The Bet - Nova versão escrita por Anandika


Capítulo 20
Rotina




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As primeiras semanas de casamento foram passando sem muitas novidades. Enquanto Edward se esforçava para cumprir o prometido de não forçar nenhum tipo de intimidade, Bella encontrava-se bastante impressionada com o comportamento do marido, que não tentou tocá-la  nem importuná-la em nenhum momento.

Em alguns dias, eles se encontram pela manhã, onde tomavam o desjejum em um silêncio amigável, enquanto Edward lia os jornais do dia, mas a noite, sempre jantavam juntos e eram nestes momentos que trocavam algumas poucas palavras, em meio a sorrisos tímidos e olhares de reconhecimento.

Sempre, depois que Berna se retirava, havia uma despedida meio estranha na porta dos quartos, onde eles trocavam olhares e Edward sempre dava um tenro beijo na testa da esposa, algo com o que ela já tinha se acostumado.

Para dar o espaço solicitado por Bella, Edward procurava sair de casa cedo e retornar apenas na hora do jantar. Apesar de estar empenhado em conquistá-la e talvez elevar o patamar do relacionamento deles, sabia que tinha que agir com calma, senão colocaria tudo a perder, mais uma vez.

Era uma tarefa árdua se manter longe dele.

Para Bella não era muito diferente. A cada dia ficava mais difícil para ela resistir ao charmoso marido, que estava sendo muito gentil, deixando-a bem à vontade e não forçando uma convivência que já não era mais tão indesejada.

No dia seguinte da volta a Londres, ela pediu desculpas pelo seu mau comportamento, dizendo que, como eles tinham combinado na conversa que tiveram no dia do casamento, aquele tipo de comportamento não voltaria a acontecer e que ela iria expor seus pensamentos, evitando brigas e discussões desnecessárias. Edward prontamente aceitou as desculpas, pedindo que ela nunca mais tirasse conclusões precipitadas.

Com os dias, eles foram se afastando… Cada um com suas atividades, com suas responsabilidades.

Cada um deles com os pensamentos no outro e em como levar aquele casamento adiante.

Os dias felizes em Tenerife como uma doce lembrança.

Bella fingia que não se importava com a falta de contato deles, mas no fundo está fervendo por dentro e bem balançada pelo lindo homem de olhos verdes enigmáticos.

Ela adorava o observar sempre que podia, mas por timidez e receio não se aproxima, apesar de já estar ciente de que isto não duraria por muito tempo, pois a tentação era demais.

Cada dia era algo novo que observava, como a maneira que ele sorria quando ela se sentava à mesa o um café da manhã ou como ele suspirava alto ao ler as notícias no jornal.

A cada dia ela passava a gostar mais dele, mas para que não acabasse se envolvendo mais do que o recomendado, tinha que se manter longe… 

Cada vez tinha mais consciência disto. 

A vontade era de entrar naquele relacionamento para valer, mas não queria se machucar quando aquele conto de fadas terminasse.

Quando a carruagem virasse abóbora. A Cinderella voltasse a ser Gata Borralheira. 

Quando a sua vida voltasse a ser como antes.

Por que mais cedo ou mais tarde aquele relacionamento tinha que acabar… Fosse dali a um ano, como combinado, ou até antes, se algum deles achasse uma saída para se livrar do exigido por Charlie Swan.

Enquanto Edward se ocupava com os problemas da empresa, trabalhando sem descanso, Bella se inteirava da rotina da sua nova casa, fazendo amizade com os empregados e acompanhando Berna na administração dos afazeres domésticos, enquanto aprendia a cuidar da casa, fazendo com que nascesse entre elas uma relação de confiança, assim como a que mantinha com o patrão.

Com o passar dos dias, Bella foi explorando o apartamento e começou a gostar ainda mais da sua nova morada. Era um local bem decorado e moderno, mas bem bonito. 

Com o passar dos dias, ela começou a dar alguns toques pessoais ao apartamento, como o grande vaso de flores perto da porta de entrada e alguns arranjos espalhados pelas mesinhas e aparadores.

