Um Corvo na Estrada escrita por Haru


Capítulo 1
Um Corvo na Estrada




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Um Corvo na Estrada

Itachi Uchiha não sabia que ano era. Sua luta contra seu irmão era a última lembrança que tinha antes de acordar num galpão, sair andando junto a Nagato por uma trilha que não conhecia, enfrentar Naruto e o Jinchuuriki do Hachibi, libertar-se do Edo Tensei, aliar-se aos dois e de selar o Nagato. Depois de se despedir de Naruto prometendo parar aquele jutsu, não teve tempo para mais nada. Sua única certeza era a de que precisava deter quem quer que estivesse por trás daquilo.

Por incrível que pareça, ele não era a pessoa mais confusa daquela floresta. Ao seu encontro, sem que nenhum dos dois soubesse, vinha um rapaz ainda mais novo do que ele, da mesma idade de Sasuke. Este jovem não tinha uma bandana com os kanjis da aliança shinobi, não usava as vestes típicas de um ninja e não possuía nenhum dos traços de um Edo Tensei. Não. Ele estava bem vivo. Pelo menos parecia.

O Uchiha andava quase que mecanicamente, com o olhar desocupado e a mente, por outro lado, perfeitamente focada no seu objetivo, até seus olhos negros mirarem adiante. Eles finalmente avistaram o garoto que ia na direção oposta a sua. Itachi, desconfiado, ativou seu Sharingan. Os dois se encaravam. As rachaduras espalhadas pelo rosto alvo do ex Akatsuki, o preto imperscrutável que preenchia a maior parte de seu globo ocular e o vermelho repentino que encheu sua íris chamaram a atenção do outro.

— Que lugar é esse? — Perguntou calmamente a Itachi, olhando em volta. Seu nome era Arashi Suzume. — Quem é você?

Itachi o olhou de cima a baixo. As roupas dele eram uma camiseta branca com o logo do signo de Áries nas mangas, uma calça comprida cinza escura e um par de botas cor de ébano. O Uchiha inferiu que se tratava de um civil perdido, abaixou a cabeça e desativou o Sharingan.

— Há uma vila a alguns quilômetros da direção que eu estou vindo, siga reto para lá. — Disse, e tranquilamente seguiu andando. Ao passar pelo civil, porém, se deteve novamente.

— Eu só me lembro de ver todo o meu reino explodir e de... não conseguir me salvar. — Arashi divagava em voz alta, como quem falava sozinho. Itachi olhou para trás pelo canto do olho. — Tentei salvar as pessoas, os meus amigos, mas não sei se consegui.

A última parte especialmente mexeu com Itachi. Projetou sua vida de modo a salvar Sasuke, a ajudá-lo, quis proteger a Aldeia da Folha, mas, se entendeu bem, falhou com seu irmão. Morreu para torná-lo forte, partiu sem saber se conseguiu, ele descobriu toda a verdade e se voltou contra Konoha. Apesar de tudo o que foi obrigado a fazer, de todos os seus esforços, nada acabou como planejava. Impedir o ninja que estava controlando os Edo Tenseis era sua última chance de fazer alguma coisa certa. Infelizmente, já não podia fazer mais nada pela pessoa que mais amava.

Itachi andou mais alguns metros quieto.

Você está vivo. — Observou, meio soturno. — Tenha fé neles.

Arashi se virou para trás e pôs seus curiosos olhos azuis claros sobre Itachi. Ele tem razão, reconheceu. Pensou em Kin. Se ele sobreviveu, ela com certeza também conseguiu, e não tinha a menor dúvida de que, caso houvesse fracassado em seu sacrifício, a loira daria um jeito de salvar todo o reino, era a pessoa mais forte que ele conhecia. Precisava encontrá-la. Algo em Itachi instigava sua curiosidade, antes de ir, por isso, precisava saber mais dele. "Você está vivo", a ênfase no "você" chamou sua atenção.

— O que isso significa? — O indagou.

— Poucos têm a chance de corrigir as coisas, às vezes só o que resta é compensar. — Itachi respondeu, sem parar de caminhar.

Arashi já se lembrava de tudo. Sim, seu reino explodiu, não, não conseguiu se salvar, mas, com a ajuda de um amigo, protegeu as pessoas. Graças ao conselho daquele estranho, sentiu uma paz imensa, mas as últimas palavras dele lhe soaram como um desabafo. Precisava retribuir o favor que ele fez.

— Talvez também seja o caso de ter fé. — Arashi replicou. — De amar aqueles que não podemos ajudar, não importa o que eles decidam fazer.

O Uchiha nada disse, prosseguiu com mais pressa na direção para a qual ia desde o início. A última frase do garoto ficou na sua cabeça. Pensando nela, olhou para o alto. A noite estava chegando. O que você vai decidir fazer, Sasuke?, ia pensando, ao longo da trilha.


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