Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 4
Verdadeiro Nicolas


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
*foto do Murilo e Paty citada no capítulo.
*perdão se houver algum erro, estou com enxaqueca e mal consigo abrir os olhos :(



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Arthur Narrando

Acordei ao lado de Alice e fiquei a olhando enquanto ela ainda estava dormindo. Sabia que agora teríamos que ficar juntos, mas eu não estava preparado pra isso. Ainda estava magoado e acabaria nos magoando ou a perdendo de vez.

— Sei exatamente no que tá pensando. – ela observou assim que acordou. – Não é a sua melhor expressão e com certeza nem seu melhor pensamento. – proferi uma reclamação quase que sem som. – O que eu disse continua valendo Arthur. – se virou e passou a mão em meu peito. – Eu não estou te cobrando nada.

— Não é assim que funciona. E... Não estou usando de uma masculinidade exagerada, pensando assim por termos dormido juntos. Não é isso. É que por isso ter acontecido eu quero estar com você mais vezes, eu preciso sentir tudo isso mais e mais, caso contrário eu nem vou achar que foi real. Precisamos estar juntos. E aí entra toda a complicação... – soltei o ar. – Eu vou te machucar Alice.

— Eu sei disso. – se afastou um pouco. – Ontem já me deu pequenas amostras... – nos olhamos. – Podemos fazer isso Arthur. Podemos ficar juntos sem estarmos namorando.

— Eu já disse que... – seu dedo veio em meus lábios.

— E eu já te falei que as pessoas mudam. E isso é provisório. Quando você sentir que tá pronto a gente volta. Vou estar apenas te esperando.

— Então você vai namorar sem estar namorando?

— É uma forma de não nos machucarmos. Você construindo essa ideia falsa de liberdade e desinteresse em sua cabeça talvez volte a me ver como uma Alice que eu não sou mais pra você.

— Isso não vai acontecer. Se por acaso reatarmos, ainda vou pensar em você como alguém diferente do que já foi um dia pra mim.

— Se ainda assim tivermos chance de sermos felizes, tudo bem pra mim.

Suas palavras causaram certo estimulo em meu peito e eu apenas a acarinhei e deixei que tudo tomasse o seu rumo. Como ela havia mentido que dormiu na casa de uma das amigas, eu a levei embora o mais rápido possível.

— Antes que fique extremamente nervoso comigo e quebre a minha cara preciso contar que eu e Alice ainda não voltamos, mas foi uma decisão para o nosso bem. Kevin eu iria machuca-la. – falei para o meu irmão assim que o encontrei.

— Dane-se vocês dois. – vi que ele estava nervoso. Pra variar só um pouquinho. – Antes que pergunte o que foi já estou lhe enviando. – olhei meu celular e vi as fotos dele com Murilo.

— O que é isso? – o olhei.

— Isso é o motivo pelo qual com certeza já devo estar solteiro. Mas não vai ficar assim. – ele foi até nosso pai e deu um show, causando um constrangimento enorme.

— Cadê o Rafael? – perguntei assim que consegui tira-lo do salão. – Tá na cobertura?

— É o que vamos ver agora. – afirmou com aquele tom dele que eu não gostava nada.

— Kevin... – ele me olhou de uma forma ainda mais alarmante.

— Talvez eu deva me forçar a gostar de mulher mesmo pra ele enfim me deixar em paz.

— KEVIN! - gritei o repreendendo.

— Para com essa merda de gritaria. – reclamou enquanto a porta do elevador abria. Rafael estava sentado no sofá e o olhou com fúria.

— Você é um escroto do caralho. Sabia que eu vim embora com raiva e não quis nem mesmo vim atrás de mim e ficou lá babando por ele. Eu pensei em guardar isso e me vingar de você Kevin. Pensei mesmo. Mas eu não consigo ser tão sujo quanto você. – ele me olhou e depois voltou a olhar o namorado. – Pode dispensar o guarda costas porque eu não vou encostar um dedo em você. Nunca mais.

