Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 8
Sentimentalismo Desmedido


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Alice Narrando

Voltamos para a capital e eu passei a ficar estranha. O fato de Kevin ter escondido algo que eu julgava que deveria saber e que estava ligado ao meu irmão fez com que eu inevitavelmente me afastasse dele.

— Essa cozinha está uma zona, quando nos mudamos conversamos que não seria assim.

— Eu já disse para contratarmos alguém para nos ajudar, você não quer.

— Você resolve os seus problemas assim né? – ele tirou sua atenção dos livros e me olhou. – É igual ao seu pai mesmo.

— Está me ofendendo por qual motivo? Você está ficando irritada com pequenas coisas, o que tá acontecendo Alice?

— Somos amigos né? – me sentei no sofá o observando. – Contamos coisas, confiamos um no outro... – esperei que ele entendesse aonde eu queria chegar.

— Quer me contar algo? – balancei a cabeça me sentindo derrotada.

— Você é tão esperto, não percebe que estou me sentindo desvalorizada por você? Sei que não confia em mim. Arthur disse que Murilo está ligado ao que aconteceu entre você e Rafael.

— Não é que eu não confie Alice.

— Confia mais em seu irmão, não é? Sabia que dói ficar de fora das coisas? Ainda mais por quem eu chamo de melhor amigo.

— Talvez eu não quisesse que você soubesse porque eu não quero que pense que ainda o amo. – nos olhamos. – Você deixou claro que é contra qualquer aproximação que eu tenha com o seu irmão.

— Está sendo sincero?

— Estou. E você sabe o que eu fiz, eu impedi Nicolas de agir.

— Se tem medo do que eu pense é por ter motivos... Aliás... Você sabe que no instante em que eu tivesse conhecimento das suas atitudes iria chegar a essa conclusão. E qual a razão disso? Você também sabe.

— Todos vocês estão confundindo carinho com amor.

— Pare de se importar tanto com ele e com quem se interessa por ele. Murilo sabe se virar, ele é bem grandinho.

— Não existe um mundo em que eu vá deixar alguém semelhante ao meu pai atormentar o seu irmão. – sorri.

— Estou aliviada. Realmente não foi por falta de consideração não ter me contado. Apenas concordamos que não podemos falar sobre esse assunto. – fui para o meu quarto e prometi a mim mesma que esqueceria tudo aquilo.

O fim de semana chegou e com ele a festa de aniversário do Caleb. Era ridículo. Celebrar mais um ano de vida de alguém que fazia mal a tantas pessoas. Mas era real. E nós estávamos a caminho do hotel, para comemorarmos a saúde impecável do pecador.

— Pode me ajudar? – Kevin chegou perto de mim e algo me dizia que era um pedido que eu não iria gostar. – Rafael está pirando desde o instante que eu disse querer conhecer os amigos dele. Estar com ele está sendo um martírio. Pode inventar um motivo para me tirar daqui?

— Por que não desiste de ir? – o olhei. – Você sempre faz tudo que ele quer mesmo. E no fim se ele tá tão tenso, deve ter alguma boa razão.

— Ele teme pelos amigos. Sou ameaçador demais. – deu um sorriso presunçoso.

— Seus jogos mentais poderiam destruir qualquer idiota rapidamente. – fui obrigada a concordar com Rafael. – O que quer que eu faça? Invente um mal-estar e você me leve daqui?

— Não é possível! – afastou-se quase correndo e vi estar indo em direção a Arthur. Fui atrás deles.

— Você não veio chapado do jeito que eu estou te vendo. – afirmou o olhando e notei estar com muita raiva do irmão.

— Se eu vou ter que aturar esse babaca e fingir que gosto dele... Sim, eu vou estar bem louco. – saiu e eu questionei a Kevin pelo olhar o que faríamos.

— Arthur tá travado, ele vai arrumar confusão. – Ryan avisou parecendo tão preocupado quanto nós dois. – E não para por aí... – acompanhamos seu olhar. – Parece que alguém andou se divertindo com ele. – vimos Larissa apresentar um comportamento incomum.

— Eu não entendo muito, mas não era para ela estar acelerada ou eufórica? – questionei a analisando.

— Ficção. O mundo real é bem diferente. No entanto... Pura ela não está. – Kevin respondeu e olhou para Ryan. – Tira essa garota daqui. Do Arthur cuido eu.

