She escrita por Mavelle


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.
Dois recadinhos. Primeiro, resolvi não colocar a descrição da exposição do Benedict porque já tinha informação demais no capítulo, então, no capítulo da exposição mesmo eu coloco.
Segundo, acho que todo mundo já sabe o que vem por aí, então vou logo avisando que hoje tem sugestão de trilha sonora e tem o link no momento que for pra começar a música, mas acho melhor já dar o spoiler.

Beijos,
Mavelle

Música sugerida: Love You Goodbye - One Direction



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Depois de almoçar com Posy, Sophie foi para o outro lado da cidade, como tinha dito, mas para receber informações sobre a missão. Começaria na segunda-feira e ela devia se apresentar no prédio das forças de segurança, que ficava convenientemente perto da casa de Andrea, onde ela ficaria enquanto não estivesse em missão. 

Quando acabou de receber as informações, já passava das 15 horas e, bem, não tinha nada melhor a fazer do que ir no ateliê de Benedict. Já tinha combinado de ir pra lá de qualquer jeito, então chegar um pouco mais cedo não faria mal. 

Mas aí surgiu a dúvida: como devia agir? 

Se ia terminar com ele apenas algumas horas mais tarde, devia se portar de uma forma mais fria? Se portar do mesmo jeito de sempre e fingir que nada estava acontecendo até chegar a hora?

Quando tinha terminado com seu namorado da época da escola, ela simplesmente virou para ele na hora do intervalo disse “olha, você é legal e beija bem, mas eu não quero mais namorar com você” e tinha sido isso, mas ela sabia que a situação era completamente diferente agora. Estava envolvida demais e suspeitava que Benedict também estivesse. Ele não tinha dito que a amava, mas ela achava que tinha visto aquilo no olhar dele algumas vezes. E podia muito bem estar esperando que ela tomasse o primeiro passo, já que foi ela que quis “esconder” o relacionamento por tanto tempo. 

Não se arrependia daquilo, já que realmente tinha medo de que Araminta quisesse algum tipo de retaliação quando a descobrisse. Entretanto, agora era tarde e ela já sabia, então precisava ter certeza que ela soubesse que tinham terminado. 

Provavelmente diria para Posy que tudo tinha acabado mal e que eles tinham tido uma briga gigante (o que ainda era bem possível) ou algo do tipo. Se sentia mal de usar Posy assim, mas tinha que dar um jeito de proteger Benedict. 

Pensou em como devia agir enquanto estava no ônibus, e decidiu que tentaria agir normalmente. Ou o quão normal conseguisse agir, já que vinha se sentindo tensa o dia inteiro. 

Aquilo passou quando, cerca de 30 segundos depois de ela tocar a campainha, Benedict surgiu, abrindo a porta com um sorriso estampado no rosto. 

— Não estava te esperando tão cedo. - ele disse, já a puxando para um abraço. 

Ela simplesmente afundou o rosto na dobra do pescoço dele. Deus do céu, ele cheirava bem demais. Se pudesse morar num cheiro, seria naquele. 

— E isso é bom ou ruim? - Sophie perguntou, com um sorriso.

— Bom, muito bom. - Benedict respondeu, já fechando a porta e a beijando. 

— Então, o que você quer me mostrar? - ela perguntou, já se separando dele.

— Apressada. - ele a guiou pela escada. - Vou logo lhe avisando que está uma bagunça ali em cima. 

— Mais do que da última vez que eu vim? 

— De alguma forma, sim. A exposição inteira está na salinha, então as encomendas estão todas espalhadas pela sala principal. 

— Meu Deus. Pelo menos me diga que você não está trabalhando em três de uma vez só de novo. 

Ele tinha um olhar culpado. 

— Bom, três não, mas duas de uma vez fazem o trabalho render mais.

— Você é quase um workaholic.

— Eu sei. Não consigo evitar, mas, pelo menos, dá resultados. - ele disse, abrindo a porta da sala onde estavam guardados os quadros da exposição.

Sophie entrou na sala e se sentiu maravilhada. Ao mesmo tempo que era uma explosão de cor, também tinha o preto e branco característico da Lady in Silver e um misto dos dois em alguns momentos, mas sem jamais perder a coerência. Assim como ao ver a primeira exposição, ela se emocionou. Aqueles quadros podiam não refletir a história deles como a Lady in Silver, que literalmente era a história de como eles se conheceram, mas eram eles. Cada detalhe, cada pincelada, tudo era sobre eles dois. 

