The Bet - Nova versão escrita por Anandika


Capítulo 19
Recém Casados




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— Bella, por favor, não fica assim... – Edward sentou-se na poltrona ao lado da esposa - Olha para mim...

— Não... - ela soluçou e abaixou a cabeça chorando – Me deixe sozinha...

Neste momento, Edward e Bella estavam no jatinho da empresa, à caminho de Londres, enquanto Bella chorava sem parar e Edward, muito preocupado com o seu estado, tentava acalmá-la.

Depois de começo de manhã desastroso, onde Bella, querendo esconder seus sentimentos, culpou unicamente Edward pela inesperada e sensual noite anterior, eles tomaram café da manhã e arrumaram suas malas, cada um em um lado do quarto, sem se olharem e em um silêncio incômodo.

Ainda no hotel, almoçaram juntos com Javier, Lissa e José Maria e após uma breve despedida, seguiram para o aeroporto em uma limusine, onde Bella mal olhou para o rosto preocupado do marido todo o trajeto, fazendo caretas e segurando o choro.  

Ela não podia esconder sua frustração e raiva por ter sido tão permissiva na noite passada, quase colocando a perder todos os seus planos de resistir a Edward.

Mas como ficar sã, quando tudo o que mais queria era se jogar nos braços dele de uma só vez?

Estes últimos dias tinham intensificado seus sentimentos pelo marido de conveniência de uma maneira inimaginável.

Era praticamente impossível resistir ao charme de Edward Cullen!

— Bella, me dê a sua mão... – ele voltou a falar suavemente, tentando pegar a mão da esposa – Deixe-me segurá-la apenas enquanto o avião decola. 

— Não Edward!– ela fungou, puxando a mão e a escondendo sob o casaco que estava em seu colo – Eu não quero você perto de mim... 

— Bella, por favor...  Você mesma me disse que você fica apavorada em avião pequeno... Me deixa te ajudar... – Edward tentou convencê-la, mas ela lhe lançou um olhar raivoso.

— Qual parte do ‘eu não quero você perto de mim’ você não entendeu, Edward? – falou rude - Sempre lidei com o meu medo e não será agora que vou precisar de ajuda! Eu não preciso de você para nada, sai de perto de mim!

Com Bella irredutível como estava, eles iam acabar brigando e piorando ainda mais a situação que já não era nada favorável para ele.

Estava fazendo o máximo para se entender com ela, mas a garota era realmente difícil de se decifrar!

Uma hora ela estava bem receptiva, na outra, por conta de um pequeno deslize de ambas as partes, ela voltou a se fechar e estava mais arisca e arredia do que nunca.

Naquele momento, o melhor a ser feito era se afastar e deixá-la à vontade.

Com um suspiro de rendição, Edward levantou-se da poltrona e mirou o rosto de Bella.

— Ok, não vou insistir...– deixou transparecer toda a frustração que sentia ao vê-la tão chateada com ele outra vez - Qualquer coisa que você precisar,  estou lá na frente. É só me chamar.

Sentando-se em sua poltrona, Edward tentou esquecer seus problemas, trabalhando em alguns documentos que tinha a entregar ao chegar em Londres, mas o choro e os soluços infelizes de Bella tiravam-lhe a concentração a todo momento.

Edward ainda não entendia o porquê do comportamento arredio da esposa com algo que ela tinha permitido que ele fizesse.  Ele tinha certeza de que não tinha feito nada errado ao tentar se aproximar na noite passada, mas estava decidido em não mais tocar neste assunto para evitar brigas. Ele não queria que ela se afastasse ainda mais e que voltasse a ficar temerosa com a sua presença.

Ficou absorto por mais um tempo em seu trabalho, até que ouviu um suspiro mais alto e decidiu que não iria desistir dela assim tão facilmente e a ajudaria no que fosse possível.  

Jogar limpo. Dizer todas as verdades. Não esconder mais nenhum sentimento.

Era assim que iria agir naquele momento, então,não mais ignorando todo o sofrimento da sua linda megerinha, levantou-se mais uma vez e caminhou até ela.

— Bella, vamos conversar... – sussurrou temeroso - Não combinamos isto? Nada de problemas sem conversas para tentar resolver - relembrou.

— Já te disse que não preciso de você! – Bella se virou e apontou para a poltrona dele – Sai daqui agora!

