Art Déco escrita por Shalashaska


Capítulo 4
O Tolo


Notas iniciais do capítulo

Olá! ♥ Aqui está a última parte... Ou não. Conforme disse, você pode optar pelo capítulo 3 ou 4 para ser o final de Art Déco. Muito obrigada por dar uma chance à essa fic!



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Os sons ainda chegavam abafados quando viu a figura de Steve surgiu em sua visão periférica, depois o próprio James Barnes com a face pálida, torcida em puro assombro. O cérebro de Wanda ainda não era capaz de distinguir se as coisas corriam em um ritmo veloz ou lento demais, mas ela discernia o choro de Natasha e a voz de James chamando seu nome de novo e de novo. Embora confusa, ela conseguiu soltar um gemido de dor e pôs a mão direita sobre seu peitoral, por onde o tiro havia atingido-lhe. No lugar do sangue quente, a jovem sentiu fragmentos pinicarem as pontas dos dedos e observou a cor vermelha de seu broche dissolver-se.

O impacto tinha sido brutal, mas a bala atingira a jóia. 

Ela conseguiu erguer um pouco o tronco e passou um instante observando o broche deformado pela bala. Era um objeto nada valioso, as pedras baratas tinham quase todas virado pó. No entanto, ela segurava-o com a devoção de quem segurava algo sagrado. Começou a chorar de nervoso e gratidão, seu corpo de repente muito vivo e trêmulo. Quando tudo falhasse, o broche a protegeria.

Wanda acreditava nisso.

A bala caiu com um tilintar suave no chão e ela sentiu Natasha abraçando-a com força enquanto xingava em russo — Sua diaba sortuda! — e chorava ao mesmo tempo. Wanda não se importou com isso, pelo contrário: parecia ter nascido de novo, chorava sem entender muita coisa e precisava urgentemente de abraços familiares e a sensação de ser segurada com carinho. Depois de um pouco mais calma, ela tateou a pele por debaixo do tecido de vestido e viu que, mesmo não tratando-se de um ferimento fatal, o ponto ficaria deveras vermelho, talvez até adquirindo o tom roxo e amarelado de um belo hematoma.

James estava ajoelhado do lado dela e deu-lhe um beijo rápido depois de Natasha se afastar um pouco. Segurou seu queixo e buscou em seus olhos mais algum sinal de dor aguda, encarou seu vestido a fim de captar indícios de algum ferimento, mas não havia nada. O mecânico tinha gotículas de suor em sua testa, tensão pura na mandíbula e medo em cada nuance de suas íris azuis. 

— Eu estava lá dentro, boneca, me perdoe. — Ele se explicou, como se suas atitudes pudessem ter mudado o fato de Declan Dane ter apertado ou não o gatilho. Quem sabe não pensasse que as atitudes do mafioso fossem tão longe assim e o peso da realidade tivesse rasgado-lhe. — Eu não pensei que…

Ela sacudiu a cabeça.

— Você mesmo disse que eu sabia das coisas, James. Não dá para repetir o passado, então estava na hora de eu te salvar, não é?

O riso que escapou da garganta dele foi um som nervoso e breve. Estava quase chorando, e até seu braço metálico estava trêmulo.

— Não vamos mais repetir mais nada disso, certo? Estamos quites.

Enquanto Steve e Bucky ajudavam-a se levantar devagar, mesmo com o apoio incerto dos sapatos com um pouco de salto, Pietro aproximou-se correndo. Assim como o resto de seus amigos — e de seu amante — ele também carregava uma expressão atônita no rosto, a diferença é que ele estava com a própria arma em mãos e gotículas de sangue espirradas na camisa e seu queixo.

— Wanda, fala comigo.

— Pietro, foi a mamãe. — Ela choramingou, buscando as mãos dele com as suas. Pegou apenas em seus pulsos, pois ele ainda segurava uma pistola e se referiu ao broche, à Magda. — Ela me salvou. Ela me salvou de verdade.

— Bom, eu espero que ela não se importe de eu ter dado um segundo tiro no desgraçado.

— Ora, Pietro. — Wanda sorriu fraco, lembrando-se do humor de Magda Maximoff. — Até parece que não conheceu nossa mãe.

Seu gêmeo riu, depois ficou quieto com a mesma rapidez. Encarou um ponto atrás de si e todos foram atraídos pela visão mórbida do homem estirado no chão, duas balas manchando suas roupas. O primeiro tiro foi de Wanda e pegou-o de raspão na lateral da cintura, o segundo veio das mãos de Pietro e atravessava seu coração. Ela jamais pensara que o veria assim, seu brilho esmeralda finalmente apagado e inerte, o cabelo desalinhado no chão e o terno sujo. Assistir uma pessoa morta não deveria trazer nenhum alento a seu coração, mas Wanda parecia respirar de verdade — como se tivesse segurado o ar por dois longos anos desde que conhecera Declan. Só se recusou a ver seus olhos para conferir se ainda tinham aquela mesma característica líquida e cintilante, a pura cor de absinto. Teve medo de que ele subitamente piscasse e voltasse a falar e falar.