O local preferido de Bella era a grande varanda do primeiro andar, de onde ela tinha uma vista espetacular da cidade, então, comprou uma espécie de balanço e passou a  ficar por lá sempre que tinha um tempo, lendo um bom livro ou apenas curtindo o visual.

Ao desvendar o terceiro andar do apartamento, ela encontrou um quartinho perto da sala de TV que estava trancado e ao perguntar a Berna o que tinha ali,  soube que antes era apenas um depósito onde Edward guardava algumas coisas velhas, mas que ele tinha começado uma reforma um pouco depois de ter anunciado o noivado.

Buscando organizar a sua vida, Bella resolveu dar um tempo nas suas aulas de faculdade, ficando a maior parte do seu tempo em casa. As poucas vezes que ela saiu neste mês, ou foi para fazer as compras da casa com Berna ou nas duas vezes que passou a tarde no shopping com Rose e com a sua tia ou nos almoços fora nos sábados e domingos que Edward estava trabalhando e Berna de folgando.

Tentando ser simpático, Edward convidou a esposa para que jantassem em qualquer restaurante que ela escolhesse, mas Bella, educadamente, recusou o convite dizendo que estava cansada ou ocupada com alguma coisa.

Ele estava adorando a animação que Bella vinha trazendo a sua casa e queria, de verdade, a companhia dela, mas não forçava uma convivência.

Estava dando o tempo e o espaço para pensar que ela tinha pedido na volta da lua de mel.

Buscando se refugiar dos seus pensamentos em Bella e também tentando organizar algumas áreas da empresa que desde a morte de Charlie estavam com problemas, Edward tinha trabalhado os dois finais de semana anteriores, o que dava a Bella a oportunidade de passar um tempo à beira da piscina em companhia da prima, como nesta manhã de domingo.

— Cadê o seu marido Bella? – Rosalie se esticou na espreguiçadeira ao lado da prima - Está trabalhando mais uma vez?

— Não, ele deixou um bilhete avisando que ia aproveitar a folga para ficar quarto lendo… Também disse que, se seu quiser almoçar em casa, Berna deixou comida pronta na geladeira – ela deu de ombros – Por que?

— Lendo no quarto sozinho, Bella? –fez uma cara de desaprovação - Você não acha que deveria aproveitar que ele está em casa interagir mais? – com um sorriso no rosto ela se levantou e puxou a prima da espreguiçadeira - Vamos chamá-lo para ficar aqui conosco agora! E depois vamos almoçar todos juntos!

— Não Rose! – Bella praticamente implorou - Deixa Edward quieto, por favor.

— Nada disto, vou chamá-lo agora – Rose andou em direção à porta que dava acesso à escada, mas Bella a impediu, parando em sua frente.

— Rose, por favor... Não quero muito contato com ele. – ela segurou as mãos da prima e a levou de volta para a área da piscina - Já me basta ter que tomar o café da manhã e jantar juntos todos os dias da semana...

— Bella, não faz assim. Dê um crédito por todo o esforço que ele está fazendo em te agradar… Você mesma não disse que ele está sendo um cavalheiro?

Rose tentou argumentar, mas Bella a interrompeu.

— É melhor deixar as coisas como estão por enquanto... – o desespero pela teimosia de Rose estava tomando conta de Bella - Eu prefiro me manter afastada.

— Você, por acaso, está com medo do seu marido, Isabella Marie? – Rosalie a olhou estreitando os olhos e colocando as mãos na cintura.

Bella supirou. Não queria expor seus motivos para se manter longe de Edward, mas esconder seus novos e apavorantes sentimentos da sua prima seria inútil.

— Não Rose...– acabou por admitir tímida – Eu estou com medo é de mim e das minhas reações quando estou junto a ele.

— Você tem medo de não resistir a ele e acontecer outra vez como na viagem a Tenerife? 

— Mais ou menos isto...  – Bella sorriu tímida - O grande problema é que eu não me reconheço quando estou junto dele... 

