The Boy Who Loves My Daughter escrita por Lady Anna


Capítulo 3
The Boy Who Told Me The Truth


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá e olá! Como estão?
Eu só iria postar esse capítulo amanhã, mas estou super ansiosa para postá-lo, então cá estou eu haha eu amo essa história porque ela é uma das mais divertida de se escrever. Tem um drama, um relacionamento sendo construído de maneira tortuosa (por enquanto) e escrever isso é maravilhoso!
Enfim, não vou me estender aqui, apenas agradecer aos comentários, dar boas vindas aos novos leitores e desejar a todos uma boa leitura!
Beijooos, nos vemos nas notas finais ♥



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Ronald arrumou a capa no corpo antes de entrar na sala em que Harry dava aula no Ministério. Teria de substituí-lo nessa aula porque o Potter estava em uma missão pelo Departamento de Aurores procurando o rastro de alguns bruxos que estavam realizando magia negra em trouxas. Mesmo tantos anos após a queda de Voldemort ainda havia alguns bruxos que acreditavam e “lutavam” pela supremacia bruxa, os quais eram chamados entre os aurores de rebeldes de sangue – eufemismo que, para Ron, não cabia nem um pouco. Eram racistas preconceituosos e ponto, deveriam ser chamados assim. Entretanto, o Ministério ainda vivia sobre influência de alguns bruxos poderosos econômica e politicamente, o que vez ou outra resultava naqueles rumores e manifestações. Não importava quantas vezes isso acontecesse, ele os combateria em todas.

Entrando na sala não se surpreendeu ao ver alguns dos melhores alunos faltando. Era normal que em missões de menor risco os aurores levassem alguns dos alunos consigo para que os jovens obtivessem experiência em campo. Obviamente os alunos que iam a cada missão eram escolhidos pelo desempenho, mas nenhum deles ia duas vezes até que todos já tivessem a oportunidade. Queriam formar aurores melhores e o caminho para isso era a justiça e a honestidade. Porém, o que surpreendeu Ron, fazendo parar a porta e franzir o cenho, foi perceber que o Malfoy não fora escolhido por Harry. O jovem loiro não parecia nada satisfeito com isso e, em certo ponto, Ron podia entendê-lo, afinal era evidente que o Malfoy se sobressaía aos colegas, mas nas três missões em que Harry levara os alunos nem mesmo o cogitava como opção. Depois perguntaria ao Potter o porquê disso, deveria haver alguma razão justa, já que Harry conhecia melhor os próprios alunos do que ele.

Percebendo o olhar sobre si, o Malfoy levantou os olhos impossivelmente cinzas, fixando-os em Ronald. Se possível Scorpius parecia desgostar ainda mais dele naquele momento, talvez pensando que o ruivo tinha alguma coisa a ver com as decisões de Harry. Ótimo, pensou. Tudo que ele precisava agora eram de mais dificuldades para se aproximar. Ignorando o desconforto repentino, Ron foi até o centro da sala, o que atraiu a atenção dos alunos e os fez se calarem. A maioria o olhava com expectativa e deslumbramento, o que no fundo afagava seu ego e o deixava ainda mais confiante em si. Mas em contrapartida havia o olhar desconfiado e irônico do Malfoy que o deixavam mais receoso do que gostaria de admitir. Não que se importasse.

— Bom dia. Como vocês sabem, Potter está em uma missão com alguns de seus colegas e hoje eu o substituirei. – Fez uma pausa para passar os olhos pelos alunos a sua frente. – Como não estão todos os alunos presentes, apenas revisarei com vocês um assunto que vocês já estudaram: o bicho-papão.

— Por Merlin, aprendemos isso antes mesmo de vir para o curso de aurores. – Zombou algum dos alunos que Ronald não sabia o nome. – Todos já devem saber isso.

— Como é o seu nome? – Ron perguntou, incisivo.

— Mendez, Lucca Mendez.

— Muito bem, Sr. Mendez. Creio que esteja se oferecendo para começar, então. – Antes que o garoto começasse a protestar, Ron continuou: – Não precisam fazer fila, eu chamarei seus nomes. Isso será bom para que eu os conheça também.