Ela simplesmente observou as telas por um tempo, concluindo o que já sabia desde o início. 

— Está tudo tão lindo… 

— Você acha mesmo? - Benedict perguntou. 

— Se eu acho? Ben, cada vez que eu vejo algo novo que você pintou eu vejo mais o quão genial você é. Nunca deixo de me surpreender com o quão talentoso você é. 

— Bom, o talento pode até ser meu, mas ter uma inspiração torna todo trabalho mais bonito. E você é a minha.

Sophie simplesmente o abraçou forte. Não queria soltá-lo, não queria que aquele momento acabasse. Ela suspirou. Precisava conversar com Benedict e terminar tudo com ele, mas aquele não era o lugar para fazer isso. 

— Tá tudo bem? - ele perguntou, ainda a abraçando. Tinha percebido que alguma coisa estava estranha. 

— Precisamos conversar. 

***

O caminho até o apartamento de Benedict foi levemente tenso. 

Além do tráfego monstruoso (que os deixou presos no carro por quase uma hora), Sophie parecia cansada e triste e ele se questionava o que diabos tinha acontecido. Ela estava introspectiva demais e ele a conhecia bem o suficiente para saber que alguma coisa devia ter acontecido. Quase agradeceu quando finalmente chegaram ao seu prédio. Não iria conduzir um interrogatório, mas queria que ela se sentisse à vontade para falar e acreditava que seria mais fácil ela se sentir assim no apartamento do que no carro. 

Quando entraram pela porta do apartamento, os dois suspiraram. Finalmente tinham chegado em casa. 

Sophie deu um meio-sorriso. Casa, ela pensou. Péssimo timing pra perceber que é assim que você considera esse lugar, Sophie.

— Você sabia que faz isso todo dia? - ela perguntou, falando pela primeira vez desde que tinham entrado no carro. Isso, por incrível que pareça, era uma das coisas que mais estava preocupando Benedict. Não era o normal dela ficar tanto tempo calada.

— Isso o que? 

— Toda vez que você chega em casa, você suspira. 

— Sério? - Sophie simplesmente assentiu. - Eu não fazia ideia. - os dois ficaram em silêncio por um momento, apenas parados um de frente para o outro. - Tá tudo bem? - ele perguntou mais uma vez. 

— Não. - ela disse, simplesmente. - Eu me demiti hoje de manhã. 

— Por que? - ele questionou. - Quer dizer, é sua escolha, claro, mas você nunca comentou que estava pensando em sair. - um brilho de preocupação passou pelo seu olhar. - Alguém fez alguma coisa contra você? 

— Não, não. - ela logo emendou. Esquecia frequentemente que ele tinha algum tipo de poder dentro da empresa por ser um dos acionistas, mas não queria ver ninguém prejudicado por aquilo. Até porque a verdade é que nada tinha acontecido. Quer dizer, nada depois daquela situação com Araminta. - Ninguém fez nada contra mim e, inclusive, se eu fosse ficar, seria pelas pessoas. É só que me chamaram para voltar a fazer o que eu fazia antes de entrar na Bridgerton. - E é por isso que eu vim aqui hoje. Eu não posso mais estar com você, Sophie pensou, mas não disse. Mudou de ideia quando percebeu que Benedict apenas a olhava com os olhos brilhando, e a única coisa que passava pela cabeça dela naquele momento é que ela o amava. Dizer aquelas duas frases que estavam entaladas na garganta e simplesmente terminar tudo devia ser mais fácil, já que ela sabia que o único jeito de mantê-lo seguro seria cortá-lo de sua vida de uma vez por todas, mas não era. 

Não era fácil dizer ao homem que amava que não podiam mais estar juntos.

— Você vai voltar para a França? - ele perguntou, com o coração apertado.

— Não. - ela respondeu e o nó no coração dele se desfez um pouco. Ela continuaria em Londres. Ela continuaria na mesma cidade que ele e, agora que não era mais funcionária da Bridgerton, talvez pudessem finalmente dizer publicamente que estavam juntos. Queria gritar para o mundo que a amava, mas devia começar dizendo para ela. Talvez nessa mesma noite. - Quer dizer, não agora, mas, no futuro, talvez sim. Provavelmente sim, na verdade. Ou algum outro lugar. Vai depender de onde eles vão querer que eu fique. 