— Bella, por favor... – ele praticamente implorou para que ela o deixasse se explicar - Vamos esquecer o que houve ontem e hoje cedo. Foi um deslize nosso e se você não quiser, não acontece outra vez. Eu prometi te respeitar e vou cumprir esta promessa. Vamos ter que viver juntos, não podemos fazer nada quanto a isto, então por favor, vamos ser civilizados. Eu estou jurando que eu não vou mais tocar em você… Estou dando a minha palavra!

Ela acreditava nele, mas tinha que se defender. 

Muito mais dela mesma do que dele.

Tinha que se manter longe! Bem longe, senão não demoraria a suncubir de vez aos encantos do lindo empresário.

Bella levantou seu rosto, um misto de decepção e vergonha,  e olhando fixamente para o marido, fez um pedido, falando bem baixinho.

— Eu preciso de um tempo para pensar, Edward… Estou muito confusa com todos os acontecimentos… Por favor me deixe sozinha... – suspirou, voltando a abaixar a cabeça logo depois.

— Então está certo Bella, vou te deixar em paz. Se você não me quer por perto, é um direito seu. – ele falou, voltando para a sua poltrona, mas parou no meio do caminho para uma última palavra – Só me promete uma coisa?

— O que é ? – ela o olhou de soslaio e fez um biquinho.

— Não chore mais... Não gosto quando você está infeliz. – falou com a maior sinceridade possível. 

Ela não respondeu, fazendo uma cara ainda mais emburrada e cruzando os braços, o que a fez parecer mais uma menininha birrenta do que uma mulher casada.

Não voltaram a se falar pelo resto do voo. Edward imerso em seu trabalho, Bella com os pensamentos em turbilhões.

Ao desembarcarem do jatinho, ela puxou a própria mala e não aceitou ajuda nem para entrar e muito menos sair do carro, quando chegaram à garagem do edifício que iria morar daquele momento em diante.

— Bella, por favor, finja uma cara alegre, pois a nossa governanta está à nossa espera... Sei que você não me quer por perto, mas não se esqueça que temos um papel a cumprir – Edward a abraçou e abriu a porta do apartamento, logo vendo Bernadete em seu melhor sorriso parada no meio da sala de estar.

— Boa noite Berna! – Edward cumprimentou a governanta, que olhava encantada para o sorridente casal que adentrou o apartamento abraçado - Esta é a minha Isabella... Meu amor, esta é Bernadete, a nossa governanta. – ele deu um beijo no topo da cabeça da esposa.

Bella, que estava se esforçando ao máximo para manter as aparências, sorriu encantada ao ver a senhora.

Bernadete aparentava ter uns cinquenta e poucos anos, cabelos pretos presos em um coque, baixinha, esguia, da pele morena e dona de um sorriso muito simpático.

— Oi Bernadete – falou, estendendo-lhe a mão – É um prazer conhecê-la.

— Estou aqui para servi-la no que a senhora precisar, dona Isabella. – a jovem senhora apertou a mão de Bella com vontade - Seja bem vinda ao seu novo lar.

— Obrigada... – Bella apenas sorriu desconcertada com o momento, achando Bernadete muito simpática.

— Amanhã quero que a senhora apresente o resto do pessoal a Bella e que a ajude com o que ela precisar, estamos combinados? – Edward voltou a falar, sorrindo para a sua querida governanta.

— Conte comigo seu Edward. O quarto do senhor está arrumado e os pertences de Dona Isabella estão no quarto ao lado como o senhor me pediu, mais alguma coisa? – ela perguntou, ainda sorrindo feliz para o casal.

— Acho que não Berna. Se já está tudo pronto, pode ir. Nos vemos amanhã – Edward pegou as malas e subiu as escadas para os quartos, sendo seguido por Bella.

Para os empregados daquela casa, ele tinha dito o que repetia para todos: O namoro deles era muito turbulento, meio escondido e por esta razão Bella não freqüentava a casa dele.  Berna quis saber mais, para agradar a futura patroa e Edward falou que a esposa confiava em seu bom gosto e pediu para ele lhe fazer uma surpresa, por isso não fez questão de mudar nada em seu novo lar.

— Bom, como você já sabe, a casa é sua e faça dela o que quiser – Edward colocou a mala de Bella na porta do seu quarto – Só tenha cuidado com os empregados, pois, para eles o nosso casamento é verdadeiro... Sobre seu quarto, expliquei a eles que você precisa de espaço para criar e também um closet grande para as suas coisas e foi por esta razão que pedi para que eles arrumassem seus pertences no quarto ao lado do meu enquanto estávamos viajando. – ele falava sem emoção, enquanto mirava a carranca que Bella trazia no rosto.

