Power High escrita por Rompe Torneiras


Capítulo 19
Arco 2 Capitulo 7




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  /Connor/

 

  Caminhei para o corredor saindo de todo aquele barulho que estava o lado de fora, encarei a mão esquerda, a mesma tinha uma leve queimadura, foi um movimento bem ousado. Chegando perto do vestiário Luna estava recostado na porta de entrada.

  - O que você quer? – Perguntei mantendo a calma.

  - Queria te dar os parabéns, foi bem intenso. – Respondeu sorrindo. – E agradecer pelo presente. – Ela puxou de dentro da camisa o colar que envolvia seu pescoço.

  - Ótimo. Agora dá licença. – Falei avançando.

  - Não! – Se manteve firme em meu caminho. – Precisamos conversar, não existe motivo pra ficar tão bolado assim.

  - Tá se achando demais garota. – Comentei com escárnio. – Eu tenho outros mil problemas e não é uma pessoa s-sem... – A palavra fugiu junto com a minha respiração. – Para com isso.

  - Eu não fiz nada. – Ela me encarou assustada enquanto eu tentava desesperadamente respirar. – Connor. – Ela me agarrou antes de eu me jogar contra uma das paredes e inutilmente falar a palavra “ar”. – Ajuda! – Ela gritou. – Cacete. – Ela me levantou e colou meu braço em volta de seu ombro. – Me ajuda também.

  - Deixa! – Kyle apareceu me pegando e me jogando em seus ombros. Em segundos eu estava dentro da enfermaria com um respirador na cara. Finalmente consegui me acalmar.

  /Kyle/

 

  Fiquei do lado de fora da enfermaria esperando por uma hora junto de Luna.

  - Será que ele vai ficar bem? – Ela estava claramente preocupada.

  -Vai. Já estabilizaram ele, só precisam confirmar o resto dos exames e já vão liberar. – O norueguês encarava o teto e o corredor.

  - Estão esperando o Tom? – Uma voz carregada de sotaque nos fez olhar em sua direção, Ivon.

  - Connor. – Respondi gerando curiosidade no olhar do mais velho.

  - O que aconteceu? – Perguntou se aproximando.

  - Edema pulmonar. – Ele sacudiu a cabeça sem entender.

  - Achei que não fosse possível, ele evapora qualquer líquido que chega perto. – O russo nos encarou sem entender.

  - O médico diz que pode ter sido pela alta quantidade de fogo que ele puxou de volta. – Expliquei. – Muita fumaça deve ter se alojado no pulmão...

  - Ele vai poder lutar na sexta? – O Russo questionou.

  - Vai, foi só um susto, mas ele precisa se controlar. – Respondi. – Ordens médicas. – Encarei a porta ser aberta, Connor saía com uma caixinha na mão.

  - Dieta pobre de sal e esse remédio aqui. – Falou calmamente como se não tivesse quase matado todos nós do coração. – Vamos?

  - Acho que devia repousar por mais um tempo. – Eu e Ivon falamos ao mesmo tempo o que gerou certo estranhamento.

  - Posso repousar no quarto. – Connor encarou Ivon. – Tá fazendo o que aqui?

  - Vim ver o Tom. – O russo manteve a postura. – Melhoras. – Desejou antes de adentrar a enfermaria.

  - E você? – Foi a vez de Luna.

  - Tá de brincadeira? – A italiana esbravejou incrédula.

  - Agora que eu tenho ar nos pulmões eu posso falar. – Os olhos de Connor brilharam laranjas, fazendo o azul sumir. – Tenho outros mil problemas pra lidar, não tenho tempo pra perder com você e suas desculpas inúteis, afinal, se realmente se importasse lembraria de mim ao invés de ficar se esfregando com aquele tal de Kjartan.

  Uma lufada de ar poderosa lançou Connor contra uma das paredes.

  - Cretino. – Luna bufou antes de sumir no corredor.

  - Luna pera aí! – Tentei em vão. – O que foi isso?

  - Vai ficar contra mim também? – o loiro me encarou.