Ronald pegou a caixa com o bicho papão e a colocou no fundo da sala. Antes de chamar o primeiro aluno, olhou-os e percebeu que, mesmo tentando disfarçar, a maioria deles tinha um olhar de medo no rosto. Ele não os julgava por isso, afinal enfrentar o nosso maior medo nunca era fácil, ainda mais na frente de outras pessoas. Lembrava-se de como ficara aterrorizado na primeira vez que enfrentara um bicho papão e, mesmo sendo um renomado auror, ainda sentia um desconfortável frio na barriga quando tinha que lidar com aquelas criaturas. Após a guerra, a personificação de seu bicho papão mudara drasticamente – quem dera fosse uma aranha gigante! – e ele não tinha vontade nenhuma de rever aquilo que ainda lhe causava calafrios na espinha.

— O feitiço para repelir o Bicho-Papão é o Riddikulus e é necessária muita concentração para realiza-lo. Primeiro, vocês verão a forma que o Bicho-Papão assume para vocês e, então, pensarão em algo que transforme aquilo em algo divertido e não medonho para vocês. Em seguida, vocês lançaram o feitiço e, se lançado corretamente, fará com que o Bicho-Papão se transforma no que foi mentalizado. – Ron fez uma pausa. – É muito importante que vocês estejam cientes de que o Bicho-Papão não pode ser destruído pelo Riddikulus, pois ele é um não-ser, apenas terá suas habilidades neutralizadas até encontrara outro para aterrorizar. Perguntas? – Todos sacudiram a cabeça negativamente, calados. – Prontos?

Diante de alguns resmungos pouco animados, Ron sorriu.

— Ora, vamos lá! Será divertido a partir do momento que conseguirem realizar o feitiço adequadamente. Foi esse feitiço que uma vez me permitiu ver Serevus Snape com roupas de velhinha. – Isso arrancou algumas risadas de seus alunos, deixando-os mais relaxados, o que era o objetivo dele. – Enfim, alguém deseja ir primeiro?

Para seu crédito, Lucca Mendez deu um passo à frente.

— Eu, senhor.

Isso surpreendeu Ronald, mas ele não disse nada, apenas acenou para que o garoto ficasse de frente para a caixa. O professor apontou a varinha para a caixa, prestes a abri-la.

— Quando estiver pronto, Sr. Mendez.

— Ok, eu...estou pronto.

A caixa se abriu e por alguns segundos nada saiu de dentro dela, até que uma grande fumaça saiu da caixa, preenchendo tudo a frente de Mendez. Rapidamente se transformou em pesadas nuvens pretas, com vários raios saindo delas. Uma forte chuva começou a cair e, junto com ela, um vento muito forte envolveu o jovem, o qual parecia aterrorizado. Por alguns instantes Mendez não fez nada, porém com um rápido aceno da varinha enquanto gritava o feitiço ele conseguiu que o Bicho-Papão se transformasse em uma chuva de confetes coloridos. O garoto ainda estava um pouco ofegante quando olhou para Ron, buscando aprovação.

— Muito bom, Mendez. – Ronald sorriu, tranquilizando-o. – Meus parabéns! Alguém quer ser o próximo?

Depois daquela demonstração inicial, os alunos estavam mais envolvidos e um por um se ofereciam para encarar o Bicho-Papão. A dinâmica arrancou algumas risadas do grupo com alguns e tremores coletivos com outros. Ronald gostava de lecionar aquela aula porque, acima de tudo, era uma forma muito melhor de conhecer seus alunos. Ao conhecer o maior medo de alguém se podia deduzir muito sobre essa pessoa e, como auror, ele achava isso essencial. Futuramente teria de confiar sua vida naqueles jovens e para isso precisava conhecê-los direito.

