Sara não pode fingir muito mais que dormia, na realidade poucos minutos depois fingiu que acordara e se espreguiçou. Gilbert ainda estava desperto. Eles estavam sem sono, e uma ideia surgiu: Por que não viajar a noite.

Era isto que iriam fazer.

Arrumaram suas coisas, e as malas já prontas colocaram no carro. Depois foram para a recepção fechar a conta do hotel e pagar, logo já estavam no carro. Deram uma volta pela cidade despedindo-se da mesma.

— Vou sentir saudades daqui.

— Se você quiser, podemos ficar.

— E perder um luau em Cancun? – Sara sorriu. – Nunca.

— Está certo então. – Disse Gilbert ligando o GPS e colocando Cancun como local de destino.

Sara olhou o tempo previsto de viagem, por conta do pouco transito deveria ser umas quatro horas de viagem. Em seguida olhou para o relógio no painel do carro, eram dez e meia da noite. Chegariam em torno de duas e meia em Cancun.

— Você fez reserva em algum hotel?

— Não para hoje. – Ele sorriu.

— Como? E vamos dormir aonde?

— Vamos passar a noite em festa Sara, o luau irá até de manhã e então poderemos ir para o hotel e descansarmos se assim desejar.

— E se tivermos outras necessidades?

— Existem banheiros nos bares. – Ele riu malicioso.

— Eu não falo deste tipo de necessidade senhor Grissom. – Sara fitou-o. 

— De qual então? – Gilbert sabia muito bem do que Sara falava, mas gostaria de ouvir ela mesmo dizendo.

— Sexo. – Disse finalmente. – E se eu quiser transar com você. E se meu corpo esquentar, te chamar no meio da noite, e no meio da festa, e eu quiser você inteiro e para mim. – Fitou Gilbert.

Ele por um momento desviou o carro de um buraco na estrada que por pouco não havia visto. Estava concentrado demais em Sara.

— Sara, se você continuar falando isto, eu vou acabar batendo o carro. – Ele riu. – Mas não se preocupe se por acaso precisarmos, podemos fazer amor entre as dunas, ou se preferir algum lugar mais confortável, o banco de trás deste carro é muito bom, podíamos testar.

— Ai se a gente não estivesse em uma estrada testaria agora.

— Tem um recuo daqui a trezentos metros. Posso estacionar. – Sorriu malicioso.

Eles não pararam nos recuos, pelo menos não nas primeiras horas de viagem. Eles continuaram dirigindo, por algumas horas. A conversa entre os dois era muito agradável e quando Sara fitou o GPS viu que ainda faltava uma hora de viagem e em seguida pode ver um bocejo saindo da boca de Gilbert.

— Você quer que eu dirija um pouco?

— Você dirige? – Perguntou surpreso, não por que não confiasse nela dirigindo, mas por que nunca haviam conversado sobre isto.

— E muito bem.  – Falou convicta com tom de voz orgulhoso. – E você me parece um pouco cansado. Não sei se minha carteira vale de alguma coisa aqui, mas ninguém vai nos parar esse horário.

— Um pouco talvez. Vou por mais uma hora, e a última hora de viagem lhe passo o carro, pode ser? Essa parte da estrada é um pouco perigosa e acredito que seja melhor eu que já estou acostumado... Não que ter vindo duas vezes me torne um mestre nessa estrada.

Sara não pode conter o riso, mas concordou. 

Uma hora depois, Gilbert já não parecia com tanto sono, e o trecho mais perigoso da estrada havia terminado. Ele estava cansado, mas pode ver que Sara havia pegado no sono no banco do passageiro. Preferiu deixa-la dormir.

Tudo estava tão silencioso que preferiu ligar o rádio para não haver risco de dormir ao volante, ele realmente não estava acostumado a dirigir tanto no período da noite. Por alguns instantes pareceu lhe loucura ter proposto isso a Sara, nunca se perdoaria se dormisse ao volante ou houvesse algum acidente por imprudência sua. Independente de ela ficar ou não com ele, ele a amava, e independente de com quem ficasse ele queria ela viva e bem.

Teria aberto mão de Virginia, se soubesse que ela ficaria bem e que hoje ainda estaria viva. E talvez esse fosse a maior prova de amor, poder abrir mão desde que esteja bem. Foi nesse momento que desviou a atenção da estrada por alguns segundos e fitou o rosto angelical de Sara que dormia.

Ele estava disposto a abrir mão dela se ela fosse ser mais feliz no Brasil. E talvez estivesse disposto a abrir mão de tudo em sua vida para viver lá com ela.

Bem, na primeira estava convicto, na segunda nem tanto.

Sara dormiu por meia hora, e ainda tinha em torno de meia hora de viagem. 

— Nossa, eu apaguei. – Disse Sara depois de um longo bocejo e esticar os braços para espreguiçar-se.

— Bom dia flor do dia. – Gilbert sorriu.

— Desculpe... Prometi pegar o volante e acabei te deixando na mão. Quanto tempo ainda temos de viagem?

— Meia hora.

— E ainda tem algum recuo pela frente? – Falou maliciosa.