  - Diferente da maioria. – O Ajudei a levantar. – Não tenho medo de você. Você foi bem escroto com ela, a coitada não tem culpa dos seus problemas.

  - Eu não preciso de lição de moral do cara que ignorou o mundo por um mês inteiro. – Golpe sujo. – Somos eu e você contra eles ou sou só eu?

  - Sou seu amigo, mas não me envolva na sua situação complicada. – Rebati sério. – Quem está se afastando é você.

  /Tom/

 

  Regulei a maca para ficar sentado enquanto Ivon estava ao meu lado.

  - O que aconteceu com o Connor? – Perguntei. – Ouvi por cima, mas não prestei muita atenção.

  - Edema pulmonar. – Ivon respondeu se sentando ao pé da maca. – Inalou muito da própria fumaça.

  - Cacete... – Assustado abaixei a cabeça.

  - E você? Se sente mais descansado? – Levantei a cabeça ao ouvir a preocupação do russo.

  - Sim, mas ainda estou um pouco... sei lá, desgastado. – Encarei a janela vendo alguns flocos de neve.

  - Acha que foi o Connor? – Encarei Ivon.

  - Ele não faria isso! – Afirmei. – Não é coisa dele.  

  - Certo, acredito em você. – Ele encarou o objeto na bancada ao meu lado.  – Posso pegar?

  - A garrafa d’água? – Confirmou com a cabeça. – Pode, mas o que vai fazer?

  - Analisar digitais no laboratório. – Era uma boa ideia. – Encontraremos as suas, do Connor, minhas e de mais alguém.

  - Posso ir junto. – Me esforcei para levantar, mas as pernas ainda pareciam um pouco fracas. – Mesmo que ache alguma digital, vai precisar do acesso ao computador da Powers, lá ela tem quase tudo sobre todo super dotado vulgo alunos e ex alunos.

  - Acredita que seja um aluno? – Assenti. – Certo, mas vamos precisar agir rápido, porque ela não parece muito animada em aumentar a segurança. Posso entrar na sala dela e pegar o notebook.

   - Não seria um computador?

  - Todo mundo tem cópias em um notebook. – O russo sorriu estendendo a mão. – Está pronto?

  - Mais ou menos, mas vamos lá.

  /Luna/

 

  Filho da puta, egoísta, cretino, saco de lixo, balde de imundice. Pensava enquanto caminhava de volta ao meu quarto. Não acredito que ele achava isso, eu nunca me esfregaria com alguém, não que isso diga respeito a ele, afinal somos apenas amigos.

  - Tá pensando alto demais. – Um homem alto estava recostado em uma das portas do corredor me assustou.

  - Que tara estranha, assustar alunas desprevenidas. – Me posicionei. – Sabia que é o dormitório feminino?

  - Só vim dizer pra não se preocupar com o amigo piromante. – Ele se aproximou e uma pressão invisível tomou o corredor, fazendo parecer que o mesmo estava espremendo sobre mim. – Logo ele não vai ser mais sua preocupação.

  - Cala boca! – Gritei expelindo ar para todos os cantos, alguns cartazes voaram e várias janelas do corredor se abriram. Não havia ninguém no corredor... – Que merda foi essa?

  - Falando sozinha? – A voz de Sohye me surpreendeu.

  - Você não viu, nem sentiu nada? – Encarei a asiática que mantinha uma feição de estranhamento. – Eu devo estar ficando maluca.

  - Bom, vem comigo. – Ela me pegou pelo punho. – Vamos nos arrumar no meu quarto, preciso te contar algo.

/Tom/

 

  — Okay, ela tá fora. – Passei o pen drive para ele. – Pluga no computador, instalei um arquivo que vai sugar tudo que tem lá.

  - Certo, quarenta segundos. – O russo falou entrando na sala.

  Dez segundos nenhum sinal da diretora, era estranho ela não estar no detrimento do dever. Não pude evitar de rir da frase que imaginei em uma voz mega grossa.

