Sirius Black e Roxanne Malfoy escrita por BiancaBlack


Capítulo 7
Sangue ruim




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Filch deu um pulo na cadeira quando Sirius fez menção a pegar a pena. Agarrou-se na madeira à espera de qualquer tentativa do rapaz de aprontar.

Sirius riu.

— que foi? – perguntou angelicalmente.

Remus sorriu divertido.

Filch fez uma careta.

— mantenha essas mãos onde eu possa ver, Black – disse ríspido.

Os olhos de Sirius cintilaram maldosamente.

— considere que você não seja excitante assim, corcunda. – disse no que o zelador arreganhou os dentes em um rosnado feio.

— tome cuidado, pestinha – disse ele. – Você está por um fio de ser expulso… Vai ver, um dia ainda poderei castigá-los devidamente, então vocês verão…

Sirius riu com escárnio.

— veremos, velhote – disse cruzando os braços atrás da cabeça e inclinando a cadeira sob as pernas de trás. – Veremos.

Ele fechou os olhos e ficou quieto. Surpreendentemente quieto. Em seu íntimo, admitiu que não queria escapar da detenção daquela vez. Não queria ter que azarar Filch, abrir o mapa, se cobrir com a capa da invisibilidade… estava cansado e se sentindo doente, coisa que nunca lhe acontecera antes, tudo por causa daquele maldito feitiço e daquele maldito antídoto.

Seus amigos tinham tentado fazê-lo beber aquela coisa nojenta de manhã, mas por sorte ele escapou, mesmo tendo pegado detenções pelo resto da semana, até as férias.

Ele ouviu batidas na porta ao longe, e Filch mandando quem quer que fosse entrar. A porta se abriu e Sirius abriu um pouco os olhos para saber quem era. Ele se inclinou para frente ajeitando a cadeira com um barulho baixo no chão.

— Malfoy – disse o zelador num resmungo. – O que você faz aqui?

Ela deixou a porta aberta.

— Pirraça está aprontando de novo. – disse seca.

Filch rosnou de raiva.

— e você não consegue se livrar dele por acaso?

Roxanne era uma dos poucos alunos que Pirraça não se atrevia a enfrentar.

— obviamente que sim, mas é seu trabalho – ela respondeu com frieza.

Filch ficou vermelho de raiva, mas se levantou da cadeira e saiu batendo os pés e praguejando.

Roxanne se voltou para os garotos.

— você não tomou o antídoto. – disse para Sirius.

Ele fez pouco caso.

— como já tinha dito que não tomaria ontem.

Ela se encostou ao batente da porta e ficou quieta um pouco.

— está bem. – ela pegou a varinha na manga da blusa. Apontou a varinha para Remus e pronunciou um feitiço em latim rapidamente, um lampejo preto atingiu o rapaz e ele foi jogado contra o encosto da cadeira.

— o que está fazendo?! – gritou Sirius que se levantara num pulo.

Roxanne o olhou, e ele entendeu imediatamente.

— jure que vai beber o antídoto, e eu o curo – disse e foi embora.

Filch chegou minutos depois, arfante e suando. Gritou com os garotos para que continuassem seus afazeres e durante o resto da detenção, Remus parecia razoavelmente bem, a não ser pela palidez repentina e a respiração alta.

Porém, quando chegaram à Sala Comunal depois de transcreverem aqueles registros, Remus começou a tossir muito, e toda vez saia uma quantidade considerável de sangue… James começou a xingar Roxanne de todos os nomes que lhe vinham a mente, Sirius estava furioso, tentava lembrar de algum feitiço que curasse aquilo, mas tudo em sua cabeça estava nublado… Lilian disse que a pressão arterial dele estava esquisita, fora a febre muito alta.   

— estou bem. – Remus insistia, e logo após tossia mais sangue na mão. – Não se preocupem.

James grunhiu e fechou o livro com uma batida forte.

— nada. – anunciou. – Nenhum feitiço em latim com lampejo preto.

Remus resfolegou e fechou o punho no peito, arqueando-se e estremecendo.

Sirius contraiu o maxilar e cerrou os punhos.

— me dê aquela porcaria.

