O Retorno Do Fantasma Vigilante escrita por M F Morningstar


Capítulo 4
Admirador


Notas iniciais do capítulo

Olá, capítulo novo!

Boa Leitura!



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P.O.V Mônica Sousa

Segunda-feira, me levanto da cama exausta. Meu domingo havia passado rápido e eu literalmente não havia feito nada, um fato que eu não entendo, já que dormi feito uma pedra sendo que parecia que não dormia fazia uma semana. Me espreguiço e ando até o banheiro do corredor para tomar meu banho matinal.

Assim que entro embaixo do chuveiro, lembranças do baile me invadem ao mesmo tempo que a água do chuveiro escorre pelo meu corpo. Confusa... Esse realmente é o meu estado atual, por mais que eu ame o Cebola, não nego que o Fantasma Vigilante me faz me sentir do mesmo jeito, nunca pensei ser possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, mas pelo visto... é.

Volto ao meu quarto após secar meu corpo e enrolá-lo na toalha. Abro o guarda-roupa e tiro dele a roupa que usaria. Um cropped preto fechado até o pescoço e sem mangas, um short soltinho de cós alto na cor verde militar e por último um coturno preto. Seco meu cabelo chanel com meu secador e depois passo rímel e um gloss transparente apenas para dar um leve brilho.

Desço as escadas depois de pegar minha mochila, vou até a cozinha onde bebo um copo de suco de laranja que minha mãe havia feito e ao mesmo tempo como alguns cookies que estavam em cima do balcão. Satisfeita com meu café da manhã, pego as chaves de casa e saio em direção a escola.

O caminho é solitário, não encontro ninguém dá turma mesmo que o bairro seja pequeno, provavelmente sai em um horário diferente dos demais. Passo pelo portão da escola e avisto o pessoal da turma, todos pareciam tão exaustos quanto eu. Pelo jeito foi por conta do baile esse cansaço todo, mesmo que tenha sido no sábado e não no domingo.

— Bom dia, Mô. – Uma voz familiar sussurra próximo ao meu ouvido.

Me viro encontrando Cebola a pouco centímetros de mim. O cabelo espetado dele estava todo bagunçado dando um charme especial, ele usava uma camisa preta, uma calça jeans escura com algumas partes manchadas e vários zíperes, usava um tênis preto e seus óculos de sol estavam pendurados na gola da camisa.

— Bom dia, Cê. – Dou um sorriso para ele que retribui com um maior ainda.

— Vejo que está cansada como a maioria da turma. – Ele diz analisando meu rosto.

— Não sei como você não está. – Admito me espreguiçando ainda com sono.

— Estou acostumado a passar mais tempo acordado. – Cebola dá de ombros e coloca um braço em volta do meu ombro. – Vem, vamos para um lugar mais calmo e com menos pessoas.

— E que lugar seria esse? – Pergunto, e ele dá um sorriso bobo.

— Você vai ver.

Meu amigo de infância me guia pelos corredores da escola até chegarmos em uma escadaria, subimos até o último degrau que terminava em uma porta de metal. Cebola rapidamente abre a porta revelando a cobertura da escola. A passos lentos caminhamos até a beirada.

— Como descobriu esse lugar? – Pergunto impressionada.

— Vamos dizer que sou muito curioso. – Ele dá uma piscada para mim se apoiando com os braços no parapeito, dou uma risada por sua atitude.

— Curiosidade, entendo. – Observo a paisagem do bairro do Limoeiro que se estendia pelo horizonte, realmente é uma bela vista.

— Maravilhosa... – Escuto Cebola sussurrar, mas quando viro para ele pensando que estava se referindo a paisagem, percebo que seus olhos estavam direcionados e fixados em mim.

— O que?... – Sussurro, e ele cora.

—  É uma bela vista. – Cebola desvia os olhos de mim envergonhado por ter sido “pego” no flagra.

Com um sorriso no rosto, volto a observar a vista a minha frente. Passamos bons minutos apenas no silêncio da manhã, admirando o nosso bairro. Entretanto, quando o sinal toca, é nosso aviso para retirada.

— Obrigada por me mostrar esse lugar. – Agradeço ao Cebola que me dá um sorriso de lado, satisfeito por eu ter gostado da “surpresa”.

— Não precisa me agradecer, Mô. Faria qualquer coisa por você. – A intensidade de suas palavras e de sua voz me atinge em cheio, sinto minhas pernas estremecerem um pouco ao mesmo tempo que o ar foge dos meus pulmões.

— Eu... – Antes que terminasse de falar algo, sou interrompida por Licurgo que nos olha irritado de braços cruzados.

— A aula já começou Mônica e Cenourinha. – Ele aponta para a porta da nossa sala.

— Mas acabou de bater o sinal. – Alego sem entender porque ele está irritado com nosso suposto “atraso”.

— É Cebola! Já falei várias vezes. – Diz meu amigo atrás de mim irritado pelo erro contínuo do professor.

— Não quero saber! Entrem e se sentem logo.

Cebola e eu passamos rapidamente pelo professor louco para nos sentarmos em nossos lugares. Não adiantava discutir com o Licurgo, ele sempre achava que tinha razão em tudo, e para ser sincera, não sei como ele consegue ser professor e ainda mais, o diretor da escola. É um absurdo!

