She escrita por Mavelle


Capítulo 29
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Estamos de volta depois das emoções do último capítulo com um capítulo mais curtinho mas que é bastante importante. Ah! E tem uma surpresinha lá nas notas finais.
Enfim, espero que gostem.

Beijos,
Mavelle



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Duas semanas depois, Sophie estava exausta. 

Finalmente tinham conseguido encontrar a última das brigadas do Sturoyal e tinham invadido o galpão onde eles estavam no meio da noite, acordando todos com a surpresa. Tinha conduzido um interrogatório bem longo com o comandante daquela guarnição, que tinha passado o endereço das outras vinte e quatro brigadas, que já tinham sido totalmente dissolvidas. Os cerca de 20 integrantes de cada brigada dissolvida estavam em prisão preventiva e muitos já tinham começado a falar. Tinham percebido que aquilo não daria em nada e que podiam se beneficiar se contassem alguma coisa que ninguém soubesse.

Assim, tinham ficado sabendo da localização de realmente todas as brigadas e até a sala em que James ficaria esperando enquanto os aliados discursavam no parlamento e qual o banheiro que ele poderia usar naquele período. 

É, nenhum detalhe era pequeno demais. 

Principalmente agora que ele, Mirabelle e Kai não pareciam estar em lugar nenhum. 

Tinham controle da localização de Araminta, Rita e Brynn, mas não faziam ideia de onde os três jovens estavam. Era quase como se tivessem desaparecido. 

Mas Sophie se preocuparia com aquilo mais tarde. 

Quando dizia que estava exausta, estava exausta

Tinha acordado às 5 da manhã no dia anterior, passado o dia se preparando, então invadiu o armazém que alojava a brigada à noite e tinha ficado interrogando diversos suspeitos até aquela hora, ou seja, até as 10 da manhã. Ela precisava tomar um banho e dormir algumas horas. 

Então, assim que chegou na casa de Conrad, finalmente notou a data. 

28 de abril. 

O dia da inauguração da Lady in Color

Tudo estava relativamente bem agora. Já tinha terminado de desmontar as brigadas e estavam planejando um cerco às casas das cabeças para aquela noite, no qual ela não estava envolvida, apesar de estar de sobreaviso. 

Se bem que o Museu Nacional ficava bem perto da casa de Rita. Então mesmo se fosse chamada, daria tempo de chegar lá. Na verdade, seria ainda mais rápido para chegar do que se estivesse em casa. 

Ela podia muito bem ir. 

Sentiu o coração doer só de pensar em ver Benedict e de poder lhe dizer que, se ele a quisesse de volta, estava mais do que disposta a ser sua mais uma vez. Conseguia imaginar o rosto dele quando lhe dissesse que estava tudo bem e que podiam ficar juntos novamente. E de forma definitiva. 

Ok, meio em segredo nesses primeiros dias, enquanto ela terminava de resolver toda a situação do Sturoyal e suas pendências com o MI6, mas, uma vez que tudo estivesse verdadeiramente bem, podiam se assumir de verdade. 

Entretanto, ainda havia alguma coisa que a estava segurando. 

Estava cansada demais e, ainda que dormisse a tarde inteira, continuaria cansada, e… será que valia a pena? Ela podia procurá-lo no dia seguinte à prisão de Araminta. Assim, tudo estaria verdadeiramente seguro. 

Ainda estava meio balançada se ia ou não quando abriu o Instagram e se deparou com uma postagem nova do blog de Penelope, o Lady Whistledown, divulgando a Lady in Color e uma entrevista que ela tinha feito com Benedict. 

E Sophie sabia que precisava ler. 

“Hoje, 28 de abril, é a estreia da nova exposição do artista que se tornou recentemente o queridinho de Londres, Benedict Bridgerton. Caso você tenha estado debaixo de uma pedra no último ano, ele é o responsável por roubar nossos corações com a Lady in Silver, sua última exposição, que estreou em outubro e já rodou o país inteiro. O Lady Whistledown teve acesso prévio exclusivo à Lady in Color e também a oportunidade de fazer uma entrevista com o talentosíssimo artista responsável pelas obras que já emocionaram milhares de pessoas ao redor do país. 