— E desde quando desejar o seu marido é um problema, Bella? Vocês dois são adultos, estão casados - um sorrisinho brotou nos lábios de Rose - Não de uma maneira não convencional, mas é um casamento… E você o deseja, ele também te deseja, então...

— Então nada, Rosalie! - Bella a parou - Vamos parar com esta conversa!

— Bella, você está apaixonada!– Rose afirmou rindo – É isto... Por mais que não queria admitir, você está se apaixonando pelo seu marido! Não é só desejo, também tem paixão nesta equação!

Rosalie passou a gargalhar sem parar, para desespero de Bella que ficava a cada momento mais envergonhada dos seus sentimentos pelo marido de conveniência.

— Não! Nada disto! Nem pensar, Rose!– Bella arregalou os olhos, e falando freneticamente tentou negar o que ela não podia mais. – Não pode ser isto… Tem tão pouco tempo...

— E o que tem o tempo? . – ela se aproximou da prima – Admita Isabella, pois te conheço muito bem para saber que isto é a mais pura verdade. – abrindo um sorriso enorme ela falou cada palavra pausadamente – Você-está-apaixonada-por-Edward-gostoso-Cullen!

Com os olhos brilhando, Bella abraçou Rose e deixando as lágrimas de frustração correr pelo rosto, pôs-se a falar.

— Acho que estou me apaixonando por ele sim, Rose.... Eu admito que estou a cada dia mais encantada por ele... Edward é fascinante, lindo, inteligente e extremamente gentil comigo, mas não sei o que fazer com isto que estou sentindo... – fungou, enterrando o rosto vermelho no cabelo da prima.

— Fale a ele o que te atormenta... – Rose falou simplesmente – Exponha seus sentimentos… Tente fazer um acordo com ele para mudar o status do relacionamento de vocês… 

Se afastando de Rose, Bella voltou a arregalar os olhos.

— Você está maluca? – ela negou, balançando a cabeça, enquanto se sentava na espreguiçadeira – Não! Eu não vou falar uma coisa dessas a ele... Imagine! – voltou a balançar a cabeça – Como vou falar sobre sentimentos, se o nosso casamento é de conveniência?

— Bella... Será que é difícil você ver que tem algo especial acontecendo entre vocês? – Rose pegou as mãos de Bella entre as suas – Edward está mudando as atitudes por sua causa e foi você mesma quem me disse isto... Ele te respeita, te deixa à vontade, se preocupa com você e não deixa que te falte nada. Pode ser que ele não te ame, realmente é um pouco cedo para um sentimento tão consolidado, mas algo bom e puro ele sente por você... Dê uma chance para ele mostrar suas verdadeiras intenções… Quem sabe esse não é o incentivo que ele precisa? O empurãozinho que está faltando para vocês serem felizes. Vamos convidá-lo para ficar aqui conosco! Vamos passar um dia agradável!

Bella enxugou suas lágrimas e murmurou, perdida em sentimentos contraditórios.

— Eu ainda preciso de um tempo para pensar... Você sabe que para mim é difícil lidar com estas coisas de relacionamentos.

— Você quem sabe então.... Tome seu tempo, mas não deixe de ter uma conversa franca com o seu marido... É apenas disto que vocês precisam para deixarem o mal entendido para trás e serem mais felizes – Rose deu um beijo na bochecha da prima e abriu um sorriso – Minha Bellinha admitindo que está gostando de alguém... Tem algo realmente grande acontecendo aqui.

Bella sorriu envergonhada para a prima.

Ela tinha que admitir que Edward estava conseguindo fazer com que ela sentisse coisas que ela nunca imaginou que pudesse sentir

Se ela achava que um dia esteve gostando de alguém estava enganada, muito enganada!

O que ela vivia com Edward agora era o sentimento mais avassalador que ela conhecia.

Vontade de estar junto ao marido não falta a Bella, mas enquanto ela não tiver certeza sobre os reais sentimentos que ele nutre por ela, permanecer o mais afastada possível é o mais seguro a fazer.




Naquele mesmo dia, enquanto Bella e Rosalie almoçavam na espaçosa cozinha do primeiro andar, Edward apareceu para pegar um lanche, sendo prontamente convidado pela prima da esposa a se juntar a elas. 

