She escrita por Mavelle


Capítulo 33
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Ok, EU fiquei ansiosa nesses 2 dias entre um capítulo e outro, então não vou dizer nada k

Beijos,
Mavelle

AVISO DE CONTEÚDO - SANGUE



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Por que? 

Essa pergunta (e suas variantes) eram a única coisa passando na cabeça de Sophie naquele momento. 

Por que ela tinha simplesmente acreditado em Rita quando ela disse que tinha errado o disparo? Estava tão desesperada que ele estivesse bem a ponto de acreditar no que aquela mulher tinha a dizer? Sim, ela pensou, enquanto Riverdale soltava as algemas das mãos de Benedict. Sim, eu estava e, sim, eu estou desesperada agora. Puta merda, como isso foi acontecer?

Por que Rita tinha mentido? Ela podia muito bem ter se vangloriado disso. Mas, se eu não achasse que ele tinha sido atingido, demoraria mais a vir (como acabou de acontecer) e isso aumentaria as chances de um dano mais grave

Sophie tirou o blazer de Benedict com cuidado para não machucá-lo mais e, mesmo pela camisa (cuja manga estava basicamente ensopada de sangue), dava para ver que o sangramento não tinha parado. 

— Você ainda está sangrando. - Sophie disse, engolindo em seco. - Já fazem 10 minutos e você ainda está sangrando ativamente. 

— E isso é ruim. - Benedict disse, simplesmente. Precisava interagir com ela. Sentia-se cansado, como se pudesse adormecer a qualquer momento se se permitisse. 

— É. Vou ter que tirar sua camisa pra tentar parar. E vai doer um pouco porque está meio grudada na pele. 

— Ok. 

Sophie desabotoou a camisa dele e a tirou com todo o cuidado, expondo a ferida. Como ela tinha suspeitado, ainda estava sangrando, mas não tanto quanto achava que estava, o que já era alguma coisa. Ela simplesmente rasgou um pedaço do forro do seu vestido (que era azul e longo) e pressionou contra a ferida. Sim, a OMS mandou lembranças pela completa falta de assepsia, mas ou era isso ou deixar Benedict continuar sangrando. 

Sentiu quando ele pegou a sua mão esquerda com a direita dele e deu um apertão, enquanto mordia o lábio inferior de leve. 

— Você está bem? - ela perguntou pela quarta vez em três minutos. 

— Um pouco melhor do que antes de você tirar minha camisa. 

— Você está tentando flertar comigo pra ver se eu relaxo um pouco? - ela perguntou, afastando um pouco o pedaço de pano de onde estava. 

O sangramento continuava, mas menos intenso do que antes. Rasgou mais dois pedaços do forro, um para servir como última tentativa de parar o sangramento e o outro para fazer um pré-curativo. Ainda teriam de fazer outro quando a área fosse higienizada, mas tinham de evitar que voltasse a sangrar. 

— Está funcionando? 

— Eu parar o sangramento ou você flertar comigo?

— Os dois. 

— Sim. 

— Ainda bem. 

— Olá. - Conrad disse, se aproximando dos dois. 

— Ben, esse é o Conrad. - Sophie disse, sem parar para olhar de um para o outro. Estava quase conseguindo fazer a ferida parar de sangrar, apesar de continuar suja. Precisava dar um jeito de parar num banheiro com ele e limpar aquilo. 

— Eu apertaria sua mão, mas acho que a Sophie me bateria se eu a interrompesse agora. Queria que tivéssemos nos conhecido em circunstâncias melhores. 

— Igualmente. - Benedict disse. 

— E eu sei que provavelmente é a última coisa nas suas mentes, mas precisamos decidir o que fazer agora. - Conrad disse, enquanto Sophie amarrava a tira de tecido no braço de Benedict. - Conseguimos entrar pela porta dos fundos, mas não acho que vamos conseguir sair sem chamar atenção, principalmente porque as duas parecem estar um pouco revoltadas por terem sido pegas. Honestamente, eu não sei que outra opção elas achavam que tinham.

Nem eu, Sophie pensou.

— E quais as nossas opções? - ela perguntou. 

— Podemos interromper a festa ou esperar que acabe. 

— Quão importante é que a operação de vocês fique em segredo? - Benedict perguntou enquanto Sophie o ajudava a colocar a camisa de volta.