Lady Whistledown: Antes de começar a entrevista, eu gostaria de dizer que eu e Benedict fomos para a faculdade juntos e, por isso, vamos nos chamar pelo primeiro nome. Agora que isso está claro, vamos começar. Boa tarde, Benedict. Como vai? 

Benedict Bridgerton: Vou bem, Penny, muito obrigado.  

LW: Quando eu anunciei para os meus leitores que faria uma entrevista com você e perguntei o que eles queriam saber, vários deles tinham uma dúvida: a Lady in Silver foi sua primeira exposição? 

BB: Não. Eu já tinha feito uma outra exposição antes que se chamava Erros, mas não teve, nem de longe, a mesma repercussão. Além disso, era bem mais impessoal. 

LW: Você diria que os trabalhos que está fazendo ultimamente são mais pessoais, então? 

BB: Sim, definitivamente. A Lady in Silver foi baseada literalmente numa experiência pessoal, enquanto a Lady in Color é mais como um reflexo dos meus sentimentos.

LW: E elas contam duas partes de uma mesma história, mas não necessariamente seguem a mesma ideia, certo?

BB: Isso. A primeira era completamente em preto e branco porque representava que era uma memória, enquanto essa exposição mistura tanto a cor quanto a escala de cinza, mas muito mais representando sentimentos do que memórias e o presente. 

LW: E foi uma escolha sua fazer em preto e branco desde o início? 

BB: Na verdade, inicialmente eu só tive a ideia de fazer um quadro.

LW: E não é assim que as melhores ideias começam? Bem pequenas e depois vão crescendo? 

BB: Sempre. Começa com uma ideia para algo pequeno e depois vai crescendo e tomando proporções cada vez maiores. De qualquer forma, eu tive a ideia pro quadro X enquanto esperava o almoço ficar pronto e acabei indo fazer um esboço de como eu queria que ficasse. Foi nesse momento que minha irmã mais nova, Eloise, se intrometeu e disse que ficaria mais romântico se o vestido da moça fosse longo ao invés de curto. Enfim, depois daquele almoço, eu fui pra casa e comecei a pintar o quadro. Só depois que eu terminei foi que percebi que talvez ficasse melhor em preto e branco, para dar aquele sentimento de nostalgia, sabe? 

LW: Sim, entendi. 

BB: E só depois disso que tive a ideia para fazer daquilo uma exposição. 

LW: Então não foi algo realmente planejado desde o início?

BB: Não. Era só uma forma de deixar meus sentimentos e frustrações saírem e acabou virando o que virou. 

LW: E quanto à Lady in Color?

BB: Eu diria que foi um processo de criação bem menos espontâneo. Surgiu de um momento de “ok, e agora? O que eu faço?” e simplesmente decidi que a escolha mais óbvia seria uma continuação para a exposição anterior. 

LW: Continuar com a fórmula de sucesso mesmo que isso não seja exatamente o que você quer fazer no momento. 

BB: É, mas calhou de ser algo que eu realmente estava animado para fazer. Quando eu reencontrei Prata, foi como se viesse o estalo. Do tipo “é isso que eu preciso fazer”.

LW: Então você foi lá e fez. 

BB: É. Acho que ficou bem diferente da Lady in Silver, mas que elas se complementam. 

LW: Aproveitando que estávamos nesse tópico e que infelizmente nosso tempo acabou, eu gostaria de encerrar com a pergunta que eu mais recebi dos leitores: quem é Prata? 

BB: Ela é o amor da minha vida. Infelizmente não estamos mais juntos, por circunstâncias fora do nosso controle, mas eu ainda tenho esperanças. 

LW: Você diria que é um romântico, então? 

BB: Sim. Definitivamente. 

LW: Tem alguma coisa que você queria que ela soubesse, caso esteja lendo isso? 

BB: Sim. Prata, eu só queria que você soubesse que ainda te amo. Sei que agora pode não ser o momento certo, mas vou esperar até que as estrelas se alinhem de novo para nós. Se não nesta vida, em outra. 

LW: Eu não tenho nem jeito pra encerrar a entrevista depois dessa. Muito obrigada pela entrevista e pelo seu tempo, Benedict.  

