Bloody Devotion escrita por Eliander Gomes


Capítulo 3
Desafio e Desavenças.




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A mulher que se revirava sobre os lençóis, em meio a pequenos gemidos de prazer e risadas, vislumbrava seu parceiro de noite se levantando e se vestindo.

— Não precisa ter pressa, você sabe disso, não é?

— Sinto muito, M’lady, mas preciso preparar as coisas para vossa senhoria. Sei que deve estar ansiosa por ter meus serviços sobre suas mãos, preciso então me preparar para isso.

Ela soltou um longo gemido seguido de uma risada.

— Me desculpe pelo que fiz a suas “esposas”.

— Elas são etéreas, M’lady, não se preocupe.

— Vocês necromantes são tão misteriosos. Meu mestre de escravos é mesmo uma raridade.

— Farei questão de trazer algo interessante para a senhorita hoje mesmo. Tenho um carregamento especial chegando, carregamento este que venho guardando para este dia.

Ela se levanta, revelando seu corpo nu e se atirando para cima do homem, que já se encontrava em roupas.

— Então você deixou os melhores escravos para mim? Que consideração!

— Seu pai simplesmente não via a necessidade de ter tantos escravos. Como já deve ter notado, a maioria dos escravos presentes na mansão eram fracos, sem capacidade mental. Ele preferia estes, pois eram mais “submissos”.

— Coisas de um velho sem pulso! — Gritou Elena, rindo logo em seguida em frenesi. — Lordes de verdade impõe o respeito através do medo! A propósito, vi um nome incomum no livro de registros...

— Sim, eu sei de quem falas.

O homem se dirige até a escrivaninha no quarto, abrindo o livro, enquanto a mulher volta a se jogar na cama.

— Simon Lumiya. Quem diria que ele seria o escolhido pelo velho Lumiya.

— Simon é um grande problema, minha senhora. Deveria ficar de olho nele.

Em meio a murmúrios pensativos, Elena se virava na cama. Seus movimentos eram aleatórios enquanto ela tentava segurar sua risada.

— Já sei! — Gritou ela. — Vamos chamá-lo para um jantar?

— Duvido que ele aceitaria, visto a condição atual.

— O que quer dizer?

— A carta que recebera mais cedo, esqueceu-se, senhora?

— Ah, aquilo. Droga, Drakon idiota. “Rei dos vampiros” é minha rola que eu não tenho! — Ela olha sugestivamente para o homem a sua frente, encarando sua pélvis. — Ou será que eu tenho?

— Senhora, por favor...

— Me desculpe! Agora, falando sério, aquele reizinho mixuruca acha que pode fazer o que quiser?

— Com todo respeito, minha senhora, sabes a situação atual do reino, sim? Acho que seria uma boa ideia acatar a ordem do monarca.

Ao ouvir o comentário, Elena faz um rosto irritado, se jogando embaixo dos lençóis enquanto soltava leves gemidos irritados.

— Sim, eu sei.

— Se me der licença então, minha senhora, devo me apressar. A caravana deve chegar em poucas horas até a mansão.

— Sim, está dispensado. Você tem liberdade total dentro desta mansão, desde que me mantenha informada sobre.

Ele se aproximava da porta enquanto terminava de ajeitar a gola e mangas de sua camisa. O homem tinha quase uma espécie de controle sobre aquela mulher. Ele, apesar de ser um humano, parecia conhecer bem como domá-la. Os olhares de Elena pareciam sempre serem luxuriosos sobre o homem, mas ela sempre o tratava bem e respeitosamente, mesmo antes de se tornar a senhoria da mansão. Quando se conheceram, há vários anos atrás, o homem era apenas um comerciante que fazia negócios com seus pais, um mero vendedor de escravos. Mas agora, ele tinha controle total sobre a mansão e seus empregados; tudo sobre a supervisão de Elena, claro.

Em meio a um devaneio sobre essa sua posição, no entanto, ele deixou-se ser enganado apenas por um breve momento pela sua mente, quando sentiu um pequeno calafrio.

— Tulio, só mais uma coisa...