  - Rindo sozinho senhor Stamford? – Merda, quando foi que ela chegou? – Precisa de alguma coisa?

  - Eu... bem. – só tinham se passado vinte cinco segundos. – Queria pedir para que se possível... claro que só se a senhora concordar, afinal, a senhora é a diretora e...

  - Não dê voltas! – Me Interrompeu.

  - Queria pedir que por gentileza aumentasse a segurança dos jogos. – trinta e sete.

  - Essa questão já foi pautada. – Ela foi até a porta. – Você e o senhor Zolotoy precisam se acalmar.

  - Okay. – Comecei a suar frio ao ver a porta se abri - E mais uma coisa. – Ela me encarou deixando a porta escancarada, Ivon não estava lá, a janela estava aberta deixando uma brisa fria passar. – Tá linda hoje, mudou o cabelo?

  - Com licença senhor Stamford. – Ela segurou um riso antes de fechar a porta na minha cara.

  Suspirei aliviado e corri para o lado de fora encontrando Ivon sentado em um dos bancos.

  - Como conseguiu abrir a janela? – Questionei me sentando.

  - Clipe de papel abre qualquer fechadura. – Sorriu vitorioso mostrando o aparato de ferro. – Vamos até o laboratório.

  - Sim senhor. – Provoquei batendo uma continência.

  - Só um “beleza” já servia. – Levantou-se. – Vamos!

  ***

  Chegamos até o laboratório e não demoramos até analisar a garrafa com as digitais.

  - Teremos um resultado em alguns segundos. – Encarei o monitor contando a porcentagem.

  - Estão fazendo o que? – A voz conhecida da ruiva nos despertou.

  - Analisando. – Ivon respondeu. – E você?

  - Estava de passagem e ouvi vocês. – Isso pareceu bem stalker.

  - Fique por aqui, logo vou precisar de você. – O russo falou.

  - Não recebo ordens de você. – Rebateu a ruiva.

  - Não estou dando ordens. – Ivon ficou posturado. – Só pedindo um favor!

  - Então, ótimo. – Ela o encarou. – Não sou obrigada a fazer.

  - Calem a boca! – Esbravejei olhando de uma lado para o outro para cada um.  – Perfeito. – Os dois encaram os resultados. – Connor, eu, Ivon... e quem é esse cara?

  - Vou olhar no discorrigido que roubamos da Powers. – Ivon sentou no outro computar e plugou o pen drive. – Soletra.

  - S-E-B-A-S-T-I-A-N B-R-U-S-K. Sebastian Brusk.

  - Ex aluno, formado. – Ivon correu os olhos pela ficha. – Envolvido em serviços com narco traficantes, tráfico de armas... ele fica intangível.

  - A pessoa que você perseguiu. – Elena se aproximou. – Talvez devêssemos pedir um chamado de busca.

  - Não. – Interrompi. – Esta muito fácil, se ele está fazendo isso, quer que o encontremos e o foco é o Connor.

  - Vou falar com ele. – Ivon se levantou. – Vem comigo. – Pediu a Elena que o seguiu. – Descobre tudo que pode sobre esse cara.

  - Sim senhor, capitão Zolotoy. – Provoquei. – Tentem não destruir o quarto do Connor.

  /Ivon/

 

  Parei em frente a porta do quarto de Connor, uma placa de “cai fora” escrita com letras garrafais adornava a madeira.

  - Que óbvio. – Revirei os olhos. – Alguma coisa? – Encarei Elena.

  - Ele parece meio agitado, mas podemos bater. -  A ruiva bateu na porta. – Não tem nada a dizer?

  - Sobre? – Questionei confuso até ela fazer uma cara de “jura?”. – Ah tá.

  - É tá. – Pigarreou minha namorada.

  - Desculpe por não ir te assistir. – Resolvi bater a porta novamente. – Não foi intencional.

  - Aceito suas desculpas, se isso não se repetir. – Ela encarou a porta. – Ele tá aí?

  - Não vai se repetir. – Encarei a porta é bati de novo.