BB: Eu que agradeço a oportunidade, Penelope.”

As lágrimas chegaram rapidamente aos olhos dela. Não tinha mais dúvidas. Precisava encontrá-lo. Precisava lhe dizer que faria com que as estrelas se alinhassem, nem que tivesse de puxá-las pelo céu. Não esperaria uma outra vida para poder amá-lo. Iria fazer com que aquilo acontecesse. 

Mas, primeiro, precisava de uma tarde de sono. Não adiantava aparecer lá quase desmaiando de cansaço, então descansaria, mas faria acontecer naquela noite. 

***

Era a noite de abertura da Lady in Color e, apesar de estar orgulhoso de seu trabalho e ansioso para compartilhá-lo, Benedict não conseguia evitar de pensar que não era exatamente ali que deveria estar. Estava orgulhoso de verdade por poder expor o que tinha criado, mas estar ali também fazia com que ele lembrasse de todas as circunstâncias que o levaram àquele momento. A Lady in Silver era sobre uma noite mágica, era sobre Prata, mas a Lady in Color era sobre Sophie. Ele não sabia quando tinha começado a fazer questão de dizer que eram duas pessoas diferentes, mas era a mais pura verdade. Prata era uma memória e uma fantasia, mas Sophie Beckett era real. Ela era real, Benedict a amava e sua vida era mais feliz, mais colorida, porque ela estava lá ao seu lado para vivê-la com ele. 

Que agora não estivesse mais ao seu lado era um detalhe que ele preferia esquecer na maior parte do tempo. 

— Não acho que qualquer um fosse capaz de adivinhar que você é o artista que está expondo hoje. - Kate disse, se aproximando dele. - Você tá tão borocoxô. 

— Só estou reflexivo. - Benedict retrucou.

— Borocoxô. - Anthony disse, se juntando à conversa. - No fim das contas, dá na mesma. 

— Tá tudo bem, Benny? - Kate perguntou. 

— Sim. Como eu disse, só estou reflexivo. 

— Tá bom. Me engana que eu gosto. 

— Amor. - Anthony reclamou. - Deixa o Benny. Quando ele quiser compartilhar, ele compartilha. Acho que ele já está estressado o suficiente sem a gente ficar perguntando como ele está. 

Kate respirou fundo. 

— Tá. Eu só estou demonstrando preocupação pelo meu cunhado favorito. Se quiser falar, é só dizer que eu estou mais que disposta a ouvir.

— E eu agradeço a preocupação, mas sério, eu estou bem. - Benedict respondeu. - Ou pelo menos tão bem quanto poderia estar. 

— Viu? - Anthony disse, apenas para provocar a esposa. - Ele está bem. 

Kate deu uma cotovelada de leve na barriga dele, ao que ele respondeu lhe dando um beijo na têmpora, a puxando mais para perto e deixando uma mão em cima da barriga dela. Os dois tinham sorrisos bobos no rosto. Não importava se a mão na barriga fosse ele sendo carinhoso, demarcando território ou simplesmente estando perto, era algo que Benedict o pegava fazendo com frequência. E que geralmente considerava como uma deixa para se afastar. 

— Aproveitem o resto da noite. - Benedict disse, já se afastando. 

Claro que estava feliz pela felicidade do irmão e de uma de suas amigas mais antigas, mas não conseguia deixar de sentir uma pontadinha de inveja. Também queria estar demonstrando que era um bobo apaixonado, mas nem tudo funciona como queremos.

Ele circulou um pouco pelo salão, conversando com várias pessoas, até que uma figura conhecida mas completamente inesperada parou ao seu lado.  

— Araminta. - Benedict disse, num tom que deixava claro que tentava esconder o espanto. Ou fazia isso ou franzia o cenho e acreditava que o primeiro era o mais educado. Logo notou que ela não estava sozinha: uma outra senhora de uns 50 e poucos anos a acompanhava. - Que surpresa encontrá-la aqui.

— Ora, Benedict, por que a surpresa? - ela perguntou, com um sorriso cheio de dentes. - Somos praticamente família, já que você está namorando minha ex-enteada. 