— Não tanto quanto uma hora atrás, mas ainda importante. Ainda precisamos descobrir onde os outros Stuart estão e prendê-los. 

— Acho que o show deve continuar, então. 

— Benedict, você está ferido. - Sophie protestou. Tinha literalmente acabado de estancar o sangramento, e a camisa dele ainda estava molhada. 

— E vocês têm trabalhado nisso por anos. - ele respondeu, olhando de Sophie para Conrad, mas fixando o olhar nela. - Eu estou com dor, mas acho que estou bem. Consigo aguentar mais uma hora, então encerro a noite mais cedo, e vocês conseguem levar elas sem alarde na imprensa ou qualquer coisa do tipo. 

— Tem certeza? - ela estava mais preocupada com ele do que com qualquer outra coisa. A essa altura, não se importava com mais nada. Araminta e Rita estavam presas, assim como Brynn Idle, e tinha ficado mais que claro que James, embora o pretendente oficial ao trono, não era o maior articulador. Sua tia e sua sogra tinham feito muito mais estragos do que ele, apesar de tudo ser feito em seu nome.

— Sim. 

Sophie respirou fundo e se levantou, estendendo uma mão para ajudar Benedict a se levantar também. Ele cometeu o erro de tentar se levantar apoiando a outra mão no chão e isso fez com que os músculos se contraíssem, mandando uma outra onda de dor. Ele simplesmente mordeu o lábio inferior, mas era claro que os outros dois tinham percebido o que tinha acontecido. 

— Ele ainda vai precisar de cuidados. - Conrad disse, explanando o óbvio e basicamente falando de Benedict como se ele não estivesse ali. 

— Eu sei. Deixa a caixa de primeiros socorros no banheiro que fica logo na saída do salão, por favor. Eu vou cuidar dele.

— Tá. - ele virou-se para Benedict. - Quão atrasado você está? 

— Que horas são? - Benedict perguntou. 

— 21:20. 

A festa de abertura estava marcada para as 20 horas, e Sophie tinha chegado 30 minutos mais tarde. Ou seja, fazia menos de uma hora que ela estava no prédio. 

Não é possível que tenha se passado menos de uma hora, ela pensou, já ajudando Benedict a colocar de volta o blazer e percebendo a careta que ele fez quando o tecido bateu no curativo improvisado. A camisa por dentro estava completamente amassada, então fecharam os três botões do blazer, o que ajudou a dar a impressão de que estava ao menos um pouco alinhado. Bem, tirando o cabelo completamente assanhado pelo vento e o rasgo no blazer, claro. 

— Vinte minutos. - ele respondeu. - Devia ter aberto a exposição há 20 minutos. 

— E eu sei que não é sua prioridade, mas eu deixei a prisão da Araminta para você. - Conrad disse para Sophie. - Ela já está algemada, mas ainda não fizemos a prisão. 

Sophie ia argumentar que precisavam descer, mas Benedict a interrompeu. 

— Temos tempo para isso. É só fechar a meia hora de atraso.

Ela sabia o quanto ele odiava se atrasar e para ter concordado se atrasar mais… é, ele sabia que era importante para ela ver Araminta sendo presa, e que seria ainda melhor sendo por seu próprio feito. 

— Ok. 

Benedict passou o braço bom pelas suas costas e ela não sabia se aquilo era para que ele pudesse se apoiar ou lhe dar apoio emocional, mas simplesmente imitou seu gesto. Ele estava mais fraco do que demonstrava e tinha perdido mais sangue de que Sophie tinha pensado inicialmente. Ainda assim, a acompanhou até onde Araminta estava sendo segurada por dois agentes e, naquele momento, ela percebeu que queria muito fazer aquilo. 

Pela Sophie criança, que só queria amor e recebeu rejeição. 

Pela Sophie adolescente, que teve de aprender a se virar sozinha quando ainda precisava de cuidados. 

Pela Sophie adulta, que carregava os traumas das outras duas. 

Pela equipe de limpeza da Bridgerton, que sofreu por anos nas mãos de Araminta. 

Por Posy, que, apesar de amar a mãe, nunca recebeu o amor dela de volta. 

Por Benedict, que podia ter perdido a vida por causa daquela mulher.

E por Andrea, que devia estar ao seu lado neste momento. 

