Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Depois de ler os nove livros dos Bridgertons e assistir a série em um só dia, eu me encontro numa vibe muito de época e nada mais justo do que escrever uma fanfic assim né. Boa leitura!



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Prólogo 

... 

Lenora Barrington era a quarta filha. A caçula dentre três irmãos homens e mais velhos e, para sua grande infelicidade, a única solteira de sua família. Por onde passava era conhecida apenas como a quarta Barrington ou até mesmo, a caçula solteira. Com dezoito anos — a idade em que debutaria para sua primeira temporada —, ela já sabia que todos os seus passos já estavam certos, assim como sua vida e por isso passou a não ser adepta a velha crença de que teria um casamento por amor ou que simplesmente se apaixonaria por alguém. 

Como seria possível quando sua vida já fora escrita?  

Já para Phillip Weston as coisas eram bem diferentes. Ele era o primeiro filho na família, ou como passou a ser chamado desde que nascera: O filho herdeiro, o futuro visconde de Pambley. Aquele que daria seguimento a linhagem Weston e manteria o título nas gerações futuras.  

Sim, existia também a pressão em casar-se, mas era apenas um desejo do pai, o qual já até sugerira algumas moças solteiras com idade para casar-se e lhe entregou uma lista! Contudo, Phillip nem mesmo demonstrou interesse, estava sempre dizendo ao pai e a todos que lhe perguntavam que demoraria para casar-se com alguma moça. O motivo? Ele queria um casamento por amor. Queria que seu coração batesse forte quando a encontrasse e sabia que poderia demorar para acontecer, não se importava em esperar, contanto que estivesse tão apaixonado por ela quanto ela por ele. 

E foi na noite do dia 6 de abril, durante o primeiro baile da temporada da nova condessa Hale, que os caminhos de Lenora e Phillip se cruzaram pela primeira vez e suas vidas mudaram completamente. Mesmo que eles nem mesmo tinham percebido isso.  

 

•••

 

Lenora não acreditava no amor. Na verdade, não acreditava que ele viria para ela, não quando seus passos para aquela temporada já estavam todos muito bem decididos. Em sua primeira temporada, existia ainda a insegurança de não saber o que fazer ou de como agir diante de toda uma sociedade e apesar de nova, percebera que muitas mães tratavam a temporada como uma corrida, onde a disputa era apenas encontrar bons casamentos até o final da temporada.  

Sua mãe lhe ensinou algumas coisas, tais como ela deveria se comportar e o mais importante: Se avistasse um Weston, deveria afastar-se dele no mesmo segundo. Era uma regra, uma lei de família na qual ela deveria obedecer sem questionar.  

Naquela noite, usava um vestido de seda azul, aquela apesar de não ser sua cor preferida para vestidos, Lenora apenas o usava para agradar a mãe que, insistia em dizer-lhe que a cor fazia com que seus olhos castanhos brilhassem. Ela não acreditava muito nisso, mas decidiu que não seria nada prudente contrariá-la; até porque era Lady Barrington a experiente e Lenora era apenas a filha em sua primeira temporada.  

Fora apresentada para vários cavalheiros solteiros, alguns até pareciam interessados, mas no momento em que ela abria a boca para iniciar uma conversa, não demorava muito para saíssem correndo constrangidos. Lenora notou que, depois de seis cavalheiros a fazer o mesmo, o problema não estava em si e sim neles, todos muito tolos para conseguir sustentar uma conversa que não tivesse relação com o tempo ou aquela noite em questão.  

Quando o sétimo possível pretendente lhe fora apresentado, ela teve certeza de que não iria casar-se tão cedo. E mesmo que tal ideia pudesse causar pânico para sua mãe, a ela causou apenas um estranho alívio. Obviamente seguiria com suas obrigações, iria aos eventos, bailes e o que mais viesse, como era esperado que ela fizesse, mas não se deixaria levar pelos solteiros disponíveis; não quando todos pareciam temer manter uma única conversa com ela. 

