Estranho amor escrita por mjrooxy


Capítulo 3
Capítulo 3




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Ao compreender a incoerência de suas ações, ele recuou. O estrago, porém, já estava feito.

— Princesa, me desculpe. Eu… eu agi por impulso, sinto muito. — seus ombros caíram, seus olhos se estreitaram e Cat Noir passou exasperadamente as mãos pelos cabelos loiros. — Acho melhor ir embora.

Não podia confessar que era Adrien e que desejou desesperadamente corresponder aos sentimentos de Marinette, por isso a beijou. Ladybug o mataria quando soubesse de uma confissão assim, ao invés, achou melhor fugir pela tangente. Reordenar os pensamentos, reavaliar prioridades.

Estava tudo tão confuso em sua cabeça.

Ladybug e Marinette. Duas garotas incríveis que mexiam consigo cada qual de uma maneira louca e única.

O que ele deveria fazer?

Marinette amava Adrien, não Cat Noir. 

Ladybug amava outra pessoa que óbviamente não era ele.

Cat Noir beijara Marinette, após ela confessar ter sentimentos por Adrien.

A bagunça era grande na cabeça do garoto.

No fim, não sabia para quem entregar definitivamente seu coração. Esperar por Ladybug? Corresponder Marinette como Adrien? A ideia de quebrar a própria cara passou por sua mente. Ele era o tal garoto felizardo e burro e privilegiado por ter o amor de Marinette. Só não sabia o que fazer com essa dádiva ainda.

— Por que me beijou? — ela ignorou sua explicação falha, tocando os lábios de uma maneira sonhadora.

— Eu apenas me imaginei no lugar dele... pensei que se eu fosse Adrien seria dessa forma que responderia à sua declaração. — não era totalmente mentira, porque, bem, ele era Adrien e no pico de euforia pensou exatamente isso. — Me deixei levar... Desculpe, Marinette. Se eu ainda tiver qualquer crédito com você, gostaria de pedir que esqueça esse beijo. Eu não quis me aproveitar da sua fragilidade e nem abusar da sua confiança em mim. Não quero que esse meu erro, estrague nossa amizade. — com isso, ele deu um último beijo demorado na testa da amiga, apertando os olhos por alguns segundos.

Desejando voltar no tempo, não por não ter gostado do beijo e sim por ter gostado tanto da sensação de sentir seus lábios nos dela. Ao ponto de ficar totalmente apavorado, tudo isso, adicionado ao receio esmagador de que Marinette o afastasse. Cat Noir não aguentaria, ela tornara-se extremamente essencial para ele. Não tê-la mais por perto o mataria por dentro.

Nenhuma palavra foi dita por ela, que permaneceu em um silêncio imperioso. Antes que cometesse mais alguma loucura, digna de arrependimento. Cat Noir deu um impulso com o bastão, sumindo pela noite de Paris.

Deixando uma Marinette totalmente estarrecida e confusa para trás.

(...)

No outro dia pela manhã, na escola, as coisas não estavam melhores. Marinette era sempre obtusa com Adrien e como ele estava com vergonha pela noite anterior — ainda que ela não soubesse sobre sua identidade — um diálogo mais profundo não foi possível. 

Adrien observava Marinette conversar com Alya um pouco esquiva. O que ela nunca era, não com a melhor amiga, compreendendo que possivelmente a garota estava em choque pelas suas atitudes da noite anterior.

Ele queria conversar com ela, se aproximar como Adrien para, quem sabe, fazê-la confessar que gostava dele. Assim, ele podia dar uma resposta menos enlouquecida à sua princesa. Não tinha certeza dos seus sentimentos por Marinette ainda, parte dele continuaria apaixonado por Ladybug. Contudo, o garoto desejava conhecê-la melhor como Adrien também. Visando desvendar os próprios sentimentos e foi aí que decidiu agir.

Andando lentamente até ela, para que Marinette porventura não fugisse pela tangente. Cumprimentou Alya com um sorriso, mas tocou no ombro de seu alvo para impedi-la de se afastar.

— Mari, você está bem? — perguntou, tentando olhar nos olhos dela.

Apesar de sua relutância em levantar a cabeça. Ela continuava encarando os próprios pés, evitando o olhar de Adrien.

— E-estou melhor que você. — levantou o rosto no susto. — Quer dizer, eu estou bem e você? — se corrigiu com um sorriso alucinado.

Adrien acabou rindo, mas achou adorável sua dificuldade em se expressar perto dele. Agora que sabia o porquê disso, não imaginava mais que fosse por ela não gostar de conversar com ele. Como já pensou algumas vezes, antes de ser próximo o suficiente para entender que Marinette não o odiava (longa história, Nino meio que era o culpado por ele pensar assim). Outro erro que cometeu, aliás, foram tantos. Adrien já tinha pressionado Marinette para tentar entender seus sentimentos por ele. Quando foram juntos ao museu e ela o confundiu com uma estátua, eles quase se beijaram. Mas Adrien entrou em parafuso, pensando que a amiga ficaria brava com ele após descobrir a farsa e se atrapalhou. No fim, entendeu tudo como uma brincadeira — uma pegadinha muito perigosa, por sinal. Adrien, mais do que tudo, desejou beijá-la naquele instante, só não o fez porque não era o melhor momento. Não ao se fingir de estátua de cera. Não sem saber se ela realmente queria isso, ou só abraçou a pegadinha e devolveu na mesma moeda. Não se fosse um impulso estranho que estragaria sua amizade em construção com Marinette.

