She escrita por Mavelle


Capítulo 6
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Bom diaaaaaa
Voltamos hoje com um capítulo bem Benedictcêntrico pra variar um pouco as coisas. Até agora tivemos alguns capítulos bem Sophiecêntricos, mas esse é o primeiro que é mais do ponto de vista do Benedict (e, sim, eu inventei essas duas palavras gigantescas porque é assim que eu penso nos capítulos; não do ponto de vista de fulano, mas fulanocêntrico)
ai ai, tô bem do juízo não kkkkkkk
Enfim, espero que gostem (e relevem minhas leseiras)! ​Digam o que estão achando da história nos comentários

Beijos,
Mavelle

Música: She - Harry Styles



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800262/chapter/6

"Anthony: Ainda temos uma vaga no carro se você quiser vir 

Anthony: Kate disse que vai até no banco de trás espremida entre a cadeirinha da Lottie e a Edwina pra você vir na frente comigo

Benedict: Obrigado, mas não posso

Benedict: Tô fazendo uma encomenda e queria terminar antes de ir embora

Anthony: Pensei que estivesse de recesso

Benedict: E estou, mas fiquei entediado e vim adiantar uma das encomendas de janeiro

Anthony: E depois eu que sou o viciado em trabalho

Anthony: Mas ok

Benedict: Você só não queria ser o único homem no carro, certo? 

Anthony: Não posso só querer a companhia do meu querido irmão? 

Anthony: Além de proporcionar que ele chegue mais cedo à praia para aproveitar mais a virada de ano? 

Benedict: Nunca é só isso

Anthony: Você tá botando pouca fé em mim

Anthony: Mas certo

Anthony: Boa sorte saindo de Londres à tarde

Benedict: Obrigado"

Benedict bloqueou o telefone e voltou a se concentrar na tela que estava à sua frente. Estava quase concluída, mas não se tratava de uma encomenda, como tinha dito ao irmão: na verdade, era um projeto pessoal.

Tinham se passado duas semanas desde a festa de fim de ano da Bridgerton e que ele tinha ficado com Prata. Consequentemente, faziam duas semanas que ela ocupava quase todos os seus pensamentos. 

Logo que acordou naquele domingo de manhã, fez um esboço do rosto dela. Era bom de reconhecer fisionomias, mas não para lembrar desse tipo de detalhe de cabeça. Tinha de desenhar, ou esqueceria do rosto dela e essa não era uma opção. 

Assim, fez um desenho dela numa folha de papel, que guardou numa pasta junto com outros que tinha. Eram retratos tanto de pessoas que conhecia, como sua família e amigos, quanto de estranhos, já que tinha o costume de perguntar a pessoas em parques se podia desenhá-las, apenas para praticar. Geralmente deixava que ficassem com o desenho, mas algumas pessoas queriam só uma foto e deixavam que ficasse com o original. 

Por aquele dia, foi apenas isso. Nada que nunca tivesse acontecido antes. 

Entretanto, sonhou com ela naquela noite. 

Eles estavam em um parque e tinham acabado de fazer um piquenique, então se deitaram na grama. Os dois começaram a conversar sobre suas semanas, como se aquilo fosse algo que fizessem normalmente e com uma certa frequência. Prata riu e os olhos dela brilharam com o reflexo do sol e Benedict soube que aquela era a cena mais linda que já tinha visto na vida.

Aquilo era demais. Pensou que um sonho erótico com ela teria sido melhor do que aquilo. Um sonho erótico com uma ficante era apenas sexo, mas um sonho como esses era tudo o que ele não precisava se queria tirá-la da cabeça.

Sexo podia muito bem ser só sexo, mas imaginar cenários de romance era perigoso numa situação como aquela. Ela tinha deixado bem claro que não estava disponível para um relacionamento e sonhos como aquele só alimentavam a imaginação de Benedict do que poderia ter sido em uma outra vida.

Pela semana seguinte, simplesmente ignorou toda vez que se viu pensando nela. Foi relativamente fácil, já que tinha uma encomenda grande para terminar e não gostava de deixar trabalho acumulado. Além disso, também era a semana do Natal, então sua mente estava focada em outras coisas, como no que dar de presente aos seus milhares de irmãos. Sim, ele sabia que eram “só” sete e amava cada um deles, mas, nessa época do ano, sempre parecia que eram em um número muito maior. Normalmente, teria feito essas compras no início do mês, mas estava bastante ocupado trabalhando nos presentes de natal que outras pessoas iam dar aos seus amigos e familiares. 