— Nem se preocupe com isto, vou tomar cuidado para manter o nosso segredo seguro... Boa noite Edward, durma bem. – querendo sair de perto de Edward o mais rápido possível, Bella virou para o quarto, mas ele a segurou pelo braço.

— Um minuto, Bella... – sorriu - Antes de você fugir de mim, tenho algo a te dar... Espere aqui, por favor. – Edward entrou em seu quarto e pegou o imenso buque de flores do campo que tinha encomendado  e pedido à floricultura para entregar em sua casa.

— Para você... Minhas boas vindas ao seu novo lar – ele estendeu um lindo arranjo para uma Bella surpresa – E também um pedido de desculpas.

Após pegar as flores das mãos do marido e as admirar por um momento, Bella o olhou com uma expressão que era um misto de encantamento e dúvida pelo comportamento tão gentil.

— São lindas, obrigada... – foi o que conseguiu sussurrar pouco depois, sob o olhar atento de Edward, que tentava desvendar o que diziam aqueles olhos brilhantes e aquele sorriso fraco nos lábios.

— Não há de que... Não quero brigar com você, entenda isto... – ele se aproximou e em um ato de carinho, querendo mostrar que queria paz, encostou os lábios bem de leve na testa dela e passou a mão por sua bochecha corada - Boa noite... Durma bem. – partiu para seu quarto deixando Bella parada, totalmente sem reação.

Ainda tonta pelo beijo carinhoso que Edward lhe deu, Bella puxou sua mala para dentro de seu novo quarto e sentando-se por um momento na enorme cama, observou todos os detalhes da organização do seu novo refugio. 

Seus pertences estavam organizados nas prateleiras, armários e na escrivaninha da maneira que ela gostava, o que a fazia ter certeza de que Rose participou da sua mudança. Muitas coisas suas da antiga casa. Algumas relíquias da mãe que ela guardava.

Ela ficou feliz em ter um pouco da melhor parte da sua antiga vida ainda consigo.

Pegando o buque de flores para colocar em um vaso com água, Bella viu o pequeno cartão e imediatamente o abriu, deixando que algumas lágrimas corressem por seu rosto ao ler o teor do cartão.

Bella,

Desculpe-me por qualquer coisa que tenha te machucado ou te chateado.

Estou disposto a viver em paz e a tornar a nossa vida de casados o mais fácil possível.

É só você deixar que eu tente.

Deixe que eu seja seu amigo.

Edward.

Emocionada, porém confusa com as palavras de Edward, ela colocou as flores no vaso e segui para o banheiro, onde, durante o banho, se põe a chorar lembrando das besteiras que andou fazendo ao tratá-lo com tanta indiferença e má educação enquanto ele demonstrava, realmente, querer somente a sua felicidade.

Ela queria confiar inteiramente nele, crer que tudo o que ele lhe dizia e tudo que fazia por ela era verdadeiro e totalmente isento de segundas intenções ou maldades, mas apesar de tudo o que vinha vivendo ao lado dele, de todas as demonstrações de boas intenções, ainda tinha dúvida se Edward a trata bem porque gostava, pelo menos, um pouco dela ou se está apenas tentando mantê-la sob controle a fim de conseguir seus objetivos. 

O que Edward esperava daquele casamento eram um mistério para ela, e além disto era difícil esquecer todo o seu passado e apenas se permitir confiar, depois de ter sido usada por tantas pessoas.

Por mais que tentasse, ela não conseguia relaxar... 

Não conseguia confiar nas palavras bonitas e nas supostas boas intenções do marido.

Isto era algo maior que a sua própria vontade.

Deitando-se na cama e, encolhida como uma criança com medo, Bella dormiu, tendo a cabeça cheia de tantas contradições e perguntas não respondidas.



Assim que entrou em seu quarto, Edward deitou-se em sua cama e ainda com o olhar assustado e confuso de Bella preso em sua mente, ligou para Alice a fim de conversar um pouquinho com a sua conselheira predileta e assim traçar algumas estratégias para se reaproximar da sua esposa.

Ele não poderia correr o risco de perdê-la.

