Os anos seguiam e os amigos se esforçavam em suas faculdades e para lidar com eventuais problemas com Holows e almas. Os Quincys remanescentes eram mantidos em ordem por Uryu, os Fullbringers estavam sobre responsabilidades da família Shiba, o Hueco Mundo estava sendo gerenciado por Halibel e Karakura permanecia sobre supervisão de Ichigo.

Outra vez tendo sido chamado para conversar com Kyoraku-san, Ichigo estava estranhando aquele clima de mistério que ele fazia. Estavam na sala principal do 1º Esquadrão, sentados em uma mesa com chá e em silêncio.

— Kyoraku-san, por que me chamou aqui? – Ichigo não via nada de errado com o convite, mas também não achava que ele se daria todo o trabalho de chama-lo apenas para beberem chá.

— Ichigo-kun, você quer trabalhar oficialmente nas 13 Divisões? – sorrindo, ele bebeu mais um gole de chá e foi direto com ele.

— Eu? – por aquele ele não esperava.

— Sim. – Kyoraku estava muito sério – A Soul Society se relaciona de forma diferente com humanos e outros seres espirituais agora. Estamos com desfalques de instrutores na Academia de Artes Espirituais e de shinigamis que possam prestar lições para períodos de experiência em Karakura. Muitos estão sendo necessários para conter distúrbios na Rukongai. – ele via que Ichigo lhe dava total atenção.

 - Em outras palavras, você gostaria que eu prestasse alguns serviços de auxílio para Gotei. – ele achou um pouco estranho o convite – Mas se vocês precisam de ajuda, eu posso ajudar sem problemas, Kyoraku-san. – era verdade que, se precisassem, bastava um simples aviso para que ele fosse ajudar.

— Isso é verdade. – ele ria um pouco, sabendo que podiam contar com ele sem erro algum – Mas estou falando de ser algo fixo, como um membro registrado faria. – Ichigo se surpreendeu – A proposta seria que você realizasse aulas de Zanjutsu na Academia de Artes Espirituais e pudesse monitorar shinigamis em estadia na cidade. Você não precisará ficar aqui na Gotei, mas vai precisar entregar relatórios de atividades como qualquer outro oficial. Não colocaríamos você dentro de um Esquadrão, mas sim como um oficial de recomendação direta minha e do Esquadrão Zero. – ele terminou vendo a expressão pensativa de Ichigo.

— É uma excelente proposta, embora deva perguntar: O que a Centra 46 acha disso? – um último detalhe extremamente importante.

— Ichibei-san e eu já cuidamos disso. – Kyoraku sabia que seu receio tinha fundamento – Você se reporta apenas a mim e ao Esquadrão Zero, pois seremos os responsáveis pelo oficial humano que vai se juntar a nós. – ele esclareceu como o cenário final deveria ficar.

— Entendo. – era um alívio ouvir aquilo e a proposta de trabalho era ótima! Poderia ajudar com as despesas da casa e realizar uma de suas mais recentes decisões – Eu aceito, Kyoraku-san. – ele fez uma pequena pausa – Comandante Kyoraku.

— Não seja tão formal, Ichigo-kun. – ele soltou a xícara de chá na mesa enquanto ria da maneira como Ichigo usou sua posição para uma referência formal – Para nós não vai mudar muito, pois todos te conhecemos e você a nós.

— Acho que, se vou atuar como um oficial, preciso começar a me acostumar com isso. – ele riu com Kyoraku e seguiram assim a tarde, quando ele convocou uma reunião de capitães para transmitir a decisão firmada.

Alguns ajustes ainda tinham que ser feitos e documentos resolvidos, então o começo definitivo de Ichigo como oficial da Gotei seria no mês seguinte. Ele resolveu com Ikumi sua saída do serviço dela, já que não conseguiria manter os dois trabalhos, e contou a família e seus amigos sobre a proposta e que havia aceitado o trabalho.

Para eles a decisão pareceu combinar perfeitamente com o amigo. Ichigo era um poderoso ser espiritual, com um equilíbrio inédito em sua alma e de grande reputação para um cara de 20 anos. Ele trabalhar para Soul Society seria a melhor das alternativas e uma segurança de emprego fixo indispensável.

Orihime estava feliz pela oferta que recebeu e decidiu fazer um jantar de celebração. Ela e Yuzu estavam na cozinha e a família já esperava pelos pratos que veriam na refeição. Ela já morava há alguns anos na casa da família Kurosaki, pois não podia arcar sozinha com seu apartamento.

Foi uma grande mudança, que aproximou cada vez mais o casal e a amizade entre ela e as irmãs dele. Uma que logo daria espaço para a próxima que ele planejava.

Com mais algum tempo se ajustando ao trabalho na Soul Society, Ichigo havia marcado uma noite para sair com Orihime e, justo nesse dia, um acidente de trânsito na cidade vizinha fez com que todos ficassem em alerta. Muitas almas se envolveram e o controle de Holows foi difícil. Resultado: Ichigo estava duas horas atrasado para o encontro. Disparou para pegar seu corpo e chegar no restaurante onde combinaram de se ver.

— Kurosaki-kun! – ela o viu aterrissar ao longe em um shumpo.

— Orihime! – ele ofegava de tanto que correu – Desculpe o atraso!

— Foi assim tão ruim o acidente? – ela secava um pouco de seu suor com seu lenço.

— Foi. – ele se recompunha – Tivemos muitos Holows para cuidar e as almas estavam com medo. Até juntarmos todas e envia-las foi uma loucura. Nem consegui te ligar para avisar.