Lilian foi buscar o antídoto em seu quarto, voltou bem rápido e deu a garrafa com a poção na mão de Sirius, este atravessou a sala e saiu:

— esperem lá fora. – mandou e foi para os corredores do sétimo andar.

Sirius não precisou descer para as masmorras, encontrou Roxanne no sétimo andar mesmo, alguns corredores de distância.

— o que está fazendo aqui? – ele perguntou irritado.

Ela olhou para o antídoto na mão dele.

— enfim se decidiu? – perguntou entediada.

Sirius destampou a garrafa e bebeu. Sentiu a língua formigar e a garganta queimar, o gosto horrível pareceu penetrar toda a boca e impregnar-se lá, por um momento pensou que fosse vomitar, mas se controlou.

Ele tampou a garrafa e limpou os lábios.

— vou beber isso, Roxanne, e você vai curar o Remus, agora.

Ela ficou imóvel por um segundo, pensando se iria ou não acompanhá-lo para curar Remus, decidiu e suspirou.

— está bem.

Os dois seguiram os corredores de volta para a Torre da Grifinória. Os dois pararam em frente ao quadro da Mulher Gorda, mas não entraram, ficaram esperando. Sirius considerou que os amigos deviam pensar que ele demoraria mais, visto que ele ia para as Masmorras… isso o fez se perguntar novamente o que Roxanne fazia lá…

Depois de pouco tempo, Remus e Lilian saíram, sozinhos. James provavelmente não teria autocontrole suficiente para ficar de frente com Roxanne naquele momento, embora a expressão de Lilian também não fosse exatamente amigável.

Remus estava apoiado em Lilian, mas ela quase não suportava mais o peso do amigo. Sirius os ajudou e encarou Roxanne, que os olhava inexpressiva.

Remus tossiu. Roxanne pegou a varinha.

— vai doer – avisou para o garoto.

Remus acenou corajosamente.

Roxanne apontou a varinha para o garoto e lançou nele um lampejo preto. Ele caiu de joelhos e apoiou as mãos fechadas no chão, ofegou um pouco e sua respiração começou a se estabilizar.

— Remus! – Lilian se agachou ao lado dele.

O garoto grunhiu e se levantou com ajuda de Sirius.

— obrigado. – disse para Roxanne. Sirius bufou irritado.

Roxanne guardou a varinha e se virou para ir embora. Não falou nada, apenas seguiu os corredores para a escadaria. Ouviu passos seguindo-a, então se virou e encarou Lilian, que tinha uma rara expressão de fúria.

— você… você é horrível, Roxanne! – ela disse com a voz tremendo de raiva. Os punhos cerrados ao lado do corpo também tremiam. – Você faz ideia de quanto Remus já sofre? E ainda o usa como um instrumento… mesmo que tenha sido pelo Sirius, isso não é coisa que se faça! – ela começou a altear a voz. - Nada justificaria isso…

Roxanne deu uma risada fria.

— não fiz pelo Black – ela disse. – Não vou justificar. Não vou me desculpar, ou sentir remorso, Evans. – Ela inclinou um pouco a cabeça para o lado. – Não venha me dar sermões, apenas observe e fique distante de mim.

Lilian ergueu a mão e concentrou toda sua força em um tapa na bochecha da sonserina, porém não chegou a acertá-la. Roxanne segurou firmemente o pulso da outra e não o soltou, apenas a olhou com zombaria.

— raízes trouxas, não é? – Lilian puxou o braço e se soltou. – Tome mais cuidado, Evans.

Ela se virou e retomou seu caminho, e, dessa vez, Lilian não a seguiu. Apenas a olhou se afastar com as sobrancelhas franzidas, questionando o quanto fora burrice sua tentar agredi-la e xingando-se por isso.

         Uma semana depois

Sirius tomou o último gole daquele liquido nojento e horrível. Jogou a garrafa no lixo do banheiro e voltou para o quarto, sentindo-se completamente bem novamente. Graças a Merlin… ou a Roxanne, mas ele não iria admitir em voz alta, não quando ainda estava furioso com a garota pelo que fizera.