— Oi irmão!— a vozinha estridente de Alice  ressoou — Por que não me ligou de Tenerife para me dar noticias?

— Estava muito ocupado, baixinha... – ele falou desanimado – Tive muito trabalho a fazer.

—  Só trabalho Edward?— ela perguntou preocupada — Não conseguiu curtir um tempinho com a sua esposa? Não teve tempo para se conhecerem melhor?

— Mais ou menos baixinha... Tive um tempo com ela sim e por esta razão preciso da sua ajuda…

— Ajuda, Edward? — o tom de Alice era questionador – Eu já não te disse o que você tinha que fazer, meu irmão? Você fez alguma besteira?

— Eu acho que não fiz besteira... Só tive um pequeno problema de interpretação… – Edward abaixou a cabeça derrotado – Apenas me escute e depois me ajude com o que fazer, ok? Você sempre tem as melhores soluções para os maiores dilemas e conflitos.

— Ok, vou te ouvir e tentar te ajudar... Pode colocar para fora o que te aflinge, irmão!

Após ouvir o suspiro baixinho de Alice, Edward começou a contar tudo o que tinha acontecido nos dias que ele tinha passado com Bella em Tenerife. 

Em um tom um pouco mais animado, contou dos jantares, das noites que antes de dormir trocavam algumas palavras amigáveis e principalmente do passeio de barco onde eles se comportaram como um casal normal e feliz e que Bella estava relaxada e sorridente como nunca ele tinha visto antes, fazendo com que Alice reagisse animada e confiante.

Pouco depois seu tom de voz voltou a ser melancólico ao narrar para a irmã o final da noite anterior e as conseqüências trazidas para o relacionamento harmonioso que ele tinha construído com Bella nos últimos dias.

— Edward... Você não fez nada de errado, mas deveria ter ido com mais calma. — Alice falou suave — Pelo pouco que eu sei, pelo pouco que Rosalie me contou dela, Bella já foi muito machucada pela vida e para ela deve ser difícil confiar em alguém, ainda mais na circunstância que se deu o casamento de vocês. Deixe que ela saiba o que você está pensando... Deixe ainda mais claras as suas intenções com ela e como você pretende respeitá-la. Faça com que ela se sinta confortável e segura na sua presença…  Ela tem que saber que você quer protegê-la. — a baixinha pausou um pouco e soltou um suspiro — Já não deu certo no começo da viagem de vocês? Dará outra vez. Conquiste a sua confiança mais uma vez… Faça da relação de vocês algo que seja bom e confortável para ela!

— Eu sei... Eu sei disto... Eu vou com calma desta vez... – Edward sussurrava pausadamente, tentando absorver os verdadeiros conselhos da irmã – Alice, é incrível como Bella é frágil, carente e cheia de traumas. Eu acho que descobri a verdadeira Isabella Swan nestes dias em Tenerife… Além de ser encantadora – ele deu um sorrisinho com seus pensamentos - E esta nova face dela me conquistou... Me deixou muito feliz.

— Eu acho que tem alguém com um discurso um pouco empolgado demais... — ele quase podia ver a irmã batendo palminhas - Edward, acho que Bella já roubou seu coração, assim como você roubou o dela a algum tempo…  É apenas uma questão de tempo para vocês admitirem isto… Acho que era isso o que seu sócio queria. Que vocês se apaixonarem… Sabe-se lá por que, mas ele o queria para esposo da filha.  — Alice profetizou entre risinhos.

— Não é nada disto Alice!– ele tentou negar, apesar de saber que no fundo Bella mexeu com suas estruturas e que estes últimos dias foram uns dos melhores da sua vida. – Eu apenas estou um pouco confuso com todas as mudanças na minha vida... Eu não quero o mal de Isabella, mas também tenho certeza que não a amo... É só um desejo de não vê-la machucada. - grunhiu - E quanto a Charlie Swan… Não sei e desconfio que nunca saberei o que ele pretendia com este casamento.

— Entendo que tudo ainda é muito novo para vocês dois, então paciência é a palavra de ordem neste caso. Vamos deixar que o tempo nos mostre onde esta relação vai dar… Quantos sobrinhos eu vou ter e quantas cenas de amor ainda vou assistir entre vocês dois   — ela voltou a rir — Conte comigo no que você precisar para que este casamento dê o mais certo possível…. Agora vá dormir e tente pensar no que te falei... Paciência e muito carinho com a Bella… Te amo irmão.