— Mas agora que você chegou vamos curtir nossa noite! – ela o agarrou e foi andando na direção do restaurante.

— Vamos! – ele se abraçou nela, caminhando em seu ritmo.

Riram em seu jantar e puderam aproveitar as horas da noite que ainda tinham. Com a sobremesa, vendo toda aquela animação de Orihime com o sorvete e as coberturas diferentes que colocava, Ichigo decidiu que era agora ou nunca.

— Orihime. – ele chamou sua atenção e a viu parar de decorar o sorvete – Você está feliz de como nossas vidas estão agora? – ele queria saber.

O trabalho na Gotei e o fato de ser shinigami podiam atrapalhar muito seus momentos juntos e era perigoso. Ele sabia que Orihime se sentia sozinha algumas vezes e, antes de mais nada, precisava ouvir sua opinião real.

— Eu estou. – ela sorriu tranquila – Ainda sinto sua falta quando você demora para voltar da Soul Society, mas estarmos vivendo juntos e podermos passar nosso tempo, mesmo que aos poucos, juntos, já me deixa feliz. – ela era sincera e tinha absoluta atenção de Ichigo – Ainda somos jovens, então acho que não precisamos ter muita pressa.

— E se eu te pedir para mudarmos? – ele estava sério e ela se surpreendeu, perdida no que dissera – Se eu te pedisse para que déssemos outro passo no nosso relacionamento, você aceitaria? – ela estava tensa, conseguindo simplesmente confirmar com a cabeça sua questão, fazendo-o sorrir e respirar profundamente – Você quer se casar comigo, Orihime?

Por aquela ela não esperava! Sem dizer uma palavra, sorriu automaticamente, enquanto suas lágrimas escorriam. Ichigo pegou uma caixinha, de onde revelou uma aliança para ela, erguendo uma de suas mãos.

— Posso? – ela sabia decifra-la, vendo que não conseguia colocar as palavras para fora.

— Sim! – ele colocou a aliança e ela o beijou.

A notícia correu rápida entre os amigos e na Gotei também, já que enviaram convites para seus amigos de lá comparecerem à cerimônia. Seria algo bem simples e com a presença de amigos de todos os planos, que realizariam em um templo local que reservaram. Não tinham pressa nos preparativos, escolhendo decorações, vestimentas e pratos para a festa.

O espaço externo do templo tinha cadeiras e alguns arranjos de flores brancas e vermelhas e tecidos claros e semitransparentes estavam amarrados nas cadeiras e suportes dos arranjos. Tudo estava simples e bonito, completado por barreiras de kidou, para evitarem qualquer problema pela aglomeração de seres espirituais.

Capitães, tenentes e oficiais da Gotei se faziam presentes, um sistema de transmissão passava a celebração para o Esquadrão Zero, Kuukaku e Ganju vieram com os Fullbringers, Nel conseguiu permissão de Halibel para vir – desde que outro Espada a supervisionasse, fazendo com que Grimmjow tivesse que vir também, acabando um holow muito incomodado por marcar presença na festividade; Ikumi e os amigos do colégio estavam presentes e Urahara e seu grupo vieram também. 

Ichigo estava terminando de se aprontar, junto de Renji e Chad, e Orihime recebia ajuda de Rukia e Tatsuki. Ichigo conseguiu encontrar um terno para usar, porém Orihime estava indecisa quanto ao vestido e procurava algo em valores mais acessíveis igualmente; até Ishin dar uma ideia! Orihime podia usar o vestido de casamento de Masaki! No quarto do casal, Ishin ainda tinha tudo que Masaki usou enquanto viva, incluindo o longo vestido branco, com luvas compridas e um simples véu fino de complemento, que ela usou no dia em que se casaram.

O vestido precisou de alguns mínimos ajustes para Orihime, mas, no final, estava perfeito e apenas um detalhe faltava: quem ia levar ela até Ichigo? Geralmente alguém da família da noiva, como o pai, cuidava disso; mas os pais dela já faleceram, o irmão também e seus outros familiares não marcariam presença no evento... Então quem a levaria?

A proposta veio de quem ela menos esperava: Urahara! Ele conhecia a todos desde pequenos, influenciou as situações em que se envolveram ao longo do caminho, os ajudou a passar sobre decretos da Soul Society várias vezes e sempre esteve ao lado de suas famílias e deles, ajudando distante ou perto; então Orihime concluiu que seria realmente bom que ele pudesse leva-la.

E assim foi feito. Urahara a levou até Ichigo e a cerimônia teve procedência como nenhuma outra na história teve – nem quando Renji e Rukia se casaram, há alguns meses atrás, tantos seres espirituais e humanos diferentes se fizeram presentes em paz para o momento.

Com a deixa para se beijarem, o casal não escondia o quão felizes estavam e Orihime inclinou-se sobre Ichigo o melhor que pode, fazendo-o captar sua ideia. Ele a ergueu e deu um leve giro sustentando-a, ambos acabando por interromper seu beijo em meio a risadas que tentavam conter pela situação.

Mesmo com o tempo, depois que seu casamento e lua de mel já haviam passado e voltaram a suas rotinas, a diferença de seu relacionamento agora era uma felicidade! O casal dividia suas tarefas, tempos e o calor na cama de maneira completamente diferente; além de, claro, serem obrigados a lidar com as crises que Ishin ainda tinha mesmo depois de tantos meses.