Red Flowers escrita por Lisa Granger


Capítulo 1
Capítulo 1 - Passado


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoal, espero realmente que gostem da minha história.
Ela vai iniciar relembrando o passado de Mônica e Cebola, mas dessa vez do ponto direto da Mônica, falando sobre seus sentimentos.
Acima de cada cena (ou lembrança) está escrito a qual edição se refere.
Aqui está um link onde podem ler todas as edições que vou me referir neste capítulo e em capítulos futuros: https://drive.google.com/drive/folders/1nlueVEO8QTK_0oDlwqasRPFjqYWOa9-s
Recomendam que escutem as seguintes músicas ao ler o capítulo:
Photograph - Ed Sheeran https://www.youtube.com/watch?v=nSDgHBxUbVQ
All of Me - John Legend https://www.youtube.com/watch?v=450p7goxZqg.
Aproveitem!!!



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Edição número dois.

— Orelhuda! Orelhuda!

Os insultos que Mônica de certa forma já esperava, vieram, lembrando-a de um passado não tão distante, quando eram ainda piores. Lembranças começaram a sussurrar em sua mente “Baixinha! Gorduxa! Dentuça!”, irritando-a rapidamente. “Pronto! Começou!”, pensou a garota, sua paciência, que não era muita, prestes a estourar.

— Relaxa, Mô! É só pla descontlair! Você ficou uma glacinha!

Mônica respirou aliviada, por um momento ... mas ele só estava brincando, é claro, Cebola sempre fez isso, era sua maneira de demonstrar carinho. “Há maneiras melhores, maneiras que não machucam...” alguma parte de sua mente sussurrou, mas ela logo baniu este pensamento.

— Valeu, Cê! Você também ficou lindo! Ai, ai...

 

Edição número três.

— Pobre Juquinha! – exclamou Magali com um certo tom de pena, enquanto descia as escadas do museu.

— Ele não era mais alto? – perguntou Cascão, que já estava no final das escadas e pulou os últimos degraus.

— Não! Nós é que éramos mais baixinhos! Principalmente a Mônica! Hê!Hê!Hê!

Quando Mônica escutou essas palavras, que ela não tinha duvida sobre quem as havia pronunciado, já que poucas pessoas tinham a coragem e a tolice de insultá-la dessa maneira (além de que, sua voz era inconfundível para ela), a sua primeira reação foi raiva, mas então outra sobreveio. “Bom, se ele não vai tomar uma atitude, eu vou!”.

Mônica se virou para Cebola, com um sorriso no rosto:

—Ah, é? Mas eu não sou tão baixinha ... não é, Cê? – perguntou a garota, se aproximando do outro, fazendo a face do mesmo começar a se avermelhar.

— N-Não! Imagina! Absuldo! – Mônica se segurou para não rir, se ele já estava trocando os “erres” pelos “eles” isso significava que ela estava no caminho certo.

— E nem gorducha, também ... – continuou ela, bagunçando os cabelos do seu cinco fios, agora ele estava visivelmente corado, sua cor se assemelhava a do antigo vestido de Mônica.

— C-Clalo... Imagina... – ele estava constrangido, já Mônica estava adorando, estava quase chegando onde realmente queria.

— Dentucinha... Só um pouco! – falou, dando um grande sorriso – Mas se eu fizer um biquinho, assim ... – continuou ela, se aproximando dele enquanto juntava seus lábios – Eles somem ...

Ao dizer isso, Mônica fechou os olhos e colocou, gentilmente, a mão no queixo do seu amado e o puxou até que seus lábios se encostassem, da forma mais gentil e pura que uma menina de 13 anos poderia fazer. Ao afastar o rosto, olhou nos olhos castanhos do seu “amigo” e sorriu, feliz.

— Glup! E-Eu preciso ir nessa! Meu pai vai me dar uma calona até o centlo! – ele gaguejou, sem coragem de olhá-la nos olhos, mas Mônica não ligou, sabia que estava envergonhado mas tão feliz como ela com aquele beijo, ou pelo menos ela esperava que ele tivesse. Por isso, respondeu de forma gentil e brincalhona:

— Já estamos no “centro”!

— É... mas o centlo é enolme! – respondeu Cebola, se virando, e em seguida começando a correr – A gente se vê, Mônica! Ai, ai...

— Ei, Cebolinha! Não foge! – gritou a garota em resposta – Awwn... que fofo! Ele é tão tímido... Volta aqui, Cê!!

Mônica então começou a correr atrás dele, ainda sem conseguir tirar o sorriso do rosto. Ela ouviu seus amigos dizerem que passam-se os anos, mas eu continuo correndo atrás do Cebola, e eu não pude deixar de concordar. “Mas espero que um dia, ele não corra de mim, mas para mim.”

 

Edição número cinco.