— Eu também te amo baixinha – Edward sussurrou – Muito obrigada e durma bem...

Depois de desligar o telefone, Edward deitou-se em sua cama e ficou pensando nas reviravoltas que a sua vida estava sofrendo.

Até poucos meses atrás ele era apenas um grande acionista e diretor da Diamond. Se aborrecia com Charlie Swan, curtia a sua vida e não estava amarrado a ninguém.

Hoje ele estava casado à força com a filha do seu maior desafeto e em vez de estar aborrecido com isto como pensava que estaria, ele estava até, de certo modo, gostando.

Ele não acreditava que era amor o que sentia por sua esposa arranjada, mas sim apenas admiração. 

Ele, definitivamente, admirava a pessoa forte e decidida que Isabella era, mas além disto, com o tempo de convivência, também vinha passado a sentir algo estranho por ela. 

Era uma vontade de cuidar e protegê-la de todos os males.

Uma vontade de vê-la sempre bem e feliz.

Ele não mentia quando afirmava que gostava dela. Gostava além do que achava ser o permitido, o saudável para uma relação de mentira.

Isabella Swan Cullen...

A sua doce megerinha.

A sua esposa.



Na manhã seguinte, Edward acordou cedo e antes de sair para o trabalho, chamou Berna para lhe passar algumas instruções sobre a sua esposa.

Depois de pensar muito no que Alice tinha lhe dito durante toda a noite, Edward estava decidido a dar um tempo para que Bella pudesse se acostumar a sua nova vida e também para que ele conseguisse conquistar mais uma vez a sua confiança e para isto, não forçaria nenhum tipo de aproximação, deixando-a bem à vontade para fazer o que ela quisesse.

— Bom dia seu Edward. – Berna saudou o patrão, surpresa por ele estar acordado e todo arrumado tão cedo - Já vai voltar ao trabalho?

— Vou sim Berna... Tem muito trabalho me esperando na empresa. – ele fingiu um sorriso – Com a morte do seu sogro, eu estou tendo que trabalhar o dobro do que já trabalhava.

— É uma pena que isto aconteça... O senhor deveria curtir mais uns dias de paz com a sua esposa antes de ter que voltar a trabalhar.

— Bem que eu gostaria, Berna... – ele suspirou, desejando de verdade mais uns dias como os passados em Tenerife – Bem que eu gostaria de mais uns dias somente com a minha esposa...

— Onde está dona Isabella? – a governanta perguntou – Alguma recomendação?

 - Deixei com que ela dormisse um pouco mais, pois a nossa viagem foi cansativa – Edward falou sério – Pediria que a senhora cuidasse dela direitinho quando ela acordar, fazendo com que ela se sinta confortável e à vontade, já que ela é um pouco tímida.

— Pode deixar que eu cuido da sua esposa direitinho. Não vai faltar nada a ela, prometo – Berna sorriu – Vou tratá-la como se ela fosse minha própria filha.

— Disto não tenho dúvidas, Berna… Sei que você vai cuidar da minha Isabella direitinho…  – Edward piscou o olho para a governanta - Tão direitinho que é capaz de daqui a um tempo ela preferir a sua companhia à minha.

Berna riu da declaração do patrão assim que ele saiu em direção a seu carro feliz e confiante de que a esposa estava nas melhores mãos possíveis.

Às 10 da manhã, Bella acordou meio atordoada por ter dormido por mais tempo do que estava acostumada e após um rápido banho e uma rápida ligação para Rosalie com um pedido para que a encontrasse, saiu do seu quarto e desceu as escadas bem devagar, já prevendo que em pouco tempo teria que encarar Edward, mas em vez de encontrá-lo, foi Bernadete quem ela viu, parada ao pé da escada, com um sorriso enorme.

— Bom dia Dona Isabella, dormiu bem? – a governanta se mexeu, vindo ao encontro da patroa.

— Bom dia Bernadete – Bella a cumprimentou - Onde está Edward? Não o encontrei ao acordar.

— Seu Edward saiu cedo, mas pediu para que eu tomasse conta da senhora e não deixasse faltar nada, então estou ao dispor para o que precisar...

— Obrigada Bernadete, vou precisar mesmo de ajuda para me ambientar com a casa.

— A senhora pode me chamar de Berna igual a seu Edward, se quiser.