— Oi. – me virei ao ouvir a voz enquanto meus dois amigos andavam em outra direção.

— Orlando. – sorri sem jeito.

— Não era para estar falando com você... Mas... Não deu para evitar.

— Sei que nunca mais te procurei e você deve ter se sentido... – me interrompeu delicadamente.

— Esse não é o problema. Entendo que o seu ex namorado foi sequestrado na época e dado como morto. Muita coisa em sua cabeça. Não havia espaço para mim.

— Não entendi. Qual é o problema então? – olhou mais à frente.

— Seus amigos não nos querem juntos. Achei melhor não ir contra.

— Meus amigos? – fiquei surpresa com aquela fala.

— Para ser mais exato o loiro namorado do Kevin. E se eu aprendi algo é que não se deve irritar um Montez.

— Claro. Tem medo do Kevin. – ri. – Não entendo o motivo de Rafael fazer isso. – fiquei séria. – Foi um equívoco. E não devia ter acontecido.

— Mesmo se não ocorresse não mudaria nada, não é mesmo? Você nem me procurou. Já tem um tempo que Arthur foi encontrado.

— Posso participa da conversa? – meu ex namorado nos abordou e notei Kevin o segurar quase que brutalmente, porém, de forma disfarçada. – Orlando me segue agora. – ele saiu andando bem irritado com seu irmão ao lado.

— Não precisa fazer isso. Ele só quer brigar, está fora de si.

— Nós dois temos contas para acertar há um bom tempo.

— Pode perder seu emprego. – olhei em seus olhos. – Sabe que ele não quer simplesmente conversar.

— Tenho que parar de ser covarde. Eu me mantive longe de você tempo demais apenas por medo. Agora vou enfrentar. Sei que ele é a razão das ameaças do loiro. – ele não deixou que eu dissesse mais nada.

— Tira a Alice. – Arthur falou quando me viu chegar atrás de Orlando. – Isso aqui vai ficar muito feio.

— Não vou tirar ninguém. Você pensa que sou mesmo seu cão de guarda? – estranhei a ferocidade do meu amigo. Geralmente ele tinha tanta paciência com Arthur. – Estou cansado de você e da sua forma de fugir dos seus problemas.

— Se arrebentar o cara que dá em cima da garota que eu amo é fugir dos problemas... – o encarou.

— Sabe muito bem que não estamos falando disso.

— Depois conversamos. – ignorou Kevin e veio para cima de Orlando. – O que é necessário para você entender que vocês dois é algo que não vai rolar?

— Isso não é você que decide. – fiquei impressionada com toda aquela coragem.

— É uma pena que não vai poder conquistar ninguém todo quebrado. – como prevíamos ele partiu para a agressividade. Rafael chegou e conseguiu tira-lo antes que fosse pior. Só ele mesmo tinha força o suficiente para fazer isso. Nossos amigos vieram após o loiro.

— Você partiu para cima de Ryan outro dia por motivo pequeno. Hoje quer fazer o mesmo com esse idiota. O que está acontecendo Arthur?

— Engraçado você dizer isso, logo quem ameaçou me socar inteiro. – Rafael o olhou e Kevin encarou o namorado.

— Ah... Pelo visto ninguém sabia. – Orlando observou nossos amigos.

— Honestidade não é muito o forte dele. – entendi a fala de Kevin como indireta por Rafael não dizer o que tanto o incomodava no fato de ele ter decidido conhecer os amigos dele. Ou havia algo mais que eu não sabia também.

— Ainda quer causar desavença. – Arthur se soltou do amigo e de novo socou seu oponente.

— Arthur diz quem é realmente é o culpado por você estar sentindo tanto ódio. – Kevin chegou perto dele correndo sério risco de apanhar. – Concentra. – o outro inacreditavelmente pensou um pouco. – Caleb. E o Orlando não tem nada a ver com isso. – Arthur ainda não havia se acalmado. – Você não está preso, tem a sua liberdade e todo o controle, agora o solte e mantenha seu punho longe do rosto dele. – gradativamente ele parecia se render às palavras do irmão.

— KEVIN ELE VAI PERDER AINDA MAIS O CONTROLE. – Soph gritou preocupada.

— Eu sei o que estou fazendo. – reclamou e continuou com sua atenção voltada a Arthur. – Repete quem é o culpado.