Bella só faltou matar Rosalie quando a assistiu levantar empolgada da sua cadeira e praticamente puxar o rapaz pelo braço até que ele se encontrasse sentado ao lado da esposa. Começaram com uma conversa cordial enquanto almoçavam e terminaram com uma tarde amena na beira da piscina.

Apesar de ainda estar muito confusa quanto aos seus sentimentos, após este episódio, Bella passou a se sentir mais confiante e este seu novo estado de espírito refletiu em seu comportamento que passou a ser mais relaxado e feliz. 

Ela andava mais risonha e falante nos momentos que encontrava o marido pela casa e  isto não passou despercebido para Edward, que apesar de estar feliz com a mudança de comportamento da esposa, queria ainda mais para a convivência deles.

Ele queria que a relação cordial e fria que eles mantinham voltasse a se transformar nos dias felizes e despreocupados de Tenerife e não mediria esforços para restabelecer a paz.

Se Bella não queria uma relação mais íntima, que pelo menos eles fossem grandes amigos e confidentes.

Não precisavam dividir a mesma cama. Não precisavam viver aos abraços e beijos, mas seria muito bom que conseguissem conversar e fazer companhia um ao outro.

Amizade antes… E quem sabe uma linda relação depois.

No início da noite de uma quarta-feira, após um dia de muito trabalho, Edward chegou em casa mais cedo.  Tinha um assunto muito importante para tratar com Bella e assim que adentrou a sala, a encontrou sentada em um dos sofás, concentrada na leitura de um livro.

— Boa noite Bella… Como foi o seu dia? – ele colocou a sua pasta na poltrona e parou na frente do sofá onde ela estava, meio hesitante.

Ao ouvir a voz que fazia seu coração perder uma batida, Bella tirou os olhos do seu livro e mirou o lindo rosto do marido.

— Meu dia foi bem… Resolvi algumas coisas com Berna e agora estou terminando a leitura deste livro – ela murmurou - Chegou cedo hoje..

— Tenho um assunto para conversar com você – Edward estendeu a mão - Vamos jantar? Estou com fome...

— Assim tão cedo? – ela o olhou assustada – Vou ver com Berna se o nosso jantar já está pronto.

Bella segurou a mão de Edward e levantou-se do sofá.

— Não precisa...– ele andou junto a esposa, em direção  da sala de jantar  – Já tinha avisado a ela que chegaria cedo e o nosso jantar já está posto, venha comigo.

Após sentarem-se à mesa, ele serviram seus pratos em silêncio, enquanto, mais uma vez, se observavam sem coragem de iniciar uma conversa.

Muito curiosa com o assunto que Edward tinha a tratar com ela e notando que ele não romperia o silêncio, Bella começou a falar.

— Onde está Berna que apenas arrumou a mesa e não nos esperou para servir o jantar? – perguntou curiosa.

 - Está em meu quarto, arrumando a minha mala... – ele falou simplesmente, morrendo de medo da reação de Bella à sua notícia.

— Arrumando a sua mala? – ela estreitou os olhos, questionadora – Você vai viajar? 

— Sim, vou ter que ir à Paris ainda hoje a noite... – afirmou, analisando a expressão facial de Bella – Tenho que resolver alguns problemas de última hora e devo ficar por lá por dois ou três dias.

— E eu terei que te acompanhar, é isto? – ela perguntou meio receosa com a possibilidade de mais uma viagem com Edward.

— Só se você quiser... – Edward deu de ombros, resolvendo ser bem sincero - Desta vez não é necessário te levar comigo. Organizei tudo para que seja uma viagem rápida – ele analisou a pequena mulher - Mas se você quiser me acompanhar, será um prazer! Podemos até esticar a viagem e descansar uns dias… Falo com a Jules e ela arruma a minha agenda...

— Não tem problema se eu ficar? – ela questionou aliviada.

Passar um tempo sozinha com Edward e tendo a sua cabeça tão confusa não seria nada bom para a sua sanidade mental.

