deformada em Capricórnio.

A Casa de Aquário, no entanto, parecia distante daquele inferno branco em que encontrou Hyoga ao lado do corpo de seu Mestre Camus. As águas do enorme aquário do teto ainda iluminavam o chão, mas qualquer resquício de batalha ou mesmo do gelo já não existia. Muito diferente da Casa de Peixes, que jamais foi restaurada, tamanha destruição que havia se operado ali dentro; talvez nem fosse possível recuperá-la.

E assim Saori, Alice e Shaina subiram os últimos degraus que levavam para dentro do Templo de Atena, onde a Deusa era esperada. Havia semanas que ela não retornava àquele lugar.

 

—/-

 

Shaina as guiou até um cômodo que era, na verdade, o próprio quarto de Atena. Ficava um andar abaixo do térreo, onde conta-se que a própria Atena mitológica dormia sozinha em uma cama de pedra. Com o passar do tempo, ergueram à frente dessa cama simples um mural maravilhoso com a figura de Deusa da Guerra. Era o mesmo lugar em que o antigo Camerlengo havia recebido Saori, agora há muitos e muitos dias atrás.

A Mestre Mayura estava ali sentada em sua cadeira de rodas e, ao lado dela, andando de um lado para outro, estava um homem muito sério.

— Bem-vinda de volta, Atena.

— Mestre Mayura. — respondeu ela de volta.

O impaciente homem era, na verdade, Nicol, que assim que viu surgir a menina, imediatamente paralisou, como quem vê um fantasma. Saori passou por ele, que fez uma curta mesura em sua direção, incapaz de olhar em seus olhos, e sentou ao lado Alice na cama de pedra.

O homem jogou-se no chão, ajoelhando-se diante de Saori.

— Ó, Deusa Atena, não sou digno de tua presença, mas sinto-me honrado de estar diante de ti.

Saori olhou para Mayura mais à frente, pois não sabia quem era aquele homem ajoelhado aos pés de Alice.

— Este é Nicol de Taça, um Cavaleiro de Prata e um amigo pessoal. Podemos confiar nele.

— Levante-se, Nicol. — pediu ela.

— Perdoe-me, Deusa Atena. — começou ele. — Não é comum ou sequer permitido a homens como eu estar na presença de uma Deusa enorme como a Senhora.

Saori olhou para Alice ao seu lado e percebeu que nada iria mover aquele homem diante dela; ela olhou para Mayura, sentada, e Shaina ainda de pé olhando para ela com aqueles olhos que pareciam sempre furiosos com algo. Ela ajoelhou-se diante de Nicol, o que o deixou completamente desconcertado, e tocou suas mãos pedindo que a olhasse nos olhos.

— Se você é amigo da Mestre Mayura, então é também meu amigo. — ele finalmente olhou seus olhos castanhos e profundos. — Levante-se, amigo.

O homem viu-se perdido, pois jamais imaginaria que a Deusa Atena lhe seria tão humana, pois Saori faria questão de sê-lo ainda que tentassem fazer com que ela fosse aquela estátua de pedra que velava por todo o Santuário. Ele finalmente se levantou e Saori notou que trazia um livro grosso debaixo do braço.

— Soube que me aguardava. — falou ela para Mayura, finalmente.

— Sim, Atena. — começou Mayura. — Como sabe, estamos na iminência da Guerra Santa. Nada podemos fazer com o que já aconteceu, mas nosso exército está muito desfalcado.

— Tenho certeza de que Jabu e os outros retornarão com as Armaduras de Bronze que estão espalhadas pelo Mundo.

Mayura e também Shaina deixaram aparecer uma certa surpresa ao notar que Saori sabia de alguns desdobramentos que aconteciam no Santuário, pois ela não havia estado em nenhum dos Conselhos desde o final da batalha do Santuário.

— Vejo que a Coruja tem feito bem seu papel. — comentou ela sobre Alice ao lado de Saori.

— Já temos alguns aspirantes prontos para ascenderem como Cavaleiros. — adicionou Shaina, de longe.

— Tenho certeza de que estaremos prontos, Mestre Mayura. — falou Saori, finalmente.

O silêncio deixou a todos um tanto desconcertados e Saori pressentiu que havia algo a mais que precisavam lhe falar; dentro de si, ela adivinhava o que era.

— Algo mais que precisam me dizer? — perguntou Saori e a Mestre Mayura, antes tão terna debaixo da chuva para com ela, agora estava ali na condição de Mestre do Santuário.

— Espero que compreenda que a função de uma Saintia é aquela de zelar pelo coração de sua Deusa, bem como o de ser a conexão entre o Santuário e Atena. — começou ela, quase como se desculpando por algo. Saori notou que Alice engoliu em seco ao seu lado. — Alice compartilhou conosco que deseja acompanhar Seiya em sua busca pela irmã.

Saori deixou o silêncio constranger a todos antes que respondesse, não havia em sua voz nenhuma nota de descontentamento com a amiga, pois já imaginava que fosse parte de sua função.

— A Fundação não tem uma presença tão grande na Grécia, portanto eu poderia ser de grande ajuda para Seiya.