— Caleb. Caleb. Caleb. – ele disse após um tempo e ainda repetiu o nome dele mais algumas vezes e enfim soltou Orlando. Uma movimentação começou por perto daquela área de fumantes, por mais que estivemos afastados. Kevin parecia preocupado.

— Vou acompanha-lo para se limpar. – Danilo avisou e saiu com Orlando.

— Obrigado. – Arthur se virou para Kevin que o ignorou completamente.

— Agradeça tentando manter o controle. Você está indo longe demais. – ele iria sair e se virou. – Mas eu não vou te abandonar. Só me irrito porque me importo.

Fomos pegos de surpresa com o som do microfone e o anúncio de que era para todos estarem presentes no salão. Caleb iria discursar. Acredito que seria ideal termos um balde ao lado, seria nauseante. Todos se posicionaram à frente do baixo palco prontos para ouvirem as maiores atrocidades em forma de falsidade.

— Primeiro eu gostaria de agradecer a presença de todos. – levantou sua taça e sorriu. Era incrível como aquele homem parecia mesmo alguém legal e sem culpa alguma. – Claro, não poderia deixar de agradecer as pessoas que fazem parte da minha vida. Em especial minha esposa Kira, sem ela eu não seria nada. – olhou para o lado e mandou um beijo a mulher que o olhava. – E acreditem, sem minha ex esposa também, quem me ajudou a ser uma pessoa melhor. – e pelo visto falhou miseravelmente. – Ao meu filho Arthur que voltou recentemente e nos deixou muito felizes. Meu outro filho Kevin, quem eu jurei a mim mesmo que ensinaria tudo e que a cada dia que passa percebo que sou eu que aprendo com ele. – não acredito que ele deixaria Yuri de fora do discurso lindo e comovente. – E por último, meu filho Yuri, que também é meu filho apesar de não termos nada em comum. – alguns pareciam estranhar, mas a maioria esperava aquilo. – Agora quero falar do Palace, ou melhor, do Montez. O hotel que hoje oficializa sua mudança de nome. E é o que une a todos nós. O fruto do nosso suor e com o que ganhamos a vida. E principalmente, o que fazemos muito melhor que os outros, sem nenhuma modéstia. – levantou sua taça novamente. – Por isso somos os maiores. Construímos um império. E eu trabalhei duro. Posso dizer que fiz muito bem feito, pois meu ex sogro Mark Montez, aqui presente... – apontou para o meu avô na “primeira fila”. – Fez questão de me confiar o hotel e até mesmo a filha. – sorriu e deu uma risadinha irritante. A maioria dos convidados riu de sua brincadeira ridícula. – Devo acrescentar que eu investi em melhorias, estudei muito, trouxe infraestrutura e uma imagem ainda mais luxuosa para o hotel. O Palace se tornou o reino dos Montez. Virou o maior grupo empresarial de Torres. Das redondezas, do País e quem sabe um dia do mundo. Se tem uma coisa que posso me orgulhar é que ele não para de crescer, já está em dez Países e eu acabei de abrir mais uma unidade em Alela, é o meu mais novo bebê.

— Quando ele vai parar de falar? – ri da pergunta de Ryan.

— Pretendo abrir outro em Torres dando continuidade a ideia do meu filho Kevin, pois como eu disse, eu tenho muito a aprender com ele. – ficou olhando para o meu amigo. – Hoje posso dizer com muito orgulho que somos referência em hotelaria e negócios. E além de tudo, apoiamos muitas causas sociais. Então hoje eu não comemoro apenas mais um ano de vida, comemoro a união Montez. – ergueu sua taça o máximo que conseguia e foi altamente aplaudido.

— Um de nós vai carregar o peso da coroa Montez e eu estou sentindo ser o príncipe Kevin. – Yuri o provocou dando aquele sorriso grande que ele tinha.

— Suponho que eu também quero fazer um discurso. – meu amigo foi em direção ao palco, me fazendo rir instantaneamente.

— Ele odeia chamar a atenção, apesar de fazê-lo mesmo sem querer. Não entendo o motivo disso.

— O pior é que ele faz para irritar o pai dele. – Giovana opinou.

Antes que Kevin começasse a falar, senti Orlando chegando ao meu lado. Vi Arthur ficando tenso. Não era possível que uma nova briga se iniciaria.