— Então está ótimo! Berna combina mais com você... – Bella deu um abraço na simpática senhora - E você não precisa me chamar nem de senhora e nem de Dona Isabella. Me chame somente de Bella, está certo?

— Está sim, se você prefere a chamarei de Bella – Berna estava surpresa com a espontaneidade da patroa ao abraçá-la- Mas vamos deixar de conversa e venha tomar café, você deve estar faminta. 

— Se estou... - Bella revirou os olhos – Não como nada desde que saí de Tenerife.

— Estão me acompanhe – ela sorriu, levando Bella até a sala de jantar, onde a mesa estava posta com as mais diversas guloseimas.

Assim que se sentou à mesa, Bella começou a se fartar com a deliciosa comida preparada para o seu café da manhã, mas logo foi interrompida pela chegada da prima, que adentrou a sala acompanhada por Berna, com quem conversava animadamente.

— Tchau Berna! Até mais!

— Até mais Srta. Rosalie!

— Oi Bellinha! – Rose se virou prima pouco depois, sentando-se ao seu lado e comendo um bolinho - Cheguei na hora boa! Hora dos bolinhos da Berna!

— Vocês duas já se conheciam? - Bella perguntou, curiosa

— É claro que já! - Rose bebeu um pouco de suco antes de continuar - Quem você acha que arrumou as suas coisas naquele quarto enorme? Seu marido pediu e é claro que eu atendi!

— Já devia imaginar… - Bella falou sarcástica - Acho que você é uma das maiores aliadas que Edward tem…

— Besteira sua… Só gosto de servir as pessoas - ela deu de ombros e enfiou mais um bolinho na boca - Mas vamos para de conversa fiada e passar para a parte interessante… Vamos logo me contando tudo o que aconteceu em Tenerife, já que você e Edward não deram sinal de vida por todos estes dias.

Bella estava tão distraída nos dias em que esteve nas Ilhas Canárias que, depois da curta ligação avisando que tinha chegado em segurança e informando a data de retorno, não tinha dado notícias a ninguém. E no dia anterior, chegou em casa tão cansada e chateada que as únicas coisa que fez foi tomar um banho bem demorado e cair na cama.

— Desculpa Rose… – Bella falou envergonhada - Não te liguei porque não levei celular e não queria incomodar Edward...

— Sim... Entendo. – ela fez uma cara curiosa - E como foi lá. Foi lua de mel mesmo, cheinha de amor?

— Claro que não, Rose! – Bella arregalou os olhos e corou envergonhada – Mas aconteceram algumas coisas no mínimo inusitadas e que mexeram com a minha cabeça… - Bella olhou para os dois lados e falou baixinho - Mas esta é uma conversa que teremos que continuar lá no meu quarto… 

Não seria prudente continuar a falar da sua vida com Edward ainda sentada à mesa do café da manhã.

— Então vamos agora! 

Rose pulou da cadeira, segurou a mão da prima e a arrastou até o quarto no menor tempo possivel.

— O que aconteceu? – Rose perguntou assim que a porta foi fechada - Edward quebrou a promessa e te agarrou a força? 

— Não Rose! – Bella corou mais ainda, se jogando na cama - Ele me respeitou e cumpriu tudo direitinho.

— Então o que aconteceu? - ela se deitou ao lado e mirou o rosto de Bella - Conte-me tudo, não me esconda nada!

Com os olhinhos brilhando, Bella contou sobre os dias de paz e harmonia que tinha passado com Edward, sobre seus passeios e como ele estava sendo maravilhoso com ela tratando-a bem e deixando-a feliz.

— Quer dizer que vocês aproveitaram para se conhecer melhor? – Rose riu – E o que tem de errado nisto?

— Até então nada de errado... – Bella falou tentando manter a calma – O pior veio no ultimo dia de viagem...

— O que foi que aconteceu Bella? – Rose prendia a risada, ao ver a prima tão vermelha e constrangida – Qual foi o drama desta vez?

Ainda mais envergonhada ela contou tudo o que tinha acontecido em sua última noite em Tenerife. Como ela tinha se derretido com os beijos e os carinhos do marido, mas tinha pedido para ele parar logo depois. Explicou como se sentiu em dúvida naquele momento, fez o relato de como eles tinham acordado enroscados no meio da cama na manhã seguinte, e finalmente como ela culpou apenas a Edward pelo que tinha acontecido, tentando se isentar da sua culpa.

