Encontros escrita por Sushi


Capítulo 1
E o pintinho Piu




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Caro leitor essa não é uma história de romance onde o mocinho encontra mocinha, mocinha fã de livros regado a trilha sonora de Los hermanos e filmes Indie. Essa história o nosso mocinho é acordado as cinco da manhã para ir em uma excursão onde não conhecia ninguém além do melhor amigo que está com a mocinha que de mocinha não tem nada, para irem então em um (que descanse em paz) dos melhores parques que São Paulo teve. A trilha sonora? E o pintinho Piu, e o pintinho Piu, pois é caro leitor as vezes o amor não é regado a um jantar ao luar, as vezes você vai encontrar o amor da sua vida com cara de sono, com uma camisa xadrez amassada e tão de mal humor por estar ouvindo cantigas de ônibus as cinco da manhã quanto você, ao som de fulano roubou pão na casa do João, foi assim que eles se conheceram pela primeira vez. Ela chegando atrasada para um segundo encontro em que ela nem estava mais a fim mas que tinha topado pois pensou "montanhas russas sempre valem a pena" o que se dissipou na primeira curva do ônibus e a cantoria começou. O motorista pode correr rolando entre os passageiros e ele pensando que ia aproveitar a folga pensando que seria a chance de fazer algo interessante, nenhum dos dois se notaram de primeira, não foi numa livraria, não foi ao acaso de uma banda favorita tocando nem bandas em comum eles tinham, enfim culpe o sono, a cantoria, ou o amigo tagarela cantante que se colocava entre os dois, os poucos momentos em que seus olhos se cruzaram apenas compartilhavam o mesmo ódio mútuo pelo bom humor matinal alheio, seus olhares foram cúmplices naquele segundo pelo mesmo pensamento sobre porque estavam ali, ele conseguia notar a diversão no olhar dela sobre compreender a tortura que estava sendo pra ele pois ela conhecia a sensação e compartilhava de tal com ele. Já no parque a frustração ainda maior e o elo que os unia naquele passeio não queria ir em nenhum brinquedo. Um sol de quarenta graus, muito suor, pelo menos o brinquedo de água pra refrescar e era o único que em que o amigo medroso não tinha medo de ir, não queria ficar sozinho então pedia companhia dos dois que sem saber como deixá-lo de lado cederam aos caprichos do amigo, mais um olhar de cumplicidade de "o que a gente esta fazendo aqui" não teve muita conversa, acabaram que decidiram ir embora antes mesmo de dar o fim da tarde sem o ônibus, não teve romance, tinha calor e cansaço, trem cheio, mas, tinha uma coisa, algo que dali trinta dias talvez eles descobrissem mas não de primeira, em trinta dias ele estaria voltando pra casa depois de um dia cheio de trabalho e faculdade com uma mochila pesada, depois de uma semana bem cheia esbarra na mocinha que vem em seu sentido toda bagunçada um coque para disfarçar o cabelo bagunçado, o velho all star no pé com uma baguete de peito de peru na mão e uma coca cola gelada como se fossem um troféu merecido depois de uma semana cansativa e bem bosta, e ele decide mudar o caminho e acompanhar a mocinha até perto de sua casa e começam a conversa sobre as mais diversas coisas, ele vê graça no senso de humor estranho dela e ela se prende na inteligência dele, naquela noite eles trocam números, muitas mensagens do tipo sms, não tinha redes sociais além do falecido Orkut, para aí então na semana seguinte decidem sair pra fazer algo juntos, uma pizza no shopping onde a atendente enciumada do cliente favorito "capricha" no sal da pizza da mocinha, jogo the king of fighters no fliperama do bairro onde a mocinha diz que vai ganhar e acaba perdendo feio e disse que perdeu pois estava mais prestando mais atenção na torcida organizada do mendigo fedido ao lado que insiste em uma conversa filosófica sobre o jogo, fogem para um jogo de sinuca em um boteco no meio de um bairro que nenhum dos dois conhecia direito, mais conversas, ele decide dar uma carona pra ela ir pra casa, e acredite ou não talvez pra ela o amor surja numa pisada de freio com o pé direito onde a mocinha enfia a cara no porta luvas pela ideia idiota do mocinho de querer fazer uma piada na hora errada o deixando extremamente constrangido e ela cair na risada como se tivesse visto a melhor piada de todas, o amor as vezes não faz sentido, talvez o amor não seja o clichê funcional, o amor começa conhecendo o seu novo melhor amigo, que deixa ela em casa e faz com que um não consiga deixar de pensar um no outro.
Decidem marcar de se encontrar de novo, agora numa sexta feira treze, aquele dia em que muitos consideram um dia de azar talvez para ele talvez tenha sido o melhor dia de todos o dia do primeiro beijo, no fim de um filme de terror tão ruim que arrancava risadas dos dois no meio do filme, tanto que por muito tempo foi a piada interna dos fois. O amor foi encontrado numa sala escura explodindo sangue com vampiros mal feitos, e três meses depois ela foge escondido com ele para uma viagem com ele pra Bahia de uma semana regada a praia e álcool, ele ama o jeito inconsequente dela e ela ama o jeito certinho dele, e desde então dez anos depois esses dois não se desgrudam passaram por muitas coisas, desde a primeira vez que ela tentou fazer um jantar romantico fazendo um nhoque que ficou cinza facilmente confundivel com reboco de obra, a primeira briga, a primeira transa, viagens, aventuras, discussões e reconciliações, a primeira casa juntos, a primeira festa em família e ele ainda continua achando ela a mulher mais linda que ele conheceu e que ama beijar e ela continua achando ele o mais lindo e inteligente mesmo isso pra ela sendo quase irreal pois não se pode ter tudo e ele tem e que continua sendo o abraço favorito dela no mundo e agora vão casar, tem um gato que a atividade favorita é rolar na caixa de areia suja, um aquário sem peixe e a atividade favorita dos dois hoje é falar que vão ser fitness enquanto comem uma pizza quatro queijos e assistem Netflix, as vezes o amor não é clichê e tem como trilha e o pintinho Piu.


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