— Estou bem, obrigado. — ele apertou de leve o ombro da garota, porém, seu anseio era de puxá-la para um abraço apertado e esclarecer suas atitudes como Cat Noir. — Será que podemos conversar um pouquinho? — sinalizou com os dedos indicador e polegar, fazendo uma carinha de gatinho pidão.

As bochechas de Marinette lentamente foram pintadas de um rosa mais vivo, enquanto seus olhos se arregalaram. Adrien a achou adorável e encantadora e fofa e a personificação de tudo o que ele mais gostava em uma garota. Precisaria de mais adjetivos para descrever a perfeição que ela era.

Mas havia Ladybug, sempre haveria.

— Claro, né, Marinette? — Alya confirmou pela amiga, dando uma cutucada em sua costela. 

Não foi nada sutil, mas ele ignorou para não constrangê-la. Vislumbrou uma Marinette muito embaraçada diante de si, então delicadamente tocou sua mão. Direcionando-a para um canto mais afastado. Ele não sabia ao certo o que falar para ela, apenas quis passar um tempo a sós com Marinette sem o traje de Cat Noir. Relanceou em torno e viu Alya sorrindo de orelha a orelha, indo em direção ao Nino. O que deu a ele o impulso necessário para dizer alguma coisa antes que o silêncio engolisse ambos.

— Sabe, eu percebi que você está um pouco quieta hoje. — iniciou, coçando a nuca e olhando para o céu. — Só queria dizer que se quiser conversar com alguém, tipo um amigo, estou aqui. — não era bem sua melhor ideia para quebrar o gelo. 

Mas foi a primeira que surgiu.

— Obrigada, Adrien. — agradeceu, espiando o garoto de baixo. — É muita gentileza sua, não é nada demais não… — ela riu sem graça. 

— Se você diz… — ele a sentiu escapar entre seus dedos, não queria perdê-la. Por que não conseguia manter um diálogo coerente sendo Adrien? Era um fracasso. — Escuta, não está a fim de tomar um sorvete comigo? Soube que o André está por perto hoje, a gente só precisa achá-lo.

Marinette entrou em pânico.

E se André entregasse que ela gostava do Adrien?

— Ah ah, não sei se é uma boa ideia. — ela enrijeceu, ele mordeu o lábio inferior. Sem saber como convencê-la a ceder. — Preciso ajudar meus pais na padaria. Hã, acho melhor eu ir... — ela indicou a rua.

— Eu te acompanho então. — desistiu, não era capaz de quebrar aquela barreira existente entre eles.

Não como Adrien.

Ela balançou a cabeça freneticamente em concordância, o sorriso alucinado pregado no rosto. No meio do caminho, Adrien buscava formas de começar uma conversa civilizada com Marinette. Não obstante, ambos estavam travados, aquilo tendia somente a piorar à medida que o silêncio se intensificava entre eles.

Até que uma voz conhecida preencheu o ambiente. André, o sorveteiro, estava próximo à padaria dos pais de Marinette. De forma que Adrien logo enxergou a oportunidade e sem dúvidas agarraria.

— Vem! — ele a pegou pela mão, ela se viu sem chances de defesa.

— Ora ora, meu primeiro casal! — André comemorou.

Os dois arregalaram os olhos constrangidos. Marinette tentou negar com as mãos, mas Adrien resolveu apenas sorrir.

— Gostaríamos de um sorvete, por favor. — pediu, sem desmentir André. 

Fazendo a garota quase desmaiar.

O sorveteiro trabalhou rapidamente, cantarolando rimas e sorrindo todo feliz. Ao entregar o sorvete nas mãos trêmulas de Marinette, Adrien observou atentamente, mantendo o sorrisinho travesso nos lábios.

— Rosa pêssego como a boca e menta verde como o olhar, tome esse sorvete que o amor vai chegar! — gracejou, disfarçando uma piscadela para Adrien.

As bochechas da garota imediatamente foram tingidas de rosa. 

— O-obrigada. — agradeceu, internamente querendo fugir para as colinas.

— E para o cavalheiro… — quando iria entregar o sorvete, um estrondo foi ouvido.

— Akuma. — Marinette e Adrien disseram em uníssono.

— E-eu… hã… preciso ir. É perigoso ficar aqui na rua, vou entrar. — Marinette mentiu, entregando o sorvete de volta para André.

Ficou com pena de jogá-lo fora, no entanto, derreteria em pouco tempo. Ela teria que se transformar.

— Eu também preciso ir, o Gorila deve estar preocupado comigo. — ele sorriu para Marinette, recusando o sorvete sugestivo de André.

— Esperem, vocês precisam tomar o sorvete! — insistiu, estendendo a mão desesperadamente, enquanto o casal fugia pela rua. — Eles precisam tomar esse sorvete. — lamentou já sozinho, quando outro barulho mais alto se fez ouvir.

— Tomamos sorvete depois. Marinette já deve estar em segurança em casa agora. — Adrien se consolou escondido. — Plagg, mostrar as garras!

Cat Noir saiu pulando entre os prédios, em direção à mais um akumatizado por Hawk Moth.

 


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Notas finais do capítulo




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