— Ah esse cara é louco. Deu pra mim. – Kevin saiu andando e foi embora.

— Ele acha que tá com a razão? – perguntou embravecido.

— Ele tá com razão. Kevin jamais te trairia. Se ele estava no carro com Murilo tem algum motivo e você deveria procurar saber antes de insulta-lo e dar todo um show. Você o descontrola Rafael. Você tá trazendo sempre o pior lado dele. Não vai atrás dele. Acho melhor assim. Seu jeito pede alguém mais paciente e o jeito dele pede alguém mais compreensivo. Vocês dois não se completam.

— Você sempre sabe de tudo né? – ouvi sua pergunta antes de voltar pra festa. Eu me virei e o olhei. Ele não iria me provocar logo agora após tudo o que eu passei e quando ainda estava tudo tão vivo.

— Estou louco pra socar alguém até um desmaio. Não se candidate.

— Assim como eu soquei a cara do Orlando todinha quando o vi atrás da Alice quando ela chegou aqui no mesmo dia que você foi atrás dela e sumiu? – fiquei olhando pra ele. – Você acha mesmo que ele desistiu dela por respeito a sua “morte”? Ou por ela não ter correspondido mais? – suspirou. – Eu não perderia meu melhor amigo e ficaria vendo a mulher que ele amava com outro. Não na mesma sequência.

— Kevin tem razão. Você é louco. Eu trouxe um doente pra morar comigo. – o olhei de uma forma assustada. E ele percebeu. Sua expressão passou de gloriosa para triste. – Eu te amo mais que tudo Rafael, mas você precisa se tocar que exagera. Vai descansar, depois a gente conversa.

Comecei a pensar se eu não tivesse levado Rafael para Torres como havia sido o caminho de Kevin. Se ele conseguiria superar Murilo sozinho e se isso teria sido melhor pra ele. Não tinha como saber. Mas era inevitável eu me sentir culpado em todo esse sofrimento e ciclo de brigas dos dois.

Kevin Narrando

Deixei a cobertura em um estado de fúria pior que entrei. Cogitar terminar não era uma opção pra mim, mas foi o único caminho que achei pra ter um pouco de paz.

— Espera. – olhei a mão de Murilo na minha.

— Eu vou partir seus dedos em tantos pedaços que vai ser impossível restitui-los.

— Você acha que eu tenho medo de você? – coloquei pressão sobre os pequenos ossos da mão dele. – Minhas articulações! – ele puxou o braço gemendo de dor. Dei um sorriso e continuei andando.

— Não devia ter machucado o meu filho. – estremeci ao ouvir a voz. Eu tinha dois segundos para entrar em meu carro e dar o fora dali e nenhum percurso daquele ponto do início da garagem até o veículo me permitia que isso fosse feito.

— Se vai me bater faz isso logo. – continuei de costas.

— Se eu fosse te bater por machucar Murilo estaria fazendo isso há anos. – afirmou vindo em minha direção e me olhou. – Cadê a chave do seu carro?

— Pra que? – ele enfiou a mão no meu bolso e pegou o pequeno objeto. – Você sabia que é atrevido pra caralho?

— Não tenho paciência pra esse seu jeitinho Kevin.

— Por que pegou a minha chave?

— Se continuar falando comigo nesse tom de voz e nessa grosseria você vai conhecer o inferno antes da hora. – ameaçou com seriedade.

— Eu não estou mandando você vim atrás de mim. Por que pegou a minha chave Vinicius?

— Você não está em condições de dirigir. Brigou com seu pai e com seu namorado. Tá nervoso demais.

— O herói ligou pro Murilo que tentou me parar e não conseguindo foi correndo atrás de você? – seu semblante dizia que sim. – Devia tê-lo deixado manco. Eu teria ido embora, daria tempo.

— E eu devia te dar um soco.

— Você é bonzinho demais pra isso.

