Estranho amor escrita por mjrooxy


Capítulo 4
Capítulo 4




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Ao final da batalha, Cat Noir e Ladybug estavam acima de um prédio observando a cidade. Ainda dispunham de dois minutos, pois demoraram a usar seus poderes. Então, como não havia mais o que fazer ali, afinal as joaninhas consertaram tudo. Cat Noir resolveu ir embora, seus pensamentos estavam muito conturbados após o acontecido com Marinette para interagir com a heroína. Ele sentia-se confuso e não queria projetar seus sentimentos bagunçados em sua parceira. 

— Foi um prazer, Ladybug. — fez uma reverência, abrindo um sorriso comportado. — Até a próxima. — deu um toque com os dedos na testa, mas a garota o impediu de se afastar.

— Espera! — exclamou, chamando a atenção do parceiro. — Está tudo bem? Te senti um pouco distante na luta de hoje.

— Estou ótimo, bugaboo. — a tranquilizou, o apelido soou estranho aos próprios ouvidos.

A chamava assim como uma forma carinhosa e romântica, agora não sabia como agir com sua paixão platônica. O amor ainda existia, no entanto, não era forte e quente como antes. 

— Tudo bem então. — sorriu, seu brinco apitou e ela decidiu ir embora.

Cat Noir tinha o direito de agir com serenidade quando quisesse. Mesmo que isso fosse estranho aos seus olhos. Ele podia ter mudado, amadurecido ou... Não estar mais apaixonado por mim. O pensamento a fez suspirar, devia deixá-lo seguir em frente. Ela amava outra pessoa, só não compreendia o porquê de seu coração estar tão triste com essa possibilidade. Fingiu estar tudo bem, antes de jogar seu ioiô, não tinha muito tempo.

Cat Noir a imitou, pulando entre os telhados. De modo que rapidamente estava em casa, deitado em sua cama não deixava de pensar um segundo sequer em Marinette.

— Por que ao invés de ficar aí com essa cara de tonto, não vai até a casa da Marinette pedir desculpas por ter agido feito um doido? — Plagg quis saber, enquanto comia um pedaço maior do que ele de camembert.

— Eu não agi feito um doido. — Adrien estalou a língua, porque agiu exatamente feito um doido qualquer quando a beijou do nada.

Apenas não queria dar o braço a torcer.

Estava trajado de Cat Noir e nem sabia ao certo se gostava da Marinette ao ponto de correspondê-la no total. Não seria justo com ela e nem com ele se deixar levar daquele jeito impulsivo. Isso acabaria machucando ambos ou iludindo uma garota maravilhosa como sua princesa.

— Por que não consegue ir até lá conversar normalmente com antes, se não foi errado? — o kwami olhou para Adrien de canto, percebendo que suas palavras finalmente surtiram efeito. — Assume logo que gosta dela e para de drama então.

Não que fosse ouvido com frequência, geralmente seus conselhos eram completamente ignorados. O que quase sempre colocava Adrien em situações embaraçosas. 

Como a atual com Marinette.

— Odeio quando você tem razão. — o garoto resmungou, sentando na cama. — Foi tão estranho estar com ela hoje, eu fiquei pensando se fazia certo em me aproximar da Mari como Adrien. Tive receio de estar confundindo meus sentimentos, mas foi tão bom passar um tempinho com ela. Pena que não deu para tomarmos o sorvete dos apaixonados juntos. — suspirou. — Já com a Ladybug, foi ótimo lutarmos lado a lado, como sempre é. Eu só não me senti tão atraído quanto antes, tudo que eu pensava era em acabar com aquilo logo para tomar sorvete com a Marinette. — ele pegou o celular, pensando se mandava mensagem à ela.

— Manda uma mensagem e pergunta se ainda podem fazer algo. — Plagg deu a ideia. — Depois vá até lá de Cat Noir e explica que se confundiu, peça desculpas e resolva tudo. Ela não vai te matar, eu acho. — ele voou até Adrien, o garoto ponderou sobre o que fazer. — Ou pretende dar em cima dela como Adrien e como Cat Noir? — a pergunta ficou no ar, pois o garoto resolveu seguir o conselho do seu kwami.

Começou a digitar uma mensagem, mas apagava em seguida. Seria o certo levar aquele lance adiante? Seu interesse por ela cresceu tanto de uma hora para outra pela convivência com Cat Noir? Talvez... não devesse se jogar de cara como Adrien, porque não queria magoá-la. Se lhe desse esperança e depois voltasse atrás, ele poderia perder a amizade de Marinette. Não desejava isso de forma alguma, precisava raciocinar com a cabeça e não com o coração que já estava bem confuso. 