Ele sentiu os seios volumosos de sua mestra sobre suas costas, enquanto sentia sua respiração sobre seu pescoço.

— Se eu perceber, mesmo que por um breve momento, algum sinal de traição... — ela dá uma breve risada, seguida de um suspiro triste — será uma pena, mas eu não hesitarei em matá-lo, escutou bem?

As unhas da mulher pressionavam-se com certa força sobre as costas do rapaz, enquanto a mão dela dançava sobre o abdômen dele, indo em direção a sua pélvis.

— Não se preocupe, minha senhora. — Disse ele, calmamente.

Após uma suave risada em êxtase, a mulher desceu seus lábios para o pescoço do homem, lambendo-o suavemente, enquanto parava de exercer força sobre as costas dele. Ela cravou delicadamente seus dentes sobre o pescoço dele, alimentando-se do sangue que saia. Depois de apenas alguns segundos, ela se soltou dele, deixando-o seguir caminho, enquanto limpava as gotas de sangue de sua boca.

— Até o seu sangue tem um gosto... peculiar...

Ele deixou o quarto, sem qualquer reação. Enquanto andava, no entanto, seu rosto mudou levemente, deixando escorrer uma gota de suor por sua têmpora.

“Não posso abaixar a guarda... nem por um instante”.

...

Após lerem a carta juntos, os irmãos Lumiya se encaravam com rostos curiosos.

— Uma convocação real?

— A data é para daqui um mês.

— Essa é uma excelente oportunidade para visitar a região de Drakon. Vais aceitar, não é, irmão?

Naturalmente que Simon aceitaria a oferta. Era uma carta real, desobedecê-la poderia ser perigoso. Mas não é como se Simon já não esperasse por algo assim; se o que seu pai dissera a ele mais cedo fosse verdade, era lógico que isso aconteceria. As casas estavam respirando novos ares, e o próprio reino tinha um novo indivíduo no trono. O rei parecia sensato em realizar uma convocação com todos os seus lordes. A fala da irmã mais nova de Simon trouxe a ele uma sensação de curiosidade, pois ele sabia que saindo da mansão, ela acabaria nas mãos de seus irmãos, e mesmo sem saber o que esperar, ele sabia que coisa boa não poderia ser. Deixar o lugar era perigoso, mesmo sobre as circunstâncias. Talvez a pergunta da jovem vampira tenha sido justamente por causa disso; ambos pareciam ansiosos pela resposta do irmão, no entanto.

— Digam-me, o que pretendem fazer em minha ausência?

Simon não demonstrava, mas ele estava sim preocupado. Seus irmãos sabiam, mesmo sem notarem isso nele.

— Com todo respeito, Simon, você pode ser o dono destas terras agora, mas isso não significa que temos o dever de te obedecer.

— Kai tem razão. Não é porque tens o domínio da mansão que podes interferir em nossas escolhas e julgamentos.

— Têm razão. Mas isso não significa que podem desafiar minha autoridade.

— Sim, mas não se preocupe, irmão, não estou disposto a ganhar outra cicatriz como esta em meu rosto.

— Bom ouvir isso.

Os cinco parados a frente de Simon o encaravam com rostos sérios e analíticos. Duas mulheres e três homens, olhando diretamente para seu irmão. Simon não se sentia intimidado, no entanto. O sussurro de Kai, todavia, chamou a atenção de todos ali.

— Mas... estaria disposto a causar uma em você.

— É o que pensa?

Kai faz um pequeno silêncio. Em meio a um surto, o rapaz começa a gritar.

— Não me subestime, irmão! Não sou o mesmo fracote que perdeu para você aquela vez! Eu treinei muito, tudo para te derrotar. Eu estou mais forte, eu tenho reais capacidades de te enfrentar agora.

Simon sabia que aquele sentimento era compartilhado entre seus irmãos. E mesmo não parecendo, ele se importava com eles. Eram seu sangue, afinal de contas.

— Nesse caso, por que não resolvemos isso de uma vez?

— O que?

— Vamos lutar, pelo controle da mansão. O vencedor se torna o novo governante dessas terras.

— Está falando sério?