Depois de tomarem café, Sirius e os amigos foram até a estação em Hogsmeade para acompanhar Peter, que iria passar o natal em casa. Aproveitaram e compraram doces e itens da Zonko’s.

— tchau, Lice. Tchau, Lene. – Lilian abraçou as amigas antes de elas entrarem no Expresso.

— tchau, Lily.

O trem apitou e partiu quando todos os alunos entraram. O grupo que restou do sétimo ano da Grifinória foi para o Três Vassouras, que estava quase vazio e pediu cerveja amanteigada. Rosmerta sorria radiante enquanto buscava as bebidas.

— ora, o Natal está chegando – disse risonha em resposta ao questionamento de James por estar tão feliz. – Nada mais que isso. O Natal.

Os garotos a conheciam suficientemente para saber que na verdade arranjara um novo pretendente, mas não insistiram mais.

— bem, se precisarem é só me chamar. – a porta se abriu e dois sonserinos entraram: Greengrass e Roxanne. – Ora, aí temos um casal muito estranho, não é? – ela deu uma piscadinha e se afastou para atender os recém-chegados.

Lilian olhou para Sirius, curiosa.

— então… Como está sua situação com Roxanne?

Sirius bufou baixo e bebeu a cerveja, depois pensou que não responder perguntas era um costume de Roxanne que o irritava muito, então respondeu:

— não está. Não tenho nada com ela, nem pretendo mais.

James concordou.

— seria impossível depois daquilo.

Remus comprimiu os lábios e olhou por cima do ombro para Roxanne, que conversava formalmente com Greengrass, como se ele fosse um desconhecido sem ligação alguma com ela. A garota os olhou pelo canto dos olhos, franziu as sobrancelhas e voltou-se para o colega.

Lilian mexeu um pouco no cabelo, com uma expressão triste, concordou.

— eu sinto muito… Muito mesmo, mas sinceramente não consigo ver nada agradável nela.

Sirius fez um gesto com a mão.

— não é como se tivesse.

Remus bateu a caneca na mesa.

— que foi? – perguntou James.

— pelas barbas de Merlin, vocês não lembram que ela quem nos fez os antídotos?

Lilian desviou os olhos e suspirou, o amigo estava certo, mas ainda assim…

 James o encarou com dureza.

— lembramos. E lembramos que também o azarou, talvez você lembre de quando começou a vomitar sangue e sentir o corpo queimar, era assim, não era?

Remus franziu as sobrancelhas.

— eu lembro… – respondeu e olhou para os sonserinos mais uma vez. Comprimiu bem os lábios. – Mas fui eu quem permitiu.

— o quê? – perguntou Sirius.

Remus suspirou e sustentou o olhar questionador dos amigos.

— quando você fugiu da gente, fui falar com Roxanne…

— você o quê?!

— ela quem mandou. Disse que você precisava tomar o antídoto de qualquer forma… ela devia estar preocupada, Sirius… Então perguntou se eu poderia… fingir que estava doente… Eu disse que não era bom mentiroso, e que ela podia me azarar de verdade…

— Remus! – brigou Lilian, mas ele continuou:

— ela respondeu que não, e eu insisti. Ela concordou depois, mas ia fazer um feitiço fraco, insisti mais e ela disse que faria aquele, mas passou o contra-feitiço caso você demorasse demais para se decidir e eu sentisse muita dor. No fim, deu certo, eu fiquei bem e você tomou o antídoto. Ela me proibiu de contar, mas não é justo que você a odeie por ela ter feito algo bom.

Sirius cerrou o maxilar.

— consigo pensar em várias formas dela fazer algo bom – disse inflexível. – E não envolvem azarar ninguém. Os fins justificam os meios, é?

— não, mas…

— se ela mente tão bem, só me faz desconfiar mais dela, e de você também, Lupin. – ele se levantou e colocou o dinheiro da bebida na mesa. – Vejo vocês em Hogwarts.

Ele saiu do bar e bateu a porta. Greengrass arqueou uma sobrancelha e fez uma piada para Roxanne, que apenas respondeu:

— vai ter que me fazer beber algo muito mais forte para que ria disso.

— ria de qualquer coisa, né?

Ela revirou os olhos apenas.