Após algumas poucas horas de baile, Lenora fora apresentada a um velho conde que estava perto de encontrar a morte, ele mesmo lhe dissera isso e com humor ácido em suas palavras, mas o que começou com uma boa conversa com assuntos mais relevantes, transformou-se em uma... Armadilha. O velho conde estava disposto a apresentar a ela o neto mais velho que herdaria seu título e quando percebeu o que estava para acontecer, Lenora não pensou duas vezes em se afastar e fugir.  

Bem sabia que não era nada elegante fugir como estava fazendo de um cavalheiro, em especial um conde, mas o que poderia fazer? Não que tivesse entrado em desespero com a possibilidade de ser apresentada a um solteiro, mas ela simplesmente não queria ter de dispensá-lo diante do avô conde.  

E por isso seguiu pelos cantos do salão, escondendo-se cada vez mais diante a multidão de convidados sem ver realmente para qual direção estava indo até que esbarrou em um cavalheiro.  

Na verdade, fora ele quem esbarrou nela primeiro e aquele encontro quase a derrubou. Foi rápido, ele a segurou pelos ombros se antecipando em impedir que ela fosse de encontro ao chão. 

 

•••

 

Phillip estava certo de que não encontraria nenhuma moça em potencial no baile em questão, mesmo que estivesse apenas no começo da temporada, ele queria encerrar de vez a responsabilidade e cobrança em casar-se com uma moça. Mas até o momento fora apresentado a apenas jovens assustadas que eram empurradas pelas mães casamenteiras e que não conseguiam dizer uma única palavra sequer sem que parecessem prestes a desmaiar.  

Ele perdera a conta de quantas jovens foram apresentadas a ele e todas eram pobres coitadas que as mães empurravam para o primeiro solteiro que avistava, Phillip sentia certa pena delas, via em todas um potencial excelente para uma boa conversa, mas diante a ação exagerada de suas mães, todas se limitavam em múrmuros curtos.  

E quando viu que tornou-se um alvo em potencial, escondeu-se pelos cantos do salão, deixando que a atenção das mães casamenteiras recaísse sobre outros jovens cavalheiros. Estava para fugir novamente quando sentiu seu corpo chocar-se com uma moça, quase a derrubando.  

E foi quando a viu.  

Foi como levar um tiro no peito, seu coração ardeu e depois bateu mais forte, o corpo tornou-se rígido e por uma fração de segundos ele teve a leve percepção de estar caindo em um abismo desconhecido. Não teve dúvidas de que estava perdido, fadado ao sentimento que acometera seus pais.  

— Perdão. 

— Desculpe-me.  

Disseram ao mesmo tempo, ele ainda a segurava pelos braços para impedir a queda que quase acontecera. A ação, ainda que íntima demais para dois completos estranhos mostrou-se necessária para que ela simplesmente não despencasse de encontro ao chão.  

— Ah, não precisa se desculpar, eu deveria ter olhado melhor por onde andava — imediatamente ela parou de falar quando se deu conta de que a culpa de fato não fora sua e sim dele. Ela ele quem deveria estar se desculpando em vez dela.  

O cavalheiro sorriu e a soltou aos poucos, formou-se entre eles um silêncio estranho, até que Lenora lembrou-se do que estava fazendo antes de quase cair. Olhou para trás numa ação automática, tentando encontrar o conde de quem estava fugindo e cujo nome ela se esquecera e ao notar isso, o olhar do cavalheiro se mostrou curioso.  

— Está procurando por alguém ou fugindo?  

Lenora piscou um tanto surpresa, estava assim tão óbvio o que estava a fazer que ele notara isso apenas por ela olhar para trás? Buscou em sua mente as palavras certas para serem ditas. Deveria dizer que estava mesmo fugindo? Não seria apropriado mentir, não a um cavalheiro que sequer conhecia... Então o que iria dizer?  

— Fugindo de um conde. — espantou-se com a própria resposta, uma vez que seria esperado que ela dissesse algo mais agradável em vez de admitir estar em fuga.  