— Você quase quebrou a mão dele Kevin. – me olhou decepcionado. – Estava inchado e roxo. – eu não tinha o que dizer. – Ele só queria te ajudar. E pra isso tá causando problemas a ele próprio, porque a namorada sabe que você é o ex dele... – respirou fundo. Meu celular começou a tocar, peguei e vi escrito “Rafa amor” na tela. Joguei meu celular com bastante violência no chão e ele só quebrou a tela.

— Pisa nele fazendo favor. – pedi olhando para o aparelho.

— Ele te traiu? – perguntou e eu fiquei o encarando. – O que foi?

— Se ele tivesse me traído ele não estaria me ligando.

— Nossa... Explique. – desdenhou da minha fala, quase rindo. O celular continuava vibrando no chão.

— Espera. – pisei no aparelho e quebrei ele todo. – Onde estávamos? – o olhei. – Ah sim. Ele não me ligaria porque não ia ter motivo. Ainda que se não houvesse acontecido uma traição eu não nascesse e perdoar uma traição seja algo nobre... Não faz parte de mim. E ele sabe muito bem disso.

— Então qual o motivo dessa raiva toda? Porque isso é o pior que eu imagino.

— Ele é o motivo. Namora com ele um dia e vê se você não quer quebrar tudo.

— Mas vocês eram tão bonitinhos Kevin.

— Sim. Há um ano atrás, um pouco menos. De uns quatro, três meses pra cá, tudo que o Rafael tem feito é só me fazer cobranças. – passei a mão em meu cabelo. – Não existe quem aguente isso.

— Como assim cobranças? Ciúme?

— Até do meu irmão. Se ele ver nós dois aqui ele vai falar que você tá dando em cima de mim. – ele riu. – Ou pior, vai inventar histórias na cabeça dele.

— Ele deve estar.... – o interrompi.

— Sim. Ele tá enlouquecendo com o Murilo aqui. – ficamos em silêncio. – E esse idiota faz questão de dizer aos quatro cantos que ainda me ama. – o olhei. – Você não o ensinou a ter bom senso?

— Todo mundo sabe que ele te ama Kevin. Mas ele parece estar até muito bem com a namorada dele.

— Foda-se ele e a namorada Vinicius. O que interessa aqui é o que ele faz e diz e como isso afeta o meu namoro.

— Só ele existir afeta seu namoro. – não podia discordar. – E outra, não importa se ele ainda te ama. Você não o ama. Rafael tinha que pensar nisso.

— Agora é tarde.

— Não é. Você quer ficar com ele. – me olhou sorrindo. – Kevin... Nada na vida é de graça. Existem sacrifícios que tem que ser feitos. Raissa quando era adolescente era ciumenta demais também e olha pra nós dois hoje. Se vocês ficarem juntos, com o passar do tempo ele vai entender que não precisa disso.

— Até lá eu acho que sou capaz de cometer um crime.

— Você precisa se tratar. Sua fúria e seu ódio são uma bússola quando você se sente perdido. Isso não é saudável.

— Não existe remédio pra isso. – o encarei entediado. – E psicólogo algum trabalharia o trauma que é crescer com Caleb. Eu já tentei. Sempre acham que é história da minha cabeça.

— Por que não tenta conversar com Isadora? Você a considera como sua vó, cresceu a vendo assim.

— Se eu contar a ela um décimo de tudo o que eu já passei ela morre em menos de seis meses. Não me faça ser um assassino. – ele respirou fundo e ficou em silêncio. Por tempo demais. – Dá pra me entregar minha chave agora e me deixar ir? – me olhou e eu continuei encarando o nada.

— Você devia ficar feliz. Se livrou das garras dele. Nem sempre é possível. Não viu o que Luna fez? Ela o manteve no hotel porque ele ainda a domina. Nunca mais o deixe te usar como uma marionete.

— O seu filho fez um ótimo trabalho. – lembrei do abrigo. – Isso não vai acontecer.

— Eu tenho tanto orgulho dele.