Ele queria muito que a esposa o acompanhasse em mais esta viagem e quem sabe, conseguissem ter dias bons e relaxantes depois dos seus compromissos, mas não iria forçá-la com uma mentira.

— Não mesmo, Bella - foi sincero - Só me acompanhe se você quiser.

— Se é assim, prefiro ficar – os olhos de Bella brilharam – Estou ajudando a Berna na organização da casa e não gostaria de me ausentar.

— A escolha é toda sua…  – ele se permitiu a fazer um carinho na bochecha dela depois de tanto tempo - Então está decidido, você fica aqui e eu resolvo meus problemas em Paris, voltando para casa o quanto antes.    

Ainda mais encantada pelo marido, ela precisava agradecer por ele estar sendo tão bom e gentil. 

— Obrigada por me dar a oportunidade de escolher, Edward  - ela sorriu sinceramente.

— Não há de que Bella, não fiz mais que a minha obrigação…  – ele olhou o relógio e levantou-se da mesa - Me desculpe, mas vou ter me arrumar agora. Tenho que estar no aeroporto em uma hora. Nos encontramos antes que eu saia?- questionou lançando um meio sorriso.

— Sim, estarei te esperando  - ela respondeu.

Edward deu uma última olhada nela e subindo as escadas que davam acesso aos quartos, ele encontrou Berna já no corredor.

—  Sua mala está pronta Edward. Preciso ajudar com a de Dona Bella?

— Não Berna... – ele sorriu - Bella não vai comigo desta vez pois é uma viagem curta e não quero cansá-la.

— Que pena... – falou com pesar - E ela fica aqui em casa, ou vai para a casa da prima?

— Fica aqui com você Berna...– Edward faz uma cara pensativa – E por isto preciso que você cuide dela para mim... Você dorme no quarto de hóspedes e faz companhia a ela durante o período em que eu estiver fora?

— Claro que sim! A partir de hoje dormirei lá, não se preocupe – a governanta sorriu para Edward – Você gosta muito dela não é Edward?

— Gosto sim Berna... Mais do que eu mesmo poderia imaginar...

— Ela também gosta bastante de você... – a governanta falou com convicção - E trouxe tantas mudanças para esta casa e também para você que está mais sorridente deste a chegada dela.

— Eu sei disto Berna... Eu estou realmente feliz... – apesar dos problemas que tinha com Bella, ele se sentia realmente feliz com a sua nova vida.

— Não se preocupe, eu cuido da nossa Isabella direitinho. 

— Obrigada... – Edward deu um beijo no topo da cabeça da sua adorada Berna - Não deixe que nada falte a ela e qualquer coisa me ligue.

Berna assentiu sorrindo e retirou-se rapidamente dando ao patrão a privacidade necessária para que ele tomasse um banho rápido e logo descesse as escadas com sua mala nas mãos, parando na porta da varanda para admirar a sua esposa.

Ele não tinha mentido ao afirmar para Berna que gostava de Bella mais do que ele pudesse imaginar, pois a cada dia que passavam juntos, tinha certeza de que aquela pequena mulher estava transformando a sua vida irreversivelmente.

Enquanto esperava o marido, debruçada na varanda e olhando o movimento da rua, Bella pensava na vontade que ela tinha de acompanhá-lo nesta viagem, assim como no medo que ela tinha de repetir o seu comportamento de Tenerife, onde por muito pouconão colocou tudo a perder, se entregando ao seu charme e hipnotizantes olhos verdes.

— Já estou indo... – a voz rouca e potente de Edward soou pela varanda tirando Bella de seus devaneios.

— Vou te acompanhar até a porta – ela se virou para Edward e seu coração perdeu uma batida ao vê-lo tão bonito, vestido casualmente em uma calça jeans escura, camisa de botão branca e uma jaqueta de couro preta.

— Você vai ficar bem? – ele perguntou ao notar a expressão melancólica de Bella.

— Vou sim, Edward... Não se preocupe. – ela deu um sorrisinho fraco.

— Você pode chamar Rose para ficar aqui com você... – ele falou preocupado - Eu posso ligar para Alice também...