— Só vou te dizer uma coisa. – ele chegou perto da gente. – Alice e eu temos uma história. Lembranças demais. Altos e baixos, mas sempre encontramos o caminho de volta um para o outro. E o que vocês tiveram foi só... Alguns poucos dias. – afirmou encarando o outro que permanecia em silêncio. – Aceite isso. Ela não será sua. – saiu e eu respirei fundo. Orlando não disse nada e eu voltei toda minha atenção a Kevin. Pelo menos o show que com toda certeza ele iria dar, me distrairia dessa briga idiota entre esses dois.

Murilo Narrando

Patrícia enfim aceitou conversar comigo após duas semanas sem nem me dar um sinal de vida. Não desisti de correr atrás dela. No entanto, sabia que eu não podia sufocar.

— Viemos a uma praça cheia de casais. Que romântico. – praticamente ironizou minha escolha.

— Pelo visto sua intenção não é a mesma que a minha. – suspirei.

— Não pensei tempo suficiente. Ainda estou confusa, Murilo. – fiquei em silêncio. Comecei a reparar nas pessoas. Aquilo me distrairia da falta de comunicação entre a gente e da forma como as coisas não estavam fluindo.

Vi um casal e fiquei extremamente interessado na dinâmica entre eles. Pareciam felizes. Sorriam e às vezes riam. Um comia algo que o outro nitidamente não aprovava e ele era aborrecido por ter o cheiro daquilo cada vez mais perto... Prestei tanta atenção que comecei a ouvir o que diziam. “Você nem gosta disso desse jeito, é só para me provocar.” Sorri ao notar que eu acertei a interação entre eles. “É pecado não gostar tanto de uma comida. Já te ensinei isso.” O outro o respondeu e se aproximou, mas seu namorado colocou o refrigerante entre eles, afirmando que ele deveria tirar aquele cheiro da boca. “Quando nos casarmos você ainda vai cozinhar e sentir esse aroma. Depois do meu perfume vai ser o seu cheiro preferido.” Vi os dois rindo com a declaração, que era com certeza irreal para um deles. “Qualquer coisa que me lembre você tem a minha preferência.” Desfiz meu sorriso e fiquei pensando em como era divertido e intenso aquele contato. Não havia nada igual no mundo, por mais gostoso que fosse.

— Você parece bem emocionado com o casal. – o comentário de Paty me fez voltar a realidade.

— Não é nada disso. – respirei fundo.

— Você sente falta de estar com um cara Murilo? É por isso que quando você ficava com alguém geralmente era um deles?

— Se eu não quisesse e não gostasse não estaria com você. – olhei em seus olhos. – Não sou obrigado a nada.

— Não me respondeu o que eu queria saber.

— Você quer sinceridade?

— É óbvio.

— Eu sinto falta de algo que eu já vivi. E que sei que não vou viver nunca mais. – olhei pra baixo. – Não é questão de ser um cara. Já estive com Eliot e não foi assim. É algo maior.

— O que você quer dizer é que assim como Eliot eu não basto.

— A interpretação é sua Patrícia. – ficamos nos olhando. – Só disse o que estou sentindo.

— Não me sinto bem em te ver vidrado em um casal desse jeito. Quero ir embora.

Entrei no apartamento e vi Adam jogado assistindo algo em seu celular e a televisão ligada sozinha. Ele sempre fazia isso. Mania irritante. Sentei perto de onde ele estava deitado e ele ficou me olhando.

— Pelo visto a conversa não deu em nada. – sorriu.

— Só sei vacilar com ela. – resmunguei. Depois fiquei analisando sua expressão facial. – Você tem se mostrado bastante felizinho nos últimos dias.

— Nada. É você que tá amargurado mesmo. – torci o canto da boca. – Relaxa. Vocês dois tem até que um bom tempo de história... Ela vai te perdoar.

— Está falando o que eu quero ouvir. Conheço essa tática. Quer que eu te deixe em paz.

— Engano seu. Só estou falando com um amigo. – tirou os olhos do celular e sorriu. – Se eu quisesse estaria em meu quarto.

— Amigo. Essa é nova. – praticamente reclamei e me levantei para ir me deitar.

— Você tem algo planejada para o fim de semana que vem? – discordei. – Vamos sair com esse amigo. – deu um sorriso ainda maior. – Você precisa colocar as palavras “segunda chance” no seu vocabulário.