Algo que o surpreendeu foi o fato do Malfoy não se oferecer e quase não mostrar reação diante das experiências dos colegas. Pelo que Harry comentava, ele sempre era um aluno muito participativo que se oferecia na primeira oportunidade possível, sempre tentando se provar. Ronald não sabia se essa mudança era por sua causa, mas queria apostar que não. Pelo que conhecia de Scorpius, poderia apostar que ele não gostava de se sentir exposto, ainda mais em suas falhas. Exatamente por isso o Weasley estava ansioso para saber qual seria o maior medo dele.

— Ótimo, Keiber. – Ron deu um aceno positivo ao jovem, o qual já se juntava aos seus colegas rindo. – Quem irá agora?

A sala toda ficou calada e Ronald percebeu que o único aluno que ainda não havia realizado o feitiço era o Malfoy, o qual não parecia nada animado com isso. Sorrindo um pouco, Ron o indagou:

— Acho que agora é a sua vez, Malfoy. Certo?

— Se possível eu gostaria de não participar dessa aula, Sr. Weasley. – Ele respondeu, sério. – Considero que já aprendi muito apenas vendo meus colegas realizarem o feitiço.

Isso irritou muito o Weasley, o que o fez crispar os lábios e dizer, com a voz muito mais dura do que pretendia:

— Creio que essa aula não possua a opção da não participação, Sr. Malfoy. O senhor sabia disso quando se inscreveu no curso de aurores, que a prática é tão ou até mais importante que a teoria. Então, peço que dê um passo à frente, por favor.

Scorpius não protestou mais, se aproximou da caixa e ficou com a varinha apontada para ela. Com um aceno de cabeça para Ronald, o Malfoy deu o sinal para que o Bicho-Papão fosse libertado. Mais rápido do que a personificação dos outros estudantes, como se o não-ser soubesse exatamente o que amedrontava o Malfoy, ele saiu da caixa. Duas pernas por vez, uma enorme aranha surgiu na frente dele, o que surpreendeu Ronald. Isso não era possível. Porém, percebeu que o olhar de Scorpius não estava no animal e si e sim em algo jogado em cima de seu enorme corpo. Olhando para lá, Ron se sentiu empalidecer ao ver a perfeita personificação de Rose, com sangue saindo de todo o seu corpo e os olhos abertos, sem vida. Tão logo viu isso, o Bicho-Papão sumiu com o feitiço não verbal que o Malfoy perfeitamente executara e se transformou em uma enorme roseira vermelha.

Todos na sala estavam muito calados, dividindo seu olhar entre Scorpius e Ronald. Por mais que o Malfoy tenha executado o feitiço o mais rápido que conseguiu, todos haviam conseguido ver a filha do professor no meio do maior medo dele. Com um pigarrear rouco, Ron disse:

— Muito bom, Malfoy. Principalmente o feitiço não verbal. – Ele encarou os outros estudantes, um pouco desconcertado. – Vocês todos fizeram um excelente trabalho hoje e eu estou orgulhoso. Vocês merecem um descanso, estão todos liberados. Menos você, Malfoy.

O loiro não disse nada, apenas cruzou os braços a alguns passos de Ron e ficou passeando seu olhar por qualquer lugar da sala, menos na direção do Weasley. Quando todos saíram, Ronald fechou a porta com um baque surto, lançou um abaffiato na sala e se virou na direção, não enrolando antes de dizer:

— Foi por isso que você não queria participar da aula. Não queria que vissem que eles vissem, que eu visse, que a Rose fazia parte do seu Bicho-Papão!

— 100 pontos para a Grifinória pela descoberta inédita! – Ironizou Scorpius, na defensiva.

— Não me venha com ironias agora, moleque! – Gritou Ron, com um dedo apontado para o Malfoy. – Eu quero saber imediatamente o que esse Bicho-Papão significa e quero a verdade. Sabe qual o Bicho-Papão de Rose? É óbvio que você sabe, mas vou refrescar sua memória: uma aranha gigante coberta de sangue! Quando eu a perguntei sobre isso ela apenas disse que havia sonhado com isso depois de ler um livro sobre criaturas mágicas. Mas, aparentemente, ela mentiu porque a mesma aranha aparece no seu Bicho-Papão, com o cadáver da minha filha junto!