— Eu e Sophie não estamos mais juntos. - Benedict disse, sem entender o que Araminta queria. Ela devia querer alguma coisa, com certeza, mas não explicava o porquê de estar se referindo a Sophie como se fosse família. Tinha certeza de que ela nunca tinha feito isso. 

— Sério? Que pena, Posy tinha dito isso, mas não acreditamos. Acho que nosso amigo deve ter imaginado coisas. - Araminta disse, virando para a mulher ao seu lado. Que amigo?, Benedict pensou, um pouco nervoso. Agradeceu silenciosamente por só ter tomado uma dose de uísque, caso contrário jamais teria conseguido parecer tão blasé quanto achava que estava naquele momento.

— Acho que não fomos apresentados. - ele disse, estendendo a mão para a senhora que acompanhava Araminta. - Benedict Bridgerton. 

— Rita Martin. - ela respondeu, olhando para a mão dele sem apertar. - Sabe, eu fiquei tremendamente desapontada quando você se recusou a pintar os retratos da minha família. O outro artista que você indicou, o sr. Granville, fez um bom trabalho, mas falta paixão. 

Agora ele sabia quem era o amigo, mas aquilo levantava várias outras questões: o que elas estavam fazendo ali? Por que Sophie tinha dito para não fechar negócio com Brynn Idle? Como Araminta estava envolvida com aquelas duas pessoas? Quem era aquela mulher? O que eles faziam? 

Deus do céu, não saberia nem por onde começar a perguntar a Sophie, se ela estivesse ali do seu lado. 

Mesmo com todas aquelas perguntas rodando em sua cabeça, Benedict conseguiu manter as expressões neutras. 

— Realmente foi uma pena eu não poder ter pego o trabalho, mas é parte da minha filosofia enquanto artista. Eu não pinto rostos com feições, não importa quão próximo do rosto a imagem esteja. Como eram retratos oficiais, acho que o ponto se perdia um pouco, não concordam? 

— Bem, sim, mas temos de colaborar no futuro. Suas paisagens são belíssimas. 

— Muito obrigado. Tenham uma boa noite. - ele disse, já se afastando delas. Tinha um mau pressentimento sobre as duas.

— Voltando um pouco no assunto - Araminta disse e, pelos anos e anos de educação que tinha recebido, Benedict voltou -, você e Sophie estão terminados, mas ela ligaria se você, digamos… sumisse, certo?

Ele sentiu seu sangue gelar. Aquela estava longe de ser uma pergunta inocente. Sabia que a resposta era sim, mas não tinha ideia do que as duas poderiam fazer com aquela informação. 

— Olha, a conversa está ótima, mas eu preciso ir dar atenção a outros convidados. - Boa noite, senhoras.

Ele ia se virar de costas e simplesmente sair dali, sair da presença daquelas duas pessoas que o estavam deixando tenso, mas Rita sacou uma arma e a grudou na barriga dele. 

— Aja naturalmente. - Araminta disse, com um sorriso estampado no rosto. - Nosso associado está com sua mãe na mira caso você não colabore. Ele tem ordens diretas para atirar se você gritar, tentar reagir ou pedir socorro, então eu não tentaria nada se fosse você. 

Benedict engoliu em seco, incapaz de qualquer outra reação. Sentia o frio do cano de metal mesmo através de sua camisa e o instinto lhe dizia para levantar as mãos, mas aquilo chamaria a atenção e sua mãe estava na mira de quem quer que fosse o associado delas, que podia ser, basicamente, qualquer um. Era um evento aberto a quem quisesse participar, apesar da exigência de traje esporte fino. Ótimo, tem alguém com minha mãe na mira e eu não faço a mínima ideia de quem seja ou do porquê, ele pensou. Ótimo não. Puta que pariu.

— E agora? - ele perguntou, debilmente. Não tinha o que fazer, então que ao menos não ficasse sendo literalmente arrastado de um lado para o outro. 

— Você vem com a gente.


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Notas finais do capítulo

Oi rs pra amenizar o drama do fim desse capítulo, teremos um bônus fofinho/engraçadinho na quinta-feira (porque aqui a gente dá o tapa e assopra depois)



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