Como roubar uma estrela escrita por Férula
Notas iniciais do capítulo
Mensagem de Diana Crozet:
"Oi, você não deve me conhecer, eu na verdade nem sei pra quem essa mensagem está sendo enviada, então talvez você saiba quem sou ou talvez não. Eu só preciso que me ajude, eu tenho um canal no youtube chamado Urban Rescue, ou Resgate Urbano, sobre exploração urbana mas isso não vem ao caso, é só pra você saber quem sou caso queira entender mais, mas a questão não é essa. Eu fiz algo errado, desde o começo eu fiz algo errado e menti sobre isso, não achei que fosse tão grave e eu sinto muito. Mas agora eu fiz algo pior. Eu estou presa e preciso que enviem isso para as Forças Espaciais. Eu não sei onde estou e não consigo me comunicar além dessa mensagem que vou enviar. Todos os meus contatos estão bloqueados por um motivo que não sei, não encontro a minha nave e nem consigo me comunicar com ela, só tenho esse comunicador. Eu talvez não valha muita coisa para as Forças Espaciais, mas eu tenho algo que eles querem, ou ao menos eu tinha, eu não sei mais, mas a estrela deve estar por aqui. Eu preciso de ajuda. Por favor. Estou enviando as últimas coordenadas que consegui captar antes de cair e algo que escrevi antes de partir explicando meus motivos, mas nunca enviei para ninguém que merecia uma explicação. Mais uma vez, eu sinto muito pelo que fiz. Por favor, me ajude."
Mensagem encerrada.
— Mas tudo bem — ela deu um sorriso em meio à dor que sentia —, eu nunca imaginei que teria uma vida normal mesmo, nunca achei que me casaria e teria filhos.
Diana tossiu um pouco em meio à frase, mas logo continuou, como sempre fazia, estando bem ou não.
— Apesar que seria legal, sabe? Parando pra pensar agora. — Algumas lágrimas apareceram em seus olhos. — Seria legal conseguir ter uma casa e um marido bonito e inteligente, e talvez uma criança que fosse tão inteligente quanto. E eu daria meu único livro pra ele. E leríamos antes de dormir, toda noite.
Seu queixo tremeu e ela parou de falar sentindo que já chorava demais.
— Vai ficar tudo...vai ficar tudo bem, Diana — ele sussurrou. — Medicamentos já vão chegar e você vai ser tratada.
Diana se ajeitou na posição desconfortável e apoiou suas costas contra a parede, enquanto ainda apertava a própria cintura para impedir que o sangue saísse tanto quanto insistia em fazer.
— Há quanto tempo você tá aqui? — Ela o olhou.
Seus olhos azuis se destacavam contra a sujeira da pele, uma fuligem que havia lhe grudado no rosto. Ele não respondeu, apenas ficou olhando-a. Diana soltou um riso pelo nariz e logo depois tossiu.
— Viu? Você mais do que ninguém deveria saber que vou morrer aqui.
— Não é assim...
— Eu fui tentar salvar a merda das pessoas, e olha o que recebo em troca. Idiota também — ela se xingava com raiva e tristeza.
— Isso é altruísmo — ele tentou consolá-la.
— Eu não quero saber de merda de altruísmo.
— Você não pode fazer algo bom esperando o troco.
Diana arregalou os olhos e tentou levantar o tom de voz:
— Eu não quero nada de volta, só viver! — Então foi acometida por uma crise de tosse acompanhada de dor a cada vez que se forçava. — Que merda.
— Se acalma.
— Que se acalmar, eu tô morrendo!
Ele se calou e abaixou o olhar.
— Diana, olha, eu sei que não é fácil...
— Aceitar a morte — ela completou. — Tá tudo bem, tá tudo bem.
Diana procurou por sua mão e ele a entregou.
— Eu nunca imaginei que teria alguém pra segurar minha mão enquanto eu morria, então pelo menos tenho isso agora. Mesmo que...mesmo que você seja um desconhecido.
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