Pelo menos, isso era sinal de que os negócios estavam indo bem. 

Entretanto, naquela semana entre o Natal e o Ano Novo, tinha se dado um recesso muito merecido… e isso foi mais que o suficiente para que ela voltasse à sua mente. Tinha sonhado com ela mais duas vezes. Mesmo que conscientemente estivesse tentando tirá-la da cabeça porque aquilo só o faria sofrer, seu inconsciente não queria que isso acontecesse. 

No domingo, foi almoçar na casa da mãe, como era o costume, e teve a oportunidade de observar o irmão mais velho cuidar da enteada e o sorriso bobo de Kate vendo os dois juntos. Mais uma vez, se pegou pensando que queria aquilo para si. Algo como o que seus pais tinham ou como Anthony e Daphne tinham encontrado. Queria alguém com quem compartilhar a vida. 

E então começou a pensar em Prata. Era triste que ele não soubesse nem seu nome de verdade, já que tornava seus pensamentos ainda mais fantasiosos. Benedict sabia que gostava da ideia dela, daquela liberdade e do inesperado, e que a realidade poderia não corresponder àquilo, mas não saber o nome dela de verdade fazia com que achasse que nunca poderia conhecer a verdade e que aquilo continuaria a ser uma fantasia para sempre. 

O que o fazia ficar triste por estar pensando nela naquele contexto. 

A pessoa em quem ele pensava quando falavam de alguém com quem passar o resto da vida era uma mulher que ele nem conhecia?

She (she) / Ela (ela)

She lives in daydreams with me (she) / Ela vive comigo em devaneios (ela)

She's the first one that I see / Ela é a primeira que eu vejo

And I don't know why / E eu não sei porquê

I don't know who she is (she) / Eu não sei quem ela é 

She (she) / Ela (ela)

She's the first one that I see / Ela é a primeira que eu vejo

She lives in daydreams with me / Ela vive comigo em devaneios 

And I don't know why / E eu não sei porquê

I don't know where she is (she, she) / Eu não sei onde ela está (ela, ela)

E, enquanto pensava nela (ou tentava não pensar nela e parar de se iludir), teve uma ideia para um quadro. Pegou uma folha de papel no escritório da mãe e começou a desenhar. 

Seria uma pintura mostrando uma rua da cidade com o tradicional tráfego e um casal atravessando a rua em segundo plano. Tinha se inspirado nele mesmo e em Prata, mas não queria que fosse óbvio o quanto aquilo o tinha afetado, então, em teoria, era apenas uma pintura da cidade à noite. 

Com uma mulher que usava um sobretudo grande demais para ela e um vestido prateado, claro, mas ainda assim era apenas uma pintura da cidade à noite. 

Ele tinha acabado de finalizar o rascunho quando Eloise passou pela porta. 

— Benedict, a mamãe pediu pra eu vir te chamar, já que você está, nas palavras dela, enfurnado no escritório há vinte minutos e não escutou que o almoço está pronto. - ela disse e então olhou para a mesa e viu o papel em cima da mesa. - O que é isso?

Como não havia nenhuma razão lógica para esconder o que estava fazendo de Eloise (principalmente considerando que ela o irritaria até que dissesse o que era, se não contasse), mostrou-lhe o desenho.

— Isso é uma ideia pra um quadro? - ela perguntou, enquanto analisava o desenho. 

— Sim, mas ainda é só um rascunho. 

— Ficou muito bom. Acho que quando você realmente fizer vai ficar incrível. 

— Obrigado. - Eloise continuou olhando para o papel e tinha os lábios comprimidos um contra o outro, o que queria dizer que tinha algo a dizer. - Algum comentário?

— Só uma sugestão. 

— Sou todo ouvidos. 

— Eu sei que você está tentando fingir que essa pintura não é sobre esses dois - ela apontou para o casal atravessando a rua - e que seria só a vista da cidade e eles dois de fundo, blá, blá, blá, mas é óbvio que é sobre essas duas pessoas. 

— Existe algum ponto no que você está dizendo?

— Só que você devia fazer o vestido dela longo, porque parece mais romântico. - Benedict a encarou, chocado, mas parecia tão surpresa quanto ele. - Isso realmente acabou de sair da minha boca? 

— Por mais estranho que possa parecer, sim, e você está certa. Obrigado, Eloise. 

— Por nada. E eu vou negar que disse isso até o fim da vida. 