Eles se encararam por alguns segundos, a respiração descompassada de Ron sendo o único som da sala. Por fim, o Malfoy suspirou alto, massageou as têmporas com os dedos, abrindo a boca e a fechando em seguida várias vezes.

— Nós éramos idiotas na época de Hogwarts. – Começou ele em voz baixa. – Sempre íamos até a Casa dos Gritos com Albus simplesmente pela emoção da adrenalina de estar fazendo algo proibido. Porém, nunca tínhamos arriscado nossas vidas na Floresta Proibida, não realmente. E...havia um jogo da Grifinória contra a Sonserina no quinto ano, o fim do campeonato. Eu e Rose sempre gostamos de apostar as coisas e, bem, apostamos que quem ganhasse poderia desafiar o outro a fazer alguma coisa. A Sonserina ganhou e eu, um perfeito idiota, desafiei Rose a ir até a Floresta Proibida sozinha e ficar dez minutos lá. Na realidade, todos na escola diziam que não havia nada naquela floresta e Rose sempre quis ir lá. Eu pensei...não teria problema, entende?

“Eu estava escondido há apenas alguns passos atrás dela para o caso de algo dar errado. Nunca poderia deixá-la saber disso, claro, ela me mataria por achar que ela não daria conta. Mas eu estava com medo do que poderia acontecer e...animado com a adrenalina daquilo ao mesmo tempo. Eram só dez minutos, porra! O que poderia acontecer? Como a perfeita grifinória que ela é, ela ficou lá os dez minutos da aposta e já estava voltando...eu estava aliviado, tudo tinha dado certo. Entretanto, uma aranha gigante apareceu Merlin sabe de onde e começou atacar a Rose. No poucos segundos que eu fiquei sem reação, o animal conseguiu paralisá-la e a colocar nas costas, levando-a para o centro da Floresta Proibida.”

“Até hoje eu não sei como consegui parar aquela aranha e como Rose conseguiu se libertar. Só sei que voltamos para o castelo tremendo e chorando e depois disso Rose ficou muitos dias sem falar comigo. Eu mereci, é claro. Isso foi uma idiotice enorme, eu fui um babaca e se pudesse voltar no tempo queria que nada disso tivesse acontecido. Então, desde então esse é o meu Bicho-Papão porque...eu não sei o que faria se Rose tivesse se machucado naquela noite.”

O Malfoy ainda estava abalado e por isso não percebeu a aproximação repentina de Ron, o qual o pressionou na parede com a varinha.

Nunca mais, nunca mais — disse Ronald, entredentes. – arrisque a vida da minha filha, Malfoy. Não me importo o quanto você está arrependido ou se você era um adolescente idiota louco por adrenalina, eu não ligo para nada disso. A única coisa que me importa é a segurança de Rose, então, se você a colocar em risco por idiotices de novo você não tem noção do que eu faria.

Ele soltou o jovem loiro com um baque surdo e se afastou dele, sentindo suas mãos tremerem. Por Merlin, como nunca ficara sabendo disso? Não queria nem mesmo pensar naquela situação. Foi até a mesa de Harry e se sentou na beira dela, percebendo que o Malfoy ainda o encarava.

— Você nunca vai se esquecer disso, Malfoy, não importa quanto tempo passe. – Não queria confortar o garoto, apenas lhe dar um último golpe de realidade. – Eu vi coisas realmente horríveis durante a guerra: pessoas morrendo, caos geral e solidão. Mas meu Bicho-Papão ainda era o mesmo: uma aranha gigante. – Ele soltou uma risada amarga. – Até o dia em que vi Hermione sendo torturada na Mansão Malfoy. Torturada, Scorpius! Foi um dos piores momentos da minha vida e toda vez que eu encaro um Bicho-Papão eu revivo isso. Não importa quantos anos passem, não importa que eu saiba que ela está bem agora, quando eu vejo aquilo de novo eu...consigo ouvir os gritos desesperados dele e a risada divertida da Lestrange. É meu pior pesadelo e eu teria feito tudo para evitar aquilo, tudo!