— Não foi você que disse agora que Patrícia e eu vamos nos acertar?

— Sim. Eu disse. Mas você e ela podem ser amigos. – franzi a testa. – Você complica muito as coisas Murilo, já conversamos sobre isso.

A melhor forma de lidar com Adam às vezes era não lidando. Eu o deixei falando sozinho e fui dormir. Pensei que pelo menos iria ter uma noite de sono tranquila, o que não aconteceu. Não sei se foi devido ao episódio de ter visto aquele casal, o que ocorreu foi que eu sonhei com Kevin. E não foi um sonho qualquer. Em meu sonho ele não estava bem. O pior é que eu acordei assustado por parecer muito real.

— Bom dia também. – Audrey reclamou da minha falta de modos. – Alguém não levantou legal hoje.

— É que a noite dele foi péssima. – Adam riu da minha tragédia.

— Não é só isso. – me sentei para tomar café. – Eu tive um pesadelo.

— Você pode contar enquanto se levanta e cozinha. Anda logo, vai fazer crepe pra gente. – parei e fiquei olhando minha amiga.

— Vocês só me veem como alguém que faz comida pra vocês e divide as contas né? – Adam riu enquanto ela mudou sua expressão para magoada.

— Murilo está com sua sensibilidade aflorada. – ele afirmou a olhando. – E você não faz só comida, você faz obras de arte. – o olhei com desgosto. – Vai Murilo, faz lá.

— Não. Comprem o próprio crepe de vocês. E ruim ainda por cima. – me levantei e encarei os dois simultaneamente. – Eu tenho sentimentos. – eles começaram a rir.

— É, estamos vendo. – ele a olhou. – Imagina namorar alguém tão sentimental? Ainda bem que eu e ele nunca passaremos de amizade.

— Nem eu com tpm tenho essa sensibilidade toda. – deixei os dois reclamando sobre mim e o meu jeito e fui me arrumar. Mais tarde quando voltei pra casa Adam voltou ao assunto.

— Pode me dizer o motivo de estar tão chato essa manhã? – entrou em meu quarto e eu olhei a porta o fazendo entender que era para sair. – Não é mais fácil conversar?

— Você não vai me entender, para que vou te dizer? – se sentou ao meu lado.

— Não sabia que você tocava tão bem. – se referiu ao violão.

— Não tanto quanto eu cozinho né? – o encarei com raiva.

— Poxa Murilo! Você ficou mesmo magoado? – perguntou como se fosse absurdo. Depois respirou fundo. – Desculpa. Nós não quisemos dizer que você serve só para isso.

— Eu tive uma noite difícil e queria desabafar e vocês mal me veem e já me mandam para o fogão. – ele sorriu me fazendo estreitar os olhos. – Qual o motivo de estar sorrindo Adam?

— Você parece uma menininha reclamona. É pior que a minha irmã. – franzi a testa.

— Não era filho único?

— Sou. Fui criado com uma prima que é como uma irmã pra mim.

— Ah... Sei bem como é. – lembrei de Lari e Soph. – A diferença é que no meu caso eu peguei as duas que eram assim e elas deixaram de ser. – ele riu.

— Você é uma combinação alucinada de tudo que tem vontade de fazer. É uma sorte que todo seu sentimentalismo não atrapalhe em sua liberdade.

— É. Seria uma pena. – sorri espontaneamente.

— Ele já tá de boa. – começou a me cutucar incansavelmente. – Agora que tal você fazer um jantarzinho bem gostoso para se redimir? – comecei a perguntar se era mesmo eu que tinha que me redimir em tom de brincadeira e o clima acabou ficando ainda mais leve. Concentrei toda a minha dedicação em preparar algo primoroso para eles poderem enfim fazer uma refeição com o meu padrão de qualidade hoje. Antes mesmo de acabarem de comer ficaram me olhando querendo saber o que era o meu pesadelo, já que sacaram ser esse o motivo do meu pequeno surto. Acabei desconversando e não contando. Acreditava que por mexer tanto comigo, era um assunto que eu deveria tratar na terapia e não ouvir opiniões rasas e falas que poderiam me deixar ainda pior. E não era mesmo simples. Algo me dizia que seria trabalhoso tratar toda essa insistência, inquietude e necessidade atrelada a uma só pessoa. 


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ou sábado ♥



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