*

Sirius se escorou na parede do nicho escurecido pelas sombras das tochas. Franzindo o cenho encarou Roxanne alguns metros no corredor, lendo um livro que ele sabia pertencer à sessão reservada. Não falara com ela depois que Remus lhe contara o que realmente acontecera mais cedo em Hogsmeade, na verdade nem conversara com o amigo também, parte por odiar ser enganado e parte por orgulho, que embora estivesse controlando com o tempo ainda existia.

Talvez Sirius devesse falar com ela… mas não sentia que insistir valesse exatamente à pena…

Roxanne respirou fundo e fechou o livro, seguindo pelo corredor na direção do nicho de Sirius. Neste momento, o rapaz ouviu passos se aproximando. Ele se inclinou um pouco para frente para ver quem era. Ficou surpreso ao reconhecer Lara Miller, da Lufa-lufa.

Roxanne arqueou uma sobrancelha.

— o que você quer aqui? – perguntou gélida.

Lara pegou a varinha. Sirius franziu as sobrancelhas, confuso e temeroso pela lufana.

— homenum revelio – disse estendendo a varinha à frente.

Sirius despertou de sua curiosidade e se transformou em um cachorro o mais rápido que pôde.

Lara comprimiu os lábios.

— eu… acho que ninguém.

Roxanne a olhou com irritação, puxou a varinha e fez um arco à sua frente.

— é, ninguém. – concordou calmamente. Sirius voltou à sua forma humana. – Então, o que você quer?

Lara suspirou.

— sei que não devia, Rô, mas estou ficando preocupada.

Sirius esperou que Roxanne lançasse um Crucio na outra pela ousadia de chamá-la assim, mas a sonserina apenas arqueou levemente a sobrancelha.

— o que aconteceu?

— o Dylan. – respondeu e Sirius demorou um tempo para lembrar que era o primeiro nome de Greengrass. – Ele está mais distante agora.

— o que você esperava? Sendo você o que é.

Sirius cerrou o maxilar, mas Lara riu.

— uma sangue-ruim, eu sei. – disse com humor. – Mas isso nunca fez diferença nesses três anos.  

 Roxanne se encostou na parede.

— uhum.

— e agora ele nem vai mais ver.

Roxanne deu de ombros.

— sabe que estão no pé dele ultimamente.

— sim… mas você não acha que talvez seja melhor assumirmos nosso namoro? Quero dizer, você nos apoiou…

— não apoiei.

— tá, mas não contou para ninguém.

— e você devia valorizar mais isso. – retrucou ela. – Nenhum dos dois está envolvido com o Lorde, ele não tem interesse que Greengrass fique do lado dele como deseja Bellatrix ou a mim. Se falarem para quem não deve, estarão colocando um alvo em suas costas, assim como o Potter e a Evans, mas pior. Seja um pouco mais esperta.

Lara pareceu infeliz, mas forçou um sorriso brincalhão.

— assim como você?

Roxanne ponderou um pouco.

— não, é um patamar inalcançável. – disse e sorriu.

Sirius estranhou completamente aquele sorriso e principalmente o tom humorado dela. Ele ouviu a risada baixa de Lara e seu comentário seguinte:

— bem, mas arrogante como você também é impossível.

Sirius sabia que Roxanne tinha uma relação no mínimo amigável com a lufana, mas ainda assim esperou que ela retrucasse o comentário com rispidez, mas ela não falou nada e, fazendo o coração de Sirius disparar, Roxanne riu. Não havia escárnio, desprezo, deboche ou frieza, apenas uma risada pura e divertida, como ele nunca ouvira antes da garota.  

— ah, droga – disse Lara sorrindo. – odeio a acústica daqui.

Roxanne deu um meio sorriso.

— bem, de fato. É melhor você ir.

Lara assentiu.

— boa noite, Rô.

Roxanne deu um aceno com a mão e Lara se foi. A expressão da sonserina voltava a se fechar à medida que os segundos passavam, até quase parecer impossível que pudesse sorrir francamente, mas Sirius guardou bem aquele sorriso e, sem dúvidas, queria vê-lo de novo… mas para ele.


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