— Acho melhor eu visitar a Mari e pedir desculpas pelo beijo, como sugeriu antes. — largou o celular. — Plagg, mostrar as garras! — e antes que o kwami pudesse responder, Adrien já pulava pela janela transformado.

Era crepúsculo vespertino quando Cat Noir surgiu na janela de Marinette. Em breve anoiteceria, ele ponderou se não seria melhor aguardar a noite cair. Contudo, seu coração estava ansioso para vê-la e não podia esperar. Queria tirar a história a limpo, não podia agir precipitadamente e estragar tudo. Era melhor passar mais tempo com Marinette para ter certeza sobre seus próprios sentimentos, antes de sair tomando o sorvete dos apaixonados com ela. Principalmente como Adrien, Marinette poderia interpretá-lo erroneamente e não haveria volta. Era mais seguro continuar interagindo com ela trajado como Cat Noir, assim nenhum dos dois se machucaria. Ela não o amava, não corria riscos de que sofresse por ele. Enquanto Ladybug... bom, não havia o que fazer. Ela não o corresponderia nunca, talvez fosse melhor esquecê-la mesmo.

A questão importante era: seria possível esquecer seu primeiro e possivelmente único amor?

— Cat Noir, o que faz aqui? — Marinette correu para abrir a janela, esquecendo que vestia o mesmo pijama de quando Adrien foi perseguido pelos fãs e eles acabaram no cinema.

— Vim me desculpar por ter agido feito um gatinho no cio com você. — ele coçou a nuca, constrangido.

Suas bochechas avermelhando a medida que lembrava do beijo que roubou da garota.

— Ah — ela corou também, mas o deixou entrar. — Acho que já passou, não precisa se preocupar com isso. — Marinette colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha, atraindo a atenção de Cat Noir.

Ele a analisou, os cabelos soltos e escuros moldando os traços delicados de seu rosto. O coração dele ficou alvoroçado, uma sensação de agitação tomou conta de si e foi se espalhando por todo o corpo. Ele não entendia aquele misto de sensações.

— Então... hã, podemos voltar a ser amigos como antes? — fingiu estar normal diante dela, escondendo as mãos levemente trêmulas enquanto coçava a nuca.

Assim como Adrien fazia, ela refletiu por um instante. Afastando o pensamento porque não fazia sentido. 

— Cla-claro. — Marinette deu uma leve gaguejada, sem entender a euforia que sentiu por vê-lo novamente após o beijo.

Teve tempo para refletir, chegando a conclusão que gostou do beijo. O que a surpreendeu, haviam se beijado duas vezes como Ladybug e Cat Noir. 

Apesar de não lembrarem de nada, mas dessa vez foi diferente. Marinette estava em sua forma civil e Cat Noir simplesmente avançou sobre ela e a beijou. E, bem, não foi nada mal.

De início houve o susto, a surpresa. Contudo, se ele tivesse insistido um pouco mais, possivelmente Marinette teria cedido e até correspondido. Por que não? 

Certo, havia Adrien, que do nada resolveu se aproximar. Chamando-a para tomar sorvete e agindo estranho, todo sorrisos e bochechas coradas. Só que bastava? Tinha possibilidade de seus sentimentos serem correspondidos ou mais uma vez estava se iludindo? Não queria mais alimentar esperanças por ele só para ver tudo ruir depois.

Suspirou.

— O que houve, princesa? — perguntou, aproximando-se dela, meio reticente pelo último encontro ainda não totalmente superado.

— Eu sai com o Adrien para tomar sorvete, mas um ataque de akuma estragou tudo. — confessou, já tinha contado sobre sua paixão ao herói, para que mentir a essa altura do campeonato?

— Vocês saíram? Você se declarou pra ele? — Cat Noir fingiu espanto, sabendo que era errado ser tão cínico.

— Ele me chamou para tomar o sorvete do André. — contou, sentando na cama.

Tikki se escondeu assim que ouviu um ruído lá fora, imaginava que fosse Cat Noir. Agora observava silenciosamente a interação entre eles.

— Bom, é um avanço, não é? — perguntou, tentando sondar os pensamentos da garota. — Quer dizer, vocês podem tentar uma outra vez e dar certo. Dizem que esse sorvete é mágico, não?

— Eu não sei, não acho que um sorvete vai fazê-lo se apaixonar por mim. — ela se jogou no colchão, ficando de barriga para cima.

Esquecendo por um segundo o pijama constrangedor. Cat Noir passou os olhos por cada pedacinho da garota, sentindo as bochechas esquentarem e o coração acelerar.

Lembrava de quando a viu assim enquanto era perseguido pelos fãs, na ocasião não reparou como devia nela. Agora não perderia a chance de fazê-lo, respeitosamente, ele pretendia.