— Araminta Cowper Reiling, você está presa pelo crime de traição. Você tem o direito de permanecer calada. Qualquer coisa que você disser pode e será usada contra você num tribunal de justiça. Você tem direito a um advogado; se não puder pagar por um advogado, o Estado providenciará um para você. Você entende os direitos que acabei de ler para você? - Araminta apenas assentiu, os olhos brilhando com uma raiva pouco contida. - Com esses direitos em mente, você quer conversar comigo? 

—  Sim, sua bastarda desprezível! - ela começou a gritar. - VOCÊ VAI ME PAGAR CARO POR ISSO! 

Benedict fez um gesto para puxá-la para trás, mas ela continuou no lugar onde estava e sorriu.  

— Te vejo na audiência. 

Eles saíram do telhado e começaram a descer as escadas, ainda se amparando. 

— É estranho que eu tenha ficado meio excitado ouvindo você prender sua ex-madrasta? - Benedict perguntou, enquanto estavam descendo o segundo lance de escadas.  

Ela mordeu o lábio para não sorrir.

— Eu não sei se isso é real ou se você ainda está flertando comigo pra tentar me acalmar. 

— Um pouco dos dois. - ele sussurrou para ela em seguida: - Acho que você vai ter que me prender qualquer dia desses. 

Sophie se sentiu estremecer e todos os seus pelos se arrepiaram com a sugestão pouco decente. Benedict sabia exatamente como fazê-la gritar de prazer e também sabia como fazê-la tremer de expectativa. 

— E eu vou te prender por que? Pelo crime de ser um grande gostoso? 

Ele deu de ombros. 

— Parece justo pra mim.

— Convencido. 

— Você que disse que eu era um grande gostoso. 

Sophie revirou os olhos e parou ao lado da lixeira para pegar sua bolsa e o telefone de Benedict, que estavam exatamente onde os tinha escondido. Sua arma tinha sido recolhida por um dos colegas e estava guardada lá em cima, apesar de ela torcer que aquela fosse a última vez que precisava usá-la. Estavam para abrir a última porta e voltar para o salão, mas Sophie parou Benedict.

— Deixa eu ver como você está. - ela ficou de frente para ele e tentou ajeitar o cabelo dele, mas aquilo não daria certo. Era melhor terminar de abraçar o caos, então ela lhe deu um selinho, sabendo que aquilo deixaria a marca do batom. - Pronto. 

— Pronto? - ele perguntou, levantando uma sobrancelha e passando uma mão pela sua cintura, trazendo-a para mais perto. 

— É, você agora parece ter estado se agarrando comigo esse tempo todo e que tentou disfarçar um pouquinho, mas não deu certo.

—  E você ainda está muito arrumada para parecer que estava comigo. - ele disse, soltando o cabelo dela, que antes estava preso em um coque feito às pressas enquanto ela subia as escadas. Então fez questão de bagunçar ainda mais o cabelo dela. - Agora sim.

— Vamos? - ela estendeu o braço para ele, mas Benedict lembrou de um detalhe importante. 

— Precisamos esconder o rasgo no blazer. - ele disse. 

— Eu posso colocar minha mão bem de leve por cima. Podemos testar pra ver se você aguenta. Se não, eu chamo o Anthony e pegamos o blazer dele emprestado. 

— Acho que consigo aguentar. 

— Quer testar? - ele assentiu e ela colocou a mão com delicadeza no lugar em que estava o rasgo no terno, tentando não bater na ferida. - Ben? 

— Tá tudo bem. - ele disse entredentes, e Sophie percebeu que era uma mentira. 

— Você aguenta isso por cinco minutos?

— Sim. Só… só segura quando for preciso, por favor. 

— Ok. - ela soltou o braço dele, mas fez questão de passar um braço pelas costas dele, só por segurança. Não achava que ele fosse cair, mas não fazia mal tomar aquela precaução. Além disso, se manter próxima dele a tranquilizava e fazia com que pensasse com mais clareza. E os dois itens anteriores eram coisas que ela precisava demais naquele momento.

Os dois se aproximaram da entrada do salão e Sophie colocou a mão por cima do rasgo, o cobrindo o mais delicadamente que conseguia e torcendo que a mancha de sangue estivesse completamente coberta. Pelo que tinha visto, a mancha estava restrita ao espaço do rasgo graças ao forro, que tinha absorvido a maior parte do sangue, então torcia para que ele não voltasse a sangrar e que a mancha não se alastrasse. 