Ele assentiu e ela finalmente o olhou. Ele era alto, até o momento o cavalheiro mais alto que vira ali presente e tinha uma postura firme, sua presença era perceptível e parecia contar algo intimidante sobre si. O cabelo era de um loiro escuro inconfundível e os olhos de um castanho quase tão escuro quanto os dela, seu rosto não lhe dava uma aparência de um homem londrino e sim de alguém selvagem e que não parecia fazer parte da sociedade, mas nele, era uma característica belíssima. Deixava-o atraente. Qualquer moça iria suspirar se o visse e isso era uma afirmação.  

— Pensei que falaria de alguma mãe casamenteira — comentou com humor. 

— Estou fugindo disso também.  

Ela riu com a própria resposta, não queria imaginar como a mãe reagiria se a visse conversar com um cavalheiro tão belo.  

— Mas você está tendo problemas com as mães casamenteiras, não está? Isso explicaria o motivo de estar escondido nos cantos do salão — observou ela, olhando-o com curiosidade.  

As mães casamenteiras eram o principal problema dos bailes; e aquele ainda era o primeiro da temporada!  

Muitas pareciam esquecer-se do decoro e agiam de maneira imprudente para com suas filhas, principalmente aquelas que apenas tinham filhas para casar-se. Jogavam-nas para todos os solteiros disponíveis até que um se mostrasse disposto a casar-se, sem que se importassem com a opinião e gosto das próprias filhas. Lenora tinha sorte, sua mãe desde sempre deixou claro que não iria forçá-la a se casar, ela não era uma filha herdeira, mas tinha um bom dote e carregava em seu nome um sobrenome conhecido pela sociedade; vinha de uma família influente e igualmente rica. Mas além disso, a mãe — e até mesmo seu pai — lhe dizia que gostaria que ela casasse por amor e não por pura obrigação ou porque fora pega em um momento embaraçoso.  

Mas isso não queria dizer que Lady Barrington não daria seus empurrãozinhos.  

— Algo assim — ele respondeu, olhando-a também. — Fui jogado para um número alto de moças e acho que todas estavam assustadas demais para ao menos conseguir conversar.  

Lenora concordou.  

— Bem, isso acontece — contou. — ainda mais por causa dessas mães. Mas poderia ser pior, você poderia ser a filha de uma das mães casamenteiras.  

Ela não mais o olhava, seguiu a movimentação que vinha do centro do salão aonde pares se formavam para que dançassem, outros apenas se afastavam para que pudessem fazer seus cortejos.  

— E como está sendo para a senhorita? — ele perguntou, seguindo a direção dos olhos de Lenora e também olhando para o salão.  

— Acho que poderia ser pior — confessou com meio sorriso, de onde estava ela conseguia enxergar a mãe, mas a mulher não a via. Para sua sorte. — Minha mãe não é como as outras, mas já deixou claro seu desejo por ver-me casando. 

Phillip franziu o cenho.  

— Não quer se casar? — questionou, apenas por ter percebido um tom levemente aborrecido em sua fala.  

— Eu quero, mas gostaria que não parecesse que estou em uma corrida para ser levada ao altar antes de todas as outras — lhe segredou, voltando os olhos novamente para o cavalheiro ao seu lado. — Sei que ainda estamos no começo da temporada, mas parece que fui jogada em uma competição e preciso vencer antes de todas as outras. 

Ele nada disse de início, parecia pensar em suas palavras e Lenora aproveitou aquele curto momento de silêncio para pensar nas próprias palavras. Ela tinha exemplos de ótimos casamentos em sua família durante temporadas passadas, seus pais casaram-se por amor e o mesmo com seus três irmãos mais velhos; apesar de um deles apenas ter descoberto o amor anos mais tarde. Mas era isso. Ela sabia muito bem que era sim possível encontrar amor em meio a competição que a temporada parecia ser, porém não conseguia acreditar que isso era uma possibilidade para ela.  

Ao menos não naquela temporada.  

— O amor é diferente para cada um — Phillip começou a falar. — Concordo que a temporada parece sim com uma competição, mas é apenas porque as pessoas a enxergam dessa maneira. Se deixassem levar pelas oportunidades que nos são apresentadas para cortejos, como as danças ou até um simples passeio pelo salão, creio que tudo seria bem diferente. Algo mais simples, mais romântico, até. 