— Você não era tipo uma emissária secreta do governo, era? - ele perguntou num tom de brincadeira, mas o silêncio que se seguiu à pergunta era ensurdecedor. Isso foi uma piada, Sophie pensou. Eu devia só rir e deixar isso de lado. Terminar com ele e seguir minha vida sem colocá-lo em risco por saber do meu segredo. Assim seria muito melhor para nós dois. Ria, Sophie, ria. Parta seu coração em mil pedaços e ria. Entretanto, ela não conseguiu. Não queria e não conseguiu mentir para ele. - Soph? - ele a encarava, claramente chocado.

— Eu me prometi que não ia mentir para você, mas contratualmente não posso responder essa pergunta.

— Meu Deus. 

Benedict simplesmente se jogou para trás, caindo no sofá. 

Estava em choque. Nunca tinha se perguntado o que ela fazia antes de trabalhar na Bridgerton. Ela tinha comentado algo sobre ter sido garçonete em algum ponto, certo? Jamais imaginaria que ela pudesse trabalhar para o governo. Não que ela não tivesse capacidade para isso, mas era difícil pensar nela como uma pessoa misteriosa. Para ele, ela parecia um livro aberto, mas, aparentemente, era um livro aberto com um estojo gigante tampando algumas coisas. E ele não podia julgá-la. Se ela estava servindo ao país de alguma forma, provavelmente havia algum tipo de contrato de confidencialidade. Ela com certeza não podia sair por aí dizendo “olá, meu nome é Sophie Beckett, eu sou faxineira durante o dia, mas trabalho para o governo nas horas vagas”. E, para fechar a lista de razões pelas quais ela não devia ter contado, só estavam juntos há 3 meses. Achava que, se já estivessem juntos há mais tempo, ou fossem morar juntos, casar, qualquer coisa do tipo, ela teria contado espontaneamente, não porque ele fez uma brincadeira esdrúxula que acabou sendo mais próxima da verdade que qualquer outra coisa. 

Escolheu acreditar nisso e focou no positivo de toda aquela situação: Sophie não tinha mentido. 

Podia muito bem ter dado uma risada e respondido qualquer outra coisa, mas nem negou nem confirmou, simplesmente porque não queria mentir para ele. 

Ele já sabia que a amava há um bom tempo, porém, de alguma forma, naquele momento o sentimento o preencheu. E Benedict se sentiu amado, mesmo que Sophie não tivesse dito aquelas palavras e talvez nem sentisse aquilo, não com aquele nome. Ela podia muito bem se prejudicar por aquilo, mas, ainda assim, escolheu não mentir para ele. Considerando quantos casais casados conhecia que mentiam compulsivamente um para o outro, para ele aquilo parecia muito com um gesto de amor. 

E, talvez ainda mais importante, de confiança. 

Lembrou-se da conversa que tiveram durante seu primeiro encontro, ainda em dezembro, e de como sabia que aquilo era importante, mas não fazia ideia do porquê na época. 

“- No fim das contas, ele mentiu, mas mentiu para protegê-la. Você acha que, nesse caso, os fins justificam os meios? - Sophie perguntou. 

— Nesse caso em específico, eu acho que sim. Cupido estava só tentando manter Psiquê segura e eu acredito que ele acabaria contando para ela eventualmente, mas Psiquê se deixou influenciar pelas irmãs e as coisas se atropelaram. 

— Qual a razão para você gostar tanto dessa história? 

— Acho que é a mensagem de que só o amor não é suficiente se você não confiar na pessoa. Claro que você provavelmente não vai confiar tanto no início, porque isso é algo que deve ser construído, mas alguém tem que dar um salto de fé. 

— Eu concordo.”

Ele entenderia se ela dissesse que sua promessa de não mentir para ele acabava ali (ou não dissesse, no caso). Provavelmente jamais descobriria a verdade de qualquer jeito, mas ela tinha escolhido não mentir. Tinha escolhido confiar nele. E, por alguma razão, teve certeza de que ela nunca contara isso a mais ninguém. 

Era possível que a amasse mais do que uma hora antes?

Os dois passaram alguns minutos em silêncio e Benedict percebeu que Sophie olhava para ele preocupada. Estava com medo da reação dele?

— Não precisa me dizer nada, só... você trabalha para o governo do Reino Unido, certo? - ele perguntou. 

Ela olhou para ele com os olhos arregalados.

— Mas é claro! Tá doido? 

— Por que você confirmou minha pergunta? Eu podia muito bem ser... 