— Inferno, — Pietro suspirou. — Ainda temos que lidar com o corpo.

Steve, apesar de optar por alternativas legais, sabia que a justiça ou a polícia não eram opções para o momento:

— A cidade está um caos, não deve ser difícil só desovar nas docas. 

— Bom, ao menos não vai ser distante do porto. — Pietro tirou o relógio do bolso. — Já são pouco mais de oito horas, então dá para abandonar o carro e embarcar. O Ford não está no meu nome, então…

O rosto de Natasha denunciava que ele pensava em outras possibilidades.

— Alguém virá atrás de vocês? Digo, se os Dane estão mortos… Vocês podem ficar.

Mas Wanda suspirou, sabendo que aquela não era uma alternativa. Pegou a sua bolsa — que Steve segurava para ela até então — e explicou a razão daquilo não ser uma ideia viável no momento. Para ilustrar o porquê, mostrou a tiara que estava lá dentro.

— A última notícia foi um roubo de quantia considerável do cofre dele e com meia cidade sem dinheiro… Ainda somos alvos do resto do bando. — Virou-se para o mecânico. — James… Agatha não virá conosco. Temos ainda uma última passagem e…

— Eu vou com vocês. Mudei de ideia assim que acordei sozinho, só não tinha a passagem.

Ela sorriu derretida e muito aliviada. Sequer notou a face constrangida do irmão ou o ar vitorioso de sua amiga. Steve nada disse e nem podia: Natasha tinha feito sua parte ao passar a noite com ele. Pietro encarou o relógio novamente e assobiou:

— É melhor a gente correr.

♢ ♢ ♢

Remy LeBeau ajudou no embarque. Levou-os até o porto e depois deu destino ao corpo de Declan Dane nas docas antes de rumar para o hospital e conferir o estado de seu olho. Ele ainda não teria uma grande vida em Nova York, mas ao menos tinha ficado com o Ford e conhecido uma mulher que logo se tornou foco de seus elogios e flertes. Chamava-se Felicia Hardy e ela assumiu a direção do Black Cat Club, tornando o local muito mais agradável para as moças dos Dane, que assim como qualquer pessoa nos Estados Unidos, lidavam com as graves consequências da quebra da bolsa de valores. As cartas dele, embora esporádicas, eram sempre divertidas.

Fazia um pouco mais de um mês que Wanda, Pietro e James Barnes estavam na Inglaterra, após vários dias dentro de um navio no Atlântico.

As despedidas — ou a falta delas — eram a pior coisa para a jovem. Não conseguiu dar adeus a Emilija e seu marido; não conseguiu ver o sorriso galante de Sam Wilson uma última vez. Pediu que seus amigos explicassem o que ocorreu e que dissessem que no futuro poderiam, talvez, se ver de novo. Abraçou Natasha e Steve; falou com Agatha e Ebony por um breve momento enquanto pegava poucos pertences no apartamento e agradeceu a Remy LeBeau — que tinha feito mais por ela do que poderia verdadeiramente retribuir em vida. 

James estava certo em insistir que ela não usasse o dinheiro que tinha sobrado da compra da tiara. Quando desembarcaram no Velho Continente, tiveram que gastar mais alguns dólares para comer e com a condução até o bairro onde morava o pai dos gêmeos — E nos dias que sucederam 29 de Outubro daquele ano, o poder aquisitivo do dinheiro era um tanto incerto.

Mas lá estavam os três, afinal. Pietro, Wanda e James. Ou os quatro, uma vez que dividiam a moradia com Max Eisenhardt, o pai dos gêmeos e o sogro do mecânico.

O pobre relojoeiro foi deveras surpreendido pela repentina aparição dos filhos. Chorou, pois os anos afastado dos filhos abriram feridas fundas em seu coração e os dois estavam tão grandes, tão lindos. Pietro era uma cópia dele quando mais novo e Wanda tinha os mesmos cabelos que a mãe. Ele quis ser menos simpático com James Barnes, mas ao saber que era um ex-combatente da Grande Guerra e que ajudara seus filhos a fugir de dura situação na América, ele não pôde insistir com o comportamento indócil. O pobre homem não fazia ideia de que ambos os filhos estavam enredados em coisas muito mais perigosas do que as histórias que Wanda contava no telefone, tanto que pensava que Pietro trabalhava numa fábrica e ela ainda estava na floricultura.

O importante é que estavam ali, vivos. Bem.

Pois muitos outros não estavam depois daquele mês de Outubro.