— O Santuário pode ser atacado a qualquer momento. — adicionou Shaina, opondo-se àquela ideia.

— Da forma como eu vejo, temos ainda pelo menos alguns meses até que a batalha se inicie. Não é verdade que o Mestre Ancião dos Cinco Picos nos atualizará quando for chegada a hora? Eu entendi que Shiryu retornaria para a China justamente com essa missão.

Silêncio entre eles, pois Atena estava mesmo a par de todos os movimentos. Alice era uma excelente mensageira e futura Coruja.

Mas embora Atena já tivesse pensado em tudo, ao ver o semblante grave de Mayura, bem como a inquietação do homem atrás dela, logo adivinhou que havia algo a mais para ser compartilhado ali. Alguma coisa que realmente exigisse a sua presença ali novamente.

— Tem algo que a Deusa Atena precisa saber. — falou Mayura muito firmemente e, embora não pudesse ver os olhos da Mestre, Saori sentiu-se levemente censurada. Como se convidada de maneira elegante à ser a Deusa Atena que esperavam dela.  — Shaina, busque nossa convidada, por favor.

Ela saiu pisando duro no mármore do templo, deixando-os ali mergulhados em um mistério; Saori buscou os olhos de Alice para compreender se havia algo que ela havia lhe deixado de contar, mas ela também parecia perdida.

Logo Shaina retornou com a convidada, pois estava claro que ela já estava no Templo apenas aguardando ser chamada. Era um rosto do qual Alice lembrava-se muito bem, pois jamais havia se esquecido dela.

— Essa é Geist. — anunciou Mayura.

Geist adentrou a luz trajando uma Armadura Prateada belíssima, mas como bem observou Alice, viu que seu rosto não escondia-se mais debaixo de uma máscara. Fosse como fosse, ela não se sentia exatamente à vontade com aquela figura traiçoeira.

— Achei que ela tivesse sido Banida do Santuário. — comentou Alice.

— Ela é de confiança! — falou duramente Shaina para ela, e notou os olhos sérios de Geist caírem sobre ela também.

— Como sabe, Atena, não podemos ignorar as forças que poderiam nos ajudar em batalha, já que temos tão poucos guerreiros. À Geist, assim como a muitos outros e ao meu amigo Nicol ao meu lado, foram atribuídos crimes irreais.

— Você confia nela, Mestre Mayura?

— Eu confio em Shaina e Shaina confia em Geist, Deusa Atena.

— Então é tudo que basta para mim.

Saori olhou para Geist e fez uma leve mesura, como se a aceitasse naquele pequeno conselho. Ela, ao contrário de Shaina, ajoelhou-se diante de Saori e se apresentou de acordo com os ritos.

— Sou Geist, Cavaleira de Prata de Argo e estarei aos seus serviços, Deusa Atena.

— Fale-nos novamente sobre o que viu, Geist. — pediu Mayura.

— Atena, como sabe eu venho do Mar do Caribe, e gostaria de lhe reportar que os habitantes da região têm certeza de que o retorno do Senhor dos Mares está próximo. Asseguro de minha própria experiência que o mar está muito mais revolto do que de costume e que já se iniciam alguns ritos dos mares para saudar esse ressurgimento. — sua voz continuou séria enquanto enumerou. — As criaturas marinhas tornaram-se mais belicosas, as ondas que se quebram no meio do mar agora são muito maiores, detectamos a presença de tufões oceânicos capazes de engolir galeões inteiros. Já se fazem festas intermináveis nos portos e tavernas corsárias das ilhas menores e maiores do Caribe. 

Geist, sem sua máscara, era uma pessoa que ainda assim parecia esconder suas emoções debaixo de uma seriedade muito específica e um vasto vocabulário. Como se houvesse abandonado a máscara para adotar outra fortaleza para si.

— O Senhor dos Mares... — ponderou Saori. — Acha que essa chuva intermitente também pode ter relação com isso?

— Não podemos descartar nenhuma hipótese. — tornou Mayura.

— Isso quer dizer que Poseidon está para se levantar? — perguntou finalmente a Deusa Atena, denotando a devida gravidade daquele evento.

— Não era esperado, pois o tempo de Poseidon não é esse, mas sinto que os sinais apontam para isso. — ela falou com gravidade. — O antigo Cavaleiro de Gêmeos, Saga, era quem guardava o Selo dos Mares, e tudo passou a acontecer desde que foi derrotado.

— Essa é a nossa Guerra Santa? — perguntou Saori, finalmente.

— Nicol… — pediu Mayura, e o homem pisou adiante deles com toda educação possível.

— Minha querida e velha amiga Mayura tem razão. — começou ele, sempre com extrema educação e polidez. — De acordo com os registros do Santuário, ainda estamos distantes por algumas décadas do retorno de Poseidon. O seu renascimento, ó Deusa Atena, alinha-se com o breve ressurgimento do Soberano do Submundo, Hades. Esse é o desafio pelo qual retornou à Terra e para o qual deveríamos nos preparar para aquela que deve ser a maior das Guerras Santas.

Ele tomou ar e ninguém ali parecia capaz de interromper sua explicação inacabada.

