Mais uma semana havia se passado e ao decorrer da mesma, Sam almoçou quase todos os dias no restaurante com Carly, já que estavam organizando alguns preparativos para a comemoração de noivado da morena com o Gibby. Só resolveram fazer esse jantar por terem enfim marcado a data do casório.

De quatro dias que a loira almoçou por lá, dois deles foram durante o turno de Freddie, que, claro, aproveitara para conversar um pouco com ele.

(...)

O restaurante do Gibby estava fechado nesse sábado a noite, somente familiares e amigos próximos estavam sentados nas mesas comendo e conversando. Havia decoração na porta de entrada e em frente ao balcão foi colocado uma placa branca para servir de fundo e uma mesa com um grande bolo confeitado e alguns docinhos espalhados ao lado.

—Eu me sinto o homem mais sortudo por ter você ao meu lado, Carly! Por isso, proponho a todos um brinde. A minha linda noiva, a futura Sra. Gibson – Gibby estendeu uma taça de champagne ao alto, sendo seguido pelos convidados, enquanto abraçava a morena de lado.

—Uau, lá vem a senhora Gibson, pessoal – Sam brincou após o brinde quando Carly se aproximou da mesa.

—Isso é incrível! Nem acredito que em menos de seis meses estarei casada – a morena deu pulinhos de alegria e se sentou ao lado da amiga loira.

Na mesa estavam Sam, Spencer, Freddie, Brad e Wendy.

—Espere só até completar três anos de casada, quero ver se estará tão empolgada assim – Brad debochou recebendo um tapinha de Wendy – Estou brincando, amor. Sabe que amo ser casado com você – riu e deu um beijo no rosto da esposa.

—E eu nem acredito que a minha irmãzinha vai ter essa experiência primeiro do que eu – Spencer se pronunciou fingindo tristeza.

—Você não arruma uma namorada séria desde o colegial – Sam revirou os olhos.

—Isso é um completo exagero!

—Ah, é verdade sim. Eu acompanhei todos os seus relacionamentos – Carly se aliou a Sam.

Assim continuaram durante a noite, aproveitando para conversarem, comerem e beberem.

(...)

—Ei, está tudo bem? – Sam se aproximou de Freddie.

Estavam do lado de fora do restaurante em um banco que tinha na calçada ali por perto. Sam havia saído assim que deu falta do moreno e foi procurá-lo.

—É, pode-se dizer que sim. Estou feliz por eles – o moreno apenas respondeu e fez menção para que ela se sentasse ao seu lado, e, assim o fez.

—Quer conversar sobre isso?

—Não, sobre isso não.

—Certo – Sam ficou em silêncio por um instante olhando para um ponto fixo do outro lado da rua. O local que aquele homem estranho a havia atacado. Não conseguira tirar o ocorrida da cabeça por mais que andasse ocupada durante a semana.

—Está pensando em algo? – o moreno resolveu perguntar quando notou a mudança da expressão no rosto dela.

—Aquela noite ainda me dá arrepios – respondeu sem tirar a atenção do local que olhava – Não consigo me livrar da sensação de que não foi algo aleatório. “Cumprindo apenas um serviço”, foi isso o que ele falou. Eu estava assustada, mas tenho certeza do que ouvi.

—Você falou sobre isso com alguém? – Sam apenas negou com a cabeça – Se você acha que isso tem relação com alguém, você deveria falar com a polícia.

—Isso não vai adiantar, afinal, não tenho provas contra ninguém e nem me lembro da cara do sujeito que me atacou direito – suspirou fundo e voltou sua atenção a Freddie – Seu corte já está melhor?

—Sim, já sobrevivi a coisas piores.

—Se refere aquelas... cicatrizes? – a loira perguntou com certo receio. Ainda não sabia se era algo que Freddie conversaria sem problemas.

—É, você percebeu aquele dia, né? – Sam apenas assentiu – Todas são de brigas que me meti enquanto morava na rua, com exceção de uma que aconteceu antes disso tudo.

—Foi durante aquela briga do beco que sua mãe colocou a polícia atrás de você?

—Por incrível que pareça, não – suspirou – essa aconteceu no dia que eu voltei para casa. Lembra quando eu contei que minha mãe ainda estava vivendo o luto do meu pai e me culpava pela morte dele? Enfim, ela ficou totalmente fora de si quando me viu e além de todas as coisas horríveis que falou para mim, ela acertou uma faca em mim. Na hora que eu cheguei, ela estava cozinhando, pegou a primeira coisa que viu na frente e resolveu jogar. Na verdade, não sei se ela queria me assustar ou acertar mesmo, mas no mesmo instante eu saí de lá.

—Freddie, eu não... – começou a falar, mas parou.

—Você não precisa falar nada sobre isso. Já faz seis anos. A única coisa que eu preciso lidar agora é as minhas emoções que saem de controle algumas vezes, por isso, eu gosto de fazer exercícios físicos.

—Eu sinto muito mesmo assim – tocou o ombro dele em um gesto reconfortante.

Freddie se surpreendeu com o ato, mas gostava da sensação que um simples toque causava nele. Pela primeira vez, em muitos anos, conseguia se sentir tranquilo e estava abaixando a guarda com ela. Sabia da experiência que teve com o ex-namorado e não queria que ela tivesse medo dele.

O moreno pegou uma mecha loira do cabelo dela que estava caindo e colocou atrás da orelha, mas repousou a mão no pescoço. Seus olhos encontraram os dela. Hipnotizante. Intenso. A atração entre ambos era recíproca. A química inegável.

Em uma fração de segundos, Freddie se aproximou mais de Sam e encostou seus lábios nos dela. No início era apenas um simples toque. Calmo. Mas não demorou até aprofundarem o beijo como se estivessem esperando por esse momento há muito tempo. Era como se uma corrente elétrica percorresse pelo corpo dos dois. O moreno desceu as mãos pelas costas da loira até chegar à cintura, onde começou a acariciá-la levemente enquanto Sam percorria seus dedos nos cabelos dele.

Quando o ar ficou escasso, se separaram, mas ainda com os braços ao redor um do outro. Um minuto em silêncio, apenas contato visual. Azul no castanho. Castanho no azul.

—O que acha de sairmos daqui? – Freddie perguntou com seu típico sorriso de lado. Não tinha como dizer não.