A situação no país que deixara estava particularmente tensa, pois além dos pensamentos vis que se mostravam gradativamente legítimos através de livros ditos científicos — como o tal aclamado Goddard — a quebra na bolsa de valores foi um rombo na vida de milhares. Ela via nos jornais que entregavam de manhã as notícias de alguns acionistas jogando-se dos prédios lindos que ela costumava conhecer; outros que usavam armas ou o gás de cozinha para encerrar sua estadia neste mundo. Era a fome, a penúria, lamentações. Seus conhecidos só não foram tão afetados no primeiro momento porque não eram acionistas, mas viver já não estava tão fácil. Yelena e Natasha passaram a viver com a senhora Harkness, já Sam e Steve optaram por manter a oficina e morar em quartos improvisados lá mesmo. Se não fossem reservas pessoais — e remessas de certa quantia mandada pelos gêmeos Maximoff — as coisas poderiam ser piores, mas ao menos corriam de maneira mais estável. Estudavam também a possibilidade de irem para a Inglaterra, embora ainda fosse só uma sugestão ainda no plano das ideias.

Naquele momento, Wanda estava sentada à frente de sua penteadeira. Não era tão cedo assim, pois tanto seu pai quanto seu irmão tinham ido trabalhar, mas ela estava ainda recuperando a solidez dos pensamentos após meses — anos — sonhando e vivendo pesadelos. Precisava descansar mais um pouco, portanto as manhãs folgadas eram perfeitas para deixá-la mais calma. Ainda pensava em ter um emprego no futuro, é claro. Poderia ajudar nos negócios da família ou… Quem sabe até virar bibliotecária, como Agatha.

Já tinha escovado os cabelos e acabara de ler a primeira carta de Emilija, narrando o quanto as coisas estavam difíceis e que ao mesmo tempo ela e o marido tinham um motivo para sorrir e para se preocupar: estava grávida. A jovem estava cogitando algumas sugestões de nomes para o bebê quando seus olhos foram fisgados pelo brilho cálido da armação da tiara da Wundagore’s Gems. Já não tinha todas as pedras o quanto originalmente foi feita — pois Wanda pedira ajuda a seu pai para retirá-las e conseguiu um bom preço pelas joias no penhor — mas a despeito disso, ela ainda considerava-a bela. Deixara uma única pedra maior e vermelha no centro, na altura da testa. Não sabia se um dia teria oportunidade de usá-la em algum elegante evento no futuro ou se teria que vender aquela última pedra, mas o estilo até combinava com o seu broche, hoje desentortado e sem o brilho escarlate. 

Quando colocou a peça sobre seus cabelos e encarou o espelho, notou que James Barnes estava encostado no batente da porta atrás de si, assistindo seu reflexo. Seu rosto era pensativo, sério. Por mais que frases galantes e espirituosas escapassem de seus lábios — principalmente quando estavam sozinhos — ele mantinha aquele seu lado introspectivo, sereno, e uma certa tendência a encarar demais as pessoas. Sua face era uma mistura de contemplação e dúvida, mas Wanda sabia decifrar as nuances de sua expressão. Virou-se e disse:

— Eu pensei que ficaria mais triste ao desmontar boa parte da tiara. Mas… — Deu de ombros. — Não estou.

Ele assentiu e adentrou o quarto, ajeitando as mangas da camisa branca por debaixo do colete azul escuro. Estava impecável, já que queria impressionar o pai dela e os clientes que recebessem, mas um felino branco no chão insistia em deixar pelos na altura de seu calcanhar. Apesar da peripécia, James não ligava.

— Eu consigo entender o porquê. — Repousou as mãos nos ombros dela  e ambos se encaravam através do espelho redondo. — Foi o que nos deu chance de nos mudarmos para um lugar melhor. Seu pai manteve a loja. Adotamos uma gata.

Wanda chamou a pequena com as pontas dos dedos e depois colocou-a em seu colo. Alpine era uma gata mansa e adorável, um tanto diferente do comportamento mandão de Ebony. No entanto, tinha uma clara preferência pelo dono dela, não Wanda.

— E estamos negociando um imóvel para montar pequena confeitaria.

Ele sorriu com a lembrança, apertando um pouco mais os ombros dela. 

É.

— Você está feliz, James?

— Não é nada como imaginei, boneca. — O mecânico inclinou a cabeça e passou uma das mãos no cabelo, num suspiro curto. — Mas são sonhos se realizando, não?

— Isso é um sim?

— É, é um sim. — Sua expressão era verdadeira e simultaneamente curiosa, como se a confirmação não fosse necessária. —  E você?

Wanda acariciou a mão dele em seus ombros, seu gesto distraído.