— Não precisa incomodar Alice – Bella o interrompeu - Se achar necessário, ligo para Rose sim.

— Pedi para Berna dormir no quarto de hóspedes estes dias e o resto da equipe está de sobreaviso para te servir.

— Obrigada por sua preocupação, mas não precisava de nada disto...  – ela sorriu realmente grata – Apenas faça uma boa viagem e não se preocupe comigo. Vou ficar bem, te prometo.

Neste momento de despedida, mesmo que fosse por um breve período, Edward se viu cheio de sentimentos que precisavam ser extravasados. 

Ele necessitava dizer algumas palavras à Bella antes de partir.

— Bella... – Edward pegou as mãos da esposa carinhosamente e olhou em seus profundos e tristes olhos azuis tentando transmitir toda a verdade contida em suas palavras  - Por mais que você possa achar que eu sou uma pessoa horrível, eu não sou. Eu não sou esta pessoa sem sentimentos que você acredita e  ainda vou te provar isto... – suspirou profundamente e se aproximando ainda mais dela e deu-lhe um abraço - Eu vou te provar que sou uma boa pessoa... Que sou digno de ser o seu marido... Vou te provar, principalmente, que mereço a sua confiança... Quero fazer deste ano que teremos que conviver, o mais fácil possível.

Bella o fitava atônita e sem reação devido a profundidade de seu discurso. 

Ela ainda não acreditava que ele fosse capaz de dizer aquelas palavras tão cheias de emoção.

— Eu... Eu não sei o que dizer... – Bella balbuciou perdida. 

— Não diga nada então... – ele colocou o dedo nos lábios da esposa delicadamente e deu um sorriso - Amanhã te ligo logo cedo para saber como você está. Fique bem... - beijou o topo da cabeça de Bella e abrindo  a porta, puxou sua mala até chegar ao hall.

— Boa viagem Edward – Bella falou cheia de lágrimas nos olhos e assim que a porta do elevador se fechou, segurando o choro, voltou para a varanda, a fim tomar um ar e tentar se acalmar.

Estava se sentindo melancólica e pensativa nesses últimos tempos e esta viagem repentina do marido mexeu ainda mais com seus sentimentos, fazendo-a chorar sem motivo aparente.

Ela queria muito se entregar de vez a aquela imensidão de sentimentos, mas era difícil...

Era muito difícil mudar seu comportamento de anos em tão pouco tempo.

Saindo da varanda, foi em direção ao seu quarto, mas parou na porta do aposento de Edward e suspirou.

Com a mão na maçaneta, ela ponderou se o melhor a fazer naquele momento era entrar no cantinho dele e se encher de lembranças dele, ou se o certo era voltar para seu quarto e tentar dormir. 

Depois de uma longa batalha interna, ela se rendeu à sua curiosidade e com um suspiro abriu a porta devagar, se deparando com um quarto moderno e extremamente arrumado. O mobiliário era em tons claros e com uma cama king size estava disposta do lado oposto a uma enorme janela que tinha a mais perfeita vista do bairro de Kensingtion e seus jardins.

Fascinada com a visão, ela  aproximou da cama e sentando, observou os porta-retratos que enfeitavam sua mesa de cabeceira. As imagens eram uma fotografia onde ele, Esme e Alice estavam sentados em um banco em meio a muitas flores e a outra era um momento dela e de Edward captado na festa de noivado deles, quando eles estavam com as testas encostadas após ele ter colocado a aliança em seu dedo.

Pegando o porta-retrato entre as mãos, seus olhos enchem de lágrimas ao lembrar do que Alice tinha lhe dito no dia que a conheceu e também das palavras e do olhar firme de Edward um pouco mais cedo.

Será que Edward realmente sentia algo por ela?

Será que ela poderia ser feliz com ele?

Ela teria direito a esta grande felicidade na sua vida?

— Bella... Posso entrar? – Berna entrou no quarto falando suavemente e interrompendo os devaneios de Bella.

— Oi Berna, pode sim – ela se virou para a jovem senhora, limpando as lágrimas com as pontas do dedo – O que faz aqui tão tarde?