— Devia dizer isso a ele. Sei que a relação de vocês dois nem sempre foi fácil, mas... – me cortou.

— Você a melhorou demais. Acho que esse é o motivo de eu gostar tanto de você.

— É. – suspirei. – Acho que nasci pra aproximar os pais dos filhos. – olhei pra baixo. Não sei por que veio aquela maldita vontade de chorar. Ele passou a mão em meu ombro.

— Sempre vai encontrar em mim um pai, já te disse isso. Vem cá. – me puxou e fez com que eu encostasse a cabeça em seu ombro e soltasse o que eu estava sentindo. Detestava chorar, ainda mais com alguém, mas ele tinha algo que o Murilo tinha... Não sei o que era, uma forma de me fazer entender que eu não precisava ser aquela pior versão de mim.

Assim que entrei em meu quarto vi Rafael sentado em minha cama. Parei e fiquei olhando pra ele. O meu primeiro impulso era dizer que eu precisava trocar as senhas, mas não fiz isso. O meu nervosismo havia passado. O meu ódio deu um tempo. Eu havia errado. Muito feio. E em uma coisa ele estava certo. Isso só reforçava o fato que não dava mais para ficarmos juntos.

— Você chorou. – ele constatou com a voz baixa.

— Você também. – me sentei ao seu lado.

— Tentou ficar com ele e ele te desprezou? – soltei uma risada anasalada.

— Não. Tive uma conversa intensa com Vinicius sobre meu pai. – nos olhamos. Ele pareceu surpreso.

— Milagre não apelar e me xingar se não é o que eu cogitei.

— O que você tá fazendo aqui Rafael? – não olhei em seus olhos se não eu saberia a resposta.

— Sei que você me ama, você não ficou esse tempo todo comigo atoa. Então explica. – pegou seu celular e deu zoom na foto. – Esse olhar apaixonado para o Murilo. O que significa? Porque isso tá doendo demais.

— Lembra as minhas desculpas?

— Exageradas e sem limites? – concordei.

— Não eram só por nossa briga. Era por isso aí também. Mesmo que eu tenha omitido, eu me senti culpado. Eu o desejei Rafael. Foi coisa de segundos. E o mandei sair do carro quando percebi. Nunca faria nada do tipo com você. Nunca.

— Eu não te culpo. – fiquei completamente atônito. – Só estamos brigando. Lógico que você o desejaria. Ele é lindo, bem humorado, fofo e inteligente. Murilo é perfeito.

— Não é nada disso. Eu sou muito emocional. Ele viu que eu estava descontroladamente nervoso e usou de uma tática pra me acalmar. Que deu certo. Isso de alguma forma me controlou. Não é atração Rafael. Lembra quando nos encontramos no supermercado após ficarmos? – balançou a cabeça. – Aquele dia foi especial pra mim. Brincamos tanto e você fez o meu dia mais leve. São essas coisas que realmente mexem comigo.

— Eu te amo demais Kevin. – pegou minha mão.

— Eu quase quebrei a mão dele depois que brigamos hoje. Isso é o quanto estou interessado nele.

— Você é muito cruel. – riu. – Por que você estava nervoso com ele no carro? – nos olhamos. – Por que brigamos?

— Também. – respirei fundo. – Porque Nicolas se apaixonou de primeira por ele. E ele vai sofrer.

— Você tá virando o Arthur. Se preocupando demais.

— Nunca. – resmunguei. – É só que... Eu o achei. Eu fui atrás dele. Pesquisei até encontra-lo. De alguma forma acho que tenho responsabilidade sobre ele e tudo o que acontece com ele aqui.

— Se fosse assim você não teria entregado o garoto para conhecer o pai que tem.

— Era a única forma de vingança contra Caleb. E esse é um dos motivos que agrava minha culpa e preocupação.

— Você não tem culpa pelo pai que ele tem.