—__¨¨¨___*___¨¨¨___

As aulas do primeiro turno passam rapidamente e após voltar do intervalo no refeitório, encontro uma carta em cima da minha mesa. Pego ela assim que Magali e eu nos sentamos em nossos lugares de sempre na sala de aula.

— O que é isso? – Pergunta Maga curiosa, e eu dou de ombros.

— Não sei. Parece uma carta. – Abro o envelope de papel envelhecido e retiro a carta de dentro feita do mesmo papel.

Havia um texto escrito em uma letra formal, lembrava muito a aquelas cartas de época. Meu coração acelera por pensar que poderia ser do Fantasma Vigilante. Sem perder mais tempo, começo a ler:

“Milady, fiquei pensando em você a noite inteira depois de nosso breve encontro. Honestamente, depois que nos conhecemos não se passa um dia sequer que eu não lembre de sua beleza. Você é sem dúvidas estonteante.

Elogios são poucos perto do que vejo em você. Gostaria de dizer que nunca mais sairei do seu lado, mas na vida, há coisas que precisamos fazer separadamente, contudo, nos reencontraremos em breve, minha adorável dama.

Com amor, Fantasma Vigilante.”

— É dele. – Sussurro, e minha melhor amiga me olha confusa.

— Do chapeludo? – Rio com a palavra que Maga utiliza.

Lembro-me que foi exatamente assim que o chamei quando ele apareceu sorrateiramente na noite do baile tentando me propor companhia. Eu pensava que ele era como aqueles idiotas fantasiados que só queria flertar com todas as meninas da festa como se fossem um Don Juan. Por mais que ele realmente tenha flertado, havia sido apenas comigo e não com todas que ele via pela frente como o Titi havia feito.

— Sim. É do Fantasma. – Dou um sorriso abraçando a carta suavemente para não amassar.

— Não acha suspeito isso? Você pensou que não era ninguém da turma e agora essa carta aparece justamente onde você se senta. Não sei não, Mô. – Magali confessa me deixando encucada.

— Tem razão, é estranho, mas nunca se sabe. Às vezes ele é amigo de alguém da turma e pediu que entregassem. – Dou de ombros não tendo ideia de como realmente essa carta havia chegado até mim.

— E aí, meninas. – Diz Cebola me dando um susto, rapidamente coloco a carta no meio do meu caderno. – O que se passa?

— Nada! – Digo rapidamente fazendo Cebola arquear a sobrancelha confuso.

— Sei não, careca. – Cascão concorda com o melhor amigo me fazendo perceber só agora que ele havia chegado junto com o Cê.

— Era só uma conversa de meninas. – Responde Maga me encobrindo.

— Sentem todos e peguem seus cadernos. – Diz o professor Rubens, de ciências, após entrar pela porta.

A carta não sai da minha mente mesmo enquanto o professor passa a matéria. O comentário da Maga havia realmente me deixado pensativa... Será que eu me enganei e poderia realmente ser alguém da turma? Eu nunca senti nada desse jeito antes por ninguém além do Cebola, e eu sei que não era ele, pois os dois apareceram ao mesmo tempo.

Droga... Esse mistério vai me deixar louca em algum momento... Eu realmente preciso descobrir quem é ele!

P.O.V Cebola Menezes da Silva

Havia escrito e deixado uma carta para a Mônica, e ao julgar pelo modo que ela escondeu de mim, a carta realmente teve algum efeito. Com medo da minha caligrafia me revelar, tive que treinar inúmeras vezes uma diferente, e enquanto escrevia a carta, fiquei olhando uma fonte que encontrei na internet para escrever daquele jeito formal.

Nunca pensei que ela gostaria tanto de uma carta, me arrependo de não ter tentado isso antes, mas como tenho a chance de estar com ela todos os dias, nada mais justo do que deixar o “Fantasma Vigilante” como o admirador a distância. Afinal, faz parte do personagem ser misterioso e agir como se agiria em épocas passadas.

Por mais que eu esteja me aproximando mais da Mônica, eu percebo que ela age reservadamente, é como se ela tivesse medo de deixar eu me aproximar novamente e que eu queira “sair” de volta. Entendo ela, eu realmente a magoei com a história de namorar apenas depois que eu estiver à altura dela.

A realidade é que sempre me senti inferior ao lado da Mônica. Não é fácil crescer ao lado de uma figura tão forte e destemida, ela sempre teve a força, nunca precisou provar nada a ninguém, sempre a líder e sempre admirada por todos. Já eu? Sempre o cara dos planos infalíveis que sempre falhavam, o garoto que trocava as letras, o que apanhava no final e nunca conseguia conquistar a rua. Minha inteligência só foi adquirida através de muito estudo e muito esforço, eu não consegui nada de mão-beijada e por mais que eu veja que a Mônica se esforça para ser uma boa líder, ela não sabe como é se sentir menor.

Eu sempre a amei, com aquele jeito bobo de moleque na infância, mas nunca deixei de nutrir sentimentos por ela. Eu sempre a admirei antes mesmo dela se tornar essa jovem linda, incrível e forte, antes mesmo de todos os caras “acordarem” e verem ela do jeito que eu sempre a vi, mas apenas escondia para mim, internamente.

A verdade é que ela sempre foi minha inspiração, minha referência, meu modelo a seguir. Por mais que eu me sinta inferior ao lado dessa grande mulher, ainda acho que a maior força dela não está nos punhos, mas no seu ser, ela é forte em todos os sentidos.

E eu... sempre serei seu eterno admirador.


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Notas finais do capítulo

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