Lenora arqueou uma sobrancelha surpresa.  

— É assim que você enxerga tudo isso?  

— Algo assim — admitiu, ele deu com os ombros e olhou-a. Por ser mais alto ele tinha de inclinar o rosto para baixo a fim de conseguir olhá-la direito e pôde ver melhor seu rosto e detalhes. — Mas não espalhe isso, acho que tenho uma reputação a zelar. 

Ela o olhou e não segurou o riso e precisou cobrir os lábios com a mão.  

— É um romântico então? — ela quis saber.  

— Que isso fique apenas entre nós — ele fingiu contar um segredo. 

Ambos riram outra vez.  

Não demorou para que continuassem a conversar, dando suas opiniões sobre o que poderia acontecer no decorrer daquela temporada e também sobre os possíveis escândalos que poderiam surgir, sem que percebessem o tempo que estavam ali, escondidos.  

Em certo momento ele a convidou para uma dança, afinal era esperado que um cavalheiro fizesse isso e Lenora aceitou, aquela, ela percebeu, fora a única dança que tivera durante aquele baile. Não que estivesse reclamando, os demais cavalheiros presentes não a convidaram e os que pareciam minimamente interessados não chegavam a esse ponto. E também aceitou porque era esperado que fizesse isso.  

E quando isso aconteceu e depois de ter vindo do único cavalheiro com quem ela pudera conversar livremente e ele não saiu correndo, dançar com ele pareceu deixar aquela noite mais suportável. Mesmo que ela jamais fosse admitir isso em voz alta. Contudo o que poderia ter sido a noite perfeita para os dois, caiu por terra no momento em que finalmente se apresentaram. 

— Weston? 

— Barrington 

Eles se olharam surpresos. Assustados até. Suas famílias eram... Rivais. Na verdade, dizer tal palavra era exagero e não condizia com a verdade — que ela ainda desconhecia —, o que ambas as famílias tinham contra a outra era uma rixa muito antiga e que passava por entre suas gerações, algo que ela nunca de fato entendera direito. Mas seus pais sempre faziam questão de lembrá-la de nunca, jamais, envolver-se ou chegar perto de um Weston.  

Era uma regra que deveria ser obedecida por todos da família. Todos. 

Lenora e Phillip continuaram se olhando naquele mesmo silêncio incomum que formou-se de repente entre eles, nem mesmo parecia que a poucos instantes atrás estavam os dois conversando como se já fossem conhecidos e bastou dizer seus nomes para que tudo ruísse. A jovem não soube o que fazer, sairia de perto dele? O insultaria? Tentou imaginar o que seus pais e seus irmãos estariam fazendo em seu lugar e ela não gostou de nenhuma das opções que pensou.  

Já Phillip reagia com mais intensidade. Seu coração batera mais forte por uma dama, uma moça inteligente e bela que conhecera de forma pouco convencional e então descobrira seu nome, na verdade seu sobrenome. Ele deveria ter percebido aqueles traços firmes e tão comuns presentes em três rostos masculinos, fora tolo por não ter notado quem ela era.

Uma Barrington! Pensou perdido, seu coração batera mais forte por uma Barrington 

— Isso é...  

— Acredito que podemos deixar essa questão de lado — Lenora o interrompeu de repente, sugerindo algo que ela mesma não sabia se queria. 

Phillip surpreendeu-se com sua fala, uma vez que estava óbvio que ele esperava outra atitude, ela também e sabia que seria sensato agir conforme era esperado por suas famílias.  

— Concordo com a senhorita.  

E apesar de ambos saberem que aquele tipo de amizade não deveria sequer existir, eles não se importaram muito com a rixa existente entre suas famílias e foi no baile da condessa Hale que Lenora Barrington e Phillip Weston iniciaram uma amizade que suas famílias jamais permitiriam se soubessem da mesma. 

Isso se soubessem.  

 


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