— Não. - ela o cortou. - Desculpa, Ben, mas você não faz o perfil. 

— Eu não achava que você fazia o perfil também. Meu Deus, qual é o perfil? 

— Pessoas sem perspectiva de futuro e que ninguém ligaria se sumissem. - ela disse, a dor perceptível na sua voz.

— Soph... 

— É a verdade. - ela disse e, sem aguentar olhar para ele, virou de costas. 

Ela fechou os olhos e sentiu ele a abraçar por trás. 

— Eu sentiria sua falta se você sumisse. - ele disse, antes de dar um beijo leve na sua têmpora. Eu ficaria louco se você sumisse, Benedict pensou. 

Sophie se virou de frente, olhou diretamente em seus olhos (porque nenhum dos dois merecia passar por aquilo sem um olho no olho) e fez as perguntas cujas respostas mais a assustavam:

— Você não está com medo? Ou com raiva?

— De você? - ele passou o dorso da mão delicadamente pela bochecha dela. 

— Sim. Eu omiti quem eu era. 

— Eu estou surpreso, para dizer o mínimo, mas não com raiva ou com medo. Você omitiu qual era o seu trabalho, mas nunca quem você é. E eu consigo te ver, Sophie, por quem você é, não pelo que você faz. - ele fez uma pequena pausa. - Não se preocupe, seu segredo está seguro comigo, já que você confiou em mim o suficiente para não mentir sobre isso. E eu confio que você me mostrou a Sophie de verdade. 

— Eu só menti para você duas vezes, na noite em que nos conhecemos e no dia do parque, mas depois em nenhuma outra ocasião. Algumas meias-verdades que não consegui evitar, mas não menti para você fora desses dois momentos. Tudo na minha vida já era uma mentira, e isso não podia ser também. Não podia contaminar a coisa mais pura que eu já senti por outra pessoa com mentiras. E é por isso que eu preciso terminar as coisas entre nós, mesmo que seja a última coisa que eu queira.

— Por que vai terminar comigo se não é isso que quer? - ele parecia confuso. 

— Porque eu te amo e estar comigo não é seguro para você. 

— Você me ama? - a voz dele estava suave. 

— Sim. E é-

Sophie ia dizer que essa era a razão pela qual não podia estar com ele, mas ele simplesmente a beijou. 

— Eu também te amo. - Benedict disse. - Pode parecer precipitado, mas acho que te amo desde aquela primeira noite, quando você escreveu seu nome no meu coração sem que eu ao menos soubesse como você se chamava de verdade. Na época, eu sei que me apaixonei pela ideia que você representava, mas depois, quando eu te reencontrei e passei a te conhecer de verdade… só provou que meu coração estava certo em ter escolhido você.

Ela sentiu as lágrimas chegando aos seus olhos. Nunca tinha sido do tipo de pessoa que chorava com facilidade, mas era a primeira vez que ouvia essas palavras sendo dirigidas para si por alguém que não considerava parte de sua família. Não lembrava de seu pai ter lhe dito que lhe amava, então Posy, Andrea e Conrad (na vez em que ela viu ele ficar quase bêbado) eram as únicas pessoas que já tinham lhe dito isso. 

E agora Benedict. 

Benedict, que era a melhor pessoa que ela conhecia. Benedict, a quem ela amava com todo o coração. 

Psiquê descobriu sobre Cupido e está tudo estranhamente bem, Sophie pensou. O amor é confiança, mas não adianta se vier só de uma pessoa. Percebeu então o olhar dele sobre ela e a sua mão gentilmente limpando as lágrimas que tinham teimado em descer pelo seu rosto. Percebeu também que não era a primeira vez que chorava na frente dele, mas aquilo de alguma forma não era uma fraqueza como ela sempre imaginava que chorar na frente de alguém seria. Ela estava vulnerável, claro, mas estar vulnerável com ele não parecia tão ruim quanto com qualquer outra pessoa. 

— Eu te amo. - ela simplesmente disse, antes de beijá-lo de novo. 

Por um momento, os dois só aproveitaram que estavam nos braços da pessoa que amavam, mas Benedict logo se lembrou do que ela tinha dito antes de dizer que o amava. 

— Você estava mesmo falando sério sobre terminar? — ele perguntou. 

Sophie não podia culpá-lo por perguntar. Afinal, tinha lhe dito que queria terminar, depois se declarou e ele também, então ela começou a chorar e o beijou. Realmente, eram informações demais e elas não combinavam. E ele podia muito bem achar que ela havia mudado de ideia, mas o amor não mudava tudo.