— Ai, Cê... Você é um fofo! – falou Mônica, sorrindo para o amigo, que a olhou com uma expressão assustada.

— Quê?

— Glup! Eu disse “cento e pouco” – respondeu a garota, o sorriso de felicidade sendo substituído por um sorriso duro e envergonhado, enquanto sua mente trabalhava rapidamente, procurando uma forma de tirá-la daquela enrascada que sua própria boca a colocará – É o coeficiente de X sobre Y na prova... – continuou ela, a desculpa esfarrapada sendo mascarada pelo tom convincente que sabe-se lá como, conseguiu inferir a sua voz.

— Mônica um, sutileza zero... – murmurou Magali, sua melhor amiga, de forma que só ela pudesse ouvir, enquanto os meninos reclamavam perto delas.

— Bom ... relaxa, Careca! Não se pode ter tudo! – falou Cascão, já conformado, afinal nota baixa não era uma novidade para ele.

— ÉÉÉ! – concordou Mônica desesperadamente, tentando agarrar qualquer oportunidade de mascarar sua fala vergonhosa – Você já é lindo e ainda quer ser gênio? Guarda um pouco pra gente! – exclamou ela, mas assim que proferiu essas palavras, percebeu que havia cometido outro erro, qual era seu problema hoje? Não deveria haver um filtro entre seu cérebro e sua boca que a impedissem de dizer coisas tão vergonhosas em voz alta?

— Lindo? – o garoto parecia espantado.

— Mônica dois, sutileza zero... – murmurou novamente Magali, fazendo Mônica esconder seu rosto atrás do caderno que levava em mãos.

— Ai! Mico dos micos! Sério! O que acontece comigo?— perguntou-se, batendo o caderno na testa uma vez.

— Então? Vamos estudar pra prova de inglês na casa da Mô? – perguntou Magali, a santa Magali, em uma clara tentativa de tentar tirar sua amiga da enrascada que a própria boca grande dela a colocará.

— Não dá, Gá... Vou ajudar meu pá e, depois, passar na casa da Cá! – respondeu Cascão, engolindo algumas (ou muitas) letras, recentemente ele havia descoberto que as abreviações na linguagem podiam ser feitas em lugares além das redes sociais, e não parava de usar, o que fazia que muitas vezes ele parecesse estar falando outra língua.

Mônica se virou para seu cinco fios, preparando seu melhor olhar de cachorro pidão, as vergonhas recentes já esquecidas, ela não perderia, não queria, perder uma oportunidade de passar mais tempo com ele.

— E você, Cebolinha? – perguntou ela, os olhos cravados nos dele, usando seu antigo apelido que só ela podia usar sem irritá-lo – Você vem com a gente, né?

— Bom... é que... – seu sorriso começou a se desmanchar e a garota seguiu os olhos do amigo.

— Oi, Cê! Vamos? – perguntou Irene, a linda, loira e charmosa Irene. Mônica era extremamente ciumenta e sabia disso, ela também sabia que seu ciúme de Irene ia além dos limites e muitas vezes se culpava por isso, já que sua clara aversão á garota a faziam ser excluída pela turma afinal, quem iria contra a dona da rua?

Mas Mônica não podia evitar, o ciúme era em parte por Irene ser tudo aquilo que ela invejava, linda, loira, alta, magra, calma e paciente... Era assim que todos falavam dela, a descreviam, uma garota fácil de se ter por perto, em outras palavras, o total oposto de Mônica.

—“Cê”? Como assim, Cê? Só eu chamo você de Cê! — falou Mônica, tento a atitude que para ela era normal, atacar.

— O-Oi, Ilene! – o troca-letras respondeu, visivelmente envergonhado.

Mônica então direcionou sua raiva para a pobre garota, que a olhou espantada, perguntou quem e de onde ela era, ao que foi respondida por seu amigo, levemente recuperado do susto:

— Ô Mônica! Esta é a Ilene... Digo, Irene, do segundo A! – Mônica percebeu com certo incomodo que seu amigo estava levemente irritado.

— P-Prazer! – respondeu a pobre garota, com um sorriso claro de quem pede desculpas ou quem sabe um “Por favor não me mate?”, mas nem isso comoveu a dentucinha, a qual a irritação aumentava a cada minuto.

— Mônica! Eu sou a primeira! – exclamou a garota, a sutileza claramente não era seu forte, e ao perceber o que falará, se corrigiu imediatamente – Quer dizer ... sou do primeiro A!

— Então, você é a famosa Mônica? – perguntou a loira, visivelmente curiosa, seu olhar puro e suas palavras desmontando um pouco Mônica.

— Famosa? – repetiu ela, curiosa e aturdida.

— É! O Cê fala muito de você! – disse Irene, cutucando o amigo e dirigindo-lhe uma piscadela cúmplice, ao que ele coçou os cabelos, envergonhado, embora sem negar.