Alguns segundos de análise o fez desviar o olhar para o rosto de Marinette, mais precisamente quando sentiu o estômago reagir. Adrien ficou sem graça quando seus olhares se encontraram, teve medo que ela tivesse reparado em seu "passeio" nada sutil com o olhar. Só que se Marinette reparou, não deu sinais. Permanecia em silêncio, como se não estivesse de fato vendo o herói diante de si.

Parecia perdida em pensamentos.

— Você se subestima, princesa. — Cat Noir quebrou o silêncio, absorvendo a imagem de Marinette de olhos fechados, deitada. — Qualquer garoto em sã consciência se apaixonaria fácil fácil por você, com ou sem sorvete dos apaixonados. — escapou, fazendo o garoto morder o lábio inferior, temendo ter falado demais.

Poderia assustá-la após o beijo roubado, Marinette acharia que Cat Noir estava apaixonado ou algo assim. Não queria que ela se afastasse dele, de nenhuma forma. Com o traje ou não, só não compreendia esse desejo ainda.

— Obrigada, gatinho. — sorriu com uma expressão serena. — Você é muito fofo e gentil, também acho que qualquer garota poderia se apaixonar por você. Inclusive a Ladybug. — confessou, ciente de que estava falando dela própria.

E que corria riscos de ele criar esperanças, sendo que Marinette gostava do Adrien. De modo que não poderia correspondê-lo como Ladybug. Mas estava tão confusa desde o beijo, Cat Noir tinha aquele jeito confiante e gracioso. Ela sentia que podia contar tudo para ele, que podia confiar seu coração. Isso se Cat não fosse irrevogávelmente apaixonado por seu alter ego. 

Pensando bem, era tudo extremamente confuso. Ela era ladybug, mas não podia contar. Caramba!

— Só... — ele hesitou, coçando a nuca e olhando para o teto do quarto. — Não a gente, né? Não corremos riscos de nos apaixonarmos, ou corremos? — ela corou, ele também.

Mas precisava tirar a limpo aquele sentimento estranho que surgia em seu coração. Não queria confundir amizade com amor, do contrário levaria dois foras colossais antes de chegar aos dezoito.

— Nós? — ela repetiu a pergunta, ganhando tempo.

Cat Noir assentiu lentamente, observando Marinette analisar a situação antes de responder:

— Você é apaixonado pela Ladybug, não acho que vá se apaixonar por mim. — a garota riu, disfarçando o constrangimento da pergunta.

Entretanto, Cat entendeu a esquiva, ela não respondeu com uma negativa clara. Apenas jogou a bomba para ele, nem mencionou seus sentimentos pelo Adrien. Como se Cat Noir fosse o único realmente imune ao charme dela. Como se existisse uma possibilidade de ela se apaixonar por ele.

— E você, princesa? — o herói insistiu, ficando mais sério.

Olhando nos olhos azuis fascinantes da garota.

— Eu? — ela corou ainda mais, o rosa realçando a cor clara de sua pele.

Adrien sentiu as pernas fraquejarem quando Marinette devolveu o olhar, mordendo a boca. Ele queria tomá-la nos braços e beijá-la, dar adeus a sensatez. Ao medo de bagunçar a amizade existente entre eles. Queria esquecer de tudo com Marinette em seus braços. No entanto, forçou suas pernas a permanecerem firmes e aguardou. Seu coração batendo feito louco no peito, a ponto de explodir sua caixa torácica.

Marinette sempre foi tão linda e encantadora assim? Céus, ele a queria tanto.

Não precisaria de um sorvete para chegar a essa conclusão. Não mais. A compreensão de seus próprios sentimentos recém descobertos o golpeou com força.

Não havia mais espaço para dúvidas em seu coração.

— Você? — Cat Noir incentivou, não aguentando mais aquele suspense.

— Eu... eu acho que corro um risco enorme de me apaixonar por você. — declarou sorrindo de olhos meio fechados, então o coração de Adrien pareceu flutuar até às estrelas.

Seria possível que Marinette se apaixonasse por ele como Cat Noir também? Que ela amasse os dois lados da mesma moeda? Que gostasse das suas piadas bobas, dos trocadilhos infantis, mesmo sem conhecer o garoto por baixo da máscara? Ladybug jamais foi capaz disso, nunca conseguiu apreciar sua personalidade como Cat Noir. Não profundamente, ele sabia que ela o via como um bom parceiro e um amigo estimado. Mas nunca passaria disso. 

Já Marinette... bem, ela era tudo aquilo. Tudo o que ele começou a desejar para si.