— Se o que dizem for verdade, então estamos diante da possibilidade de termos de enfrentar Poseidon e Hades.

— Lamento que essa seja uma terrível possibilidade. — falou Mayura.

— Perdoe-me, Deusa Atena, por adicionar ainda mais preocupações nessa triste sina, mas receio ser o mensageiro de má fortuna. Gostaria de solicitar que fôssemos todos ao escritório lateral a esse cômodo, para que eu possa mostrar-lhe uma descoberta.

 

—/-

 

O escritório lateral não era grande, mas tinha uma mesa e muitas cadeiras, de modo que todos ali pudessem estar sentados; Saori notou com clareza como a cadeira da cabeceira, mais bem decorada, ninguém se atreveu a ocupar, de modo que parecia mesmo indicar que ela se sentasse ali. Ela não o fez e cutucou Alice levemente para que ela se sentasse na cadeira especial; e ela se sentou, para horror de Nicol, que não se manifestou. Saori sentou-se ao lado de Shaina.

Ainda que estivesse desconcertado, Nicol de Taça começou a falar.

— Encontrei este único livro perdido na biblioteca da Colina das Estrelas. E nele há tantas anotações de Saga quanto mistérios. Não é um livro de nossos acervos, tampouco daqueles reinos com os quais congregamos nosso conhecimento. — sua voz tornou-se severa. — É um livro de Atlântida.

O nome caiu feito um enorme mistério entre eles; ninguém atreveu-se a falar, no entanto, atentos ao Cavaleiro de Prata.

— O Cavaleiro de Gêmeos, Saga, era aquele destacado para cuidar do Selo dos Mares. Deve ter cumprido com sua função com perfeição, embora tenha cometido crimes hediondos como Camerlengo. Mas quanto ao Selo dos Mares, me parece que sua função foi cumprida com a mais alta competência; mais do que isso, ele parece ter tido acesso a um livro importantíssimo, pois expande todo nosso conhecimento sobre o Selo dos Mares e o Reino de Poseidon.

Todos os pares de olhos daquela mesa fitaram Nicol enquanto ele abria o tomo.

— Saga era o Vigia do Selo dos Mares, que encontra-se no Templo de Poseidon, no Cabo Súnion. O mesmo lugar em que eu e tantos desafortunados fomos presos logo após sua revolta. Eu gostaria de sugerir que fôssemos ao Cabo Súnion ver com nossos próprios olhos o Selo dos Mares.

Seu pedido foi direcionado à Mestre do Santuário, de forma que ela assentiu.

— Está feito. — falou Mayura. — Vá, Nicol, mas leve também Geist e Shaina consigo.

— Eu também irei. — anunciou Saori, para surpresa dos presentes.

Mayura tentou dissuadi-la.

— Não há necessidade de sua presença, Atena.

— É o dever da Deusa Atena de zelar pela Terra, não é mesmo? Eu irei.

Sua palavra era definitiva.

— Muito bem. — aceitou Mayura, sem querer discordar de sua Deusa.

— Não é só isso, não é mesmo? — perguntou Saori a Nicol, e ele negou como se uma nuvem tomasse seu rosto.

— Esse livro é completíssimo. Está escrito em atlante, um idioma que não domino, mas me parece que Saga desvendou algumas de suas inscrições e deixou suas anotações para trás.

Nicol abriu algumas páginas e apontou para anotações escritas em vermelho. Saori não deixou de sentir um frio na barriga ao estar diante da caligrafia daquele enorme homem que havia decidido um destino tão difícil para ela; e notou com clareza como a letra era belíssima e então tempestuosa, como sua personalidade.

— Pois o que Saga deixou para trás é valiosíssimo. O Selo dos Mares do Cabo Súnion, que acreditamos por todos esses anos ser aquele que guardava o Retorno de Poseidon, na verdade é apenas mais um. — sua voz tornou-se ainda mais grave, como quem profere uma maldição. — Pois existem ainda outros Selos espalhados pelos Oceanos, chamados de Relíquias dos Mares. Sete ao todo. Um para cada um dos Sete Mares.

Se para Saori e Alice aquilo tudo soava misterioso e desconhecido, à Mayura aquela informação pintou seu rosto de preocupação, como elas não imaginavam ser possível. Ainda que debaixo daquela venda não pudessem ver seus olhos preocupados, ficou claro por sua postura que o que era uma má notícia antes acabara de se tornar uma desgraça.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: O Conselho de Atena é um conceito que eu peguei da Reunião Dourada que ocorre por vezes em Episódio G, mas ao invés de aqui ser apenas com Cavaleiros Dourados, achei legal que fosse com os altos-escalões do Santuário. Trazer Geist de volta fazia todo sentido para a Fanfic, uma vez que de todos os personagens da série, ela é uma das únicas que efetivamente tinha alguma ligação com o mar. Mais do que isso, seu episódio é cheio de referências à Sinbad das Mil e Uma Noites, então era um personagem que eu realmente gostaria que voltasse.

PRÓXIMO CAPÍTULO: O ESPERANÇA DE ATENA

Os planos de Seiya são postergados para que o Santuário possa se organizar para enfrentar o que parece ser uma nova ameaça.



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