— Mesmo? – perguntou Mônica incrédula e feliz, um sorriso lhe voltando a face.

— Bem ou mal? – perguntou uma brincalhona Magali, fazendo a amiga lhe repreender -  Só quebrando o gelo, Mô!

— O Cê vai me dar uma força no inglês! Eu sei que ele é muito bom! – o breve momento de felicidade da Mônica havia passado na mesma velocidade que saiam as palavras da boca da loira e seu braço se enrolava no pescoço e ombros do cinco fios, que se mostrava extremamente contente, sorrindo para ela.

— Of course, my dear! – respondeu ele, exultante, sorrindo para a loira e se virou para se despedir – Vou nessa! Bye, girls!

— Awwwn... que fofo, você...  – Irene respondeu e Mônica não sabia se foi a mão dela no ombro dele, o sorriso, o elogio “fofo” que segundo Mônica era só ela que podia  chamá-lo assim, se foi a ideia de que eles passariam longas horas juntos e sozinhos ou o conjunto de todos esses motivos juntos que a fez gritar:

— Fofo?! Ele é o “meu” fofo!

Tarde demais, Mônica percebeu que havia falado, ou melhor gritado, isso alto demais. A vergonha a fez ficar instantaneamente quieta e antes que pudesse se segurar, viu-se dando uma desculpa esfarrapada de que falava do Sansão que era a capa de seu caderno. Mas antes que pudesse controlar, lágrimas surgiram em seus olhos, ameaçando cair. Magali perguntou se ela estava bem e ela respondeu sinceramente, como só poderia fazer com sua melhor amiga:

— N-Não, Magali... Eu não sei o que tenho! - “Por que tô agindo assim?”, Mônica se perguntou, afastando-se da amiga.

— Mônica? – era a voz que ela mais e menos queria escutar naquele momento, o seu lado racional sabia que ele não havia feito nada, mas seu lado irracional estava magoado – V-Você está cholando?

— N-Não! Foi um ciúme,,, q-quer dizer... um cisco que caiu no meu olho! – ela com certeza não estava bem hoje – E-Eu preciso ir!

Depois disso, Mônica correu, deixando as lágrimas finalmente caírem por sua faze, o que lhe trouxe uma grande sensação de alívio. Suas pernas acharam o caminho de casa e em seguida de sua cama sozinhas, já que tudo que Mônica via era um grande embaçado, já que suas lágrimas lhe cobriam a visão. Tinha uma vaga consciente de que Magali corria atrás dela.

Quando seu corpo tocou a maciez já conhecida da cama, desabou ainda mais e foi assim que sua melhor amiga a encontrou, em lágrimas com seu travesseiro como único consolo.

Não precisou de muito esforço da doce comilona para Mônica assumir seus sentimentos pelo seu querido trocas-letra, sentimentos estes que a haviam feito agir tão estranhamente o dia todo e protagonizar a horrível e embaraçosa cena na saída da escola. Ciúmes, que sentimento estranho e mesquinho, mas também tão poderoso. Mônica suspirou e derramou seus sentimentos no colo de sua melhor amiga.

— Meninas? Posso entrar? – sua mãe apareceu na porta e nesse momento tudo iria melhorar, Mônica só ainda não sabia o quanto.

                                                                          //

Horas mais tarde, Mônica encarava o teto do seu quarto e pensava, relembrava seu dia, e que dia! Lembrou do vergonhoso começo, sua cena de flerte falho, sua grande cena de ciúmes e por fim a agitação com as amigas e sua mãe.

Mônica se sentia sortuda, tinha pessoas que a amavam profundamente e cuidavam dela, o dia no shopping tinha sido a prova disso. É claro que a melhor parte para ela fora chegar em casa e encontrar Cebola em sua porta, a esperando com um buquê de rosas na mão e um sorriso de desculpas no rosto.

Seu coração tinha batido e ainda batia forte só de relembrar essa cena, um sorriso iluminando o quarto escuro. Mônica amava aquele garoto, antes mesmo de ter noção do que realmente era amar alguém, de que sentimento poderoso era esse e o que poderia fazer com uma pessoa.

O amor podia te elevar, te fazer mais feliz do que qualquer palavra seja capaz de descrever e nesse momento, era isso que Mônica sentia. Mas havia o outro lado da moeda, afinal o amor também pode machucar, mais profundamente e dolorosamente que qualquer arma, e Mônica viria a sentir essa dor. Se ela soubesse, se sequer imaginasse um décimo da dor que sentiria por escolher amar aquele troca-letras, teria ela seguido em frente? Creio que sim, porque não é algo que escolhemos, para o bem ou para o mal, não mandamos em nosso coração.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Me digam nos comentários! Toda crítica é bem vinda.



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