  - Eu ouvi das duas primeiras vezes ca... – O loiro Interrompeu a fala quando percebeu que éramos nós. – Só pode ser brincadeira. Querem o que, terminar o serviço que começaram?

  - Só conversar está bom. – Falei provocando. – Conhece Sebastian Brusk?

  - Quem? Olha cara some da frente do meu quarto! – Por mais que fosse uma ordem ele estava mantendo a calma dessa vez. – E não, não conheço.

  - Os batimentos dele confirmam. – Elena falou.

  - Agora você trouxe a detector de mentiras? – Perguntou incrédulo. – Quando resolveu dar um soco na minha cara ninguém estava lá né?!

  - Connor, a gente tem a pista de que alguém pode estar querendo você pra alguma coisa. – Expliquei elevando um pouco o tom.

  - Eu sei me cuidar. – O piromante segurou a porta. – Agora se já terminaram a porra do interrogatório. – Ele fechou a porta com força.

  Encarei Elena, que deu de ombros e começou a andar sentido saída.

  - Foi melhor do que eu esperava. – Me senti vitorioso.

  - Pelo menos podemos descartá-lo dos suspeitos agora que temos um rosto e um nome. – A ruiva pontuou.

  - Ainda assim Connor não vai colaborar. – Segurei o queixo pensativo. – Talvez se o Tom falar com ele... podíamos conseguir que ele ficasse do nosso lado.

  - Okay, agora vai guardar energia, você tem uma luta amanhã.

  - Pensei em fazermos algo juntos. – Sugeri sorrindo.

  - Preciso me arrumar, pra sair com as meninas. – Ela me beijou a bochecha. – Então não vai rolar hoje, soldado.

  - Vai me trocar? – Fingi estar ofendido.

  - Considere um olho por olho a respeito de hoje mais cedo. – Ela piscou para mim antes de sair do dormitório. Sinceramente minha namorada é má. Pensei deixando um sorriso escapar.

  ***

  Já eram oito da noite, eu havia estudado um pouco sobre meu adversário de amanhã. Eu iria lutar contra um cara que se autodenomina Ekko, ele consegue criar pontos de salvamento no tempo, mas apenas para ele mesmo. Um checkpoint, nada que eu não consiga lidar.

  Como de costume caminhei até a janela para olhar a área verde que nessa estação estava branca. Consegui ver um ponto bem verde em determinado local, a neve estava derretida soltando pouquíssimo vapor. Sabia quem estava lá e resolvi descer. Me aproximei vendo Connor jogado no chão olhando para cima.

  - Vai chover. – O inglês falou.

  - Como sabe? – Perguntei ainda em pé enquanto fechava o casaco preto e apertava o cachecol verde oliva.

  - Tá vendo como o céu está rosa? – Olhei para cima e realmente dava pra ver alguns tons de rosa no céu escuro. – Também não tem muita estrela, então vai chover.

  - E você esta esperando a chuva? – Que ridículo, estou congelando usando uma camiseta de manga longa, um casaco grosso e um cachecol enquanto ele está só de camiseta de manga curta, calça jeans e  tênis.

  - Acho que sim. – Deu de ombros. , Tá fazendo o que aqui?

  - Pensei em conversar. – Olhei para cima. – Ver se consigo fazer com que colabore conosco mesmo me odiando.

  - Não há nada com o que colaborar. – Connor se sentou. – E não odeio você.

  - Difícil de acreditar. – Segurei o riso. – Parece que seu objetivo de vida é me vencer, mesmo sabendo que isso nunca vai rolar.

  - Eu vou vencer você. – Ele se mantinha calmo.

  - Se não me odeia, qual seu problema comigo? – Perguntei me sentando no pedaço de grama verde.

  - Me sinto ameaçado por você. – O piromante começou a fazer formas com o fogo em suas mãos.

  - Isso qualquer pessoa que me conheça. – Falei recebendo um revirar de olhos. – Mas por que?