— Seu Edward pediu para que eu te fizesse companhia até que ele voltasse de viagem. Estou acomodada no quarto de hóspedes do final do outro corredor e eu vim te avisar que qualquer problema pode me chamar lá.

— Edward não tem jeito mesmo... – Bella revirou os olhos – Sempre preocupado e exagerado.

— Ele não queria que você ficasse sozinha à noite neste apartamento enorme e para mim não é nenhum problema fazer companhia a você.

Apesar de ter achado um exagero do marido, Bella não achou ruim que Berna tivesse ficado, pois ela sempre gostou de ter companhia e a senhora era sempre muito cortês e educada.

— Se não é problema, você fica mais um pouco comigo antes de se recolher?

— Claro, eu fico Bella...– a governanta se sentou na poltrona ao lado da cama e olhou para o rosto vermelho de choro da patroa  - Saudades do seu marido?

— Sim... – falou com um sorriso tímido - Já estou sentindo falta dele.

Não era mentira, pois ela sentia realmente falta da presença do marido.

— Acho tão bonitinho como vocês dois combinam! – Berna tentou trazer um pouco de alegria para Bella – Ele te olha de uma maneira protetora e ele é tão cuidadoso com você... – ela sorriu e puxando a poltrona para mais perto -  Bella, tenho que te confessar que estou muito feliz com o casamento de  vocês. Ele estava realmente precisando de uma esposa, alguém que cuidasse dele, que lhe fizesse companhia... Seu Edward sempre foi muito sozinho aqui em Londres e isto me preocupava.

Bella sorriu admirada com as palavras de Berna pois a senhora, apesar de sempre ser muito educada e prestativa no convívio,  nunca tinha falado sobre o patrão.

— Você trabalha para Edward a um tempo, não é Berna? – Bella incentivou que Berna lhe contasse mais.

Ela estava extremamente curiosa para saber o que Berna tinha a falar sobre Edward.

— Trabalho sim... – Berna estampou o seu maior sorriso no rosto - Gosto demais dele e Dona Esme tem muita confiança em mim para cuidar bem do filho dela.

— O Edward é muito ligado a mãe e a irmã… Eu notei isso… – continuou incentivando a governanta a falar - Ele se preocupa muito com elas...

Bella ainda sabia muito pouco da família do marido. Logo depois da festa de casamento, Alice e Esme retornaram a Winschester e ela não teve mais contato com as duas, apesar de, para manter a farsa do relacionamento,  falar com elas pelo telefone pelo menos duas vezes por semana.

Esme é uma pessoa de poucas palavras e Alice, apesar de ser uma tagarela, não fornecia muitos detalhes sobre a família e dos antigos relacionamentos do irmão. 

O pouco que sabia, era que ele tinha um primo mais ou menos da idade dele que estava morando fora e que Bella ia adorar conhecer.

— É sim... Ele perdeu o pai cedo e teve que cuidar delas, sendo o chefe da família. – suspirou – Foi uma grande responsabilidade para ele.

— Alice tinha me dito... – Bella relembrou sua conversa com a cunhada no dia que elas se conheceram – Ele teve que tomar conta de tudo o que era da família... – aproveitando que Berna estava bem falante, Bella continuou – E antes de mim, alguém mais morou nesta casa?

— Não... Você é a primeira pessoa que seu Edward nos apresenta formalmente... – Berna fez uma cara pensativa, ponderando se continuava a falar o que sabia - Sempre soube que tinham muitas mulheres atrás dele, mas oficialmente, antes de você, ele só teve uma namorada que não durou nada e eu só a vi de passagem umas três ou quatro vezes, pois Alice implicou com ela logo de início e o namoro não vingou.

Será que Berna estava falando da mulher que inventou a gravidez falsa?

Era bem provável.

— O que aconteceu para Alice não gostar dela? – Bella perguntou curiosa. 

— Eu não sei... Seu Edward e o primo viajavam muito e sempre voltavam contando histórias sobre esses lugares e as mulheres que conquistaram. Acho que esta mulher foi uma delas, que digamos, durou um pouco mais.