— Sim. Eu nunca parei de trabalhar para o governo e no momento meu trabalho está ficando meio… perigoso e eu não quero que você acabe no meio de tudo isso. Eu não posso te arriscar. 

— Soph… - ele pareceu preocupado. 

— Tá tudo bem. - ela disse, colocando a mão na lateral do rosto dele. - Eu sei me cuidar. - ele não parecia convencido. - Confia em mim. 

Ele olhou nos olhos dela e Sophie viu ali todo o amor que ele sentia, mas também viu aquela pontada de dor. Aquilo provavelmente estava o mais longe possível do que ele queria que acontecesse, mas, ainda assim, iria respeitar a decisão dela. 

— Sempre. - ele beijou a palma da mão dela. - Tem algum jeito de eu te convencer que não terminarmos é melhor?

— Não. Eu não tenho como garantir que não vão fazer nada contra você, principalmente porque vou estar longe por um bom tempo. - ele ia dizer alguma coisa, mas Sophie o interrompeu. - E eu sei que você vai dizer que pode se cuidar, mas eu vou passar o tempo todo preocupada e me desconcentrar e… 

— Entendi. - Benedict não achava que aconteceria alguma coisa, mas se ela fosse passar o tempo todo preocupada com ele e não se focando no que precisava fazer, seria mais perigoso para ela e ele não admitiria isso. Respirou fundo, dizendo as palavras que não queria dizer. - Então vamos terminar.

— Sim. - ela disse, engolindo em seco. - Espero que você entenda. 

— Eu entendo. Não concordo, mas entendo. E eu queria que você soubesse que, só porque estou te deixando ir agora, não quer dizer que esteja desistindo de você ou de nós. Então eu vou te dar seu espaço agora, mas quando o que quer que seja que você precisa resolver acabar, me diga, por favor. - Sophie assentiu, mas não concordou em voz alta.

— Prometa que não vai esperar por mim. Que se alguém aparecer no seu caminho, você vai se permitir viver alguma coisa com essa pessoa. 

— Não posso prometer isso. 

— Benedict, por favor. - Vai ser mais fácil ir embora se eu souber que você vai estar feliz, mesmo que seja com outra pessoa, ela pensou. 

— Não posso. Nada foi do mesmo jeito desde aquela noite. E agora, depois de três meses com você, eu sei que não quero mais ninguém. Eu te amo e isso não vai mudar. 

Sophie sentiu o coração apertar, ainda desacostumada com aquelas palavras, mas acabou assentindo. Ele acabaria seguindo em frente eventualmente, apesar de ela saber que continuaria presa ali.

— Acho que eu estou muito mandona, mas, se não for pedir demais, eu queria essa última noite. - ela disse. - Uma forma de dar adeus ao que temos da forma certa. 

— Não “adeus”. - Benedict disse. - Um até logo. - ela assentiu, sem acreditar. - Pode pelo menos fingir que acredita que não é um adeus?

— Eu vou tentar o meu melhor para fazer com que não seja. - ela respondeu. - Mas não posso fazer essa promessa. 

Ele ficou em silêncio por um momento. 

— Então eu vou torcer para que esses três meses não tenham sido todo o tempo que estávamos destinados a passar juntos, mas, se foram, eu serei eternamente grato por eles.

— Ben… - os olhos dela lacrimejaram novamente. 

— Meu amor, por favor não chora. 

— Você não pode me dizer isso e esperar que eu não chore. 

— Não sabia que podia te fazer chorar, já que é a segunda vez que te vejo chorar.  

— É porque eu raramente choro. Eu odeio me sentir vulnerável assim, mas não parece tão ruim agora. 

— Está dizendo que não se sente tão mal chorando na minha frente? 

— Eu sei que você não vai se aproveitar do meu momento de fraqueza. - Sophie respirou fundo. - O que você acha da minha proposta?

— Só esta noite?

— Só esta noite. - ela afirmou, entrelaçando os dedos nos dele. - Eu preciso organizar tudo antes de ir embora na segunda. 

— Então teremos de fazer uma vida inteira caber em uma noite. - Benedict disse, ecoando o que tinha dito na noite em que ficaram juntos pela primeira vez.

— Uma vida inteira com você ainda não seria suficiente. 

Ele a beijou, sabendo que, quando ela fosse embora na manhã seguinte, levaria com ela um pedaço de sua alma. 


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