— Quer dizer que vocês deram um pega daqueles e você o interrompeu bem na hora H? – Rose agora ria abertamente – Só você mesmo, Bella...

— O que você queria que eu fizesse? – Bella ficou indignada – Você acha que eu iria me entregar a uma pessoa que não me ama?

— Eu não sei, Bella... Realmente não sei… – ela ainda ria – Só acho que você devia parar de ser boba e aproveitar o homem lindo que o destino te arrumou como marido... Acho que você tinha que ter aproveitado com calma e não o afastando como você fez... Não acho errado você ter desistido naquela noite, já que não estava segura,  mas não deveria tê-lo culpado por algo que você também queria.

— Então eu sou a única errada nesta história? – a raiva de Bella ferveu – Eu não sei o que ele quer de verdade comigo, mas mesmo assim eu tenho que ser submissa às suas vontades?

Não queria ouvir que ela era a errada e Edward o certo naquela história. 

Não queria ser a única vilã!

Ela errou, mas ele também não agiu certo!

— Não é isto Bella...– Rose olhou séria para a prima – Eu acho que você não pode viver com medo do que aconteceu no passado. As pessoas não são todas iguais e Edward está provando que, de certa forma, é uma boa pessoa. Não se esqueça de todas as coisas maravilhosas que vocês viveram esses dias e que você acabou de me contar toda empolgada! Não desmereça o esforço dele em fazer todas as suas vontades só por causa de um pequeno deslize.

— Não vou esquecer Rose, mas estou confusa... Preciso pensar ainda sobre tudo isto. – Bella murmurou depois do discurso de sua prima – Eu não sei ainda o que fazer, sabe? Ao mesmo tempo que eu estou feliz com a nossa relação, eu tenho medo de me machucar...

— Eu te entendo… Mas, pelo menos, tente controlar seu mau humor quando estiver com ele, está certo? – Rose aconselhou - Trate Edward com o mesmo respeito que ele te trata. Este é um bom começo - ela sorriu - E depois, com tempo, vocês decidem o que fazer… Se continuam como amigos ou se dão um passo a mais na relação.

— Vou fazer isto sim, Rose… - falou sincera - Vou tratá-lo bem e o que eu fiz ontem em Tenerife não vai voltar a acontecer... 

— Assim está ótimo! - Rose bateu palmas.

— Mudando de assunto, então quer dizer que Edward pedia a sua ajuda para a arrumação dos meus pertences? - perguntou - Ele tinha me dito que não era para me preocupar, mas pensei que ele mesmo fosse resolver este assunto.

— Sim , ele me pediu para ajudar… Queria que tudo ficasse de seu agrado – Rose abriu um sorriso enorme -  então eu estive aqui enquanto vocês estavam viajando e organizei tudo com a Berna. Você gostou?

— É claro que eu adorei, Rose! – Bella voltou a sorrir – Você sempre acerta!

 - Assim eu fico feliz e muito mais relaxada – Rose soltou um suspiro dramático – E a Berna? Ela é amor, não?

— Ainda não tive muito contato com ela, mas me parece que nos daremos muito bem! Ela está sendo muito solicita comigo.

— Pode crer que ela será uma grande aliada sua. - Rose falou como um segredo - Quis saber mais de você para te agradar.

— Já notei isto... Ela é uma boa pessoa,  bem diferente da Consuelo – as duas fizeram uma careta.

 – Com certeza, não tem como não ser infinitamente melhor do que aquela megera! - Rose voltou a fazer uma cara feia -  Ah... Tenho novidades! Queria te dizer que Edward autorizou a venda da sua antiga casa para um novo instituto que será criado e que o dinheiro já está depositado na sua conta! Isto não é ótimo?

— É sim Rose! Pelo menos esta fase da minha vida está acabando. – Bella abraçou a prima carinhosamente – Agora os meus desafios são outros.

Bella estava realmente grata por estar colocando um ponto final em mais uma parte terrível da sua vida e partindo definitivamente para uma nova etapa.

— Sim prima... Os desafios agora são outros e com certeza, serão muito mais felizes e proveitosos – Rose falou com convicção.


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Notas finais do capítulo

Ai, ai estes dois....
Já viram que a Rose não vai desistir de unir o casalzinho. A viagem de Lua de Mel terminou meio turbulenta mas as coisas vão começar a melhorar.
No próximo capítulo teremos mais da Rose cupido e Berna também vai entrar em cena!
Até!