Meldrie observou Calisthea em silêncio enquanto ela estudava a Árvore. As mãos pairavam respeitosamente sobre o tronco sem tocá-lo, os olhos prateados não brilhavam como o habitual. A maioria dos deuses possuía sangue prateado ou dourado, mas nem todos traziam magia no olhar.

— Desculpe, tia. Não estou conseguindo ver com exatidão. – Meldrie estranhou. Calisthea tudo enxergava. Passado, presente e futuro, melhor que a própria mãe, Rhysentia. Quase tudo, pelo visto. Meldrie estudou a Árvore, o único fruto parecia uma joia em um galho baixo, pedindo para ser tocado. – Mas é evidente que a Floresta tem mudado.

— Ela se abriu para um deles. Humanos nunca encontram o Rio.

— Imagino que quisesse trazê-lo aqui, na fonte?

— É muito estranho quando você não tem respostas, Calisthea.

A deusa da Justiça desviou o olhar, apreensiva. Para alguém que tudo enxergava, não havia agouro maior que um futuro enevoado.

— Só estou cansada.

— Deveria procurar Iyrteran. Se for algo importante, ela saberá.

— Eu lembrarei.

*

— Tô cansado – murmurou Eiren. Apenas Hernan o ouviu, pois o estava carregando.

— Eu sei, Ren. Estamos todos.

— Você tá cansado? Não é melhor eu ir pro chão?

Hernan sorriu.

— Está tudo bem. É melhor assim porque vamos mais rápido.

— Mas se você cansar…

— Vamos assim mais alguns minutos e eu coloco você no chão depois.

Eiren concordou, mas apesar de ter insistido para descer, logo adormeceu, apoiando a cabeça no ombro de Hernan.

— Quanto tempo você acha que a gente tem? – Ascian perguntou.

— Pouco – respondeu, simplesmente. Era difícil saber a passagem dos dias na Floresta, mas não podiam confiar sempre na chuva, e em algum momento acabariam cedendo e comendo algo dali.

— Obrigado… Por ter vindo atrás da gente – murmurou, um pouco incomodado. – Não vamos encontrá-lo, né?

— A Senhora da Terra nos disse o caminho...

— Mas aqui, caminhos não são nada.