Ambos respiraram fundo antes de entrar no salão. Convenientemente, todos tinham parado de conversar na hora em que eles passaram pelas portas duplas. Como tudo estava silencioso demais, o barulho da porta abrindo foi o suficiente para chamar a atenção do salão inteiro, que agora olhava para os dois e via que estavam bem desalinhados. 

Alguns mais puritanos (hipócritas) arquejaram com a visão. Era mais que óbvio o que tinha acontecido. 

Bem, exceto que não era. 

— Tínhamos nos perdido no caminho de volta do telhado. Meu Deus, quanta escada. - Sophie disse, em tom de brincadeira e a multidão riu, ainda um pouco nervosa pela aparição desordenada dos dois. Viu o sorriso no rosto de vários membros da família Bridgerton e o olhar aliviado de Anthony, que era a única pessoa que sabia que Benedict realmente tinha sumido

Um garçom se aproximou dos dois e entregou uma taça de champanhe para cada um, seguindo as ordens de Violet, que, apesar de feliz pelos dois, queria que o resto da noite prosseguisse como planejado.

— Bem, desculpem o atraso para a abertura. - Benedict disse, numa voz que parecia menos forçada do que realmente era. - A Lady in Color é, provavelmente, o trabalho que eu fiz que mais reflete o período em que foi feita. Reflete como eu me sentia, mas, mais importante, para mim simboliza esperança, tanto quanto, ou talvez mais, que a Lady in Silver. Espero que vocês consigam sentir ao menos um fragmento disso. A Lady in Color está oficialmente aberta. - ele estendeu a taça para a frente, assim como os convidados, e depois bateu a taça com a de Sophie, que ainda segurava seu braço.

Uma salva de palmas seguiu. Depois, todos brindaram e, aos poucos, migraram para a sala da exposição. Aproveitando que a multidão estava indo na direção oposta e que a maior parte das pessoas ainda parecia desconcertada demais para ir falar com Benedict, Sophie decidiu que precisava ir tratar dele. Ela fez um sinal com a cabeça para que Anthony fosse atrás deles e levou Benedict para o banheiro, já o ajudando, com todo o cuidado, a tirar o blazer arruinado. Logo começou a desabotoar também a camisa dele e tirou a faixa que tinha enrolado ao redor da ferida. Como ela esperava, a faixa estava ensanguentada, e ela foi inspecionar a ferida, agora com uma luz melhor do que lá em cima. Era um ferimento de bala e ela tinha visto mais do que sua cota deste tipo de ferimento, então sabia o que estava vendo. Aparentemente, o de Benedict era superficial, mas precisava limpar para que pudesse ter uma noção melhor. E, mesmo assim, ainda corria risco de ter estilhaços, então faria o possível por enquanto, mas precisava levá-lo ao hospital assim que desse. 

— Meu bem, eu preciso limpar a ferida. - Sophie disse, enquanto pegava uma caixinha que tinha sido deixada num dos boxes.

— Tá. - Benedict respondeu. 

— E vai doer. - ela disse, já pegando os materiais necessários. 

— Mais do que já está doendo agora? 

— Provavelmente. 

— Ótimo. - ele disse, trincando os dentes. 

— Puta merda, isso é sangue? - Anthony perguntou, já entrando no banheiro. 

— Anthony, fala baixo, pelo amor de Deus. - Benedict reclamou, enquanto Sophie limpava a ferida. 

Ele trancou a porta atrás de si. 

— Mas que porra aconteceu? - ele perguntou.

— Atiraram no meu braço. - Benedict respondeu, simplesmente.

— Tem alguém com uma arma no prédio? - Anthony logo se preocupou. - A Kate está lá fora… 

— Não. - Sophie respondeu. - Quer dizer, sim, mas é o MI6. Relaxe, já está tudo sob controle. 

— Tudo fora o fato de que o Benedict levou um tiro e que o MI6 está aqui. 

Nesse momento, Benedict soltou um gemido de dor. Ela mesma fez uma careta, e parou um pouco o processo de limpeza, deixando que Benedict respirasse por um momento antes de continuar.