  - Não sei se sabe, mas na Inglaterra é o menor índice de super dotados. – Balancei a cabeça em negação a sua pergunta. – Lá eu era tipo um dos poucos super dotados, mas aí eu vim pra cá e no primeiro dia um cara nem usou os poderes e me deu uma surra. Aqui eu não sou tão especial quanto achava que era, nem tão bom quanto achava que era.

  - Entendi. – Encarei o chão. – Pense que eu tenho dezessete anos de treinamento na sua frente e você vai lutar comigo na final. Já é uma grande coisa.

  - Ainda nem venceu a sua luta. – O loiro refutou.

  - Mas o resultado já é esperado. – Dei de ombros. – Mas falando sério agora. Não precisa se sentir menos... está aqui para aprender e na minha opinião, não conheço ninguém talentoso como  você, só te falta ser obstinado, ter um objetivo.

  - Acho que sim. – O encarei de rabo de olho é percebi que segurava um sorriso antes de levantar. – Eu vou pra meu quarto, mas tem minha colaboração.

  - Me encontre amanhã no camarote três do ginásio colossal. – Informei. – Vai entender.

  - Okay. – Se limitou a essa palavra antes de sumir.

  /Luna/

 

  Estávamos às quatro no Seventh Heaven. Conversávamos banalidades, coisas cotidianas e ambas provocavam Sohye por ter brincado de esconder a abobrinha.

  - A pergunta que não quer calar. – Manu tomou nossa atenção. – Ele é rápido na cama como é correndo?

  - Acho que minha transa não precisa mais ser a pauta da mesa. – A asiática nos encarou, e esperávamos uma resposta. – Não é rápido. Satisfeitas ?

  - Muito. – Falei rindo.

  - Por que só falamos da minha situação sexual? – Sohye esbravejou.  – E vocês? Connor ferve mais quando trepa?

  - Ela te pegou. – Elena riu.

  - Ivon é sistemático quando transa. – Elena ficou em silêncio e Manu apenas encarou. – Tom brilha os olhos quando goza?

  - Eu nem ri, sua pilantra. – Manu cruzou os braços emburrada. – Não brilham.

  - Ivon não é tão sistemático, afinal de contas, ele era virgem. – Elena deu de ombros e me encarou como o resto delas.

  - O que? – Questionei antes dos olhares de curiosidade se tornarem mais pesados sobre mim. Revirei os olhos bufando. – Eu e Connor nem sequer nos beijamos, é um lance estranho e agora não parece que vai rolar nada depois que ele ficou putinho por eu ter esquecido dele no terraço.

  - Então é por isso. – Elena estalou a língua. – Achei que ele só estava estressado por conta do que rolou com o Tom e acusarem ele.

  - Não... – Me interrompi ficando cabisbaixa. – Não vão me achar maluca se eu disser algo? – Todas balançaram a cabeça em negação. – Certo. Hoje mais cedo, eu estava indo até meu quarto e vi um cara no corredor, pareceu cena digna de filme de mago maligno. Ele tava todo bem vestido e disse que logo eu não precisaria me preocupar com o Connor.

  Elena me encarou assustada antes de levantar.

  - Quero você amanhã no camarote número três do ginásio! – A ruiva encarou Sohye. – Você também!

  - E eu não? – Manu questionou. – Posso ir de apoio moral.

  - Venha também!

/Brunilda/

 

  Caminhei a passos rápidos. Deveria ser uma urgência o camarote dos presidentes das agências me chamarem assim tão de repente. Ao parar em frente a porta, ajeitei meu cabelo e meu vestido azul royal antes de entrar.

  - Boa tarde... – Encarei os presidentes. Alita da Allianz da Alemanha, Felipe Borba da União do Brasil, Peter Maverick da Hero squad nos EUA e o mais poderoso Nicholai pela Sberbank na Rússia. Junto a eles oito jovens. Ivon já vestia seu  traje de combate, inteiramente preto, sem mangas, as calças cargo escuras e as botas, Os outros estavam em pé atrás dele com seus uniformes de fraternidade. – Posso saber o motivo dessa intervenção.