— Não é a felicidade perfeita, mas… sim. — Desejava que as conversas com os amigos fossem mais frequentes e longas do que os curtos telefonemas; queria ouvir Sam Wilson tocar trompete de novo e assistir aquele sorriso lascivo e superior que Natasha lançava a todos e que provocava especialmente Steve Rogers. No entanto, Wanda não poderia dizer que afundava-se em lamúrias. A outra alternativa era a morte ou a miséria, porém a jovem estava ali muito bem. Seus amigos, ainda que longe, permaneciam seguros. James, por sua vez, estava ao seu lado e Pietro conseguira um emprego estável como carteiro. — Estou feliz, tanto que eu ainda tenho medo, James. De acordar e ver tudo fora de lugar de novo. — Ela inclinou o rosto para cima para vê-lo diretamente, sem o auxílio do espelho. Sorriu; — Mas sei que aqui eu vou ter as noites seguintes para sonhar de novo.

— Sim. — Ele selou os lábios nos dela de maneira breve e terna. — E não se esqueça de chocolate. E beijos

Os beijos seguintes não foram tão castos assim. Wanda foi deliciosamente alvejada no rosto, na curva do pescoço, na clavícula e um pouco mais em baixo, o que a fez rir e protestar, embora não se importasse nem um pouco. Alpine, no entanto, não gostou do movimento e pulou do colo de Wanda.

James!

Somente assim ele abriu os olhos devagar e parou, tentado ainda a continuar. Deu-lhe um último beijo — mais longo, mais doce — e se afastou, acariciando um pouco o seu rosto. Parecia ainda mesmerizado, sob efeito de um feitiço ou uma obra de arte, e se forçou a lembrar o roteiro de seu dia:

— Seu pai precisa de ajuda lá na loja. Nos vemos mais tarde, huh? 

Wanda anuiu e ficou sorrindo ao assistí-lo partir. Ele e seu pai estavam se dando bem, até. James Barnes estava mais acostumado com peças grandes e graxa, mas levava jeito com materiais e ferramentas pequenas para trabalhar na relojoaria. Isso lhe garantia mais confiança do sogro, embora Wanda ficasse sempre mais empolgada por James aprontar coisas na cozinha à noite e nos finais de semana. Mesmo Pietro admitia que ele preparava o melhor latke que havia provado na vida.

Wanda esperava que ele estivesse inspirado para preparar algo interessante.

Separou a carta de Emilija, viu mais outro envelope junto com os demais papéis — um envelope roxo, de Agatha. Pensando nela, Wanda abriu a gaveta esquerda da penteadeira e dali tirou uma caixa, aquela em que a senhora Harkness guardava seu velho tarot. Não tivera coragem ou tempo de tentar espiar seu destino desde que chegara em Londres, mas algo lhe dizia que não faria muito mal dar uma olhadela rápida, sem compromisso. Ainda não sabia se conseguia mudar as coisas ou não em sua vida, se aquilo que a cercava era de fato pura sorte e acaso. Mas, esperava que o pior já tivesse passado — por mais que notícias do mundo e a tensão entre os homens crescesse de maneira gradativa e certeira, como um longo pavio de um explosivo. Enquanto embaralhava as cartas com suas mãos magras e frias, a cor verde invadia seus pensamentos. Era um tom presente em seus olhos, ainda muito aceso em suas lembranças e em seus pesadelos. 

Encarou-se no espelho de novo, admirando seu reflexo. Seus cabelos estavam bem alinhados, seu rosto tinha cor e viço, havia brilho em suas íris. Dormia bem agora e jazia assim, linda. Não mais uma peça da decoração entre tantos outros objetos, porém. Estava onde desejava estar — não onde tinha sido alocada por mãos de terceiros — perfeita e sem a necessidade de vender tal beleza.

E vestia sempre a cor escarlate.

 A primeira carta que pulou do baralho era uma conhecida sua, uma criatura com chifres estampados no papel duro, mas de outras cores e formatos  na realidade:

O Diabo.

A Roda da Fortuna.

O Tolo.

Certamente, coisas se aproximavam… Coisas que ela não poderia supor e não perderia seu tempo e sanidade tentando descobrir. Não mais. Mas o Tolo abriu um sorriso em seu rosto. Ela aproximou a carta para si, deixando as outras duas na penteadeira, e observou bem os contornos do desenho, da pequena figura quase distraída ao andar com uma vara apoiada no ombro, onde guardava seus pertences. O Tolo poderia ser considerado o fim, o início; a imprudência ou doce espontaneidade, sede de viver. Para Wanda, significava que ela sempre poderia começar de novo.

E talvez pudesse contar com um pouco de leveza, um pouco mais de sorte desta vez.


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Notas finais do capítulo

* Em algumas HQs recentes, o Bucky adotou um(a) gato(a) branca! O fandom apelidou de Alpine, mas na minha mente é Pearl kasjask

* Comentários são bem-vindos ♥