— Sim. Mas vamos fazer isso de forma descente. Teremos uma única luta, sobre as regras do pacto de sangue. Se você ganhar, têm o controle sobre a mansão, tal como sobre todas essas terras e seus servos. Porém, se perder, quero que não me questione mais, e terá que trabalhar sobre minhas ordens, sem discutir ou me desafiar.

— Me tornaria seu escravo, basicamente.

— Pense dessa forma, é bom para você. Mais uma coisa. Essa luta também decidirá o destino de seus irmãos.

Todos fizeram expressões de susto e preocupação.

— Espere um pouco, Simon! — Gritou sua irmã. — Não pode colocar nossos destinos na mão de Kai desse jeito!

— Isso é injusto! — Balbuciou o mais novo.

Simon riu.

— Tudo bem. Nesse caso, vocês também podem participar da luta.

Eles se encararam, confusos.

— O que?

— Vocês ouviram bem. Serão os cinco contra mim, o que me dizem? Anúbis, Kai, Melphine, Coraline e Roswal Lumiya contra mim, Simon Lumiya.

Eles ouviam aquilo mas não acreditavam. Ambos se entreolharam, confusos.

— Isso é uma piada, Simon?

— Não, de forma alguma.

— Está zombando da gente?! Acha mesmo que pode derrotar nós cinco em uma luta justa, sobre o pacto de sangue?!

— Não ouviu o que o pai disse antes? Eu sou o mais forte da casa.

— Não me venha com essa! — Gritou Kai, ferozmente. — Estava claro que o pai estava sendo jocoso! Não se ache demais, vampirinho de merda!

Anúbis toma a frente, acalmando seu irmão exaltado.

— Apesar de não compartilhar da mesma selvageria, compartilho do sentimento de Kai. É muita ingenuidade sua pensar que poderia nos derrotar tão facilmente.

— Por que não testamos então? Se acham mesmo isso, não têm por que preocupações atormentarem vocês.

Eles se encararam mais uma vez, voltando-se para Simon logo em sequência.

— Aceitamos sua oferta, irmão. — Diz Anúbis, curvando-se graciosamente para Simon. Todos seguiram-no em seu gesto, com exceção de Kai, que ainda bufava.

...

 — Quem enviou você?

O anão permanecia em silêncio, mesmo com a mulher quebrando seus dedos, ele não emitia um som sequer.

— Você é bem resistente. Me impressiona.

— Não subestime os anões.

— Hum, estou impressionada, de fato. — Disse ela, arrancando o indicador direito dele fora. Mesmo após devorar lentamente o dedo daquele anão a sua frente, ele permanecia em silêncio.

A mulher se vira e se afasta.

— Barkar, cure os dedos dele. Inclusive o que acabei de arrancar.

— Sim, M’lady.

A mulher se afasta um pouco, se dirigindo a outro aposento. Enquanto o elfo tratava os ferimentos do anão, ele o olhava com desdém e certa fúria.

— Essa sua feições... você é de Jofrir, não é?

O elfo permaneceu em silêncio, enquanto se preparava para usar sua magia de cura no anão. O anão ri, voltando a falar.

— Vocês são mesmo cachorros. Deixando-se dominar por uma bruxa daquelas...

— Não fale de nossa senhora desse jeito, você não a conhece. — Diz o elfo, calmamente.

— Não a conheço, é? Olha o que ela fez conosco... estamos aqui, sendo torturados por uma semana, sem descanso.

— Não deve ser grandes coisas para vocês, anões.

— Sim, tem razão. Uma semana nem é tanta coisa. E a tortura dela não é nada.

— Então, por que reclama?

O anão ri mais uma vez.

— Sabe, eu gostei de você. Por que não me ajuda a fugir? Tenho certeza de que podemos nos organizar e...

— Você realmente não entendeu ainda, não é? Nenhum dos servos dela são escravos. Nós a seguimos por bel prazer.

— Por que o fazem? Ainda mais você, sendo quem é... sendo de Jofrir.

— É justamente por eu ser de Jofrir, anão.

Ele o encara com um rosto confuso. Porém, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o elfo se retira.


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