— Não se preocupe, seu segredo de que na verdade existe uma pessoa romântica por baixo de toda essa sua marra está salvo comigo. 

Ela lhe deu um tapa na nuca. 

— Idiota. Agora vamos descer que a mamãe disse que íamos esperar você descer para poder comer. A única pessoa autorizada a começar a almoçar foi a Lottie, então espere olhares mal humorados de todo mundo. 

— Obrigado pelo aviso. 

Depois do almoço, quando foi para casa, Benedict começou a fazer o esboço de como aquilo ficaria na tela e se dedicou o máximo que pôde, o que foi bastante, considerando que não tinha mais nada para fazer. 

Agora, quatro dias depois, estava dando os toques finais na tela e a verdade era que estava bem satisfeito com o resultado. Ainda tinha alguma coisa faltando, mas estava genuinamente orgulhoso do que tinha produzido, o que não acontecia sempre. Sabia que era normal que, como artista, não considerasse tudo o que pintava como uma obra-prima e até considerasse que o trabalho estava ruim, mesmo com todos lhe dizendo o contrário, mas Benedict era rígido demais consigo, então ele estar satisfeito e orgulhoso do trabalho que tinha feito era algo raro. 

E então lhe veio uma ideia: por que não pintar toda a noite daquele jeito? Cenas da cidade e da festa como primeiro plano e o par de amantes no fundo da imagem, nunca em destaque, mas sempre ali. As obras em separado não quereriam dizer nada, mas, em conjunto, contariam uma história: a história da melhor noite de sua vida. 

Às favas com tirá-la da sua cabeça. Queria aquilo porque acreditava que estava apenas se iludindo, mas agora, apesar de isso continuar sendo verdade, estava sendo produtivo sobre isso. E já lhe rendera um quadro e uma boa ideia. 

Lives for the memory / Vive pela memória

A woman who's just in his head (just in his head) / Uma mulher que está só em sua cabeça (só em sua cabeça) 

And she sleeps in his bed (his bed) / E ela dorme na cama dele (cama dele)

While he plays pretend (pretend) / Enquanto ele finge (finge) 

So pretend (pretend) / Tão fingido (fingido)

She (she) / Ela (ela)

She lives in daydreams with me (she) / Ela vive comigo em devaneios (ela)

She's the first one that I see / Ela é a primeira que eu vejo

And I don't know why / E eu não sei porquê

I don't know who she is (she) / Eu não sei quem ela é (ela)

E então ele percebeu o que faria a pintura ficar melhor: se fosse em preto e branco. Como era algo que já tinha acontecido e que agora era apenas uma doce memória, tudo estaria em preto e branco, menos o vestido, que estaria pintado com uma tinta metálica prateada. 

Testou como ficaria por meio de um aplicativo do telefone e o resultado era muito bom, mas aquilo definitivamente seria um desafio para ele. Nunca tinha pintado nada em preto e branco, mas valia à pena tentar por essa ideia. 

Logo começou a ter sonhos grandiosos para a ideia e, Deus do céu, ele esperava que dessem certo.

*** 

Horas mais tarde, estava reunido com a família numa casa de praia para celebrar o ano novo. Sempre gostara da energia do ano novo, mas nesse ano se sentia quase eufórico, como se a virada de ano fosse alterar sua vida. Estava sentado com Anthony e Colin numa mesa um pouco mais afastada dos outros enquanto o jantar não era servido e, de alguma forma, sentia que os dois tinham a mesma impressão que ele sobre o ano que viria. 

Impressão essa que foi confirmada quando Colin falou:

— Eu nunca pergunto isso, porque é altamente clichê, mas quais os planos de vocês para esse ano?

— Eu quero expor na galeria nova do Museu Nacional. - Benedict respondeu e depois deu de ombros. - Sei que provavelmente não vai acontecer, mas vai que.

— Você tem o potencial pra isso. - Anthony disse.

— Obrigado. Tive umas ideias para uma exposição nova e talvez tenha uma chance, se minha agente me ajudar um pouco.

— Vai dar certo, tenho certeza. - Anthony disse, e depois olhou para Colin. - E você?

— Bom, eu terminei hoje o último volume da Trilogia do Traidor. - ele respondeu, com um sorriso.

— Sério?

— Sim. Agora só falta o editor revisar e cortar tudo. E viram? Eu disse que podia terminar de escrever esse ano.

— Se não tivesse terminado hoje, não seria você. - Benedict disse, com um sorriso. - Mas parabéns. Não é estranho que agora tudo esteja fora da sua cabeça e representado em palavras?

