Eu sou a Protagonista escrita por Vatrushka


Capítulo 8
Qualificação




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Xaveco, Dorinha e eu corremos para a enfermaria assim que soubemos que Astronauta estava recebendo visitas.

— Bom, vou levar vocês até eles. — Disse a enfermeira. — Não querem aproveitar a visitar a amiga de vocês?

Franzimos o cenho, nos entreolhando em dúvida. — Que amiga? — Perguntamos ao mesmo tempo.

— A Mônica! — Explicou ela, estarrecida pela nossa reação.

— Aaaaah... — Compreendemos instantaneamente, lembrando do incidente da chapa metálica. — Não, não, vamos direto pro Astronauta mesmo.

Franja apareceu do nosso lado, estarrecido. — Vocês não ligam pra Mônica?!

Mais uma vez, nós três respondemos ao mesmo tempo: — Pra falar a verdade, não.

E continuamos o nosso caminho pelo ambulatório, felizes da vida.

 

 

Xaveco e eu já íamos entrar no quarto de Astronauta sem muita discrição, mas Dorinha nos puxou antes que o fizéssemos.

— Escutem! — Sussurrou ela, nos convidando a aproximar nossos ouvidos da parede.

Ouvimos a voz de Xabéu. — Como... Pôde?!

— Opa, barraco é comigo mesmo! — Me animei, tentando espiar pelas persianas. Dorinha e Xaveco me puxaram para baixo, para que não fôssemos descobertos.

— Tudo... O que eu fiz... Foi pra te proteger. — A voz de Astronauta estava fraca, mas nem por isso menos firme. — E se precisasse, faria de novo.

Ai meu Deus! Ai meu Deus! Ai meu Deus! Sacudi Dorinha, sem crer no que ouvia. Será este o momento de glória, em que os humilhados serão exaltados?!

O silêncio de Xabéu foi estarrecedor. Acho que nem ela acreditou no que ela ouviu.

— Reage, mulher! — Sussurrei. — Pelo amor de Deus, reage!

— Astronauta... — A voz de Xabéu saiu embargada. — Eu nunca ia me perdoar se você tivesse...

— Eu sei. — Astronauta respondeu, em um sussurro. — Mas eu também não, se tivesse sido com você.

Ia soltar um “Aaaaawwwnnnn...” involuntário. Só não o fiz porque Dorinha tampou a minha boca.

Silêncio tenso entre os dois. Cristo, que vontade de pular lá dentro e fazer eles se beijarem logo!

Foi a vez da voz do Astronauta sair embargada. — Já perdi Rita. Não posso perder você também.

Aí quem quase morreu fui eu. Meu coração se partiu em mil pedacinhos.

— Talvez seja melhor a gente deixar os dois a sós, por agora. — Sussurrou Dora.

Obedecemos, nos afastando e voltando pelo caminho que tínhamos chegado. Xaveco estava estranhamente silencioso.

— Não vai me falar que está com ciúmes. — Cutuquei ele, provocando-o. — This ship has sailed, não há nada que você possa fazer a respeito.

Xaveco deu de ombros. — Ah. Ele quase morreu por ela, né? — Ponderou o loiro. — Justo. Se provou minimamente digno pra minha irmã.

Revirei meus olhos. Minimamente digno...

Queria que alguém matasse e morresse por mim daquela forma.

Em nossa frente e impedindo nossa passagem, estava Licurgo. Nos encarava com uma postura séria, de braços cruzados, com uniforme de general e tudo.

Nos aproximamos. Não pude deixar de debochar, obviamente. — Pelo visto não foi só a gente que surtou quando saímos da escola...

Se bem que ele já deve estar bem acostumado com surtar... Pensei comigo mesma. Uma meteção de louco atrás da outra.

Licurgo soltou um risinho. — Gostaram da viagem?

Bufamos.

— Ah. Tá bom. Tenho certeza que foi bastante agradável. — Provoquei.

— Só quase morremos algumas vezes... — Complementou Dorinha.

— E passamos por alguns traumas que vão exigir alguns aninhos de terapia. — Concluiu Xaveco. — Fora isso, suave.

— Tranquilaço. — Reforcei.

Licurgo riu.

— Só chamei a embarcarem nesta nave pessoas qualificadas... — Nosso ex-professor deu as costas de forma enigmática. — Acreditem vocês ou não.

— Vontade de entortar aquele narigão dele... — Murmurei de raiva. Dorinha me segurou pra não avançar na voadora.

Xaveco deu de ombros. — Ah... Querendo ou não, ele tem um ponto né? Sempre passamos por situações como essas, desde crianças. Deve contar como algum tipo de qualificação. Talvez possa colocar no meu currículo...

Suspiramos.


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