Scorpius estava sem palavras, sentindo o peso do mundo todo em suas costas. Sabia que meras desculpas não adiantariam nada e, sinceramente, não sabia o que dizer sobre as revelações de Ronald.

— Eu sinto muito, Sr. Weasley, não queria que nada daquilo tivesse acontecido. – Disse, com sinceridade. – Não apoio nenhum dos ideais que meus antepassados acreditavam.

— Eu sei, Malfoy. Você é...decente. – Ron queria tirar tudo aquilo de sua cabeça, então perguntou a primeira coisa que pensou: – Qual era seu Bicho-Papão antes daquilo acontecer?

O Malfoy ficou um pouco vermelho e desviou o olhar.

— Ah, era bobagem. – Diante do silêncio de Ron, Scorpius continuou: – Eu não deveria lhe contar, eu acho. Aliás, eu nem mesmo me importo mais com isso, mas...era o senhor na Estação 9 ¾ , quando me falou aquelas coisas por descobrir que eu era um Malfoy.

— Ah... – Ron não sabia o que dizer ou o que pensar. Por Merlin, havia traumatizado uma criança! Sentia-se horrível no momento. – Eu me arrependi daquilo assim que eu terminei de dizer. Eu nunca lhe disse isso, mas sinto que você precisava saber. Também quero lhe pedir desculpas, não deveria ter lhe julgado apenas pelo sobrenome, foi idiotice.

— Obrigado. – O Malfoy sorriu um pouco. – Se o senhor quer saber o Bicho-Papão se transformava no senhor me chamando para jogar xadrez depois do feitiço.

— Irônico já que você recusou meu convite. – Ron disse, sem conseguir se segurar.

Não planejava dizer aquilo, na verdade não queria aquele assunto surgisse agora. Porém as palavras simplesmente saíram de dentro dele e agora não havia o que fazer, não tinha como voltar atrás. O Malfoy parecia verdadeiramente confuso quando lhe perguntou:

— Quando o senhor me chamou para jogar xadrez?

— Recentemente lhe enviei um convite, o qual você devolveu. – Seus olhos eram acusadores. – Até mesmo assinei meu nome.

— Ah...na verdade eu achei que havia recebido aquele convite de Rose. Estava assinado com R. Weasley e, bem, tínhamos brigado há pouco tempo. Sempre gostamos muito de jogar xadrez, então pensei que o convite era ela tentando se reconciliar e, como ainda estava com raiva, recusei. Mas depois me senti culpado e fui falar com ela, a qual me disse que não tinha enviado convite nenhum. Pensei que fosse um erro de comunicação, não sei.

Sim, fora um erro de comunicação. Nesse momento, Ron sentia uma vontade anormal de rir, afinal parecia que até mesmo o destino não queria que eles se acertassem. Sempre assinara suas cartas com “R. Weasley” e nunca passara por sua cabeça que poderia ser confundido com Rose, o que era bem idiota. Sentia-se um pouco constrangido e só queria ir para casa, tomar um banho e descansar.

— Que bom que isso ficou esclarecido e todo o restante também. Você está liberado, Malfoy. Tenha uma boa tarde.

Ronald já estava quase saindo da sala quando ouvia a voz estranhamente vacilante do garoto o chamar, o que o fez virar na direção dele.

— Eu teria adorado jogar essa partida de xadrez com o senhor.

Ron apenas assentiu, cansado demais para refletir sobre o que aquela frase significava realmente.

***

— Como foi a missão, Harry? – Perguntou Ron, jogando-se na mesa de Harry enquanto o amigo guardava alguma coisa no canto da sala.

Harry havia chegado da missão há dois dias, mas até então eles ainda não haviam conseguido conversar direito.