  - É simples Brunilda. – Nicholai se levantou da poltrona. – Esses oito prodígios nos deram a entender que negligenciou a ideia de um aumento na segurança do campeonato.

  - Só queremos saber por que? – Felipe se manteve recostado no parapeito. – Tendo em vista os acontecidos na piscina e nos disparo de precisão, uma investigação já devia estar ocorrendo.

  - Já está. – Ivon jogou uma pasta. – Eu e Tom analisamos as digitais na garrafa. Sebastian Brusk. Creio que não esteja trabalhando sozinho, pois o testemunho da Luna nos diz que outro super dotado pode estar envolvido. – Garoto insolente, deve ter arquitetado isso com os outros. – Os presidentes nos escutaram e concordaram com a ideia de aumentar a segurança não só durante os jogos, mas também na escola, até descobrirmos se é uma ameaça real.

  - Não vão transformar minha escola em um campo militar! – Esbravejei.

  - Não será necessário. – Nicholai estalou os dedos e Arthur entrou voando no camarote.

  - Nicholai e eu achamos prudente criar um grupo que gostamos de chamar de o quarteto feroz. – O comandante se sentou. – Faríamos um revezamento durante as semanas, para não haver chances de descuido.

  - Se eu aprovar isso, quanto tempo até os alunos começarem a perguntar e ficarem com medo? – Questionei encarando a todos na sala. – Power High é para ser um local seguro aonde os jovens aprendem a lidar com seus dotes.

  - Estamos tentando manter a segurança. – Ivon interveio. – É uma proposta boa... deveria aceitar.

  - E quem iria formar esse quarteto? – Suspirei pesadamente.

  - Seria composto pelo Comandante, a velocista Rocket, Sombra e o elementalista Tupã. – Nicholai apresentou o time. – Eles estão se dispondo a manter tudo nos eixos.

  - Quero apenas um por vez! – Me sentei coçando as têmporas. – Entenderam?! – Todos concordaram. – Após o evento venham até a minha sala para a formalidade. Com sua licença, vou me retirar.

  - Devia ver minha Luta daqui. – Ivon sorria vitorioso.

  - Tem sorte de ser um prodígio e por se formar em janeiro. – Disse antes de sair.

  /Ivon/

 

  Conseguimos, agora a escola teria a defesa necessária, para nenhuma tentativa de ataque ou represália.

  - Tem uma luta pra participar. – Tom falou.

  - Pra vencer. – O corrigi rindo.

  - Pode ser. – O mais novo se apoiou no parapeito do camarote igual todos. – Vamos descer?

  - Bom. – Connor ficou em pé no parapeito. – Eu digo que quem chegar em segundo, porque o Kyle não vale. É a mulher do padre. – O piromante se jogou na beirada, enquanto Kyle agarrou Sohye pela cintura e correu para fora. Elena saltou junto de Luna e saíram planando. – Não vamos ficar de fora né? – Tom encarou Manu.

  - Jamais! – Ela segurou a mão dele e saltaram do parapeito.

  Fiquei encarando a situação antes de dar as costas.

  - Tem um grupo bem interessante. – Nicholai se aproximou. – Parece ser um bom líder. Me faça um favor, quando for de primeira classe me ligue, posso tentar implementar você na agência. – Ele estendeu os dedos com um cartão.

  - Pode deixar. – Sorri. – Obrigado pelo suporte.

  - Tudo pelos jovens que serão o futuro das nações. – Alita pontuou.

  Mais uma sensação de dever cumprido. Agora era vencer a minha luta.

  A multidão estava aos berros, conseguia ver os membros da minha fraternidade bem a frente nas arquibancadas, Elena estava lá, junto de Tom e Sohye.