— Mas ele poderia não saber que tem se não fosse eu. – suspirei. – Rafael... – nos olhamos e eu fiquei encarando seus olhos azuis. – Eu quero ficar com você, mas do jeito que tá não tá dando. E já tivemos essa conversa antes.

— Estou enlouquecendo longe de você.

— E eu queria ficar quando Arthur sumiu. Você foi o primeiro a me dizer que eu não devia fazer isso. Isso só me faz te admirar ainda mais. Você é bom, sua essência é pura... Ficar me torturando não tem nada a ver com você. Para de fazer isso, por favor. – ele ficou calado sentindo remorso. – Eu não tenho amigos na capital. Eu te digo todos os meus passos. Eu não saio. Eu não te dou nenhum motivo. E mesmo assim você me liga o tempo todo, você me faz cobranças injustas, você... – respirei fundo. – Não aguento mais isso Rafael. Cheguei no meu limite. Já tive que filmar meu quarto pra te provar que estava sozinho. Já sai da aula pra falar com você. Você quer saber até os meus gastos. E se eu não pago um motel daqui a pouco você ameaça Alice pra saber se eu não levei alguém pra casa. Eu me preocupo até com ela. Não consigo mais viver assim. É aterrorizante.

— É porque eu te acho muito. Você é inteligente, é interessante, é misterioso e tem esse jeito de agir que deixa qualquer um louco.

— E sou seu. Só seu. Se nem com Murilo que eu tive um relacionamento intenso eu consigo não valorizar em primeiro lugar o homem que eu tenho ao meu lado, quem são as outras pessoas que eu nem conheço? Nada Rafael. E você não deve se preocupar com nada. – ele deu um sorriso parecendo se sentir valorizado.

— Quero te beijar, mas não sei se posso. – falou com vergonha.

— Você é meu namorado. Pode tudo, menos me tratar dessas formas bizarras.

— É a última vez que vamos ter essa conversa. Vou confiar em você, ninguém pode fazer eu te perder além de mim.

— Você não vai me perder. Se conseguir confiar em mim vou estar atrás de você o resto da sua vida.

— Não o deseje de novo Kevin. – falou sério. – Aquilo foi devastador.

— Perdão. Mas se você não tivesse dado um show primeiro eu nunca tinha dado aquela carona. Sabe disso, eu sempre faço tudo o que você quer.

— É isso que eu amo em você.

— Só isso? – sorri. Ele chegou mais perto e selou nossos lábios.

— Na verdade, eu amo tudo. – nos beijamos e eu entendi que podia acontecer o que fosse que a gente não iria se separar. Era bom saber disso a essa altura da vida.

Larissa e Sophia decidiram comemorar o aniversário delas em um salão de festas e embora os preparativos tenham sido mais singelos, eu sabia que resultaria em dramas e confusões como foi com a luxuosa festa do meu pai.

—  Fiquei pensando se vocês dois viriam ou iriam furar como na ida ao clube ontem. – Otávia disse olhando pra mim e Rafael.

— Claro que eles iriam vim. – Arthur respondeu e riu. – Só não foram ontem porque estavam... Prefiro evitar detalhes. Só digo que é difícil morar com um deles.

— Kevin tem estilo que faz um sexo selvagem. – Ryan comentou rindo e me olhou.

— Minha vida sexual ser pauta é o ápice do sinal que vocês me veneram mais que tudo nesse mundo. – Murilo me olhou. – Mas eu vou esclarecer essa dúvida. – sorri. – Depende do que vocês consideram selvagem. Mas em especial ontem eu fui muito carinhoso, já que eu senti que era isso que ele queria. – suspirei. – Sou apenas um objeto na mão desse ser. A realidade é essa.

— Uau! – Giovana exclamou admirada.

— Já sabemos o quanto você o ama, não precisa disso. – Otávia resmungou.

— Cala a boca e para de beber. – tirei a taça de frente da garota. – Seu fígado ainda precisa se regenerar.

