Nunca fotografar foi uma tarefa tão difícil. Sara tentava se concentrar na tarefa, mas o homem na frente de sua lente lhe ocasionava um tremor nas mãos e um suor em todo corpo. Ser profissional era uma tarefa árdua, quando se falava do pai de seu filho e o homem que amava. Talvez fosse tudo mais tranquilo e prazeroso se não houvesse uma discussão no meio, desilusões, lágrimas e uma mágoa ainda maior.

Suspirou.

— Uma pausa, por favor. – Anunciou Sara para a equipe.

Sara estava pálida. Ela largou a câmera sobre a mesa que tinha a sua disposição e respirou profundamente.

— Sara, está tudo bem? – Gilbert chegou por trás dela, dando um suporte para que ela apoiar.

— Gris, afaste-se. – Ordenou.

— Sara, eu só estou te ajudando...

— Afaste-se...

— Mas...

— Afaste-se agora, por que eu acho que vou... 

Não houve tempo para Gilbert se afastar, Sara vomitou por cima dele sujando-o e sujando o figurino que ele usava. Gilbert se afastou em seguida, e Sara continuou vomitando no chão por mais alguns segundos.

— Merda. – Murmurou quando finalmente terminou.

— Está bem Sar? – Naquele momento Gilbert sentia nojo de si mesmo, principalmente quando pode ver os pedaços do mamão que Sara havia comido mais cedo misturados com outras coisas que ele não conseguia definir. O cheiro era insuportável, mas a visão era ainda pior.

— Me... Desculpa. – Sara tentava retomar o fôlego.

— Céus! Seu figurino. – Disse um homem com em inglês, quando Sara levantou a cabeça pode ver que era o agente de Gilbert.

— Desculpe, eu não me senti muito bem. Eu mesma mandarei isto para lavar e, ficará novo em folha. – Sara disse atropelando as palavras.

— Está tudo bem Sar? – O senhor Aguirre aproximou-se logo em seguida.

— Já me sinto melhor. – Suspirou. – Eu vou tomar um ar enquanto Gilbert muda de roupa, em quinze minutos devo estar de volta.

Todos assentiram e Sara saiu, indo para sua sala. Chegando na mesma ela abriu a grande janela que havia em uma das paredes, a vista dali era linda, deixou que o ar entrasse, e respirou profundamente. Logo Morgan trouxe uma água para ela, esta não era sua tarefa, mas quando ficou sabendo do ocorrido foi logo socorrer sua amiga.

— Sente-se melhor Sar?

— Sim, obrigado Móg.

Sara esperou quinze minutos exatamente, voltou ao estúdio e Gilbert não havia chego. Tudo já estava limpo novamente. Ela olhou as frutas dispostas na mesa, aproximou-se e pegou uma banana. Quando olhou para os lados, percebeu que estava sozinha. Nem Aguirre, nem o agente de Gilbert e nenhum dos outros ajudantes havia chego ainda.

Tirou os calçados, sua circulação parecia cortada. Sentiu-se melhor em seguida, caminhou em direção ao cenário e sentou-se então no chão do mesmo e começou a descascar a banana. Arremessou a casca em direção a mesa, mas sua pontaria falha e sua força dimensionada erroneamente fez com que acertasse em um local bem diferente do objetivo. Deu a primeira mordia.

— Ah, Sara... Não faça isso comigo. – Ela conhecia bem aquele homem que falava em inglês bem a sua frente.

Levantou o olhar enquanto mastigava a banana vagarosamente, rezando para que pelo menos isto ficasse em seu estômago, então seus olhos castanhos penetraram naqueles olhos azuis maliciosos.

— Descarado. – Sara falou sem poder conter o sorriso.

Engoliu o que estava na boca com dificuldade, e desta vez abocanhou a banana com cuidado, deixando sua língua tocar primeiro e em seguida seus lábios, de um jeito doce e sexy. Gilbert olhou fixo para aquela cena, era obviamente uma provocação. Sara respondeu seu olhar malicioso com o mesmo olhar, e Gilbert então começou a aproximar-se de Sara sentindo-se começar a ficar rígido somente com aquela provocação.

Foi quando Sara deu uma mordida brusca na banana de uma só vez, arrancando o pedaço com raiva, e lançando um olhar maldoso, havia partido aquele pedaço como um predador estraçalhando uma presa. Quase instintivamente Gilbert colocou a mão sobre seu membro como se fosse protegê-lo, entendendo exatamente que a brincadeira não havia terminado como ele queria, e Sara lançou um sorriso travesso e continuou a comer a fruta normalmente.

— Você é uma pessoa muito má sabia? – Ele aproximou-se de Sara e sentou ao seu lado.

— Eu sei. E você também sabe. – Piscou. – Se não sabe, irá descobrir.

— Sinto pena do nosso filho. – Riu ironicamente.

Sara comoveu-se dessa vez. Ele havia falado “nosso filho”, e ela estava feliz. Por muito tempo pensou em como ele reagiria, e depois da ultima conversa havia pensado que Gilbert nunca aceitaria essa criança ou talvez até duvidasse da paternidade do mesmo e, no entanto, ele nem se quer cogitou a ideia de não ser o pai deste bebê. 

— Até quando ficará aqui no Brasil?

— Até o fim da semana eu acredito. Caso tenha que fazer mais fotos, eles só querem ir quando a campanha estiver pronta ou ao menos quase pronta. 

— E você acha que quarta-feira estaria disponível? – Ela esperou resposta, porém Gilbert apenas a olhou como se quisesse que ela explicasse o porquê da pergunta. – É que quarta será a primeira consulta oficial do pré-natal e farei a primeira ultrassonografia do bebê, na realidade a segunda, mas é como se fosse a primeira, por que eu não vi da primeira vez.

— É claro que estarei. – Gilbert abriu um grande sorriso. – Eu estarei lá com certeza. Quero muito ver o nosso filho, muito. – Seu sorriso era tão bobo que fez Sara sorrir também.