— Desculpa. Se te serve de consolo, a primeira vez é a pior. - Sophie disse, ainda preocupada em limpar a ferida. Sabia bem demais que uma ferida infeccionada era a pior coisa que podia acontecer numa situação como aquela. A perda de sangue era algo ruim, mas era algo do qual dava para se recuperar, desde que não fosse tão pronunciada. Uma infecção, por outro lado, era bem mais difícil de tratar. 

— Como assim a primeira vez é pior? Você fala a primeira vez que se é baleado? - Anthony parou e encarou Sophie. - Quem diabos é você? 

— Agente especial Sophia Maria Beckett do MI6. - ela estendeu a mão para ele, que a apertou, ainda confuso e meio admirado. E então virou de volta para Benedict. - Codinome: Prata. 

— Não 007? - ele perguntou, levantando uma sobrancelha. 

— Não. - ela sorriu e enrolou o braço dele com gaze. Estava tão limpo quanto ela conseguiria deixar e o sangramento tinha parado novamente. - Pararam de usar sistema de códigos numéricos depois dos filmes. Era mais discreto do que cores, cidades e elementos químicos, mas a vida é assim. E seria 047, pra falar a verdade.

— Meu Deus. - Anthony estava encostado na bancada da pia, reavaliando tudo. - Você é mesmo… 

— Sim. - ela não deixou que ele terminasse o pensamento. 

— E você sabia? - ele perguntou para Benedict. 

— Sim. - Benedict suspirou. - Eu sabia. 

— Eu… caramba. Eu nem sei como começar a perguntar.

— É melhor se eu explicar tudo depois. Sinto que vou ter que explicar a mesma coisa vezes demais, mas acho que preciso lhe avisar logo que vai precisar de uma nova diretora de vendas. 

— Nossa, que pena. - ele disse, com um sorriso no rosto. 

— Acho que provavelmente foi o melhor resultado desta noite. - Benedict respondeu. - Calma, o que ela estava fazendo mesmo? Eu retiro o que disse dependendo do que ela estava fazendo, porque só dá pra ser egoísta até certo ponto. 

— Bem, ela estava tentando fazer a linhagem dos Stuart voltar a ocupar o trono da Inglaterra. - Sophie respondeu, ajudando Benedict a colocar a camisa de novo. 

— Depois de 300 anos? - Benedict perguntou, ao que ela assentiu. - Isso é que eu chamo de guardar rancor. 

— Você não faz ideia do quanto. E de por quantas pessoas. 

— Sei que nós três somos algumas dessas pessoas, principalmente para Araminta. Que divertido. - Anthony disse, a voz cheia de sarcasmo. 

— Definitivamente. - Sophie disse e colocou a mão na testa de Benedict. - A bala pegou de raspão e você está com a temperatura normal, então a situação é menos pior do que poderia ser. Mesmo assim, você precisa ir ao hospital. Pode ser que precise de pontos. 

— Eu estou bem. - Benedict disse, tentando se levantar do banco, mas sendo (gentilmente) empurrado de volta por Sophie.

— Você está mais branco que uma folha de papel. - Anthony disse. - Sophie está certa, precisa ir para o hospital. Agora mesmo. 

— Anthony, estamos no meio do evento. Eu não vou desmaiar e, depois de passarmos por todo esse problema pra esconder o que aconteceu, precisamos continuar. Só mais quarenta minutos, aí encerramos o evento e eu vou. E não diga pra ninguém, por favor.

Ele respirou fundo e tirou o blazer que estava usando, passando-o para o irmão. 

— Concordo em fingir que não tem nada acontecendo? Não, mas não dá pra deixar você sair com a camisa desse jeito. - ele apontou para a grande mancha vermelha na manga da camisa branca. - Pelo menos umas 15 pessoas iam infartar.

— Eu sei que só não estou surtando por puro efeito da adrenalina. - Sophie disse. - Daqui a uns 5 minutos vou estar uma bagunça emocional. 

— Vou deixar vocês dois sozinhos. - Anthony disse, saindo do banheiro. 

Sophie voltou e trancou a porta, usando seu último grama de racionalidade e pensando que o banheiro ainda estava uma bagunça e que qualquer um se assustaria com a quantidade de sangue. Ela notou que Benedict já tinha se levantado, mas não reclamou com ele, principalmente porque ele foi se apoiar na pia. 

Ela se aproximou dele e encostou a testa na sua. Teriam de sair dali em alguns minutos, mas, por enquanto, apenas agradeciam silenciosamente pela segurança um do outro. 


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