— Ele tá no modo insuportável. – ignorei o comentário de Alice e observei as aniversariantes se aproximando. – Sempre fica assim quando tá muito feliz.

— Seu irmão não vai vim Arthur? – Larissa perguntou se referindo a Nicolas. Se dependesse das minhas ameaças não. Ele me olhou. Balancei os ombros.

— Por que estou te ligando e não está chamando? – meu pai perguntou chegando na mesa. Olhei pra Rafael e sorri.

— Obrigado. – o agradeci.

— A gente precisa conversar. – ignorei. – Anda Kevin! – sua voz era cheia de raiva. Todos ficaram olhando nós dois. Continuei ignorando. Ele se abaixou e falou em meu ouvido. – Tem uma ameaça bem maior que eu. – o jeito que ele falou me convenceu. Eu me levantei e sai com ele do local.

— Diz rápido e não faz joguinhos. – avisei sem paciência.

— Eu te mandei não colocar qualquer um dentro de casa. – quase me bateu. – Aquele bastardo! Ele me procurou e me questionou como se livrar de você. Ele viu nossa briga e concluiu que eu sou um péssimo pai e quero acabar com a sua vida.

— Nisso ele tá bem certo.

— Você não entendeu? Ele quer te apunhalar pelas costas. Aquele garoto tem todas as características que eu tenho.

— Agora ele não é bastardo mais. É seu filho legítimo. – sorri.

— DÁ PRA ME LEVAR A SÉRIO?

— O que você quer? Que eu tema a Nicolas? – ri. – Isso é ridículo. – me virei pra voltar.

— Ele não vai parar Kevin. Eu vi o ódio nos olhos dele.

— Você se preocupa? – o olhei. – Porque insiste tanto em me ferrar, que não tem como acreditar que se preocupa comigo.

— Eu te amo e você é meu filho. Eu só não quero te ver com um homem.

— CALA A BOCA! – dei uma risada amarga. – Sabe por que ele quer me destruir? – sorri grande. – Porque eu mandei que ele se afastasse de Murilo e ele tá apaixonado. E pelo visto não é pouco. – ele ficou pálido. – Ainda não tenho certeza, mas parece que você tem dois filhos gays. – ri genuinamente.

— TINHA QUE SER FILHO DO VINICIUS! – praguejou descontrolado.

— O que tem o meu filho? – sorri ainda mais olhando os dois.

— Vai virar um Chihuahua perto do Pit Bull papai? – questionei ao ver que ele não respondia. – Vou deixar o cachorro covarde e o valentão se resolverem. – entrei satisfeito.

— A conversa te deixou feliz. – meu namorado comentou assim que cheguei.

— A conversar não, o fim dela sim. Amo o medo que o meu pai tem do Vinicius.

— Ele é um ex boxeador forte pra caralho, seria loucura não ter.

— Ainda bem que meu novo sogro é barrigudo e calminho. – falei baixinho e ele riu. – Não acredito! – exclamei ao ver quem entrava. Nicolas. Ele realmente não ia me levar a sério.

— Achei que não viria. – as meninas o cumprimentaram. Ele já era querido por todos e de alguma forma que eu não sabia dizer como conquistou Murilo. Mas o clima entre os dois estava estranho.

— O que você tá fazendo aqui? – perguntei me levantando e quase colando meu corpo no dele. Somente ele ouviu minha pergunta.

— Novidade – aproximou seu rosto e começou a falar em meu ouvido. – Você não manda em mim.

— Eu vou quebrar sua cara. – olhei em seus olhos.

— Vai sair como louco. E eu como vítima. Tenta. – deu um sorrisinho que me tirou do sério. Segurei a gola da sua camisa e todos viraram o rosto nos encarando. Rafael se levantou tentando me afastar dele.

— Posso ver porque Murilo nunca te esqueceu, você tem uma pegada forte que com boas intenções deve ser alucinante. – falou um pouco mais alto e todo mundo ouviu. Golpeei seu rosto com os punhos fechados. Arthur conseguiu me puxar e quase todos os adultos vieram até a gente. Eu me sentei e tentei me acalmar.