— Um pouco, mas é tão bom que eu não vou reclamar. Então meu plano pra esse ano é publicar essa belezinha. - e então virou-se para Anthony, que parecia ter esquivado a pergunta. - E você, Anthony? Algum plano para 2021?

— Na parte de trabalho, só o de sempre, tentar ganhar o prêmio de empresa amiga da infância e juventude e tal.

— E na vida pessoal? - Colin perguntou, como se já soubesse o que o irmão ia falar.

— Eu estou pensando em me casar. - ele respondeu, com um sorriso.

Benedict não estava surpreso. Simplesmente trocou um olhar com Colin e os dois sorriram para Anthony. Mesmo fazendo só três semanas que sabiam que eles estavam juntos, era óbvio que esse seria o próximo passo do irmão. Daphne tinha apontado para os dois por anos todas as razões pelas quais achava que Anthony e Kate combinavam e, bem, tinha conseguido convencer Colin e Benedict muito antes das duas pessoas que realmente estariam envolvidas.

— Então quando você disse que ia contar porque as coisas estavam ficando sérias, era isso que queria dizer? - Benedict perguntou.

— É. Na verdade, estávamos falando em morar juntos quando o aluguel dos nossos apartamentos acabasse. Então estive pensando e acho que vou pedir pra ela casar comigo. 

— Nossa. - Colin disse e depois virou para Benedict. - Você percebe que ele vai casar pela segunda vez e nada de eu nem você arranjarmos alguém?

— Não vai ser agora. - Anthony disse. - E eu ainda nem falei com ela, o que quer dizer que pode dar errado, então boca fechada os dois.

— Minha boca é um túmulo. - Benedict disse.

— Minha boca é uma bexiga furada e você sabe disso. - Colin falou. - Você não devia ter me contado até o último momento, mas eu vou me esforçar pra não dizer nada.

— Ele não vai contar. E, voltando um pouco pro que você disse, não tem como dar errado. Só de ver o jeito que os olhos dela brilham quando você entra numa sala, e o contrário também… não tem como ela não aceitar.

— Obrigado pelo apoio. - Anthony disse, já com um sorriso no rosto.

— E se precisar de ajuda, sabe que pode contar com a gente, né? - Colin disse.

— Claro.

Anthony já tinha começado a pensar em como faria o pedido e tinha planos para ambos os irmãos, mas não os compartilhou naquela noite. Aquela noite era sobre recomeços e, apesar de Kate ser parte do seu, aquele não era um assunto para ser discutido naquela noite.

O resto da noite passou em meio a comida, bebida e um pouco de barulho, como já era de se esperar de qualquer evento com mais de dois Bridgertons reunidos, mas, quando se aproximou da meia-noite, eles se dividiram em grupos menores. Acabaram ficando separados em quatro grupos: Gregory, Daphne e Simon; Anthony, Kate e Charlotte; Violet, Hyacinth e Colin; e Benedict, Francesca, Eloise e Edwina.

— Obrigada por me deixarem ficar aqui com vocês. - Edwina disse. - Se não tivesse vindo para cá, tenho certeza de que estaria que nem o Gregory está agora. - todos olharam para onde Gregory estava, mexendo no telefone enquanto Daphne e Simon conversavam e riam baixinho. 

— Você estaria pior, porque parece estar rolando um momento ali. - Eloise disse, apontando que Anthony estava secando algumas lágrimas de Kate. Será que o Anthony decidiu se apressar?, Benedict pensou.

— E não precisa agradecer. - Francesca disse. - Você é família também. 

— Sim. - Benedict complementou. - Qualquer pessoa que consiga sobreviver a um Natal e um Ano Novo com a gente sem querer sair correndo é da família. 

Edwina sorriu e ia adicionar alguma coisa, mas os fogos de artifício começaram a ser lançados.

— FELIZ ANO NOVO! - os quatro gritaram e Benedict abraçou Eloise, enquanto Edwina e Francesca também se abraçavam. 

Os quatro terminaram de se cumprimentar e as meninas saíram de perto de onde Benedict estava. Ele iria se juntar aos outros em um minuto, mas havia algo que queria fazer antes. 

— Feliz ano novo, Prata. - ele disse baixinho, olhando para o mar. - Onde quer que você esteja.

O que ele não sabia é que, do outro lado do Canal da Mancha, olhando para o ponto abstrato onde a Inglaterra estava, Sophie Beckett disse:

— Feliz ano novo, Benedict. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "She" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.