  - Do lado direito, ele me implorou para chamá-lo assim. – Manu berrou pelas caixas de som. – Ele que cria checkpoints, Ekko, competindo pela Primes. – A multidão urrou quando o rapaz de cabelo escuros cacheados e pele bronzeada entrou. Usava um traje bem simples até. Detalhes em verde água que contrastavam o marrom da regata e das botas. Tinha  lâminas curtas que iam em bainhas presas a sua cintura e os braceletes tinham algumas lâminas. – E ele... O campeão por dois anos consecutivos, se eu tivesse que lutar com ele me borraria toda, o osmosiano Russo, Ivon! – Entrei sério na região da arena e encarei meu adversário. – Agora desçam a cúpula! – A cúpula blindada desceu a nossa volta. – Prontos? – O silêncio tomou o local. – Lutem!

(Recomendo ouvir a música Failure – NEFFEX)

  Não ia perder tempo, uma abordagem agressiva e pesada seria a melhor opção. Corri na direção de Ekko que sacou as duas adagas e veio ao meu encontro, rapidamente absorvo o metal de uma de minhas pequenas esferas antes de chocar um soco poderoso que o faz ser arrastado por ter se defendido com as adagas. A poeira subiu devido a seu slide, antes do mesmo bater os pés com força no chão para investir contra mim. Transformei minha mão direita em uma lâmina e começamos a travar uma luta de facas, ele era bom, movimentos rápidos e curtos, mas eu sou mais esperto. Gerei um braço de martelo enquanto o mesmo se distraia com a mão de lâmina, estava próximo a seu rosto, mas o desgraçado simplesmente desapareceu e reapareceu em um feixe de luz verde fluorescente.

  - O checkpoint. – Pensei avançando contra o mesmo, fazendo as duas mãos serem um martelo, preciso de um movimento decisivo e massivo. Martelada alta foi evitada com uma esquiva, utilizei de um golpe vertical com a mão restante mas o desgraçado sumiu novamente. Encarei o local para uma análise. O pé esquerdo pisou duro... – Te peguei! – Ele avançou. Gerando uma estaca e a usando num salto com vara, preparei uma martelada, ele saltou em minha direção... mas seria previsível. Como imaginei ele novamente desapareceu, mas se minha medição estivesse certa. – Já era! – Gritei antes de em um trezentos e sessenta acertar um chute devastador em seu braço direito. Ekko foi lançado metros ao lado direito da arena, quando se levantou o braço estava quebrado. – Acho melhor desistir.

  - É pra isso que serve o checkpoint. – Ele estalou os dedos da mão esquerda e apareceu alguns metros a minha frente com o braço renovado. – Cura total.

  - Muito interessante. – Não queria ser tão letal, mas a vitória depende disso. Estalei o pescoço e o encarei. – Vamos dançar? – Absorvi o concreto do chão da arena.

  - Só se for agora. – Numa investida veloz ele se jogou contra mim acertando um golpe que lascou a pedra da minha pele, mas não adiantou muito.

  - Fraco. – Sorri começando uma sequência de ataques que o foram o jogando para o canto da arena, sempre observando seus pés... jab, gancho cruzado, joelhada, todos defendidos ou aparados com louvor. Continuei o empurrando até quase bater no vidro da cúpula antes do pé direito pisar com força. – Touche. – Falei antes de vê-lo desaparecer, me afastei centímetros e quando ele reapareceu uma canelada forte em suas duas perna o fez virar um mortal e dar de cara no chão. Preparei o martelo e o lancei contra o occpital do adversário que afundou a cara no concreto com o impacto. – Melhor ficar no chão.

  Ele não tinha mais forças, as tíbias estavam quebradas e o crânio no mínimo rachado.

  - Ivon vence! – Manu gritou. – Dois crânios em um ano é um novo recorde!

  Abri os braços e agradeci toda a plateia, mas antes de sair eu olharia para os assentos da Bite Bones, a figura loira sorria debochando enquanto eu passava o indicador na garganta e recebia um dedo médio como resposta. Essa final vai ser interessante.

  /Narrador/

 

  Das arquibancadas o russo era aplaudido e ovacionado.

  - Ele é realmente talentoso. – Um dos homens comentou.

  - Não vai ser um problema. – A mulher ao lado sorriu. – Se tudo correr como o planejado ele não vai conseguir fazer nada.


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