— E se eu... — Cat Noir aproximou-se da cama, ficando de frente para Marinette. 

Ela levantou calmamente, observando os traços do herói. Mesmo com máscara ela o achava lindo, tão incrível e bom, irresistível.

— Você? — foi a vez de ela tomar a dianteira, tocou o traje do herói na altura da cintura.

Ciente de que estava agindo por impulso, assim como ele alegou estar quando a beijou. Havia Adrien, era verdade. Mas tudo com ele era tão incerto e com Cat... natural. Ela sentia que tinha que prová-lo, não dava para negar aquele estranho sentimento.

Cat Noir suspirou, sua calda se moveu e foi parar na cintura de Marinette, envolvendo-a. Ele nem sabia que podia fazer isso com a força do pensamento, mas queria tê-la perto de si. Ela levantou o olhar, encontrando o dele. Então segurou sua cintura com ambas as mãos, em um claro convite para Cat Noir abaixar. 

Ele obedeceu, tocando a pele macia de Marinette, que suspirou com o contato. Ela foi deitando, Cat Noir ajoelhou na cama por cima de Marinette. E, quando estavam a centímetros um do outro, ela enroscou os dedos nos fios loiros do garoto. Fazendo-o ronronar.

Marinette sorriu, satisfeita. Ele já tinha ronronado para ela como Ladybug, era tão fofo que a garota quis mordê-lo.

— Você é tão fofo. — ele tombou a cabeça de lado, com as bochechas vermelhas. 

— Não costumo ronronar para qualquer uma. — explicou-se constrangido.

A blusa de Marinette tinha subido um pouco, expondo a pele branca da garota. Ele olhou para a região, num pedido mudo para tocá-la. Ela apenas fez que sim com a cabeça, então Cat Noir a tocou ali. Com carinho e veneração, tomando cuidado para suas garras não machucá-la.

Percebendo que gostaria de fazer isso como ele mesmo, sem garras, sem o traje de Cat Noir. Apenas Adrien. Nem sabia porque tinha tanto medo de estragar tudo com ela. Que não tivesse certeza sobre os próprios sentimentos e a magoasse. 

Era impossível ignorar o coração acelerado, as mãos suando por baixo das luvas. A garganta seca de desejo e aquelas borboletas invisíveis dançando em seu estômago.

Marinette fechou os olhos quando Adrien apertou levemente sua cintura. Soltando um ofego baixo que fez os pelos do garoto se arrepiarem na nuca.

Exatamente como um gato.

Ele riu.

— Não faz assim comigo — sussurrou, olhando para a boca entreaberta de Marinette. — Desse jeito eu perco o controle.

— Do que tem medo? — ela perguntou, abrindo os olhos para observá-lo.

E o que viu nos olhos do herói foi uma ternura tão grande, que fez seu coração doer.

— De não ser bom o suficiente pra você, de te machucar. — ele respondeu.

Ela espalmou o rosto do garoto, puxando-o para si a ponto de ficarem tão próximos, que conseguiam sentir as respirações aceleradas chocando-se uma na outra.

— Não tenha, eu sou forte. 

— Eu sei, você é incrível, Marinette. — ele acariciou o rosto dela com a mão que antes acarinhava a cintura da garota. — Só que eu tenho medo, alguém pode te usar para me ferir. E eu... — ele apertou os olhos. — Realmente tenho medo de te magoar, sabe... — ela o calou com o indicador em seus lábios.

— Sei, tem a Ladybug. 

— Isso. — ele concordou, não sabia porque mencionar a heroína.

Estava decidido a superar aquele sentimento, não fazia sentido. 

— Tudo bem, o Adrien ainda existe no meu coração. — ela pegou a mão dele e colocou no centro do seu peito. — Mas eu não consegui ignorar o que senti quando você...

Ele sorriu.

— Te beijei. — completou.

— É. — ela corou, desviando os olhos.

— Eu posso? 

— O que? — ela queria ouvi-lo dizer com todas as letras.

Pedir por um beijo. Um beijo dela.

— Eu posso te beijar? — pediu, dando ênfase na última palavra, o que nem precisava.

Estavam tão próximos que era só ele descer alguns centímetros para os lábios da garota. Porém, Cat Noir não queria beijá-la por impulso outra vez, queria que ela o desejasse também. 

— Pode. — concordou, colando sua boca na dele afoitamente.

E, dessa vez, bom... Não haveria desculpas para explicar aquele segundo beijo.

 

 


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Notas finais do capítulo

Mores, esse capítulo foi inspirado na fanfic Jogo duplo, tá? A parte que a calda dele envolve a cintura da Mari, achei tão fofo. Enfim. Deixando claro que me inspirei, porque vai que, né?

 



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