Um sorriso brincou no canto dos lábios de Bella.

Então ela era a primeira mulher que oficialmente fazia parte da vida de Edward?

Mesmo sendo uma acordo, mas ela era a primeira pessoa a conhecer a família dele, conviver na casa dele?

— Entendo... Então fui mesmo a escolhida. – Bella afirmou, já não contendo o sorriso.

— E muito bem escolhida, diga-se de passagem – Berna sorriu e pegou nas mãos da patroa, grata pela transformação que ela tinha trazido àquela casa – No tempo que trabalho para seu Edward nunca o vi tão tranquilo... Ele está bem mudado desde que anunciou o noivado... – fez um carinho -  Antes ele era mais nervoso, mais impaciente... Mas agora ele é um novo homem... Um homem que encontrou o caminho da sua felicidade.

Bella sorriu com o discurso de Berna. Era bom ouvir o que ela estava ouvindo vindo de alguém que conhecia Edward tão bem e seu coração se encheu de esperança de uma vida feliz.

— Mas vou confessar que fiquei admirada quando ele me chamou para contar que iria se casar... E ainda mais com a filha do seu maior desafeto... – Berna continuou - Nunca achei que ele se prenderia a alguém.

— Eu sei que Edward e meu pai nunca se deram muito bem, mas acredite, o meu amor por ele é verdadeiro... Eu sempre gostei muito de Edward e o nosso namoro me fez muito bem. – Bella falou firme, deixando seu coração a guiar, mesmo sabendo que seu discurso não era muito verdadeiro.

— Disto eu não duvido, Bella. – Berna a olhou realmente feliz – Você está sendo a transformação dele... A felicidade e a estabilidade que ele precisava.

— E os amigos de Edward? – ela ainda queria saber mais - Ele nunca me apresentou nenhum grande amigo.

— Seu Edward nunca foi de muitos amigos.  Sempre foi só ele e Emmett, um primo dele que foi para os EUA a uns dois anos. – de repente ela ficou séria ao tocar neste assunto - Os outros eram apenas uns conhecidos de farra, que sempre trocavam e que sumiram de vez depois que ele te encontrou, assim como as viagens para festas também acabaram. 

Emmett, o primo que Alice tinha comentado. Ele não tinha estado no casamento por não ter tido folga do trabalho.

Bella fez mais algumas perguntas, que Berna respondeu prontamente. Falavam sobre Emmett e  sua mãe Heidi que é a única irmã de Esme. Também contou como foi trabalhar com Edward e como gostava dele como um filho.

Bella estava descobrindo muito sobre o marido e a imagem que tinha dele foi se modificando outra vez.

Edward estava ganhando muitos pontos em seu conceito a cada nova pessoa que conhecia, a cada nova conversa que tinha.

Notando a carinha sonolenta e os bocejos de Bella, Berna sorriu e se levantou da poltrona.

 - Não vou tomar mais o seu tempo Bella, sei que você quer dormir.

Realmente, ouvir tanto de Berna, após o dia agitado que ela tinha passado, fez com que Bella ficasse sonolenta.

— Obrigada Berna por compartilhar suas experiências comigo... – Bella falou bocejando mais uma vez – Boa noite, nos vemos amanhã.

— Não há de que Bella… Boa noite e qualquer coisa que você precisar, é só me chamar – Berna se retirou do quarto com um sorriso.

Após a saída da governanta, Bella pensou em voltar para seu quarto, mas relembrando as palavras doces de Berna, permitiu se aconchegar entre os muitos travesseiros da cama de Edward e acabou adormecendo sentindo o cheiro do marido que estava impregnado nos lençóis, enquanto sonhava com dias perfeitos e alegres ao lado dele.


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Notas finais do capítulo


Edward foi à Paris, Bella ficou e conversou bastante com Berna... Soube um pouco mais sobre o marido... Até dormiu no quarto dele rsrsrs

No próximo capitulo, Bella vai voltar um pouco a sua velha rotina e os laços entre eles vão começar a ficar mais estreitos.
Até!