— É estranho ele dizer isso sendo seu irmão.

— Ele só falou pra me provocar. Meu pai estava certo. – me levantei e fui atrás daquele demônio.

— Meu prazo acabou. – falou ao me ver sabendo o que eu queria. – Você soltou aquele sarnento atrás de mim e agora... – o interrompi rapidamente.

— Só me responde uma coisa. O Nicolas querendo acabar comigo pode facilmente acabar com meu namoro. Hoje ele já fez um comentário que conhecendo Rafael eu sei que já o deixou incomodado. Então por que você quer se enfiar nisso invés de deixá-lo agir?

— Se for preciso acabar com você pra acabar com esse namoro vocês vão continuar juntos. Eu não sou covarde a esse ponto.

— Você só não entende que acabando com o meu namoro você automaticamente acaba comigo. – Rafael apareceu e eu o olhei e depois voltei a olhar meu pai. – Estou nessa. Vi que ele não tá brincando. Depois me fala o que tenho que fazer.

Quando cheguei perto do meu namorado ele estava emburrado. Fiquei olhando pra ele.

— Tá com ciúme? Medo do seu irmão e Murilo ficarem?

— Você não vai começar com isso. - bufei.

— Por que partiu pra cima dele Kevin? Por que você e seu pai estão de segredinhos? Como acha me sinto te vendo próximo a esse cara que faz de tudo pra destruir a gente?

— Rafael...

— Não. Você não consegue se livrar desse ciclo vicioso. O seu pai te controla. Sempre vai ser assim. E seu incomodo quanto a Nicolas e Murilo é perturbador. Você ainda sente algo por ele Kevin?

— Eu achava que Nicolas era uma pessoa legal e não merecia sofrer por Murilo. Agora eu soube que ele é praticamente Caleb mais novo. E ele quer me atingir, é isso que o meu pai e eu estamos conversando.

— E quem te garante que ele e o seu pai não estão agindo juntos? – fiquei pensando naquilo. – Você precisa urgentemente se livrar das amarras do Caleb. – se aproximou mais ainda. – Eu te amo muito. E eu não quero que nada de ruim te aconteça. E sei que isso só é possível se você se afastar dele.

— Não tá com ciúme? – perguntei estranhando o fato dele mudar o foco do assunto.

— Foda-se o Murilo. Você é meu, não é? – eu tive vontade de sair com ele dali e até tentei, mas ele não deixou. E quem dava a última palavra era sempre ele. Quando voltamos pra mesa estavam fazendo piadinhas sobre franceses não tomarem banho e depois comentaram uma foto que Murilo tirou com a namorada e elogiaram o quanto ela era alta, sendo praticamente do tamanho dele. Algo que eu já havia observado. E acho que todos também.

Fui com Ryan para ele fumar e conversar um pouco sobre meu irmãozinho e quando voltei vi que Rafael e Murilo não estavam na mesa, mas a namorada de Murilo estava. Não senti algo bom. Procurei e achei os dois em uma parte lateral do salão sozinhos. Não cheguei perto e tentei ouvir o que eles diziam.

— Você ficou com ele quanto tempo mesmo? – meu namorado questionava a meu primo. – Hum... Um mês? Eu estou a quase um ano e meio. E sei que vai ser pra sempre. Você não é mais um fantasma pra mim Murilo. – não acreditava que ele estava fazendo aquilo. Andei lentamente até os dois.

— Eu nunca quis ser. Foi você que me viu assim. – ele o respondeu e bateu no ombro dele ao sair. Fiquei com os olhos fixos nos olhos de Rafael.

— Eu faço sempre tudo o que você quer e nunca é o suficiente. – mostrei minha decepção e me virei indo embora. Estava perfeito demais pra ser real.


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Notas finais do capítulo

Aiai esse Rafael...
Amanhã eu venho ♥



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