— O mesmo de sempre: encontramos alguns trouxas que garantiam ter visto ou sofrido algo sobrenatural e tivemos de tirar todas essas memórias deles após interrogá-los. – O Potter parecia muito cansado. – Encontramos alguns rastros de magia negra, mas nada que possa nos levar aos culpados. Um dos alunos encontrou um objeto suspeito e colocou a mão antes de me consultar, o que o está rendendo alguns dias bem desagradáveis no St. Mungus. – Ron fez um careta de dor. – O objeto é uma bússola antiga e está sendo analisada agora. Se algo de relevante for encontrado, você provavelmente irá a uma missão por isso.

Ronald assentiu, processando as informações aos poucos. Ele e Harry conversaram um pouco sobre os mais variados assuntos até Ron conseguir dizer o que realmente o trouxera ali.

— Eu confio totalmente em seu julgamento, Harry. Quero que saiba disso antes de tudo. Só que...estou confuso sobre o porquê do Malfoy ainda não ter sido escolhido por você para uma missão. –Ron disse. – É óbvio que ele é um dos melhores alunos, o mais capacitado para missões práticas, eu diria.

Harry abriu um sorriso de lado, cruzando os braços enquanto encarava o amigo.

— Fiquei me perguntando quanto tempo você demoraria a me perguntar isso. Apostava em bem menos se quer saber.

Ronald revirou os olhos, impaciente.

— Por quê, Harry?

— O Malfoy é orgulhoso e cheio de si, se acha invencível em muitos sentidos. Tenho medo de como isso pode influenciá-lo em campo. – Harry parara de sorrir, falando sério. – Sim, ele é um dos melhores alunos, talvez até o melhor, mas...é perigoso para si mesmo, por enquanto. Você sabe que não levo alunos inconsequentes em missões, sei o quanto podem ser...incontroláveis.

— Você se olhava no espelho quando mais novo, Harry? Você era incontrolável e inconsequente. Concordo com sua opinião sobre o Malfoy, mas acho que você poderia lhe dar uma chance.

— Eu realmente era um pouco assim quando jovem, não é? – O Potter coçou a nuca, os fios já um pouco grisalhos. – Mas as circunstâncias eram outras e, além disso, eu tinha você e Hermione. Confiava em vocês e o Malfoy não confia em nenhum dos seus colegas, não realmente.

Ronald assentiu, entendendo o ponto do amigo. Concordava com Harry, era extremamente difícil sair em missão com alguém que não confiava no auror ao seu lado. A profissão deles exigia essa confiança, era uma das coisas mais importantes no momento da ação.

— É exatamente por tudo isso que quero que o Malfoy vá a uma missão com você. – Disse Harry, por fim.

— Espera, o quê?

Depois de tantos anos, Ronald deveria estar acostumado aos planos estranhos de Harry, mas dessa vez realmente foi pego de surpresa.

— Posso estar errado, mas de alguma forma...faz sentido que vocês saiam juntos em uma missão. Talvez seja logicamente ilógico, mas pode dar certo.

— Ou pode dar terrivelmente errado. – Opinou Ron, descrente.

— Bem, eu prefiro ver o copo meio cheio.

Em sua relação com Scorpius, Ronald já cansara de ver o copo meio cheio e não sabia o que esperar agora. Algo mudara desde aquela conversa e os acontecimentos na aula sobre o Bicho-Papão, alguma barreira entre eles fora quebrada. Porém, parecia impossível que somente isso os aproximasse. Talvez Harry estivesse certo e eles realmente precisassem ir a uma missão juntos, confiar um no outro. Ou talvez isso fosse uma péssima ideia e iria destruir a frágil e pequena relação pacífica que haviam criado dois dias atrás. Ron não sabia o que aconteceria, só o destino poderia dizer.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo me despertou taaaantas emoções. Finalmente descobrimos porque o Scorpius não quis jogar xadrez: foi tudo um mal entendido HAHAHA
Vou dar um pequeno spoiler aqui pode ADORO fazer isso: vamos ter essa missão do Ron com o Scorpius SIM!!! O que vocês esperam disso? Mais brigas? Reconciliação? Me contem tudo nos comentários!! Amo interagir com vocês e saber o que estão achando da história!
Beijos!!!



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